Fanfics Brasil - Capítulo 25 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 25

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Abri a porta do casebre sem encontrar qualquer resistência. A sala não tinha mobília, apenas um colchão velho coberto de migalhas. Fui entrando, seguindo a claridade até deparar com o que deveria ser a cozinha e... A trouxa caiu de minhas mãos, os pãezinhos rolando no assoalho coberto de poeira.


O menino franzino tinha as mãos amarradas ao pé da mesa. Um homem grande e com uma barriga bastante proeminente o açoitava, sem dó, com um cinto!


— Pare! — Eu me interpus entre eles.


O sujeito olhou para mim, surpreso, o cinto pendendo ao lado do corpo.


— Quem diabos é você? — O bafo de álcool que vinha dele revirou meu estômago. — Saia da minha casa. Agora!


Corri até o garoto, me abaixando, e procurei as pontas do tecido velho que prendiam suas mãozinhas. Ele virou o rosto para mim. A mancha escura ao redor de seu olho direito fez meu coração ficar do tamanho de uma semente. Ao mesmo tempo, algo violento começou a borbulhar dentro de mim.


— Saia de perto dele! — O homem me pegou pelos cabelos e me empurrou.


Eu caí, mas me levantei o mais depressa que pude, buscando ao redor algo que pudesse usar como arma. Tudo que encontrei foi uma chaleira em cima da mesa. Eu a agarrei, apontando-a para o sujeito.


— Fique longe do menino! — esbravejei. — Não vou permitir que se aproxime dele outra vez!


O sujeito deu risada.


— Está se oferecendo para tomar a surra no lugar dele? — Avançou para cima de mim.


Com toda a força de que dispunha, atirei a chaleira e consegui acertar sua cabeça. Ele cambaleou.


Aproveitei seu atordoamento e me ajoelhei ao lado de Samuel, voltando a trabalhar no nó, mas minhas mãos tremiam demais. Que praga!


— Está tudo bem — murmurei para Samuel. — Vou tirá-lo daqui. Este brutamontes nunca mais vai bater em você.


— Não, moça. Isso só vai deixá ele ainda mais bravo. Fuja antes que meu tio te bata também.


Minhas mãos se detiveram, e eu olhei para ele alarmada.


— Seu ti... Aaaaaaai! — O homem me agarrou pelos cabelos outra vez, me obrigando a ficar de pé. A chaleira estava fora de alcance. Porcaria! — Me solte!


— Eu vou te ensinar a não se meter nos meus assuntos! — Antes que eu pudesse me livrar dele, fui arremessada de encontro à mesa, meu braço torcido nas costas a ponto de eu sentir que, se me movesse, ele se quebraria. O penteado parcialmente desfeito me impedia de ver muita coisa.


— Ainda quer defender esse imprestável, madame?


Tentando manter o tronco o mais imóvel possível, dobrei uma das pernas e chutei. Acertei alguma coisa e um urf! abafado ecoou pela cozinha.


O som que veio a seguir me deixou confusa, no entanto. Um estalo agudo, seguido de um berro. Meu braço foi libertado. Não perdi tempo. Cerrei o punho e me virei, acertando seu queixo.


— Diabos, Maite! Quer parar de me bater? — William esfregou o queixo enquanto eu sacudia a mão para me livrar da dor nos dedos.


— William!


Eu me joguei sobre ele, sentindo um alívio tão grande que minhas pernas ficaram bambas. Logo atrás dele, vi o tio de Samuel desmaiado no chão. As mãos de William me seguraram pelos ombros, me afastando.


Ah, porcaria. Em meu desespero, me esqueci de que devia odiá-lo e acabei ultrapassando os limites.


Mas ele não estava furioso, tampouco enojado. Estava preocupado.


— Você está bem? Ele a machucou? — Afastou as mechas que me caíram no rosto, os olhos passeando pela minha face em busca de algum ferimento.


Tudo o que consegui fazer foi balançar a cabeça, negando. Ele então se abaixou ao lado do garoto e com dois fortes puxões soltou o nó que o prendia à mesa. No instante seguinte, William avaliava o menino com olhos — e dedos — clínicos.


Samuel se contraiu.


— Está tudo bem — William falou, com a voz serena. — Eu não vou machucar você. Sou amigo da Maite.


