Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

Virando-se na direção da porta, Christopher esbravejou:

— O que foi?

— Estamos ouvindo vocês e, uma vez que parece que essa discussão não irá acabar tão depressa, nós decidimos, afinal, ir até a frente da sua casa. Não nos faça esperar demais.

Os olhos arregalados, a mão segurando o pulso de Christopher com força, Dulce sussurrou:

— Esse era Sam?

— Sim. — Christopher passou a outra mão pelo rosto, sentindo-se frustrado demais para um sujeito que acabara de ter o que parecera o melhor sexo de toda a sua vida.

— Ele me ouviu. — Ela soltou-lhe o pulso, levando a mão aos lábios com ar horrorizado. — Oh, céus!

— Não vá desmaiar, está bem? — Divertido com aquela reação, Christopher sentiu parte da mágoa com a desaprovação dela se dissipando. — Sam já ouviu coisas piores, acredite. E se eu tivesse de dar um palpite, os dois estão torcendo por você.

— Mas você é o irmão deles.

— Exatamente. Não é divertido aborrecer uma garota, de qualquer modo.

— Mulher — esclareceu ela distraidamente.

— Como?

— Eu sou uma mulher, não uma garota. — Dulce, então, cobriu o rosto com as mãos e soltou um profundo suspiro. — Isto é tão embaraçoso. Eu jamais conseguirei encará-los novamente.

Christopher abraçou-a pelos ombros.

— É claro que conseguirá. Você é minha ajudante quando tenho de tomar conta das minhas sobrinhas, lembra? E, algum dia, eu gostaria que você conhecesse minhas cunhadas. São ótimas pessoas. — Ele levou-a do quarto, conduzindo-a pelo corredor até o sofá da sala que Sam e Gabe haviam deixado. Sentia-se mais seguro afastando-se da cama, indo para um lugar onde podia pensar com mais clareza. Não com tanta clareza assim, levando em conta quanto Dulce estava próxima e como adorara tê-la em seus braços, mas ao menos a sala não estava impregnada com as imagens vividas de quando tinham feito amor.

Sim, ambos tinham feito amor, deu-se conta de repente. Não apenas sexo. O que haviam partilhado fora algo mais significativo, mais profundo... mais repleto de afeição e cumplicidade. Apenas ela não parecia achar que ele se sentia daquela maneira.

Franziu o cenho, pensativo, tentando descobrir o que poderia lhe dizer.

— Você deve ir. – disse ela.

Aquilo irritou-o ainda mais.Dulce empenhava-se ao máximo para vê-lo saindo por aquela porta. Sem que conversassem, deixando a discussão que haviam tido simplesmente no ar.

— Ouça, Dul, acho que devemos esclarecer algumas coisas.

— Está certo, mas fale rápido. Não quero que seus irmãos voltem aqui.

O comentário só conseguiu deixar Christopher mais aborrecido. Por que nunca percebera que mulher autoritária, exasperante Dulce podia ser?

— Você quer que eu vá direto ao ponto? Ótimo. — Ele levantou-se do sofá, obrigando-a a erguer o rosto para fitá-lo. — Eu ainda não terminei.

Ela afundou mais no sofá.

— Não terminou o quê?

— Não o quê, com quem. Ter você apenas uma vez não foi nem de longe o bastante.

As faces dela ficaram visivelmente afogueadas.

— Agora, não comece a me olhar desse jeito assustado outra vez. Não pretendo ficar no caminho dos seus grandes planos. Tenho certeza de que o seu Romeu de terno e gravata ainda estará aí pelo mundo a sua espera depois que tivermos terminado de explorar esta... ligação.

Os cabelos longos escondendo-lhe o rosto, as mãos entrelaçadas sobre o colo, ela meneou a cabeça.

— Está bem.

— Está bem?

Ela tornou a erguer o rosto. E estava sorrindo.

— Também quero explorar isto entre nós.

Bem. Aquilo não fora tão complicado quanto ele esperara.

— Ótimo. Assim, daqui em diante, não tente me expulsar pela sua porta da frente.

— Diga a seus irmãos para não interromperem, e eu não o farei.

Aquilo fez Christopher abrir um sorriso. A aparição inesperada de Sam e Gabe realmente a desconcertara.

— Se eu lhes dissesse isso, eles provavelmente apareceriam aqui o máximo possível. Será melhor se eu simplesmente não falar muito a seu respeito.

A expressão irônica dela dizia exatamente o que estava pensando.

— Não me julgue pelos seus próprios padrões. Não me sinto embaraçado por estar dormindo com você. Estou apenas tentando proteger você deles.

— E por que seus irmãos iriam querer me aborrecer?

— Porque eu os aborreci sem parar quando eles estavam... — Christopher engoliu em seco. Quase dissera: se apaixonando. Aquilo, por certo, teria feito Dul expulsá-lo pela porta a pontapés. Ela não queria ninguém como ele, não em termos permanentes, ao menos. Queria um daqueles tipos empertigados de terno e gravata.

Talvez devesse conhecer o pai dela, ocorreu-lhe de repente. Humm...

— O quê? —Dulce lançou-lhe um olhar intrigado. — O que está pensando?

— Oh, nada. — Sacudindo a cabeça, Christopher disse: — Apenas gostamos de provocar uns aos outros, eu e meus irmãos, isso é tudo.

— Está certo, então. — Ela se levantou e adiantou-se até a porta, parando com a mão na maçaneta. — Vá e deixe que provoquem você para que não fiquem constrangendo a mim.

— Como quiser. — Christopher envolveu-a num abraço primeiro. — Dul? Você foi sensacional.

Ela abriu um sorriso encabulado e encantador.

— Obrigada. Você também.

Christopher saiu e estava prestes a fechar a porta atrás de si quando ela disse:

— Chris?

Uma voz tão cautelosa... Virando-se, ele arqueou uma sobrancelha escura.

Quase sussurrando, ela falou:

— Não me sinto nem um pouco embaraçada por ter dormido com você.

— Não? — Aquilo o fez sentir-se melhor... embora ele não tivesse certeza de que acreditava.

— Não. — Ela deixou apenas um vão na porta. — Na verdade — acrescentou pela abertura estreita —, estou ansiosa para dormir com você outra vez.