Fanfics Brasil - Capítulo 22 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 22

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Quando Berta entrou naquele quarto disposta a me preparar para a noite de núpcias, mudei de ideia quanto ao fato de aquilo não ser difícil.


A mulher não me deu ouvidos quando eu disse que não precisava de ajuda, e em questão de segundos eu estava completamente nua. No momento seguinte, uma camisola que mais parecia feita de névoa, tão translúcida que era, caiu por meu corpo. Era tão fina que não deixava nada para a imaginação. Nem mesmo tinha mangas! E o decote ridiculamente profundo permitia que eu visse meu umbigo quando olhava para baixo.


Eu sabia que iria me arrepender do acordo que fizera com madame


Georgette.


E como, em nome de Deus, eu poderia permitir que William me visse vestindo aquilo? De que adiantava usá-la, se o tecido não cumpria o papel de cobrir meu corpo apropriadamente? O que o decote não mostrava o tecido revelava. Se bem que, pelo que Dulce dissera, eu não ficaria muito tempo com aquela camisola...


Céus!


Meu penteado tomou mais tempo, e Berta me forçou a sentar em frente à penteadeira para conseguir desfazer as tranças presas no topo da minha cabeça.


Começou soltando as forquilhas decoradas por pérolas, e o amor-perfeito rosado que William colocara ali. Peguei a flor e comecei a girá-la entre os dedos, nervosa.


— Seus cabelos são adoráveis, sra. Maite. Nunca vi nada que reluzisse tanto. — Ela deixou a escova sobre o toucador quando terminou.


— Obrigada, sra. Veiga.


Olhando-me especulativamente quando minhas madeixas estavam soltas, conferiu se tudo estava no lugar e pareceu satisfeita.


— Deseja que eu lhe traga alguma coisa? — Ajeitou uma mecha de cabelo sobre meu ombro.


— Eu... não, sra. Veiga. Obrigada.


Mal ela se retirou, corri para o baú em busca de algo melhor para vestir.


Meus dedos trêmulos e atrapalhados não conseguiram abri-lo. Ainda estava lutando com a tranca quando ouvi botas pesadas batendo contra o piso. Meu coração trovejou no mesmo ritmo. Berta havia deixado um penhoar aos pés da cama. Aquilo ia ter que servir!


Contudo, ao vesti-lo, tive minhas dúvidas. Ele era feito do mesmo tecido transparente da camisola.


— Mas...


Os passos se aproximavam depressa. Amarrei o cinto da peça bem apertado e aguardei, encarando a porta.


Não seja covarde. Não seja covarde. Não seja covarde agora, eu repetia mentalmente. Entretanto, quem quer que estivesse do lado de fora passou direto.


Não tive tempo de deixar o alívio se assentar em meu corpo, pois a porta do quarto ao lado se abriu e fechou. William estava ali.


Mantive os olhos na porta que ligava um cômodo ao outro, ouvindo os passos dele indo e vindo, o tilintar de um copo, bebida sendo servida. O copo sendo deixado em alguma superfície dura. Mais passos. Seus pés produziram duas manchas escuras na fresta sob a porta.


Prendi a respiração.


A maçaneta começou a girar e a porta se abriu devagar, revelando a alta e imponente silhueta masculina. William entrou no quarto, ainda totalmente vestido


— graças ao bom Deus; eu não estava certa do que faria se ele aparecesse nu em pelo —, embora sua gravata tivesse desaparecido.


Assim que me viu, ele parou, petrificado. Seu olhar percorreu meu rosto, os cabelos soltos que me caíam sobre os seios e chegavam à altura da cintura.


Então, pareceu notar o que eu estava vestindo — assumindo que aquilo pudesse ser considerado uma vestimenta — e seus olhos pareceram se incendiar ao examinar meu torso, meus quadris, minhas pernas. Um som indistinto, algo entre um rosnado e um grunhido, repercutiu pelo quarto, arrepiando-me dos pés à cabeça.


Acanhada, cruzei os braços, tentando deixar à mostra o mínimo possível.


O gesto pareceu despertá-lo, pois ele inspirou fundo e voltou o olhar para meu rosto.


— Você tem menos roupa no corpo que uma cortesã.


