Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]
O clima na saída da missa era triste, como deveria ser. Valentina ainda estava inconsolável.
Desde a morte da sra. Albuquerque, sete dias antes, eu passava mais tempo na casa dos Albuquerque que na minha. Sabia que não havia muito que eu pudesse fazer quanto à dor de minha amiga, mas ao menos podia livrá-la do tormento de lidar com os problemas cotidianos. Foi difícil acompanhar o seu luto.
O que me fez lembrar com muita intensidade de minhas próprias perdas. Os primeiros dias, sobretudo, quando nada parece real. Quando ainda era menina, eu acordava no meio da noite chamando por papai ou por mamãe, e em vez deles Christopher entrava no quarto. Só então eu me lembrava de que eles já não viviam neste plano. Eu tentava ser forte, porque meu irmão também tinha perdido os pais dele, e eu não queria lhe trazer mais dor. Quando ele saía do quarto, porém, eu chorava baixinho até adormecer.
Pensei que o sr. Albuquerque se aproximaria de Valentina, consolando-a como meu irmão fizera comigo, mas não. Walter cuidou de tudo, resolvendo os pormenores do enterro sem deixar transparecer qualquer emoção — exceto, talvez, um pouco de culpa. Porém, mal falava com a única filha. Quando a via chorar, inventava uma desculpa para sair da sala de estar, da sala de jantar, da varanda ou de onde quer que ela estivesse. Temi que minha amiga, em seu desespero, pudesse perder a cabeça, por isso escrevi a William, que veio no mesmo instante e ofereceu a ela um pouco de esquecimento por meio de grandes doses de láudano.
— Foi uma bela homenagem, não foi? — A voz de Valentina me trouxe de volta para a igreja. — Padre Antônio fez um belo sermão. Ela teria gostado.
— Teria, sim. — Passei o braço ao redor de seus ombros curvados.
Meu irmão fez um cumprimento grave ao nos encontrar. Dulce tomou minha amiga nos braços.
— Como é que você tá? — ela quis saber.
— Sinto como se estivesse dentro de um pesadelo, e que a qualquer momento vou acordar e minha mãe vai estar ali para dizer que chorar desta maneira não é elegante.
— Ah, Valentina...
Assim que Dulce a soltou, ela secou o rosto e forçou um sorriso que me partiu o coração.
— Ainda vai parecer um pesadelo por muito tempo. Custa a passar — falou Christopher, em voz baixa, olhando para mim. Ele também pensava em nossos pais, disso eu tinha certeza. — Precisa de alguma coisa, senhorita? Não hesite em nos dizer.
— Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter pedido a Deus. São mesmo! E obrigada, sr. Uckermann, mas não preciso de nada. Creio que apenas o tempo poderá ajeitar tudo. — Ela fungou. — Tia Doroteia chegou esta manhã. Deve estar falando com o padre Antônio agora. Assim não precisarei mais incomodá-la, querida Maite.
— Você jamais me incomoda, Valentina — Ajeitei um babado de seu vestido preto. — Mande me chamar se precisar de mim, a qualquer hora.
Seus olhos se empoçaram, e, pelo movimento de sua garganta, percebi que ela estava prestes a chorar outra vez. Tentei pensar em algum assunto para distraí-la, mas nada além das aventuras de Bartolomeu me veio à mente. Antes que eu pudesse lhe contar que o gato agora dormia dentro da gaveta onde eu guardava minhas anáguas, Miranda Mendoza passou pela porta da igreja, o véu de renda negra ainda sobre o rosto. Ela se deteve ao avistar Valentina.
Ignorando propositalmente o olhar mortífero que minha amiga lhe dirigiu,
Miranda chegou mais perto.
— Fique calma — sussurrei a ela.
— Mis sentimientos, srta. Valentina. Foi una grande perda para todos.
— Não tenho certeza se para todo mundo. — Valentina retrucou, os olhos faiscando.
Miranda levou a mão ao peito.
— Su madre era una dama muy querida. Apesar do pouco conhecer, ouvi mucho sobre ella. Una mujer formidable!
Nesse momento, Walter de Albuquerque saiu da igreja, acompanhado do dr. Almeida. Os olhos do homem quase caíram das órbitas ao ver com quem a filha falava.— Sra. Mendoza. Obrigado por nos brindar com sua presença — ele foi dizendo. — Gostaria de aproveitar a ocasião para discutir com a senhora assuntos da máxima urgência... sobre a compra daquela propriedade, para a qual a senhora pediu minha ajuda!
