Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

Houve uma ligeira pausa, então, e Christopher aguardou um tanto ansioso por algum comentário ou reação dela, curioso para ver se a desconcertara de algum modo.

Sem sequer virar-se para fitá-lo, porém, ela limitou-se a dar de ombros, mudando de assunto em seguida.

— Oh, obrigada. Você quer um biscoito com o seu café?

Ele ficou perplexo. Um simples "oh, obrigada" num tom de absoluta indiferença? Apenas aquilo? Nenhuma reação além daquela? Recostando-se na cadeira, ele cruzou os braços sobre o peito forte.

— Que tal se eu admirar mais um pouco as suas pernas enquanto tomo meu café? — sugeriu, uma sobrancelha espessa arqueada.

Ignorando completamente a pergunta, ela atirou-lhe um biscoito, sentou aquele corpo curvilíneo numa cadeira junto à mesa e soltou um profundo suspiro. Usando a ponta dos dedos, apanhou uma outra cadeira oposta a sua e puxou-a o bastante para poder apoiar os pés ali. Ocultas sob a mesa, ele, afinal, não pôde mais admirar-lhe as pernas. Melhor assim, disse a si mesmo. De onde aqueles pensamentos inesperados tinham surgido, não fazia idéia, mas quanto antes os esquecesse, mais prudente seria. Afinal, ambos não passavam de bons amigos.

— Estou tão contente que seja fim de semana — comentou Dulce com mais um suspiro. — Graças àquele sujeito corpulento com dor nas costas, estou exausta.

Durante a semana inteira, Dulce trabalhara com o homem, num programa de reabilitação com gestos controlados, repetitivos, ensinando-lhe os movimentos seguros através de exercícios progressivos e complexos. Além dele, houvera os frequentadores regulares, que iam até o centro de esportes a cada dia para correr mais depressa e por mais tempo. Ela estivera bastante ocupada, sem dúvida.

Christopher sorveu um gole de seu café.

— Tive uma semana mais tranquila — admitiu. — Trabalhei com meninos de um colégio que estão se submetendo ao condicionamento esportivo. Foi divertido — acrescentou com um sorriso.

— Você é bom com crianças — afirmou Dulce, enquanto bebericava seu café. — Deveria trabalhar com elas com mais frequência.

— Obrigado. Sabe, eu costumava pensar que me tornaria professor de educação física. — Aquilo fora antes de o pai de Christopher ter morrido e o irmão do meio, Gabe, ter precisado assumir os negócios da família, ocasião em que houvera uma grande reviravolta em tudo, inclusive na vida de todos eles. Abalado com a perda inesperada e as súbitas mudanças, Christopher acabara perdendo seu rumo na ocasião e ainda não o reencontrara.

Dulce meneou a cabeça, um ar pensativo nos grandes olhos amendoados.

— Posso ver isso, pois, afinal, faltava bem pouco, não? Você estava perto de obter os créditos necessários para obter a sua graduação, certo? Não seria necessário muito para que se tornasse um professor de educação física e, então, poderia...

Christopher ergueu a mão.

— Ei, alto lá. Eu não disse que iria fazer isso. Apenas que costumava pensar a respeito.

— Então, o que quer fazer? — Dulce arqueou as sobrancelhas naturalmente delicadas com ar inquiridor. — Trabalhar no centro de esportes para o resto da vida?

— Eu não sei. — Christopher desviou o olhar para a caneca de café.

Droga, por que ela sempre tinha de pressioná-lo daquela maneira em relação a sua carreira?

— Estou contente lá por enquanto — respondeu quando tornou a fitá-la, os olhos castanho-claros, velados. — Não há pressa.