— Eu sei. Quer dizer, suspeito que sim — corrigi. — Nunca conheci uma cortesã. Não sei o que elas usam para dormir.


— Elas não usam nada. — Ele se dirigiu para o conjunto de poltronas e se acomodou em uma delas.


— Eu não escolhi este traje. Foi a madame... — O que ele disse penetrou meu acanhamento. — Como sabe disso?


Ele arqueou uma sobrancelha, os cantos da boca curvados, descarados.


— Ah.


Então ele estivera com prostitutas. Isso me surpreendeu bastante, embora não devesse. O William pelo qual eu me apaixonara não pagaria para ter um pouco de... o que quer que os homens buscassem em uma cortesã. Já o homem diante de mim? Ele certamente seria capaz de algo assim. Eu devia ter imaginado. Mas não imaginei. Como também não imaginei que ainda tivesse restado alguma maneira de ele me magoar. Oh, parecia que meus equívocos nunca teriam fim...


Fiz o melhor que pude para esconder minhas emoções enquanto o via apoiar um pé no joelho e começar a desamarrar o sapato.


Oh, meu Deus! Eu não estava pronta. Não estava pronta para o que ele queria de mim. Eu sabia que isso tinha pouca importância. Os maridos tinham direitos sobre as esposas, podiam exigir o que quisessem sem levar em consideração a vontade delas. A lei garantia isso aos homens. Mas eu não estava pronta para a intimidade que William tinha em mente. Não sabia se algum dia estaria!


— O senhor nunca me contou sobre sua pesquisa. — Falei a primeira coisa que me veio à cabeça.


Ele desencaixou o sapato e o deixou no chão.


— Quer falar sobre isso agora? — achou graça.


Ah, sim. Qualquer assunto serviria. Porque, se eu pudesse distraí-lo por um bom tempo, talvez ele se cansasse e acabasse adormecendo antes de tentar fazer amor comigo.


— E por que não? Por que não me conta um pouco sobre o que foi fazer na Itália?


— Você acharia entediante. — Começou a desamarrar o outro calçado.


Olhei ao redor. Eu precisava de mais do que conversa fiada para fazê-lo pensar em outra coisa. Encontrei uma garrafa sobre a mesa. Conhaque, pelo aroma. Servi um copo bastante generoso.


— Eu gostaria de ouvir, ainda assim. — Atravessei o cômodo e lhe entreguei a bebida.


— Em outro momento, quem sabe. — Ele terminou com o sapato e aceitou o que eu oferecia, um tanto surpreso. — Não nesta noite. Você devia se sentar.


— Estou bem assim.


— Como preferir. — Ele bebericou o conhaque, o olhar voltando a acompanhar minha silhueta. — Mas está ciente de que, de onde está agora, com o candelabro bem atrás, posso ver cada detalhe do seu corpo? Não que eu esteja me queixando. É uma bela visão. Apenas pensei que seria educado alertá-la.


Virei-me de costas no mesmo instante.


— Sem dúvida, essa também é uma extraordinária vista — falou, com algo entre diversão e... desespero? — Você é linda de qualquer ângulo que se olhe.


Céus! Que mulher se sentiria confortável estando praticamente nua na frente do marido? Quer dizer, suponho que algumas fiquem. A questão é que eu não ficava. Ninguém nunca havia me visto em tão pouca roupa — exceto Madalena, e ainda assim muito raramente.


Por que, em nome de Deus, eu aceitara dar total liberdade a madame Georgette na concepção do meu enxoval?


Corri para a poltrona, esticando o tecido infame o melhor que podia. Mas de que adiantava? A camisola e o roupão eram diáfanos como uma bruma.


Enrolando os braços ao redor do corpo, tentei esconder até mesmo meus pés descalços, sacudindo a cabeça para que os cabelos me dessem alguma cobertura.


Ouvi William inspirar fundo e então ficar de pé. Espiando por entre as mechas escuras, vi que ele tirava o paletó. Ele não estava disposto a esperar mais nada. Ia se despir e reclamar sua esposa.


O ar ficou preso em minha garganta, como se ela tivesse obstruída por uma enorme bolota de massa de pão.


Calma. Muita calma agora. Dulce tinha dito que era algo bom. Que eu iria gostar. Anahí dissera quase a mesma coisa. Elas não podiam ter mentido.