Não sei o que foi pior: usar a desculpa de assuntos profissionais na saída da missa de sétimo dia da esposa ou deixar a igreja de braço dado com a amante na saída da missa de sétimo da esposa. Pelo que vi no rosto do meu irmão, Christopher concordava comigo.
O dr. Almeida, depois de balançar a cabeça com tristeza ao ver o amigo se afastar, se juntou ao nosso grupo, fazendo inúmeras perguntas a Valentina sobre sua saúde, em uma clara tentativa de distraí-la. Christopher e Dulce também ajudaram, aos poucos introduzindo assuntos cotidianos que fizeram minha amiga parar de encarar o pai como se ele fosse a encarnação do demônio.
William deixou a capela ao lado da sra. Almeida e veio em nossa direção.
— Não pensei que fosse vê-lo aqui — Christopher disse a William. — Seu navio parte esta noite, não é?
— Amanhã de manhã, mas eu não podia deixar de vir. Pegarei a diligência mais tarde.
Eu me sentia miserável. A verdade é que eu tinha usado os problemas de Valentina para me esquecer dos meus. Cuidar de minha amiga me ajudara a manter a cabeça longe da partida iminente de William. Mas quando a noite caía e todas as velas da casa eram apagadas...
Sua decisão de viajar me fez entender que, mesmo magoada com o fato de ele não ter acreditado em mim, com o fato de seu pedido ter sido fruto de sua nobreza e não de sua afeição, meu amor por ele não recuou um único centímetro. Como eu conseguiria dizer adeus a William?
— Só de pensar em passar três meses a bordo de um navio, já me sinto nauseada — Letícia comentou. — Lembra-se de quando fomos a Paris, Alberto?
— Como poderia esquecer? Você passou mal durante todo o tempo no mar. Pensei que não chegaria viva ao continente. De certa forma, você mais parecia um esqueleto do que uma dama quando chegamos.
— De fato — continuou ela, ajeitando a manga do vestido de Valentina. — Minhas roupas dançavam ao redor do meu corpo, e nós tivemos que procurar uma modista assim que aportamos...
O clima ficou mais leve conforme a sra. Almeida narrava sua desventura, e foi com alívio que vi Valentina abrir um sorriso, ainda que ínfimo.
Ao perceber que todos tinham a atenção nela, William discretamente chegou mais perto de mim.
— A srta. Valentina tem se alimentado? — perguntou, baixinho.
— Um pouco. Está melhor que no início da semana. Já é um avanço. — Recuei um passo para que os demais não pudessem me ouvir. William me acompanhou. — Ainda não consigo acreditar que Adelaide se foi. Ela sempre foi uma mulher forte. Quer dizer, nos últimos tempos estava bastante abatida. Talvez já fossem os primeiros sinais do tifo.
— Talvez. — Ele apertou os lábios, as sobrancelhas contraídas.
Esperei que ele dissesse alguma coisa, mas, quando tudo o que ouvi foi silêncio, me obriguei a perguntar:
— O dr. Almeida irá acompanhá-lo até o porto mais tarde?
— Ele queria. Mas acabei por convencê-lo a ficar. Não é o momento de deixar a população sem um médico por perto. Se eu já não tivesse comprado a passagem quando a sra. Albuquerque adoeceu, iria adiar a viagem por algumas semanas. O tifo nunca aparece em um lugar só. Por favor, tome cuidado. — A maneira como ele disse isso, meio sussurrada, repleta de preocupação, aqueceu meu peito.
— Tomarei. Está com medo? Da viagem?
— Não me anima muito passar tanto tempo dentro de um navio. — Ele enfiou as mãos nos bolsos. — Não estou com medo. Não disso. Mas devo confessar que estou assustado.
— Com o quê?
William abriu a boca. Tentou dizer alguma coisa, mas a voz de Doroteia o deteve.
— Valentina! Aí está você, menina! — gritou a dama, com o mesmo porte da falecida irmã, embora, no rosto, somente os olhos lembrassem os da sra. Albuquerque. Tinham a mesma frieza azulada. — Onde está seu pai?
— Falando com... uma conhecida.
Os olhos da mulher encontraram o cunhado ao lado de Miranda e se estreitaram, ganhando uma coleção de vincos.
— Vamos, Valentina. Quero ir para casa agora.
Depois que as duas partiram, foi a vez de minha família se despedir de William. Meu irmão foi bastante compreensivo e, sem que eu tivesse dito coisa alguma, pegou Dulce pelo cotovelo e a ajudou a entrar na carruagem, nos dando um pouco de privacidade.
— Bem... Espero que a viagem seja tranquila. — Eu me esforcei para sorrir, mas não passou de uma tentativa.