O sujeito inconsciente gemeu. Não ficaria desacordado por muito tempo.


— Temos que tirar Samuel daqui — eu disse.


— Não! — O menino empurrou William. — Eu já voltei pra casa sem dinheiro hoje. Se ele acordar e eu tiver fugido vai ser pior!


— Dinheiro? — perguntei, confusa.


Ele se encolheu, parecendo envergonhado.


— Eu tinha que ajudar a descarregar umas telha, mas acabei me distraindo e eu sabia das regras. Se volto sem dinheiro, tomo surra quando ele chega da taberna.


Aquele brutamontes obrigava o menino — que mal parecia ter forças para carregar o próprio peso — a trabalhar enquanto ficava se embebedando?


William e eu nos entreolhamos. Aquela tormenta enevoou suas íris, deixando-as quase negras. Tenho certeza de que algo muito parecido ocorria com as minhas.


— Ele não vai mais bater em você — me ouvi dizendo.


— Vai sim! Ele sempre bate! Vão embora! — O garoto empurrou William outra vez. Mas era tão pequeno e magro que acabou tropeçando e caiu.


Eu me agachei ao lado dele.


— Samuel, eu gostaria que você viesse conosco para descansar esta noite. Amanhã eu falarei com o seu tio. — E com as autoridades. Aquele homem devia proteger a criança, não maltratá-la!


— Eu não preciso da sua caridade, moça — respondeu, orgulhoso, e meu coração se partiu, porque eu não conhecia ninguém que precisasse mais de um pouco de humanidade do que aquele menino.


— Não é caridade — William interveio. — São negócios. O que acha de ganhar alguns trocados?


Olhei para ele, confusa. William apenas balançou a cabeça discretamente.


Fosse como fosse, aquilo despertou o interesse do menino.


— O que eu vou ter que fazê?


— Não será nada difícil. Falaremos sobre isso mais tarde. No momento, temos que sair daqui.


O menino enxugou as lágrimas, hesitou um instante e olhou com medo e... algo semelhante a aversão para o bêbado. Então, acabou concordando com a cabeça, mas rejeitou a mão que William estendeu. Eu o entendia. Ele tentava salvar a pouca dignidade que lhe restara.


— Leve-o para casa. — William colocou Samuel sobre o baio e depois me ajudou a subir. — Vou até a guarda relatar o que aconteceu, antes que aquele traste nos acuse de sequestrar o menino. — Em um movimento ágil e gracioso, William montou em seu cavalo e disparou para a sede da guarda.


Abraçando com cuidado o menino franzino, já que não conhecia a extensão dos ferimentos, cutuquei as costelas do cavalo, colocando-nos a caminho de casa, com um céu estrelado acima de nós.


 


 


* * *


 


 


Minhas saias chiavam contra o piso de madeira conforme eu zanzava de um lado para o outro no corredor do andar superior. William tinha chegado fazia certo tempo e agora estava no quarto de hóspedes que Berta preparara para Samuel. A governanta se assustara ao ver o menino, mas compreendeu grande parte do que havia ocorrido pelas marcas que ele trazia no rosto. Ela lhe preparara um belo prato de comida, e por um momento pensei que, depois de tudo o que acontecera naquela noite, Samuel não seria capaz de comer. Mas ele comera e até repetira.


Imagino que a fome ignore qualquer outro sentimento.


Depois disso, eu a ajudara a preparar um banho quente, mas Samuel se recusara a se despir na presença de mulheres no aposento, de modo que tivemos de esperar do lado de fora. William chegou pouco depois, e quando o encontrei já tinha sua maleta nas mãos, pronto para cuidar da criança.


Eu estava prestes a entrar no quarto para conseguir alguma informação quando William abriu a porta.


— E então? — perguntei, ansiosa. — Ele está muito ferido?


— Acalme-se. Não há nada grave. — Encostou a porta. — As costas e o traseiro estão um pouco doloridos por causa da surra, mas não há qualquer indício de ossos quebrados ou cortes. O olho está bem inchado, mas a vista não foi prejudicada. Apliquei emplastros e algumas pomadas. Isso deve fazê-lo se sentir melhor. Ele está dormindo agora.


— Ah.


Ele abriu um meio sorriso.