William parou diante de mim, o olhar reluzindo com algo que não consegui nomear. Olhei para meus joelhos. Era possível ver a pequena pinta no direito, através do tecido.


Está bem. Talvez elas estivessem enganadas. Era melhor seguir os conselhos de tia Cassandra: fechar os olhos com força e pensar em uma bela joia. Segundo ela, tornava tudo suportável.


A mão de William se encaixou sob meu queixo, forçando de leve minha cabeça para cima, para que eu olhasse para ele. O toque me sobressaltou, mas me surpreendeu também. Havia delicadeza — além de calor —, e isso fez meu coração já galopante entrar em um ritmo ainda mais frenético.


— Não quero que tenha medo de mim. — Seus olhos reluziam com... ah, eu não sabia o que era aquilo.


— N-não t-tenho. P-poderia... apagar as v-velas, por favor?


Suas sobrancelhas se retorceram enquanto abaixava a mão e jogava o paletó no braço da poltrona onde eu estava sentada. Ele se afastou de súbito, ficando de costas para mim, apoiando as mãos com certo estardalhaço no aparador. Uma delas atingiu o copo, que tombou sobre o móvel, se estilhaçando.


Uma das pontas rasgou sua pele. Ele não pareceu perceber, nem mesmo quando o sangue começou a fluir.


— Não tenho a intenção de fazer amor com você, Maite — falou, sem se virar.


— N-não? — Enrolei-me em seu paletó. Mal chegava à altura das minhas coxas, mas ofereceu mais cobertura que o penhoar.


— Não. — Levou a mão ao rosto e então notou que sangrava. — Por todos os infernos! — Examinou o corte. — Você teria um lenço?


— Imagino que sim. Em algum lugar.


Fui até o baú, conseguindo destrancá-lo desta vez, e comecei a vasculhar entre as pilhas de tecidos. Meu Deus! Havia mais camisolas de dormir indecentes. Será que madame Georgette chegou a confeccionar alguma que tivesse de fato um pouco de tecido?


— Encontrei.


Assim que lhe entreguei dois lenços, William derramou um pouco de conhaque na ferida. Usou um deles para deter o sangramento e, depois de jogá-lo em algum lugar, começou a enrolar o que estava limpo ao redor da mão com uma habilidade espantosa.


— Quer que eu... — comecei.


— Agradeço, mas já terminei. — Enfiou as pontas com firmeza para dentro do curativo. E então, alcançando o copo que ainda restava, serviu-se de mais bebida e perambulou pelo quarto até parar diante da janela. — Como foi? — perguntou, o olhar perdido lá fora.


— Como foi o quê?


— Sua vida durante a minha ausência — explicou, com delicadeza. — Houve muito falatório?


Parecia que William escolhera aquela noite para me surpreender.


Mas, se ele esperava que eu lhe daria o prazer de me ouvir dizer que foi um pesadelo, que eu mal conseguia andar na rua sem ouvir uma risadinha ou cochicho, que até mesmo uma aposta circulava entre alguns cavalheiros — eu iria romper o noivado antes de completar trinta ou trinta e cinco anos? —, estava muito enganado.


— Não houve nada que eu não pudesse aguentar. Ou que seus presentes não pudessem apaziguar. O sr. Bregaro fazia questão de contar a todo mundo que você me enviava “belas joias italianas”. — O agente dos correios da vila não era tão bom em guardar segredo. — Era essa a sua intenção, não?


Ele me olhou por sobre o ombro, ignorando minha pergunta


— Você não acha que elas sejam tão belas assim.


— São muito bonitas. — Dei de ombros, me sentando de volta na poltrona.


— Mas prefere as mais delicadas e discretas, que quase passem despercebidas, como pérolas e turquesas.


Então ele sabia do que eu gostava.


Virando-se para mim, tomou o restante do conhaque, deixou o copo sobre o criado-mudo e veio se sentar na poltrona em frente à minha. Ele estendeu o braço e arrastou a mesinha para que o móvel ficasse entre nós. Apenas quando ele deslizou a tampa, fazendo surgir pequenos discos de madeira, me dei conta de que a mesa de chá era também uma mesa de jogos. Eu devia ter notado o tabuleiro marchetado no tampo. Devia, mas não notei.


