Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

Christopher acordou ao nascer do sol. Depois de ter ouvido aqueles gemidos desconcertantes... desconcertantes de maneiras demais... tentara deitar-se cedo. Mas conciliar o sono fora impossível e passara horas se revirando na cama, pensando em Dulce ali ao lado com outro homem, enquanto seus músculos haviam doído e protestado. Tentara bloquear as imagens terríveis de sua mente, mas haviam permanecido, importunando-o, torturando-o feito um pesadelo interminável. Dulce com um paspalho qualquer de terno,  ficando excitada...  se contorcendo de prazer e gemendo... chegando ao êxtase.

Ele simplesmente não pudera suportar aquilo.

Por volta das sete horas, ele já havia tomado uma chuveirada e estava parado diante de seu armário, observando a falta de roupas formais. Oh, ele tinha um terno, aquele que usara nos casamentos de seus irmãos. Gabe havia tentado intervir, insistindo para que ele comprasse um novo, mais caro, mas Christopher se recusara. Odiava a idéia de ir comprar um terno, prová-lo, esperar que o ajustassem. Depois, teria se escolher uma camisa e uma gravata combinando, talvez abotoaduras... Odiava ternos.

Mas Dulce os adorava.

Tenso e zangado, ele vestiu short caqui e uma camisa pólo azul-marinho e, depois, ficou andando de um lado ao outro até a chegada de um horário razoável para ir até a casa dela. Dulce geralmente dormia até mais tarde nas manhãs de sábado. Ele conhecia-lhe os hábitos tão bem quanto ela conhecia os seus. Naquele exato momento, ela ainda estaria aninhada na cama, quente, macia e... Christopher não pôde esperar mais um minuto sequer.

Saindo pela porta dos fundos, atravessou o gramado molhado pela chuva da noite anterior até o pátio dela, saltando a cerca-viva baixa. Espiou pela porta de vidro de correr, mas tudo estava escuro do lado de dentro, silencioso. Um tanto sem ação agora, Christopher olhou ao redor e descobriu que a janela do quarto dela ainda estava aberta. Droga. E se o sujeito ainda estivesse ali dentro? E se tivesse passado a noite na cama dela? E se, naquele exato momento, estivesse abraçando-a junto a seu corpo, enquanto, exaustos, dormissem profundamente?

Um grunhido feroz ameaçou sair dos lábios de Christopher, surpreendendo-o com sua intensidade. Nenhuma mulher jamais lhe produzira ciúme, a ponto de fazê-lo grunhir. 

 Ele bateu com força à porta de correr da cozinha.

Um momento depois, a cortina do quarto se moveu e Dulce espiou para fora.

— Chris? — indagou numa voz sonolenta. — O que está fazendo?

— Abra. — Ele tentou aparentar uma fachada de calma e civilidade. — Está sozinha aí dentro? — indagou sem poder conter a irritação em sua voz.

Ela arregalou os olhos amendoados e intensos sob a claridade matinal.

— Não, estou com um time inteiro de futebol metido na minha cama. Está um pouco apertado, mas estamos conseguindo nos arranjar — respondeu com um sorriso.

Christopher respirou fundo, tentando se recompor, mas disse por entre os dentes:

— Dulce...

— É claro que estou sozinha, seu tolo. — De cenho franzido, ela correu o olhar em torno do pátio com ar confuso. — Que horas são, afinal?

Ela estava sozinha. A tensão esvaiu-se de imediato do corpo de Christopher, deixando-o com os joelhos fracos. Teve de se conter para não soltar um suspiro de alívio.

— Eu não sei, devem ser umas sete horas e pouco, ou algo assim. — Agora que o calor da raiva se abrandara, o ar frio da manhã arrepiou-lhe a pele. — Hora de se levantar e fazer companhia ao seu vizinho.

— Às sete da manhã!

Ele se aproximou mais e observou-a através da tela que havia na janela. Ela tinha os cabelos longos em completo desalinho, e os olhos estavam sonolentos. Parecia confusa e cansada, e o coração dele abrandou-se com uma estranha e profunda batida.

— Vá abrir a porta — pediu-lhe.

Ainda desorientada, não que a culpasse, ela esfregou os olhos e afastou os cabelos do rosto.

— Sim, está certo. Mantenha suas calças vestidas. — Ela começou a se virar da janela.

— Que graça haverá nisso?

Ela tornou a virar-se, o rosto surgindo no vão da cortina. Os segundos pareceram se arrastar até que disse:

— Saia da minha janela, seu devasso. Eu tenho de me vestir.

Christopher sentiu seu coração disparando.

— Não se preocupe com a minha presença.

Mas Dulce já se afastara e, portanto, não ouvira sua opinião a respeito. Christopher pensou em espiar para dentro, soube que não o faria e voltou até a porta dos fundos para esperar. Uma onda de impaciência começou a percorrê-lo. Era um homem determinado a algo, um homem movido por sua libido e a necessidade primitiva, selvagem, de estabelecer seu território.

A lâmpada fluorescente da cozinha se acendeu e, momentos depois, a porta de correr foi aberta.

Presumindo que ele entraria sem um cumprimento, Dulce adiantou-se ainda com ar sonolento até a pia para começar a preparar o café. Em meio a um enorme bocejo, perguntou:

— O que aconteceu? Por que acordou tão cedo?

Christopher observou-a longamente. Agora que a estava vendo com novos olhos... olhos cheios de desejo... percebeu como ela parecia atraente com os cabelos cacheados deslizando pelos ombros e a pele corada e quente. Uma calça de algodão xadrez em preto e branco moldava-lhe os quadris, e a regata justa e preta realçava-lhe os seios bem-feitos. Tinha os pés descalços, os dedos se curvando de encontro ao piso cerâmico.