— Mas você quer vê-lo mesmo assim. — Empurrou o painel de madeira e me deu passagem.


Na ponta dos pés, me aproximei da cama e olhei demoradamente para o menino. O hematoma em seu rosto fazia sua pele morena parecer pálida. Eu o achei tão pequenino naquela cama grande...


Acariciei seus cachos com cuidado para não acordá-lo. Ele virou o rosto em minha direção e inspirou profundamente, ainda adormecido.


Uma mão quente se prendeu em minha cintura.


— Venha comigo — William sussurrou em meu ouvido.


Eu assenti, saindo do quarto sem fazer barulho.


William me fez acompanhá-lo até seu laboratório, no andar de baixo, e, enquanto seguíamos para lá, minha cabeça começou a fazer inúmeras suposições. Havia algo grave, afinal. Samuel estava mais machucado do que ele dissera.


Assim que entramos e William fechou a porta, não aguentei mais.


— Você mentiu, não é? Samuel tem algum ferimento grave.


— Não, eu não menti, Maite. — Colocou sua maleta sobre a bancada. — Samuel está subnutrido e com a cabeça infestada de piolhos. Amanhã vamos ter que convencê-lo a raspar os cabelos ou acabará tendo uma anemia. No mais, ele passa bem e vai se recuperar em pouco tempo. As crianças têm esse poder.


Imagino que seja a maneira que Deus encontrou para protegê-las, já que algumas passam por um verdadeiro inferno. O que me preocupa são as cicatrizes que eu encontrei. Acho que o que presenciamos foi uma punição leve.


— Meu Deus...


— Sente-se, Maite. — Indicou a cadeira perto da bancada.


— O que faremos agora, William? — perguntei, ignorando sua ordem. — É obvio que aquele homem maltrata o menino. Não podemos permitir que ele volte para casa e para aquele... monstro.


— Eu expliquei o caso à guarda. — Ele trouxe o candelabro para mais perto e abriu sua maleta. — E as condições em que encontrei o garoto. Não mencionei que você também estava lá. Achei melhor mantê-la longe disso. Eles irão investigar. Vamos ter fé. Sente-se, Maite.


— Ah, está bem! — Fiz o que ele pediu. — A guarda sabe alguma coisa sobre Samuel?


— A mãe morreu logo depois que ele nasceu, e o pai, poucos dias depois de Samuel completar um ano. Sobrou apenas o tio. Jeremias Duarte. E ele viu em Samuel uma maneira de sustentar seu vício na bebida. Obriga o menino a fazer todo tipo de trabalho: descarregar carroças, limpar chaminés e cortar lenha enquanto enche o ra... — ele se interrompeu, bufando — ... se embebeda na taberna.


Soltei um suspiro.


— Eu tinha imaginado quadro semelhante assim que ele me disse que o homem era seu tio.


— Foi por isso que Samuel estava sendo surrado esta noite. Ele devia ter ido até uma fazenda para ajudar a restaurar um telhado. Acabou se distraindo com um cachorro no caminho. Brincaram até tarde. Quando chegou à fazenda, o serviço já tinha terminado e ele voltou para casa sem nenhum vintém. O tio chegou, bêbado como sempre, e o puniu, como costuma fazer com frequência.


— Mas ele é só um menino — murmurei. — Devia poder brincar com um cachorro sem levar uma surra.


— Foi o que eu disse a ele.


— Até que a guarda investigue, o que vai ser de Samuel?


— Ele ficará aqui. Já avisei o chefe da guarda. — Inesperadamente, ele pegou minha mão e examinou com atenção meus dedos levemente esfolados. — Dói? — perguntou, pressionando-os de leve.


— Não. A polícia lhe contou isso tudo?


— Na verdade, foi Samuel — Sua atenção continuava em meus dedos. — Muito envergonhado, devo dizer. Ele se sente culpado pela distração.


Ele girou minha mão e então tocou meu pulso com extrema delicadeza, sobre as marcas que o tio de Samuel havia deixado e eu ainda não tinha notado.


Aquela sombra, como se o fim do mundo estivesse se aproximando, dominou seu rosto.


Seus dedos começaram uma minuciosa investigação em meu braço, subindo pela dobra do cotovelo até chegar ao ombro, despertando diversas sensações por todo o meu corpo. William parecia concentrado em seu trabalho.


