Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

A porta da frente de Dulce foi fechada, e ouviu-se o clique da fechadura do lado de dentro. Christopher ficou parado ali, sorrindo de orelha a orelha feito um tolo, alheio ao fato de que os irmãos o observavam do alto dos poucos degraus da casa ao lado. Até que Sam comentou:

— Sim, é amor. Estou reconhecendo os sinais.

— Sem sombra de dúvida — concordou Gabe.

Christopher despertou de sua espécie de transe. Não havia nada que pudesse fazer contra as provocações dos irmãos, não depois da maneira como os provocara durante os namoros deles, mas poderia, ao menos, levar a brincadeira toda para algum lugar particular a fim de proteger Dulce. Afinal, moravam num condomínio pequeno. E ela já estava embaraçada o bastante. Eventualmente, teria de se acostumar com seus irmãos... Será que conseguiria?

— Ouvindo a conversa dos outros? — resmungou Christopher. — Vocês dois não têm nada melhor para fazer? — Tirando as chaves do bolso do short, adiantou-se até eles e abriu sua porta da frente.

Sam encarou-o da maneira intimidante que só um irmão mais velho conseguiria. Levando em consideração que o irmão mais velho tinha músculos ainda mais avantajados do que os dele, a intimidação era fácil.

— Você não parece muito preocupado com o fato de estar apaixonado.

Gabe inclinou-se para observar o rosto de Christopher.

— Ele não está empalidecendo nem um pouco.

Christopher riu. Sim, achava que era bem possível que estivesse apaixonado. O que fazer a respeito... aquela era a grande questão. Abriu a porta da frente com um floreio.

— Fiquem à vontade para entrar.

Sam soltou um resmungo desdenhoso.

— Como se você tivesse alguma escolha.

Como de costume, os três irmãos rumaram para a cozinha. Não importando onde estivessem, a cozinha era o local oficial de encontro para qualquer assunto importante. Christopher presumiu que aquilo significava que eles consideravam a sua situação com Dulce importante, não apenas pretexto para provocações e risos.

Ele abriu a geladeira, apanhando latas de refrigerante para os três, enquanto os irmãos se sentavam casualmente à mesa. Christopher abriu a sua lata e começou a beber, mas Gabe tirou-a depressa de suas mãos.

— Vocês parecem dois trogloditas. — Ele virou-se para Sam, mas o irmão mais velho tinha a expressão de quem o avisava a não mexer com sua lata de refrigerante, ou estaria encrencado. Suspirando, Gabe lavou a lata de Christopher sob a torneira da pia, tomando o cuidado de não deixar entrar água pela abertura, e enxugou-a. — Pronto, aqui está. Se vocês não têm classe o bastante para usar copos, ao menos lavem a parte de cima das latas.

Dizendo aquilo, Gabe pegou um copo de um dos armários e tornou a sentar-se à mesa, preenchendo-o com o conteúdo de sua lata de refrigerante.

Sam, que já sorvera metade de sua soda da lata "suja", virou-se para o irmão caçula.

— Estou mais preocupado em saber se você anda ou não usando proteção do que se vai apanhar uns poucos germes de poeira de sua lata de refrigerante.

Christopher sorveu um longo gole antes de responder.

— Sabe, Sam, quando eu era adolescente... ora, até logo depois que completei vinte anos... era engraçada a maneira como você vivia me lembrando constantemente disso. Mas, caso não tenha notado, sou um homem adulto agora. Tenho plena consciência sobre a necessidade do uso de proteção por vários motivos. E eu sou tão responsável quanto você e Gabe.

Os dois irmãos começaram a rir.

Quando Gabe viu a expressão zangada no rosto do irmão mais novo, conteve o riso.

— Desculpe. Está certo, então no que diz respeito ao controle de natalidade e proteção contra possíveis doenças, você já é cauteloso o bastante.

— Obrigado.

Sam ainda ria baixinho, o que só fez Christopher lembrar-se da opinião de Dulce de que ele não era uma escolha sensata para mulher sábia alguma se envolver. Até os irmãos o julgavam descuidado. Aquilo feriu mais um pouco seu orgulho. Admitia que saíra com inúmeras garotas, que não queria um relacionamento sério, que podia parecer volúvel e irresponsável. Mas jamais fora negligente em relação àqueles cuidados citados por seu irmão mais velho.

Quanto a não querer se estabilizar com alguém, como Dulce o acusara, não era exatamente verdade. Não sabia ao certo por que aquilo nunca acontecera. Apenas sabia que um dia acabava acontecendo para a maioria, como seus próprios irmãos eram prova. Mas, talvez ele ainda não estivesse pronto para um compromisso mais sério, talvez fosse cedo demais, ou talvez ainda não tivesse conhecido mulher nenhuma que o tivesse cativado o bastante para querer algo permanente até então.

Até então. Aquelas pareciam ser as palavras chave. E parecia que seus irmãos o haviam decifrado primeiro do que ele próprio.