— Obrigado. Maite, eu... — Ele chegou mais perto, tantas emoções dançando por suas íris que não consegui discerni-las.
Meu peito se encheu de esperança. Ele não me chamava pelo nome fazia tanto tempo... Esperei, com o coração retumbando, a conclusão daquela sentença.
William soltou o ar com força, esfregando o pescoço em um gesto de pura frustração, antes de dizer:
— Cuide-se.
Murchei feito uma planta que alguém se esquecera de regar.
— Farei isso.
Ele me ajudou a entrar na carruagem e se afastou. Espiando pela janela, eu o acompanhei com os olhos, o sol do fim da tarde fazendo seus cabelos adquirirem um tom dourado, até ele desaparecer atrás da torre da igreja sem jamais olhar para trás.
Uma mão grande e quente, que sempre esteve ali para qualquer coisa de que eu precisasse, cobriu a minha e a apertou. Olhei para meu irmão e vi reconhecimento e compreensão em seu semblante. Ele sabia exatamente como eu me sentia.
Dulce se levantou e veio se sentar a meu lado. Passou um braço pelas minhas costas, deitando a cabeça em meu ombro, e ficou ali, me confortando com sua presença.
Deixei a cabeça pender sobre a de minha irmã, me perguntando quando eu veria William de novo. E esperava de todo o coração que nosso reencontro não repetisse a hesitação e o silêncio daquela despedida.
* * *
A chuva caía de mansinho, escorrendo na vidraça da sala como lágrimas silenciosas. Eu tentava ler, mas nem mesmo By ron conseguira prender minha atenção. Eu só conseguia pensar em William. Ele já teria partido a essa hora. A diligência em direção à cidade portuária mais próxima saía sempre às seis em ponto, tanto da manhã quanto da noite. Torci para que a estrada se encontrasse em boas condições e ele chegasse ao porto em segurança. A descida da serra era muito íngreme. Também rezei para que o mar estivesse calmo e se mantivesse assim até que ele chegasse à Itália. Quanto tempo passaria até que eu pudesse ter notícias dele outra vez?
Dulce e Christopher estavam tentando convencer Marina a sair de cima de Bartolomeu. Minha sobrinha se deitava sobre o gato, esfregando o rosto nos pelos macios, e ria. Bartô tentava se mostrar indiferente, mas sua cauda serpenteava, delatando-o.
Madalena entrou na sala segurando uma bandeja.
— O leite da srta. Marina está pronto.
— Valeu, Madalena. — Dulce pegou a mamadeira, como ela a chamava, e então franziu o nariz. Aproximou o vidro do rosto. — Argh! Isso tá estragado.
— Não pode ser, senhora. Eu acabei de ferver o leite.
— Deixe-me ver. — Christopher pegou a garrafinha e derramou algumas gotas nas costas da mão.
— Ai, meu Deus... — Em um instante Dulce estava de pé, correndo em direção ao quarto, a mão firmemente cobrindo a boca.
Ameacei ir atrás dela, mas Ian me deteve.
— Pode deixar, Maite. Eu vou. — Christopher pegou Marina pela cintura e a entregou a Madalena. — Poderia colocá-la na cama esta noite? Minha esposa precisa de mim, e minha irmã, de um pouco de sossego.
— Sr. Uckermann, o leite está bom. — Madalena deixou a bandeja sobre a mesa lateral, acomodando Nina melhor. — Eu sempre provo antes de dá-lo a menina.
— Eu sei, sra. Gomes. O problema de Dulce é outro. E esses enjoos vão se tornar cada vez mais frequentes pelos próximos três ou quatro meses.
Então Christopher estava certo. Dulce estava mesmo grávida.
Os olhos da governanta se arregalaram.
— O senhor quer dizer que a patroa está... Oh, sr. Uckermann! Que alegria! Será que teremos um varão desta vez?
— Não. Será uma menina.
— Como pode saber isso? — perguntei, achando graça de seu tom seguro.
— Eu simplesmente sei. — Ele deu de ombros antes de ir atrás da esposa.
— Oh, que notícia maravilhosa! — Madalena girou pela sala. Nina deu um gritinho de contentamento. — Vamos contá-la ao senhor meu marido, srta. Marina? Ele ficará contentíssimo com a novidade!
Assim que elas se foram, passei a mão em um candelabro e decidi ir para o quarto também. Bartolomeu me escoltou, todo galante. Enquanto eu atravessava a casa, não pude deixar de me perguntar mais uma vez como Christopher tinha tanta certeza de algumas coisas. Ele soubera da gravidez antes da própria Dulce, e agora afirmava que ela trazia uma menina em seu ventre. Não havia qualquer dúvida em seu semblante ou em seu tom ao afirmar tal coisa. Como podia estar tão convicto?
