Fanfics Brasil - Capítulo 15 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 15

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Dulce me convidou para acompanhá-la até o boticário naquela tarde. Aceitei de pronto, pois não aguentava mais zanzar pela casa à procura de algo para me distrair de meus próprios pensamentos. Não conseguia parar de pensar em William e sua viagem. Eu me perguntava o que aquele período afastados significaria. Se quando ele retornasse as coisas voltariam ao que eram.


Meu pai sempre dizia que o melhor conselheiro é o tempo. Eu esperava que ele estivesse certo. Também tinha a esperança de que, durante esse período,


William acreditasse em minha inocência.


— Quero fazer mais alguns testes — contou Dulce, assim que entramos na loja. — Tô tentando criar um desodorante.


— Um o quê?


— Se der certo, eu te mostro. — Soprou uma mecha de cabelo que lhe caía no rosto. — A primeira tentativa não foi lá muito boa.


— Se-senhorita Maite! — exclamou o sr. Prachedes, em frente ao balcão, pálido como se tivesse visto um fantasma. Sua falta de cor só fez ressaltar o púrpura ao redor do seu olho direito.


— Sr. Prachedes — cumprimentei.


— Não fale comigo! — Ele se afastou e bateu as costas em uma pilha de potinhos sobre o balcão.


— Mas...


— Não! Fique longe de mim!


No instante seguinte, ele corria para fora da loja.


— O senhor esqueceu o unguento! — gritou o sr. Plínio.


— O que aconteceu com ele? — perguntei ao boticário, sem entender.


— Não se preocupe, srta. Maite. — O homem de meia-idade, mas ágil como um garoto, começou a organizar os potes que haviam tombado. — O pobre Prachedes não sofre; apenas o seu orgulho dói. — Deixou escapar uma risada.


— O que o senhor quer dizer?


— Ele garante que aquele olho roxo é fruto de um tombo do cavalo. Mas, com a minha experiência, estou convencido de que a causa foi um gancho de esquerda muito bem aplicado.


— Que coisa terrível! Quem poderia ter feito uma coisa dessas, sr. Plínio?


— Quem é que sabe o que o Prachedes andou aprontando? Vai ver ele mexeu com a irmã de alguém. Minha estimada sra. Uckermann! — Ele abriu um sorriso caloroso — Vê-la é sempre uma alegria. Como posso ajudá-la hoje, minha querida?


— Eu preciso de umas coisinhas, seu Plínio.


Enquanto Dulce listava a um de seus mais antigos fornecedores tudo de que iria precisar, eu me peguei pensando nos dedos esfolados na mão esquerda de William.


Plínio estava enganado. Prachedes não tinha mexido com a irmã de alguém. Mexera com a noiva de alguém.


Quando minha irmã finalizava a compra, Valentina entrou apressada na botica. Ela nos vira e resolvera nos convidar para se juntar a ela e a mãe para um chá na confeitaria.


Dulce olhou para mim, insegura. A sra. Albuquerque não tinha muito apreço por minha cunhada, já que a culpava de ter roubado Ian de Valentina.


— Mamãe anda sofrendo dos nervos — Valentina acrescentou, em voz baixa. — Por isso eu a trouxe para a vila. Aqui nós sempre temos um pouco de distração. E estou certa de que a companhia de vocês duas a ajudaria a esquecer os problemas, ao menos por alguns minutos.


— Tá bem! — Dulce revirou os olhos, bufando em completo desalento, e eu quase ri.


— Será um prazer, Valentina — assegurei.


O senhor Plínio se ofereceu para acomodar a compra no faetonte, de modo que deixamos o estabelecimento em poucos minutos. Ao entrar na confeitaria, avistei Adelaide examinando o cardápio, com a expressão impaciente. No entanto, quando cheguei mais perto, percebi que não era sua expressão, mas seu semblante que dava essa impressão. Estava mais pálido que o habitual, com profundas olheiras e as bochechas um tanto encovadas.


— Mamãe, veja quem eu encontrei! — Valentina deixou sua bolsinha sobre a mesa.