Segurando meu cotovelo, incitou que eu o movimentasse. Acabei deixando um resmungo escapar.


— Foi o que eu imaginei — Assentiu para si mesmo. — Vou precisar examinar seu ombro.


— Não é nada. Estou bem. Realmente...


Eu teria tido mais sorte se estivesse falando com sua maleta.


William me fez girar na cadeira até ficar de lado. Afastou meu cabelo de sobre o ombro e começou a desabotoar meu vestido. Fiquei rígida no mesmo instante.


— Realmente, nada disso é necessário — objetei.


— Lamento dizer que o médico aqui sou eu. Consegue tirar o braço da manga? — quis saber, já empurrando o tecido pelo meu ombro.


Ele estava tirando a minha roupa! E o mais impressionante é que nada disso parecia ser registrado em seu cérebro. Tudo o que ele via agora era uma paciente que precisava de seus serviços. Gostaria de poder dizer que consegui manter o mesmo distanciamento.


— Eu... hã...


Assim que consegui passar o braço pela manga, usei a mão livre para  manter o vestido sobre o peito. William afastou a alça da chemise e começou sua investigação.


— Não parece estar deslocado. — Suas mãos hábeis delicadamente forçaram meu ombro em um círculo. Depois, erguendo meu braço em todas as direções. — Algum desconforto?


— Muito pouco.


— Tenho algo que vai ajudar. — Ele foi até a bancada e pegou um potinho branco dentro de sua valise. Ao abrir a tampa, o aroma mentolado espiralou pelo ambiente.


— Eu... devo agradecê-lo — comecei, enquanto ele aplicava a pomada com movimentos leves, porém precisos. Minha pele se arrepiou e eu rezei para que William não notasse. — Não sei o que teria acontecido se você não tivesse chegado a tempo.


— Talvez isso ajude você a ponderar um pouco mais na próxima vez que decidir pegar um cavalo e ir para um local pouco seguro. — Mesmo sem ver seu rosto, eu sabia que suas sobrancelhas estavam baixas e que a boca se retorcia.


— Como sabia que eu estava lá?


— Eu estava passando pela vila a caminho de casa quando a vi cruzar a rua como se estivesse fugindo do demônio. — Terminou com o ombro e voltou para meu pulso. — O hematoma custa um pouco a desaparecer. — Pegou outro pote.


Esse tinha um cheiro mais ácido. A cor não era das mais bonitas também.


Depois de aplicar uma camada generosa e enrolar uma faixa para que o emplastro não sujasse meu vestido, cuidou de meus dedos antes de secar suas mãos em uma toalha.


— De toda maneira, eu agradeço por ter ido atrás de mim — falei, um tanto corada. — Realmente, nada disso devia ter acontecido. Eu não sabia que Samuel vivia com aquele homem. Pensei que ele morasse na rua ou se escondesse naquela casa abandonada. Só queria ajudá-lo.


— Sei disso. Você bateu a cabeça? Lembra de ter batido? — Sem esperar por uma resposta, ele começou a puxar as forquilhas de meu penteado, já quase desfeito.


— O que está fazendo?


— Não consigo examinar seu crânio com todos esses grampos.


— Mas não é preciso. Nem me lembro se cheguei a bater a... ai! — resmunguei, quando seu dedo esbarrou muito de leve em minha nuca.


— Sentiu alguma tontura com a batida, Maite? Sua visão ficou turva? Dupla? Escura?


Ele não iria desistir até terminar, iria?


Soltei um suspiro, resignada.


— Não, doutor. Minha visão está ótima.


Respondi a todas as perguntas enquanto ele desfazia meu penteado. Assim que minhas mechas caíram livres, a ponta de seus dedos começou a percorrer meu crânio. Eu me encolhi quando ele tocou aquele ponto sensível. Então, puxou uma cadeira e se sentou diante de mim, pedindo que eu acompanhasse o movimento de seus dedos. Inclinou-se para a frente, examinando meus olhos com atenção.


— Está sentindo sonolência ou confusão neste momento?


— Não. — Ao menos no que se referia à sonolência. Era difícil controlar a desordem dentro de mim com ele me tocando daquele jeito, com seu rosto tão perto do meu, com aquele cavanhaque a poucos centímetros da minha boca.