Ele começou a separar as pedras.


— Brancas ou pretas? — perguntou.


— Humm... pretas.


Empurrando-as para mim, ele começou a encaixar as suas nas casas. Não sei ao certo o que ele pretendia, mas, como não estava tirando as roupas — nem as suas nem as minhas —, achei melhor imitá-lo.


William estava com as brancas, então começou a partida. Eu estava nervosa demais para pensar em estratégias, então em poucos lances ele conseguiu uma dama.—


Pensei que você fosse melhor nisso — zombou.


— E eu sou! — Quando estou vestida apropriadamente. E em um salão rodeada de pessoas, não trancada em um quarto com um homem usando apenas camisa e calças!


— Prove!


Sua provocação surtiu efeito. Passando os braços pelas mangas do paletó, eu me inclinei para a frente e comecei a estudar o tabuleiro. Não consegui superá-lo, mas o jogo se tornou mais acirrado.


— O que Prachedes queria com você no baile dos Andrada, na semana passada? — perguntou, os olhos na pedra que eu movimentava.


— Se gabar da esposa. Ele finalmente encontrou uma que combine com a cortina dele.


Um dos cantos de sua boca se ergueu.


— Acho que ele gostava de você de verdade, Maite. Só não conseguiu se explicar direito.


— É divertido ouvir você defender Prachedes, já que o deixou com o olho roxo uma vez.


Ele me olhou com as sobrancelhas abaixadas.


— Ele disse isso?


— Não. Eu deduzi sozinha. Sua mão estava machucada coincidentemente na mesma época em que ele ganhou um olho roxo. Poderia ser coincidência, mas, quando nos encontramos, o pobre saiu correndo como se tivesse visto o demônio.


— Coitado. — William empurrou uma pedra qualquer, rindo alto. — Pensou que eu fosse matá-lo quando o abordei.


— Eu pedi que não fosse atrás dele, doutor.


— E eu avisei que tinha de fazer alguma coisa, lembra? — Ele cruzou os braços, apoiando-os na mesa, e se inclinou em minha direção. Os ombros se estiraram, revelando a musculatura firme sob a camisa branca. — Mas não se preocupe, foi apenas um soco. E, antes de deixá-lo caído na sarjeta, examinei seu olho e recomendei um unguento.


— Você não fez isso... — Movi um dos discos, mas olhava para William.


— É claro que fiz. — Ele se recostou na poltrona. — Não sou um bárbaro, Maite.


Tentei deter a risada, mas meus ombros começaram a sacudir. William acabou rindo também.


— Ele nunca mais voltou a me dirigir a palavra até a semana passada — contei. — Sumiu da vila depois daquele dia.


— Foi exatamente o que eu aconselhei que ele fizesse. — Sem olhar para o tabuleiro, empurrou uma das pedras. Uma das minhas. — Que ficasse longe de você.


— Essa pedra era minha.


— Mais alguém a importunou? — perguntou, enquanto eu desfazia sua jogada. — Durante a minha ausência?


— Ninguém em particular.


— Mas houve falatório. Não minta para mim de novo.


A maneira como ele disse isso, em voz baixa e suplicante, me fez lembrar daquela terrível noite em meu quarto, quando menti para ele e perdi seu amor.


Na noite em que ele dera início a sua vingança.


— O que espera que eu diga, doutor? Que eu sei que zombavam de mim pelas costas? Que na semana passada, quando sugeriu que eu havia me tornado uma piada, estava certo? Que eu odeio ir a bailes e a qualquer outro evento social, pois já não suporto o olhar de pena de algumas pessoas? Creio que possa se regozijar. Eu nunca mais tive paz, como você prometeu tantos anos atrás.


Ele me olhou por um longo tempo antes de abrir a boca. Contudo, as palavras pareceram lhe faltar. Esfregando o rosto, deixou escapar uma risada sem qualquer alegria antes de se levantar.


— Creio que seja o suficiente. Dispa-se.


Minhas mãos se atrapalharam e eu derrubei algumas pedras.


— Perdão. Como disse?


— Tire as roupas — ordenou, então começou a desabotoar a camisa.


— M-mas você disse que não tinha a intenção de fazer...


