Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

Gabe sorveu um gole de soda de seu copo e perguntou à queima-roupa:

— Você está apaixonado por Dulce?

— Talvez.

Sam lançou-lhe um olhar curioso.

— Você realmente não parece muito preocupado com isso.

Christopher deu de ombros, admitindo:

— Estou mais preocupado com o que ela pensa. — Foi necessário o restante de sua lata de refrigerante e, então, respirar fundo três vezes até reunir coragem para fazer sua confissão. — Ela também acha que sou irresponsável.

—Como assim, "também"?—indagou Gabe, acabando de preencher seu copo com o restante do conteúdo da lata.

Christopher alternou um olhar irônico entre os dois irmãos.

— Ora, não era por causa disso que vocês estavam rindo a valer de mim agora há pouco? Porque me acham irresponsável?

— Ei, veja bem, nós somos seus irmãos. — Sam endireitou-se na cadeira com ar aborrecido. — Nós temos permissão para pegar no seu pé. Você precisa disso às vezes.

— Exatamente — concordou Gabe. — Mas se Dulce realmente pensa isso a seu respeito, então não o conhece bem o bastante. Nós sabemos que você não é irresponsável, que, às vezes, até gosta de dar essa impressão com todos esses seus eternos namoros e tudo mais. Na minha opinião, você só precisa encontrar a mulher certa, como aconteceu comigo e Sam — concluiu com seu costumeiro ar razoável.

— Isso mesmo — endossou o irmão mais velho. — Aliás, talvez já a tenha encontrado, não é mesmo? Acho que bastaria que Dulce conhecesse melhor esse seu lado sério que você mantém escondido e...

— Não venha com idéias de falar nada a ela a meu respeito, nem de tentar interceder de alguma maneira — avisou-o Christopher, exasperando-se. — Nosso relacionamento é...

— Delicado.

— Creio que sim.

Sam encontrou-lhe o olhar.

— O sexo foi bom?

— Não é de sua maldita conta!

Sam ergueu ambas as mãos na defensiva, mas havia um largo sorriso em seu rosto.

— Uma reação tão exaltada só pode significar uma de duas coisas: ou foi sensacional e deixou você nas nuvens, ou foi péssimo e você gostaria que jamais tivesse acontecido.

Pensativo, Gabe sacudiu a cabeça.

— Não, eu passei a conhecer Dulce razoavelmente bem. Ela não é péssima em nada.

— É do tipo perfeccionista? — perguntou Sam.

— Mais ou menos. Eu diria que determinada é a palavra que melhor a descreve. É uma daquelas mulheres bastante organizadas e metódicas que sabem o que querem e vão atrás para conquistar. Ela tem uma espécie de plano para os próximos cinco anos e um para os próximos dez. Céus, provavelmente para os próximos vinte anos também!

— Tive a impressão de que ela queria Christopher — opinou Sam.

Gabe deu de ombros e sorveu outro gole de soda.

— Sim, levando-se tudo em conta.

Christopher realmente gostaria que as coisas fossem fáceis daquele jeito. Era evidente, Dulce fizera amor com ele e parecera gostar a ponto de querer repetir a dose, mas... mas deixara bem claro que ele não era o tipo de homem que queria e que não deixaria que ficasse no caminho de seus objetivos de conseguir um relacionamento sério e permanente.

Ele esfregou os olhos por um momento, desejando poder decifrá-la. A mulher era, de fato, um enigma quando se tratava de seus verdadeiros sentimentos. Já a conhecia bem o bastante para saber que não era adepta do sexo corriqueiro, banal. Entregara-se com grande abandono e devia nutrir alguma afeição por ele para tê-lo feito. Talvez fosse mesmo apenas amizade. Afinal, uma coisa estava clara o bastante.

— Ela gosta de sujeitos que usam ternos.

Gabe revirou os olhos.

— Ora, então use um terno.

Tudo sempre tinha de ser tão frio e prático para Gabe, ponderou Christopher, contendo um suspiro. Era um excelente homem de negócios, fazendo planos e tomando decisões com absoluta certeza.

Nada o tirava de seu rumo.

Não apenas assumira a presidência da empresa de informática da família com eficiência, como também começara a expandi-la e a fazê-la dar ainda mais lucros.

Teria sido o par perfeito, ideal para Dulce, o tipo de homem que ela buscava. Felizmente, Gabe já era muito bem casado.

— Não seria exatamente apropriado eu ir trabalhar de terno como instrutor no centro de esportes, não acha?

Batendo com a palma da mão na mesa, Gabe exclamou com súbito entusiasmo:

— Eu tenho uma solução.

Foi a vez de Sam revirar os olhos.

— Lá vamos nós...

—Feche a matraca, Sam. — E virando-se para Christopher, Gabe propôs: — Vá trabalhar comigo na nossa empresa. As pessoas adoram você. É expansivo, dinâmico. Há uma variedade de coisas que poderia fazer. Seria excelente na área de vendas e divulgação, nas reuniões com a diretoria, lidando com os clientes...

— Mas você teria de usar terno e gravata. — Sam estremeceu.

— Essa é a idéia, Sam. Ele disse que Dulce gosta de ternos.

— Então, por que, afinal, ela não os usa? Christopher já lhe perguntou isso? — indagou Sam, exasperado. — A resposta é não fazer algo que uma pessoa se sentiria péssima fazendo.

Gabe empertigou-se.

— E por que ele se sentiria péssimo trabalhando comigo?

Seus irmãos eram malucos, percebeu Christopher. E ele os adorava.

— Eu não me sentiria péssimo por estar trabalhando com você, mas simplesmente porque essa não é a minha vocação. Gosto da minha profissão, do ramo que escolhi. Assim como Sam gosta do seu. É por essa razão que deixamos que você cuide dos negócios da família, porque sabemos que não é um fardo para você, porque é o que gosta, o que já fazia. É talentoso demais nisso. E Sam tem razão, eu não posso mudar minha vida inteira por ela.

— Quer um conselho, Christopher? — disse-lhe Sam com um largo sorriso. — Atenha-se ao sexo sensacional. Isso vai acabar conquistando-a ao final.

— Sim — concedeu Gabe —, isso pode acabar resolvendo tudo.

Os três irmãos riram juntos. A conversa acabou não resolvendo o problema de Christopher, mas estar na companhia dos irmãos naquele dia era exatamente a distração que precisava.

— Vamos sair de barco, afinal, ou não?

— É claro que vamos. — Gabe guiou-os até a porta da frente. — Está um dia bonito demais para se ficar dentro de casa. Mas Anabel e Ariel estão planejando um chá de bebê, ou algo assim, e não puderam vir.

— Então, sou uma segunda escolha, hein? — disse Christopher, fingindo-se de ofendido.

Gabe piscou-lhe um olho.

— Em relação a minha esposa? Sempre.

— Eu dirijo — disse-lhes Sam, enquanto colocava seus óculos escuros espelhados.

Gabe tirou-lhe as chaves da mão tão logo passaram pela portaria e se aproximaram do grande carro esporte estacionado em frente ao condomínio.

— Não, você ainda está todo trêmulo diante da idéia de Ariel estar grávida. Prefiro chegar até a marina vivo, muito obrigado.