Sem me dar conta do que fazia, toquei seu queixo, o cavanhaque tão, tão macio na ponta de meus dedos, provocando o mesmo frisson que senti quando ele me beijou na igreja.


William ficou imóvel, o exame esquecido, o olhar um tanto alarmado.


— Eu o machuquei? — perguntei em voz baixa.


Um sorriso ínfimo repuxou seus lábios. Meu coração reagiu no mesmo instante.


— Não, embora seu cruzado de direita seja espantosamente potente para alguém com a sua constituição física. E você tem um tremendo chute.


— Eu pretendia acertar o tio de Samuel. Me desculpe. Não sabia que você estava ali atrás.


— Eu sei.


Não consegui obrigar meus dedos a deixarem aquela barba macia, aquele queixo duro e bem desenhado. E me surpreendi quando vi a mão de William se erguer e se encaixar na lateral de meu rosto com tanta delicadeza que inclinei a cabeça em direção ao toque para senti-lo melhor. Não havia nada clínico naquele toque. Também não havia nada clínico naquele olhar incendiado por um tipo de fúria que fazia minhas entranhas dançarem. Sobretudo quando ele o cravou em minha boca.


Entreabri os lábios, em uma tentativa de fazer o ar entrar em meus pulmões.


Da maneira superficial como eu respirava, acabaria desmaiada.


Com os olhos prendendo os meus, William trouxe o rosto para mais perto, a ponta de seu nariz resvalou minha bochecha. Fechei os olhos quando seu hálito acariciou minha pele, meus lábios formigando à espera do beijo.


E acho que era o que teria acontecido se a porta não tivesse se escancarado bruscamente.


— Doutor, eu não consigo encontrar a sua espo... ah! — Berta olhou para William, então para mim, para meus cabelos soltos e o vestido entreaberto, que eu havia soltado ao tocar William e que agora revelava minha roupa de baixo. Ela virou de costas, o pescoço ficando tão vermelho quanto meu rosto deveria estar.


— Eu lamento. Perdoem-me. — No instante seguinte, ela deixava a sala.


William fechou os olhos, como se sofresse, as sobrancelhas abaixadas, a boca pressionada com tanta força que se transformara em uma linha pálida.


Eu me contorci tentando fechar o vestido, mas meu ombro estava realmente dolorido e não consegui alcançar os botões.


Inspirando fundo, William abriu os olhos. Aquelas chamas ainda os consumiam. Mas então ele ficou de pé e me contornou, seus dedos habilidosos trabalhando em minha roupa.


— Obrigada — murmurei, mortificada, quando ele acabou.


Sem dizer nada, William se afastou até espalmar as mãos sobre a bancada, a cabeça pendendo para a frente.


— Eu... William... — comecei, incerta de como concluiria. Uma verdadeira tempestade acontecia dentro de mim.


— Acho melhor você subir agora, Maite, antes que eu faça uma besteira. — A voz rouca provocou tremores por todo o meu corpo.


Assenti, ainda que ele não pudesse me ver, e saí, fechando a porta. Eu me recostei a ela quando estava do lado de fora, meu corpo implorando para que eu voltasse para perto de William.


O que tinha acabado de acontecer?


Ao investigar o pandemônio que eram minhas emoções naquele instante, a resposta ficou clara como cristal. Centenas de borboletas batiam suas asas em uma dança desordenada dentro de minha barriga, um calor brotava em minhas faces e em meu coração. Tentei deter o que estava acontecendo dentro de mim.


Tentei fazer os antigos sentimentos permanecerem enterrados onde eu os havia deixado. Mas foi mais forte do que eu. Algo dentro de mim arrebentou, libertando-se e percorrendo cada parte minha até encontrar refúgio no centro de meu peito. Os sentimentos que pensei ter superado estavam todos ali. Agora mais intensos.


Ah, não!




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Autor(a): Fer Linhares

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Assim que ouviu a porta bater, William fechou os olhos. O rugido dentro de si demandava que ele corresse atrás de Maite e a tomasse nos braços. Por todos os demônios, ela era sua esposa! Ele tinha o direito de beijar aqueles lábios macios e fartos. Ele tinha direito de estreitá-la contra si. Ele tinha o direito de calar o rugido selvagem d ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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