A mulher levantou os olhos opacos, e algo cintilou neles.


— Maite, minha querida! — Então seu sorriso tremulou. — E sra. Uckermann.


Seguiu-se um silêncio constrangedor enquanto nos acomodávamos e Dulce me olhava de viés. Por sorte, um garçom apareceu com mais cardápios.


— Vou querer uma fatia de charlote e um chá de limão — eu disse ao rapaz.


— Excelente escolha. — Ele olhou para Valentina, esperando.


— Um pedaço do folhado de maçã e chá de camomila.


— Humm... parece bom. Quero isso também. — Dulce relanceou o menu.


— E quero também a charlote, e um tartelete de limão, seja lá o que isso for. Você tem chá de hortelã?


— Por Deus, sra. Uckermann — Adelaide abriu o leque e começou a abanar-se.


— Isso não é o pedido de uma dama.


— Ah, mas eu não sou exatamente uma dama. Tem de hortelã? — repetiu, encarando o garçom.


— Eu vou verificar para a senhora. — O rapaz sorriu para ela. Na época eu não sabia o nome dele. Havia se mudado fazia pouco tempo e eu só o via quando ia até a confeitaria.


— É um milagre que consiga manter a forma, sra. Uckermann — comentou Adelaide. — Esse é um dos benefícios da juventude. Já eu preciso me privar de todos os prazeres. Quero apenas um chá preto.


Adelaide entregou o cardápio ao rapaz sem lhe dirigir o olhar, e não viu o sorriso largo que ele lhe dirigiu.


— Perdoe-me pela intromissão e franqueza, minha senhora, mas acho que não é necessário privar-se dos pequenos prazeres quando se tem uma beleza como a sua.


Os olhos da mulher imediatamente voaram em direção ao rapaz atrevido, e então algo neles mudou. Não era mais o olhar de uma dama da sociedade pedindo um chá, mas o de uma mulher analisando um homem com interesse. E, a julgar pelo rubor que surgiu nas faces de Adelaide, suspeitei de que ela tenha apreciado o que viu. O jovem fez uma reverência destinada apenas a ela antes de se retirar.


— Ora, quanta ousadia! — murmurou Adelaide, os olhos presos nas costas do rapaz que se afastava. — Flertar com uma cliente. Uma senhora casada!


— Também estou constrangida — ajudou Valentina. — A senhora tem idade para ser mãe dele.


— Ora, querida, não exagere. Posso no máximo ser uma... tia mais experiente. Mesmo assim, foi tão... constrangedor! — Tocou com a ponta dos dedos nas faces afogueadas e deixou escapar um suave suspiro. — Bem... Maite, eu soube que seu noivo está de partida para a Itália. Seu irmão não fez nada para impedir esse disparate?


— O dr. Levy está indo a título de pesquisa, sra. Albuquerque — expliquei. — É importante que ele vá.


— Pois eu acho que é uma bela maneira de ele se livrar do compromisso.


— Ela abriu o guardanapo com um movimento brusco e o esticou sobre as saias.


— Às vezes me pergunto o que Deus tinha na cabeça quando decidiu criar os homens.


— Provavelmente pensou — o garçom estava de volta — que seria um pecado ter criado as mulheres e não ter ninguém para admirá-las.


— Ora, senhor...?


— Diógenes Matias, seu criado, madame. — Ele fez um floreio ao pousar a bandeja na mesa.


— Sr. Matias, o senhor tem o hábito de se intrometer na conversa dos clientes?


— Perdoe-me. Uma mente sagaz como a da senhora é completamente irresistível para mim. Aqui está o folhado. — Depositou o prato diante de Valentina, depois a xícara. — A charlote da senhorita. — Ele arrumou meu pedido a minha frente. — O pedido da jovem senhora que sabe como pedir uma refeição! — Piscou para Dulce. — E aqui está o seu chá preto, madame. Bom apetite, senhoras.


Adelaide voltou a acompanhá-lo com os olhos, e, eu juro, o olhar dela não estava na altura que deveria.


