Fanfics Brasil - Capítulo 2 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 2

773 visualizações Denunciar


A propriedade dos Portilla fazia divisa com a nossa, e eu a conhecia tão bem quanto Anahí conhecia a de minha família. Naquela noite, tudo na residência exalava alegria. Sobretudo a senhora Portilla. Se por conta da felicidade de receber os amigos ou das várias taças de vinho que havia tomado, não tive certeza.
Eu estava lhe explicando a ausência de minha família quando um pequeno grupo de mulheres se formou ao nosso redor, e subitamente a conversa enveredou para suas tarefas cotidianas. Sem muito a dizer, pedi licença e me afastei.
Conferi se minha máscara estava bem amarrada enquanto esticava o pescoço à procura de minhas amigas na ampla sala. As taças de champanhe reluziam na mão dos convidados, rivalizando com as joias que as mulheres usavam. Os grandes arranjos dispostos sobre aparadores e algumas bases de mármore quase passavam despercebidos em meio ao colorido dos vestidos. Ainda não tinha encontrado Anahí quando fui abordada por cavalheiros impacientes, aos quais prometi algumas danças sem prestar atenção ao que fazia. Assim que me vi sozinha de novo, avistei uma delicada máscara dourada em meio a uma profusão de cachos loiros, do outro lado da sala. Acenei para minha melhor amiga enquanto me desviava
das pessoas, me dirigindo até ela.
— Maite! Você demorou tanto. — Anahí me pegou pela mão. — Pensei que não viesse.
— Tivemos um incidente. — Contei rapidamente a última traquinagem de minhas sobrinhas.
Meu primo começou a rir antes que eu terminasse a história.
— E você reclamando de um pouco de terra nos lençóis do pequeno Alfonso, Anahí — ele disse para a esposa, rindo, o que fez sacudir sua máscara branca com um nariz longo e pontudo.
Minha melhor amiga e meu primo tinham se casado fazia alguns anos, e do amor deles nascera Alfonso Uckermann III, um menino grande e robusto que adorava correr atrás dos filhos dos empregados, para desespero de tia Cassandra.
— Francamente, não sei o que há com essas crianças — riu Anahí. — Deve ser o sangue dos Uckermann que as deixa tão terríveis.
— Mas eu sou uma Uckermann. — Olhei para minha amiga, arqueando as sobrancelhas. — E sempre fui uma menina bem-comportada.
— E deve ter sido a única criança da família a não se meter em problemas — ela zombou.
Alfonso revirou os olhos.
— Mas compensou essa falha ao chegar à adolesc... urf! — ele gemeu quando o cotovelo da esposa acertou suas costelas. — Eu só estava brincando, Anahí!
— Está tudo bem. — Manejei um sorriso. — Não posso fingir que não me meti em problemas
quando fiquei mais velha. — Não que eu tivesse culpa. Fui sequestrada por minha tia. Acabei noiva quando fui beijada pela primeira vez. Depois fui novamente sequestrada, por assim dizer, por um artefato de metal do tamanho de uma cigarreira, e desde então minha vida se tornou uma sucessão de desastres.
— Grandes problem... urf! — arfou Alfonso.
— Estou com sede, Alfonso. — Teodora piscou as pestanas para ele. — Por favor, poderia pegar uma bebida para mim?
— Acho que é mais seguro para minhas costelas... — Massageando o local atingido, ele desapareceu por entre os convidados.
— Desculpe, Maite — começou ela assim que ficamos sozinhas. — Alfonso não falou por mal. Ele só é incapaz de mentir.
Acabei rindo.
— Você não deveria enxergar isso como um defeito, Anahí.
— Não enxergo. Na maior parte do tempo, pelo menos — acrescentou, estudando o salão. — Ah. O senhor Matias está tentando atrair sua atenção.
— Deve estar à procura de Valentina. — O charmoso sr. Diógenes Matias andava flertando com minha amiga, e, como ela não parecia se dar conta disso, não desencorajava seus avanços. — Ela não vem mesmo, Anahí?
— Receio que não. No bilhete que me enviou esta tarde, disse que não queria estragar a festa com sua melancolia. Ainda não consigo acreditar que ela vai embora, Maite. — Anahí voltou a admirar o salão. Um minúsculo sorriso (que eu conhecia bem demais) lhe ergueu os cantos da boca. — Mas, sabe, minha querida amiga, não estou certa de que o senhor Matias procura mesmo por Valentina. Ele pede para dançar com ela tanto quanto pede a sua mão nos bailes.
— Não acredito que acabou de dizer isso — falei, enrubescendo.
— Ele está vindo. — Ela virou o rosto para mim. — Sorria, Mait...