Entrei no quarto e, depois que Bartolomeu passou, fechei a porta. Deixei a vela e o livro sobre o toucador e me sentei na banqueta da penteadeira.
Como é possível que Christopher saiba que Dulce espera uma menina?, me perguntei de novo, enquanto levava as mãos aos cabelos para soltar o penteado apertado.
Nem a mais poderosa simpatia conseguia ser tão precisa. Como ele poderia ter tanta certeza do futuro?
Minhas mãos se detiveram, e algumas forquilhas caíram no chão.
Até onde eu sabia, meu irmão não tinha o dom da vidência. Mas havia alguém que talvez tivesse.
— Alexander! — Só podia ser isso! Se ele fora capaz de nos ajudar a viajar no tempo e voltar para casa, podia muito bem saber de coisas que ainda não tinham acontecido, não é? Ele devia ter dito alguma coisa a Christopher.
— Humm... não. Lamento decepcioná-la.
Dei um grito, saltando sobre meus próprios pés quando vi no espelho um vulto emergindo das sombras. Acabei me desequilibrando, batendo o quadril no toucador.
— Não precisa se alarmar. Sou eu!
— Meu Deus, William! — Coloquei a mão sobre o coração, tentando me acalmar, conforme ele chegava mais perto, entrando na pequena bolha de luz produzida pelas velas. — Quase me matou de susto!
— Não era a minha intenção. Desculpe.
Assim que minha pulsação começou a se estabilizar, me dei conta de que, se ele estava ali, então não estava a caminho do porto. Já devia estar longe àquela altura.
Ele tinha mudado de ideia?
Antes que a esperança pudesse galopar para longe e eu perdesse o controle sobre ela, reparei que William usava um traje de viagem escuro. E que estava ensopado.
— O que faz aqui? — perguntei, em voz baixa, com medo de que alguém o descobrisse ali. — Pensei que tivesse tomado a diligência. Você perdeu o juízo para entrar em meu quarto a esta hora?
— Eu devia mesmo ter tomado a diligência. Mas não pude ir embora sem me despedir direito. Foi por isso que eu... — Indicou a janela. — Achei que, se entrasse pela porta, não nos deixariam sozinhos.
— Não, mas, se alguém o vir aqui...
Sua boca se esticou em um sorriso quase selvagem.
— O que poderiam fazer? Me forçar a pedir a sua mão de novo?
— Doutor! — Meu rosto esquentou. Na verdade, não foi apenas meu rosto que esquentou. Senti uma quentura ardida no lado direito do quadril. — O senhor devia ter usado a porta da frente, como uma pessoa normal!
William correu os dedos pelos cabelos, afastando do rosto os fios molhados. O movimento produziu uma pequena chuva sobre o tapete.
— Sim, eu devia. — Soltou o ar com força. — Mas dessa maneira eu não poderia falar com você sem ter seu irmão, sua cunhada, seu mordomo ou, Deus me livre!, sua governanta por perto. E eu queria me despedir de você sem qualquer ouvido curios... — Abruptamente, seus olhos se arregalaram tanto que quase saltaram das órbitas. — Minha nossa! Você está pegando fogo! — Ele começou a tirar o casaco.
— O que pensa que está fazendo? Pare de tirar a roupa! — O calor em meu corpo se intensificou. A ponto de eu realmente sentir a pele arder.
— Mas você está em chamas!
— Eu não estou! — Estava tão indignada que não pude reagir quando William esticou a mão que segurava o casaco e tocou meu quadril. — Meu senhor! — Eu o empurrei, mas tive pouco sucesso. Ele começou a espalmar meu traseiro.
Assim já era demais! Abri a mão e acertei sua bochecha com força. Um estalo agudo ecoou pelo quarto. Minha palma começou a latejar, mas ao menos William parou de me apalpar. E me olhou em completo horror, como se eu tivesse perdido a cabeça.
— Nunca lhe dei tais liberdades! — Elevei o rosto. — Peço que saia do meu quarto já, se foi para isso que o senhor veio.
Ele teve o atrevimento de se mostrar ofendido.
— Você. Está. Pegando. Fogo — falou, entredentes.
— Já disse que não estou!
Sua mão se encaixou em meu queixo e forçou minha cabeça para o lado.
Tentei me livrar de seu toque, mas o espelho entrou em meu campo de visão e...
— Ah, meu Deus! Estou pegando fogo! — exclamei, assustada.
— Foi o que eu disse!
A vela havia tombado sobre o toucador e atingira o livro que William me dera tantos anos antes, aniquilando-o. A cera líquida, inflamada, havia escorrido pela madeira, gotejando em meu vestido. As chamas haviam consumido todo o tecido em meu quadril e agora queimavam a anágua. E também o toucador.
— A casa vai se incendiar, William!
— Não é com a casa que eu estou preocupado agora. — A mão dele acertou meu traseiro de novo, freneticamente.
Tudo o que eu fiz foi piscar, surpresa. Mas não havia tempo para repreendê-lo.
O fogo começava a aumentar, e se chegasse às cortinas estaríamos perdidos.
Peguei o casaco molhado de William e tentei apagar as chamas do móvel e do livro.
— Não estou conseguindo apagar, Maite. Tire o vestido.
— O quê? Não!
— Por todos os demônios!
Suas mãos envolveram minha cintura, e eu senti seu corpo se encaixando atrás do meu. Fiquei tão surpresa com o contato que não tive qualquer reação, por isso William me girou com facilidade até que fiquei cara a cara com ele. A próxima coisa que eu soube é que estávamos no chão, William rolando sobre mim.
Depois me fez rolar sobre ele. Fiquei tonta, e não tenho certeza se era com os rodopios horizontais. Ele era repleto de músculos e asperezas, que se acomodaram perfeitamente em minhas curvas. Nossos corpos se encaixaram como... como se tivessem essa finalidade.
Em algum lugar ali perto, ouvi o protesto indignado de Bartolomeu.
Então o mundo parou de girar, mas eu pouco via dele, pois meu penteado havia se desfeito totalmente e meus cabelos me caíam na face como um véu espesso. Apesar de não conseguir enxergar nada além de fios grossos e escuros, eu era capaz de sentir.
William enroscou os dedos em minhas mechas, afastando-as do rosto.
— Você está bem? — perguntou, em um sussurro preocupado.
Fiz que sim, pois estava com dificuldade para organizar os pensamentos. A combinação de suas roupas molhadas com a quentura de seu corpo me fez sentir uma infinidade de coisas que até então eu não conhecia.
Seus olhos vagaram em direção ao toucador, ao meu traseiro, e então encontraram os meus.
— Conseguimos apagar o fogo — murmurou ele.
— Sim. — Das minhas roupas, sim. Mas eu não tinha ideia de como faria para extinguir as chamas que subitamente me queimavam por dentro.
E elas se inflamaram ainda mais quando William apoiou a mão na minha cintura e se sentou. Meu corpo escorregou para a frente e se encaixou no dele completamente, dos quadris ao peito, como se tivéssemos sido esculpidos daquela forma, unidos. Seu olhar, cravado em minha boca, parecia capaz de enxergar a tormenta que ocorria dentro de mim. E parecia partilhar dela.
Sua mão envolveu minha nuca conforme sua cabeça pendia em minha direção, seu rosto ficando a centímetros do meu.
— Você é a minha perdição, Maite.
Fechei os olhos, ansiando pelo momento em que teria sua boca sobre a minha novamente.
No entanto, em vez de me beijar, William me empurrou para o lado e estava de pé antes que eu pudesse compreender o que estava acontecendo.
— Está vindo alguém — murmurou, me estendendo a mão.
Tentei ouvir alguma coisa acima da pulsação que retumbava em meus ouvidos. Pés se apressavam no corredor.
— Santa Mãe de Deus! — Com sua ajuda, fiquei de pé, procurando na escuridão o casaco que eu usara para abafar o fogo na mobília. — Você não sairá vivo desta casa se o meu irmão o flagrar em meu quarto! Você precisa ir embora! — Encontrei seu paletó. Mesmo úmido, tinha alguns chamuscados e fedia a fumaça. Eu o empurrei em suas mãos. — Vá!
Embora tivesse assentido uma vez, William não se moveu e ficou ali, me encarando com intensidade.
Os passos se tornavam cada vez mais audíveis.
— William, por favor, vá agora! — Eu o empurrei em direção à janela.
Ele pareceu recobrar a sensatez, apoiando a mão no parapeito.
A porta se abriu de repente. William não ia escapar a tempo.
Céus!
Autor(a): Fer Linhares
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Comentários da Fanfic 32
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poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41
Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!
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poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41
Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!
Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35
Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)
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tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23
continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni
Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23
Continuando linda, bjss ;)
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poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37
Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa
Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07
Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)
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poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45
Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa
Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44
Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)
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poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45
Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa
Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06
Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)
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poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50
Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa
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poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08
Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa
Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59
Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)
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poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46
Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)
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poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10
Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa
Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21
Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)