Com o ar da manhã ainda frio, os mamilos dela estavam rijos de encontro ao tecido fino da regata.

A visão foi o bastante para fazer Christopher apanhar a cadeira mais próxima e desabar, antes que o súbito fogo do desejo que percorria suas veias lhe causasse tamanho impacto que não lhe permitisse sustentar-se nas próprias pernas. Céus, deu-se conta de que começava a ficar com água na boca. Pôde se imaginar despindo-lhe aquela delicada regata por cima da cabeça, desnudando-lhe os seios, tomando um provocante mamilo com seus lábios...

Enquanto colocava água e o pó de café na cafeteira elétrica, Dulce fez uma pausa para lançar-lhe um olhar.

— Chris?

— Eu não consegui dormir direito esta noite — murmurou ele, olhando admirado para aqueles seios, notando mais uma vez como eram irresistíveis, sentindo-se quase hipnotizado pelas possibilidades. Antes, ele nunca prestara realmente atenção aos seios dela. Mas, oh, eram incríveis. Grandes, firmes e tão desejáveis quanto todo o restante dela. Céus, devia ter estado cego durante todos aqueles meses para não ter notado antes quanto Dulce era naturalmente sensual.

Alguém tocara aquele corpo curvilíneo e macio ainda na noite anterior. Alguém que não fora ele. Christopher odiou a simples idéia e teve de se conter para não esmurrar a mesa.

— E, assim, eu fico sem dormir também, não é? — Deixando a cafeteira elétrica ligada, o agradável aroma de café começando a inundar a cozinha, Dulce puxou uma cadeira e sentou-se pesadamente. Quando apoiou a cabeça sobre os braços dobrados, os cachos sedosos espalharam-se ao redor.

Christopher não parou para pensar... apenas estendeu a mão por sobre a mesa e enrolou nos dedos uma mecha longa de cabelo, sentindo-lhe a textura, a maciez e o calor. Estava próximo o bastante e, portando, inclinou-se para frente e levou a mecha até perto de suas narinas, inalando a doce fragrância do xampu.

Dulce gelou. Lentamente, ergueu o rosto até que seus olhos estivessem visíveis acima de seu antebraço e pudesse encontrar os de Christopher. Ele ainda lhe segurava a mecha cacheada de cabelo, ainda lhe sentia a fragrância.

Ela ergueu-se um pouco mais.

— Hã...Chris?

Nenhum dos dois piscou.

— Sim? — a voz dele soou rouca, mas, pelos céus, os cabelos dela eram tão macios e fragrantes... tão estimulantes quanto sua pele macia ou uma contemplação de seus seios perfeitos. Imaginou a sensação daqueles cabelos escorregando por seu peito, por seu abdome e coxas... Tratou de soltar-lhe a mecha de repente e endireitou as costas na cadeira.

Dulce continuou encarando-o. Como se estivesse se afastando de um animal perigoso, pressionou a espinha devagar de encontro ao encosto da cadeira. Os seios ficaram em maior evidência, comprimindo-se de encontro ao tecido fino da regata preta, tremendo de leve enquanto ela respirava mais depressa, os mamilos se enrijecendo.

Christopher fez um tremendo esforço para manter a atenção no rosto dela. Foi em vão.

Dulce jogou os cabelos para trás.

— Eu... hã... eu volto num instante.

Christopher observou-a com uma sensação de déjà vu.

— Aonde você vai?

— Eu tenho que... escovar os dentes e coisas assim. — Ela praticamente deixou a cozinha correndo antes que ele pudesse detê-la.

Christopher levantou-se e começou a andar de lá para cá, tomado por crescente inquietação. Sentia-se insano, um tanto perdido e bastante excitado. Uma vez que o café ficou pronto, preencheu duas xícaras, preparando a de Dulce como sempre a via tomando, com duas colheres de açúcar. Até vasculhou os armários e encontrou um pote de biscoitos de chocolate, sabendo que ela iria comer um. Em relação aos hábitos alimentares, tinham ao menos aquilo em comum. Precisavam de uma boa xícara de café logo que acordavam, mordiscando qualquer coisa para acompanhar e deixando o café da manhã mais reforçado para mais tarde.Christopher já notara que, surpreendentemente, Dulce sabia cozinhar bem quando queria, mas quase não o fazia. Talvez fosse pelo fato de morar sozinha e de comer fora de casa a maior parte do tempo, como ele próprio. Mas, sem dúvida, seus hábitos eram mais saudáveis, optando por saladas, comidas leves, frutas e sucos naturais, ao passo que ele vivia praticamente de sanduíches, pacotes de salgadinhos e qualquer coisa que achasse no armário de casa quando estava com fome. Tinha sorte em poder queimar calorias de sobra em seu trabalho, mas sabia que precisava rever seus hábitos. Talvez num dia qualquer daqueles, quando tivesse alguém a seu lado para...

Christopher interrompeu o pensamento de imediato. O que estava lhe acontecendo? Perdera o juízo por completo? Primeiro, eram aqueles pensamentos lascivos em relação a Dulce que, de um dia para o outro, tinham começado a roubar-lhe por completo a paz de espírito. E agora já começava a pensar em dividir sua vida com alguém... talvez com ela? Pelos céus, precisava mandar que examinassem sua cabeça.

Era melhor concentrar-se nos pensamentos libidinosos. Apesar de desconcertantes, eram bem menos perigosos, disse a si mesmo.

Recostado no balcão da cozinha, ele bebericava seu café e pensava nas coisas eróticas e deliciosas que queria fazer com ela quando Dulce voltou timidamente à cozinha .Christopher parou com a xícara a meio caminho dos lábios.