Então, a porta da confeitaria se abriu com certo estardalhaço e a viúva Miranda, dentro de um vestido lilás com alguns detalhes em preto e o decote mais profundo que eu já tinha visto, adentrou o salão.


Infelizmente, Adelaide também a viu, e se enrijeceu na cadeira.


— Não sabia que permitiam qualquer um neste salão — murmurou, erguendo o queixo.


— Mamãe, por favor — Valentina tocou o braço dela. — Aqui, não. Vamos ignorá-la.


Mas eu tinha sérias dúvidas se Adelaide seria capaz de ignorar a amante do marido. Ela se esforçou, bebericando e me fazendo perguntas sobre o enxoval enquanto Dulce, contente por não ser alvo da mulher, puxava conversa com Valentina. Adelaide pareceu mais animada quando eu disse que não tinha muita coisa e começou a listar tudo o que eu deveria providenciar. Cerca de um quarto de hora se passou quando ela se interrompeu, levando a mão ao estômago.


— A senhora está bem? — perguntei, notando a palidez que se intensificava em seu semblante.


— Estou bem. Apenas um pouco enjoada. Imagino que seja só uma indisposição. Não ando me alimentando muito bem... — Mas então um gemido lhe escapou enquanto se dobrava na cadeira.


— Dona Adelaide? — Dulce tentou ampará-la.


— Mamãe! — gritou Valentina, ficando em pé.


— Senhora! — O sr. Matias, que passava atrás da mesa, ajudou Dulce a pegá-la antes que caísse. O rapaz rapidamente passou um braço sob seus joelhos e a suspendeu. — O que está acontecendo? Senhora? Saiam da frente! Pelo amor de Deus, me deixem passar com ela! — ordenou, levando-a até o canapé no fundo do salão. Valentina os acompanhou, ansiosa.


— Vou procurar ajuda — avisei Dulce. — Tente acalmar Valentina.


— Tá. Não demora!


Antes que ela terminasse, eu já estava do lado de fora do estabelecimento, correndo para a casa do dr. Almeida. Meu coração batia forte contra o espartilho, dificultando minha respiração. Fiz a curva sem olhar e colidi com força com alguma coisa, ricocheteando para trás. Mãos fortes me agarraram pelos braços, impedindo que eu caísse.


— Onde é o incêndio? — William perguntou, com humor.


— Ah, graças a Deus eu o encontrei! Eu preciso de você, William!


Algo reluziu em seus olhos, e demorou um instante para eu perceber o que tinha acabado de dizer. Balancei a cabeça.


— Digo, a sra. Albuquerque precisa de você! Agora! Por favor! Ela está passando mal.


A diversão deixou seu rosto de imediato, e vi surgir o cirurgião preocupado.


— Onde ela está? Conte-me o que aconteceu.


— Ela está na confeitaria, mas não sei o que está acontecendo. Parece que a barriga... ou o estômago lhe dói muito.


Com um aceno firme de cabeça, ele me pegou pela mão e começou a correr. Quando chegamos à confeitaria, quase esbarramos em Miranda, que deixava o estabelecimento, apressada.


— Venha, Maite. — William segurou a porta para que eu entrasse.


Adelaide estava deitada no canapé laranja sob a janela, e William não hesitou um instante. Mas eu me detive assim que a multidão que a cercava abriu caminho para ele e vi Dulce ajoelhada no chão, tentando consolar Valentina, que se enroscara a ela, chorando como uma criança. O sr. Matias abanava Adelaide com a bandeja, o rosto do rapaz retorcido em preocupação e angústia.


William prestou os primeiros atendimentos ali mesmo, enquanto a mulher se contorcia, gemendo baixinho, então pediu que eu chamasse a carruagem. Ele a acompanhou até a residência dos Albuquerque. Quando o dr. Almeida soube que a amiga tinha caído doente, também correu para lá. Ambos passaram a noite cuidando dela. Ainda assim, nenhum dos dois médicos conseguiu salvar a vida de Adelaide.




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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