— Senhorita Maite, que prazer revê-la! — o rapaz me cumprimentou, com uma elegante reverência. Sua máscara quadriculada se desencaixou do rosto. Ele a pegou pela alça antes que chegasse ao chão.
— Senhor Matias — devolvi a cortesia.
— Senhora Uckermann, que festa esplêndida. Já deixei minhas congratulações à sua adorável mãe, mas as reforce, por favor. Nunca vi um salão mais bem decorado ou tão boa comida.
— Obrigada. — Anahí piscou, com afetação. — Mas acredito que Maite é que mereça o elogio, já que foi ela quem escolheu o cardápio e os arranjos.
Lancei um olhar para Anahí. O que está fazendo?
— Sorria — fez ela com os lábios.
— Ora, é mesmo? — Matias me estudou por tanto tempo que senti as bochechas ganharem cor de novo. — Não que isso seja surpresa. Seu bom gosto é notável, senhorita Maite.
— Imagine que sorte terá o homem que se casar com ela! — Anahí bateu com o leque no braço do rapaz, para atrair sua atenção. — Uma casa belamente decorada, boa comida para entreter os convidados. Além da música, é claro. Maite é uma excelente intérprete!
A essa altura, meu rosto pegava fogo. Anahí não teria sido mais explícita em sua intenção nem mesmo se pendurasse uma placa em meu pescoço com os dizeres “VENDE-SE”. Apesar de ela e todos naquele salão saberem que eu não estava disponível.
— Anahí — tentei sorrir —, acho que Alfonso está procurando por você.
— Tenho certeza de que se enganou, querida Maite. Como eu ia dizendo, senhor Matias, Maite é uma moça muito preparada. E o bom nome da família Uckermann é apenas um detalhe. Creio que dificilmente exista uma dama mais refinada que Maite.
Desejei poder afundar o rosto entre as mãos. Ou chutar a canela de Anahí.
— De fato, ela é um tesouro. — Os lábios de Matias se esticaram sobre os dentes brancos e
alinhados, enquanto seus olhos se tornavam calorosos. — E essa é uma das razões pelas quais tomei a liberdade de vir até aqui pedir uma dança. Por favor, senhorita Maite, não parta meu coração.
Eu já tinha prometido algumas danças. Sendo noiva, não ficava bem dançar a noite toda, apenas três ou quatro vezes. Mas eu tinha que me livrar do senhor Matias. E rápido.
— Claro que aceito, senhor Matias. Já prometi três delas, mas a quarta será sua — concordei, na esperança de que ele ficasse satisfeito com a resposta e assim fosse procurar outras parceiras, ficando bem longe de Anahí.
Foi o que ele fez, depois de encaixar a máscara no rosto. Assim que voltei a ficar sozinha com minha amiga, olhei para ela, exasperada.
— O que pretendia, me oferecendo dessa maneira para o senhor Matias? Está parecendo uma matrona casamenteira, Anahí! Você sabe que eu estou... — engoli em seco — ... noiva. E o senhor Matias também sabe.
— Eu estava apenas garantindo que você tenha alternativas. Não fique irritada comigo. Você deveria era estar aborrecida com o seu noivo ausente! Onde ele está agora? — ela exigiu, ultrajada.
Um estremecimento me fez encolher os ombros. Meu noivo era a última coisa em que eu queria pensar naquele momento. Ou em qualquer outro.
— Por isso, querida Maite, trate de aproveitar a companhia do atraente senhor Matias. — Seus olhos reluziram conforme seus lábios se curvavam selvagemente e ela tocava meu queixo com a ponta do leque, antes de sair balançando as saias de cetim vermelho.
Anahí devia ter perdido o juízo. Ou bebido tanto champanhe quanto sua mãe.
Minha irritação não tinha relação alguma com o senhor Matias. Ao contrário, eu o achava agradável e cortês, mas a última coisa que queria era ser cortejada.
Estava ajeitando as luvas, um tanto indignada, quando doutor Almeida passou por mim. Esperei que não me reconhecesse por trás da máscara, mas não tive tanta sorte.
— Por Deus, minha cara Maite! Por um momento pensei estar diante de Alexandra Bittencourt Uckermann! A cada dia que passa você está mais parecida com sua mãe, minha querida. — Ele pegou minha mão e a levou aos lábios. — Herdou do pai o tom escuro do cabelo, mas todo o restante é de Alexandra.
— Obrigada, doutor.
Almeida já era amigo de minha família muito antes de eu existir. Ele era presença constante em nossa vida, fosse em almoços ou cuidando da saúde dos Uckermann. Eu o adorava. Mas nos últimos tempos o andava evitando, porque, sempre que nos encontrávamos, ele começava a discorrer sobre os talentos de seu jovem discípulo, que, ao que parecia, lhe escrevia longas e belas cartas.