— E não tenho! — Levou as mãos à cabeça e correu os dedos pelos cabelos, como se pudesse desanuviar os pensamentos.


A camisa se abriu, revelando um peito repleto de relevos, uma penugem de aspecto muito sedosa que recobria o esterno, a barriga plana, e contornava pequeninos mamilos escuros. Senti um suave vibrar em minhas entranhas e um calor me dominar dos pés à cabeça. Voltei os olhos para o rosto dele e me deparei com seu olhar. Ele queimava.


— Quando levo uma mulher para a cama, Maite, eu espero encontrá-la desejosa e receptiva. Não prestes a sair correndo pela porta aos gritos, como se sua vida estivesse em perigo.


Não sei ao certo o que senti ao ouvi-lo dizer aquilo. Sobretudo no que se referia ao “quando levo uma mulher para a cama”. Ele fazia isso com frequência? Quem eram elas? E ele as manteria como suas amantes agora, mesmo casado? Ou estaria falando das cortesãs?


Seja como for, meu sangue começou a fervilhar. Ele não devia mencionar outras mulheres em nossa noite de núpcias. Nem em nenhuma outra noite, ora bolas!


— Por que veio até aqui, então? — exigi. — Apenas para me torturar?


Uma sombra dominou seu rosto, impetuosa e escura como uma tormenta.


— A ideia de estar comigo em seu quarto é uma tortura, Maite?


Seu tom baixo e contido fez os cabelos em minha nuca se eriçarem a ponto de eu me encolher dentro do casaco.


— Diabos, Maite. Pare de ter medo de mim! — falou com... raiva?


Remorso? Amargura? — Ouça, eu vim aqui por duas razões. A primeira, para que a criadagem não comece a fofocar sobre nós amanhã. Dispa-se quando for se deitar. Jogue suas roupas em qualquer lugar. Eu não teria paciência para dobrá-las. Os empregados precisam acreditar que estivemos juntos.


— E o segundo motivo? — sussurrei, confusa com tudo o que conseguia ler em seus olhos.


— Percebo que você não pretende ter qualquer intimidade comigo. Ótimo! Eu também não quero isso. Vim aqui lhe propor que nosso casamento seja puramente platônico. Não a desejo em minha cama mais do que você me quer na sua. Se um dia quiser ter filhos... — Esfregou a testa com a mão enfaixada com o lenço. — Eu não sei. Mas podemos pensar em alguma coisa. Entretanto, suspeito que no momento isso não seja sua prioridade.


Uma dor profunda perpassou meu coração.


— Não. — Não faço ideia de como consegui dizer alguma coisa, já que mal conseguia respirar.


— Foi o que pensei. Em breve eu devo retornar para a Europa, e não quero ter de me preocupar se a deixei grávida. Assim tudo vai ficar mais fácil para nós dois. Está de acordo? — Eu... Não sabia. Ao mesmo tempo em que queria dizer que aceitava, uma vozinha sussurrava que eu estava cometendo um grave equívoco. Era aquela parte minha, a que amou William quando menina, que implorava para que eu não permitisse que o abismo entre nós se abrisse ainda mais. Eu já havia cometido um grande erro. Se estávamos naquele quarto, discutindo um casamento platônico, era por culpa minha.


No entanto, ao olhar para o rosto enfurecido e implacável do homem diante de mim, as palavras saíram sem que eu pudesse contê-las.


— Sim, estou de acordo.


— Ótimo! — Sem ao menos me desejar boa-noite, ele tirou a camisa, jogou-a em qualquer lugar (ela se enroscou na ponta do espelho da penteadeira) e deixou o quarto, fechando a porta de ligação depois de passar por ela.


Permaneci ali, sentada naquela poltrona, envolvida por seu paletó e seu perfume. Quando William me dissera que pretendia voltar para a Europa, eu tinha ficado tão aliviada que não parei para pensar no que aquilo significava: nós nunca teríamos uma família. Nunca teríamos filhos. Eu jamais teria a quem dar todo o amor que lutava por se libertar em meu coração. Eu ficaria no Brasil, vivendo naquela casa repleta de empregados, me sentindo miseravelmente solitária e infeliz. A vingança de William não poderia ter sido mais cruel.




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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