Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

Ela não trocara de roupa, mas escovara os cabelos e prendera-os cuidadosamente numa grossa trança, deixando alguns fios soltos, curvando-se junto às têmporas e os contornos do rosto oval. As maçãs do rosto estavam um tanto rosadas, os lábios brilhavam com um gloss transparente.

Havia se arrumado para ele?

Lentamente, Christopher  pousou sua xícara de café no balcão e virou-se para tornar a fitá-la.

— Sabe, eu estava pensando, Dul...

Ela engoliu em seco e adentrou pela cozinha, pegando sua xícara de café com quase desespero. Depois de ter esvaziado metade do conteúdo, ela limpou os lábios e, com aquilo, acabou removendo a maior parte do gloss que acabara de aplicar. Christopher  abriu um sorriso. Ela era... adorável.

Como, afinal, ele nunca havia notado aquilo antes? Lembrava-se de como acontecera, na verdade. Tão logo soubera que Ariel quisera ficar com Sam, ele parara de pensar nela sexualmente. De um instante para o outro, como num passe de mágica. Ela se tornara parte da família para ele, quase uma irmã. Estivera fazendo aquilo com Dulce, relegando-a à categoria de amiga e não se permitindo pensar nela de nenhuma outra maneira? Não quisera arruinar as coisas com Ariel, afastá-la ou ao seu irmão e, portanto, uma espécie de bloqueio instantâneo formara-se em sua mente. Parará de desejá-la de imediato e passara a vê-la apenas como futura cunhada.

E a questão ali agora, igualmente importante e que não podia ignorar, era que sabia que valorizava a amizade de Dulce demais para arriscar-se a perdê-la. Teria de conduzir as coisas com toda a calma e tato.

Preparando-se visivelmente, Dulce respirou fundo e indagou:

— Sim? O que você estava pensando?

Em geral, ambos se sentiam completamente à vontade na companhia um do outro, mas agora ela parecia tensa. Christopher  não gostou daquilo e, portanto, decidiu adotar um clima mais descontraído. Voltando a pegar sua xícara de café, sorveu mais um gole e, enfim, perguntou num tom casual:

— Você está saindo com alguém? — Quando ela respondesse que sim, então Christopher  poderia sugerir que começasse a sair com ele e ambos poderiam prosseguir dali.

Mas Dulce sacudiu a cabeça.

— Você sabe que não.

Christopher  recostou-se no balcão outra vez, enquanto ela se sentava à mesa e pegava um biscoito do pote. Estreitou os olhos com ar pensativo, enquanto a observava.

— Você pode me contar qualquer coisa, como sabe. Afinal, somos... amigos.

— Claro. — Enquanto Christopher  apenas aguardou, ela parou com o biscoito a meio caminho dos lábios e deu de ombros. — Eu não tenho tempo para sair com ninguém, para namorar.

Christopher  piscou algumas vezes. Se ela não estava namorando ninguém, então o que acontecera fora o quê? Uma aventura de uma noite? Não. Ele sacudiu a cabeça devagar. Aquilo não era algo do feitio de Dulce. Nem dele próprio, aliás. Seus relacionamentos eram passageiros apenas porque ainda não encontrara nenhuma mulher especial o bastante para conseguir mantê-lo a seu lado por mais tempo.

De qualquer modo, o que ouvira através da janela de Dulce na noite anterior ainda permanecia uma incógnita. Decidiu abordar a idéia de sexo sob um ângulo diferente. Talvez ela tivesse iniciado um romance e ainda achasse cedo para lhe contar.

Adiantando-se até a cafeteira elétrica para tornar a preencher sua xícara de café, sentou-se à mesa.

— Você não foi até a minha casa ontem à noite para assistir àquele filme comigo — comentou no tom mais corriqueiro que pôde.

Ela corou. Corou! O que, afinal, estava acontecendo ali?, perguntou-se, confuso.

— Eu sei. — Dulce desviou os olhos amendoados. — Tive de fazer... outra coisa.

Sim, ele sabia muito bem que "outra coisa", pensou, zangado... como gemer feito uma ninfomaníaca durante um arroubo de êxtase. Cerrou os dentes, o maxilar rijo.

— Outro sujeito para ver? — perguntou, esforçando-se para conter a raiva da melhor maneira que pôde.

O rubor no rosto dela deu lugar a uma expressão exasperada.

— Eu já disse que não, não foi?

— Mas... — Por que Dul estava escondendo a verdade? Sempre tinham sido bons amigos, trocado confidências e conselhos. E ela nem sequer sabia sobre aquela repentina e avassaladora atração que começara a despertar nele. Por que não lhe contar sobre um namorado, afinal?

— Você está dizendo que não teve nenhum encontro... romântico ontem à noite?

A irritação evidenciou-se no tom de voz dela.

— De quantas maneiras tenho de responder isso, afinal? Não estou saindo com ninguém. Não namoro ninguém há um ano. Você me vê todos os dias. Vamos e voltamos para o nosso trabalho juntos. Somos vizinhos e amigos. Assim sendo, acho que você teria sido o primeiro a saber se eu estivesse tendo alguns encontros, ou namorando.

Nenhum encontro, ou namoro... Christopher  manteve-se com o olhar fixo na parede por quinze segundos antes que outras idéias começassem a dissipar sua confusão. Oh, puxa.

Se ela não tivera um homem em seu quarto na noite anterior, aquilo significava que estivera sozinha quando ele ouvira aqueles gemidos suaves e excitados. E se estivera sozinha e gemendo daquele jeito, então estivera...

O abdome de Christopher  contraiu-se com imagens sexuais tão nítidas que teve de cerrar os dentes e fazer um tremendo esforço para manter o controle. Uma onda de ternura dominou-o logo em seguida. Ela estivera sozinha. Sem ninguém para estreitá-la em seus braços. Fitou-a, sentindo um misto de carinho e de tensão sexual.

Doce e adorável Dulce. Ele queria sorrir e abraçá-la. Queria despi-la, carregá-la até o quarto e cobrir cada pedacinho de seu corpo com seus lábios ardentes.

Evidentemente, não podia fazer aquilo de um instante para o outro. Ainda não estava claro como poderia conduzir as coisas, mas sabia exatamente por onde começar. O fogo do desejo percorrendo-lhe as veias feito lava incandescente, ele segurou-lhe a mão por sobre a mesa e inclinou-se para frente.

— Se eu beijasse você...