Seu olhar atento me avaliou por um instante.
— Por que o semblante tão tristonho, minha cara?
— Imagino que seja culpa da máscara — arrisquei.
Suas bastas sobrancelhas se abaixaram.
— Maite, não esqueça de que eu a conheço desde que nasceu. Já faz um tempo que tenho notado certo desânimo em seu rosto. E creio que saiba o motivo. Está sentindo falta dele, não é? William escreveu recentemente? Teve alguma notícia, querida?
E lá vamos nós.
— Não recebo nada desde o mês passado. E o senhor, doutor? — perguntei, hesitante.
— Também não recebi nada nas últimas semanas. Imagino que ele esteja enfiado em suas pesquisas. — Estalou a língua. — E na última carta ele avisou que estava sendo consumido pelo trabalho no hospital. Detalhou cada atendimento com a mesma precisão com que opera. Que rapaz dedicado, Maite. E tão talentoso! Eu não poderia ter sido mais abençoado do que quando William me escolheu como mentor.
Tentei sorrir. Foi por meio do doutor Almeida que eu soube que seu pupilo — e meu noivo — estava trabalhando em um hospital na região da Lombardia, na Itália. William não se dera o trabalho de me contar.
Achara mais importante dizer que tinha chovido duas vezes no mês de abril.
— Mas não se preocupe com a falta de notícias — prosseguiu Almeida. — Ele logo vai escrever. E, antes do que possa esperar, minha cara, ele estará de volta ao Brasil. — Ele olhou em volta e arqueou a sobrancelha, como que se lembrando de algo importante. — Ah, senhor Portilla! Preciso lhe falar sobre aquele tônico em que ficou interessado. — Voltando-se para mim, emendou: — Com licença, querida.
Eu me despedi com uma vagarosa reverência, tentando recompor as emoções enquanto o observava atravessar o salão e se juntar ao pai de Anahí para uma animada conversa.
Se o bom doutor soubesse que sua intenção de me consolar só me causara mais aflição... Mas ele — assim como qualquer outra pessoa naquele salão — não sabia o que acontecera entre mim e William antes da partida dele para a Europa. Nem mesmo Anahí. Ela estava furiosa com meu noivo por sua demora em retornar ao Brasil, o que fazia de mim alvo frequente das mexeriqueiras. Minha amiga estava apenas tentando me proteger do falatório.
Mas ninguém, nem mesmo minha família, sabia o que havia acontecido em nossa despedida, naquela noite turbulenta, três anos antes, quando fui obrigada a abrir mão do único homem que já amei na vida e a matar qualquer sentimento que William Levy tivesse por mim.
No entanto, nada saiu como eu planejara, e, por consequência — ou talvez castigo divino —, eu continuava noiva, agora de um homem que me desprezava. Passei os braços ao redor do corpo para reprimir um tremor.
“Eu não o farei feliz”, eu dissera a William naquela noite fatídica. “Tampouco você me fará feliz. Por que continuar com esse compromisso?”
“Você acabou de dizer o motivo, Maite. Porque eu não a farei feliz. Nos casaremos assim que eu me estabelecer e voltar da Itália”, avisara ele, pouco antes de sair de meu quarto e desparecer pela janela.
Desde então, eu sofria com a agonizante espera, temendo o momento em que receberia uma carta anunciando seu retorno ao Brasil.
— Senhorita. Creio que esta seja a nossa dança.
Eu me virei e encontrei o sorriso do senhor Lacerda, um jovem cuja testa já começava a ficar mais longa e que nunca se cansava de falar de si mesmo ou de tentar rimar meu nome com coisas como pitonisa, camisa e coriza. Mas era exatamente o tipo de distração de que eu precisava naquele instante. Eu tinha prometido a Dulce que tentaria me divertir, não é mesmo? Pensar em William não me deixaria cumprir a promessa.
— Claro, senhor Lacerda. — Coloquei a mão na dele, aceitando que me conduzisse até o centro do salão, e jurei que não voltaria a pensar em meu noivo pelo restante da noite. Na verdade, eu ficaria muito feliz se jamais tornasse a vê-lo.




Comentem!!


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

William pôs a cabeça para fora assim que a carruagem adentrou a vila. Ficou surpreso que nada tivesse se modificado. Ele passara por tantas mudanças ao longo dos últimos anos que, de certa maneira, esperava que o mundo todo houvesse se alterado também. Pouco mais de três anos não era tanto tempo assim, mas ele tev ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais