Fanfics Brasil - Capítulo 29 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 29

330 visualizações Denunciar



William não tinha a intenção de beijar Maite. Realmente não tinha. Porém, quando ela ergueu aqueles olhos turquesa para ele, os lábios rosados levemente contorcidos em um desafio petulante, ele foi tolo o bastante para aceitar.


Sua ideia era fazê-la entender que aquele vestido não deveria ser usado por ela na presença de outras pessoas, para preservar a sanidade e a liberdade dele.


Porque era muito provável que ele se metesse em confusão caso qualquer homem espichasse os olhos na direção dela.


Mas ela não entendia. Não compreendia o que aquele pedaço de pano amarelo fizera com ele. A maldita coisa se colava ao busto de forma pecaminosa. William pensara no maldito vestido o dia todo e não conseguira ouvir uma palavra durante todo o almoço na pensão quando foi buscar os pais. Nem sabia dizer o que tinha sido servido. Bolo de carne? Torta de frango? Sapato assado? Tijolos fritos? Seu próprio cérebro?


Só conseguia pensar em Maite. Ela exalava um aroma adocicado, como um buquê de alfazemas recém-colhidas e champanhe. E fazia o sangue dele borbulhar tal qual a bebida. E quanto àquele tom de amarelo intenso? Outras mulheres poderiam ficar apagadas por ele, mas em Maite a cor acentuava a tez clara como madrepérola e destacava ainda mais os olhos azuis, os cabelos negros, a boca avermelhada, como se tivesse sido beijada. Ela o estava levando à loucura e não fazia ideia disso.


Agora que William se rendera à urgência de beijá-la, estava queimando. As chamas o consumiam, o faziam arder em todos os lugares, sobretudo nas partes dele que tocavam as dela. E muitas partes estavam se tocando.


E o gosto? Deus do céu, era tão doce como se lembrava. Assim como era doce sua resposta. Ele a beijava com ferocidade e ela respondia com suavidade.


Então ele a beijou com delicadeza e ela correspondeu enredando os dedos em seus cabelos e o trazendo para si.


Ele libertou sua boca, mas continuou a beijar seu rosto, seu pescoço, o alto daqueles seios perfeitos. Mais rente ao decote. Era tão macio ali que o mais sofisticado veludo pareceria um cacto em comparação.


Os dedos dela em seus cabelos se contraíram enquanto William a saboreava, um gemido suave vibrou em sua garganta e ele se perdeu para o mundo.


Eles precisavam de uma cama! Mas, diabos, não havia uma no andar de baixo e ele não conseguiria ir tão longe. A poltrona teria de servir. William a segurou firme pelo traseiro e a ergueu. Maite passou as pernas ao redor da cintura dele, e seu cérebro deixou de funcionar. Andou às cegas com ela enrolada a seu corpo, ansiando pelo momento em que a teria daquela maneira, mas sem qualquer roupa entre eles. Mal podia esperar para vê-la — realmente vê-la—  , sem camisolas de fumaça embaçando sua visão. Estava a um metro de alcançar a poltrona quando sentiu uma pancada na panturrilha que o fez cambalear.


Conseguiu colocar Maite no estofado, caindo de joelhos diante dela. Pareceu apropriado.


— O que foi? — Maite perguntou, preocupada. — Qual é o problema?


— Não estou beijando você. Esse é o problema.


Ele a puxou pela cintura, trazendo aquele corpo delicioso para mais perto.


Ela, porém, relutou, olhando além dele, e então seus olhos se arregalaram de horror.


— Ah, meu Deus, William! Você está sangrando!


Seguindo a direção do olhar dela, William viu o rasgo em sua calça e um talho de uns quinze centímetros em sua panturrilha.


— Humm... não é nada. Esqueça isso. — Ele a segurou pela nuca e procurou sua boca.


— Como posso esquecer que está ferido, William! — Ela o empurrou, se levantando. Mas que diabos! — Precisamos de um médico!


Ele arqueou uma sobrancelha ao encará-la.


— Um médico para cuidar de você! — ela adicionou, impaciente.


Já que, por todos os demônios, ela não pretendia prosseguir com aqueles beijos enlouquecedores, William tocou o local latejante em sua perna. Seu joelho então esbarrou em algo pontiagudo. Uma pedra ligeiramente triangular de ponta afiada e cortante o suficiente para causar um grande estrago. Ele pegou o objeto que o atingira, fulminando-o com raiva pela interrupção. Então, franziu a testa ao perceber que alguma coisa estava amarrada a ela. Um pedaço de papel.


Removeu o cordão que o envolvia.


— O que é isso? — Maite perguntou.


— Parece um aviso. “Fique longe de assuntos que não lhe dizem respeito ou lamentará pelo que está por vir” — ele leu, trincando o queixo.


Maite empalideceu, ao mesmo tempo em que ele ficava de pé. William enfiou o bilhete dentro do caderno sobre a bancada e foi mancando até a janela, procurando por Jeremias Duarte, mas o maldito já devia ter fugido.


Aquele canalha! William pensara que, ao lhe dar dinheiro, conseguiria um pouco de paz até que a guarda tomasse uma atitude com relação a Samuel. Mas a investigação devia ter começado e Jeremias, aquele covarde, se assustara. E agora retaliava, ameaçando William. Com isso ele podia lidar. O que não conseguia tolerar era que Jeremias ameaçasse Maite. Porque, se eles tivessem permanecido um instante a mais diante da janela, pelo ângulo em que foi atingindo, a pedra teria acertado a cabeça de sua esposa.


Cerrou os punhos e socou a bancada. Tudo sobre ela estremeceu levemente.


No instante seguinte, ele se dirigia para a porta.


Maite o segurou pelo braço.


— Aonde você vai, William?


— Alcançar aquele patife.


— De jeito nenhum! — A indignação coloriu as faces dela. — Você não vai a lugar algum com essa perna machucada!


— Agradeço a preocupação — murmurou, comovido —, mas o ferimento mal atingiu a derme. Não tem com que se...


A porta se abriu de repente.


— Perdoem-me. — Saulo varreu a sala com os olhos. — Pensei ter ouvido o estrondo de um elefante tombando.


William não se ofendeu.


— Alguém atirou uma pedra pela janela. Havia um recado para mim. — Explicou brevemente o que dizia o bilhete e suas suspeitas. — Me faça um favor, Saulo. Peça para alguém selar meu cavalo. Vou atrás de Duarte.


— Mas você está ferido! — Maite objetou.


Tudo o que Saulo fez foi avaliar seu irmão por um instante.


— Se ele consegue ficar de pé, então consegue cavalgar. Mas eu vou junto.


Esse homem pode estar armado.


Saulo havia desaparecido antes que William terminasse de concordar com a cabeça.


— Você não pode ir atrás daquele homem desse jeito! — Maite o fitou com desespero. — Você é médico, William. Recomendaria a um dos seus pacientes que subisse em um cavalo com um corte desses?


— De fato, eu não recomendaria. — Para acalmá-la, ele enfiou a mão no bolso da calça e dali tirou um lenço. Torcendo-o um pouco, apoiou o pé na armação do globo e o amarrou na perna. — Isso deve resolver.


— Você só pode ter perdido o juízo! — Maite ergueu os braços, afastando-se.


— Era só o que me faltava. — William foi atrás dela. — Até a minha mulher desconfia das minhas habilidades cirúrgicas.


— Impossível não desconfiar quando você está sendo tão pouco razoável!


Ele segurou Maite pelo cotovelo e a fez ficar de frente para ele.


— Alguém atirou uma pedra por essa janela, Maite. — Tomou seu rosto ansioso entre as mãos. — Mais um minuto que ficássemos naquela escrivaninha e a pedra teria atingido a sua cabeça, e nós não estaríamos discutindo agora. — Ele estremeceu ao pensar nessa possibilidade. — Não me peça para não ir atrás dele, porque eu não irei atendê-la. A intenção de Duarte foi clara. Ele queria assustar ou ferir alguém. E conseguiu as duas coisas — completou, baixinho, ao notar que ela tremia de leve.


Antes que pudesse se conter, William a puxou para seu peito e a abraçou com força. Ela não ofereceu resistência. Ao contrário, afundou a cabeça contra ele, encolhendo-se como se quisesse se esconder ali dentro.


— Não tenha medo — ele disse em seus cabelos. — Eu vou protegê-la, Maite.


— E quem vai proteger você? — Aquela voz miúda provocou uma fisgada sob o esterno de William. — Ele pode estar armado. O Saulo mesmo disse isso.


— Eu também vou estar. E vou deixar alguns empregados vigiando a casa, por precaução. Não fique tão alarmada. Sei me cuidar. — Beijou seus cabelos perfumados. — Agora vá ficar com Samuel. É pelo menino que deve temer.


Ela quis contestar. William sabia disso pela maneira como ergueu o queixo e arrebitou o nariz delicado. Mas o receio de que Samuel pudesse estar em perigo a fez balançar a cabeça, concordando.


Com algum esforço — de ambas as partes, para sua surpresa —, ele a soltou e saiu coxeando do laboratório. No entanto, sentiu o olhar dela queimar em suas costas enquanto se afastava.


“Por favor, tome cuidado”, pensou ter ouvido sua esposa dizer.


Ah, ele tomaria. Ainda não haviam terminado a discussão sobre aquele vestido infernal.


 


 


                                                           * * *


 


 


William ficou surpreso ao ver diversos empregados da fazenda montados em cavalos. Antes mesmo que o patrão pudesse pedir ajuda, eles tinham se voluntariado para percorrer todo o perímetro em busca do visitante noturno assim que a notícia do atentado se espalhara.


Quinzinho e outros dois homens já haviam vasculhado os arredores da casa, sem encontrar qualquer sinal do invasor.


— Fiquem atentos — William ordenou aos três. — Não quero deixar a casa desprotegida. Algum de vocês sabe atirar?


— Eu sei, senhor — disse Baltazar, dos degraus da casa. — Sua família estará em segurança.


William assentiu, sentindo-se grato por ter mantido os empregados quando comprou a casa, antes de subir no cavalo e pedir para que a pequena patrulha se dividisse. Ele e Saulo tomaram a direção da vila, e os demais seguiram para o lado oposto. William não conhecia bem o lugar; tivera pouco tempo para se familiarizar com a propriedade, e por duas vezes ele e o irmão se perderam, já que evitavam a estrada. Parecia óbvia demais.


A lua estava no ponto mais alto do céu quando divisaram os limites da vila sem encontrar sinal do invasor.


— Talvez os outros tenham tido mais sorte — Saulo sugeriu.


Mas William duvidava. Era mais provável que Duarte tivesse se abrigado em um local seguro. O canalha bêbado era metido a valentão, mas não um completo idiota. Devia ter imaginado que William sairia em seu encalço tão logo lesse o bilhete. Por isso era inútil ir até aquela cabana caindo aos pedaços. Sabia que a encontraria vazia. Os dois irmãos fizeram a volta, retornando para casa pela estrada.


Desde que saíram, William percebera que Saulo o fitava de esguelha. Depois de um quarto de hora, aquilo começou a incomodá-lo.


— Por todos os infernos, Saulo! Por que está me olhando desse jeito?


— Só estou aqui tentando entender onde eu errei com você. — Abanou a cabeça.


— Onde errou comigo?


— Não posso acreditar que ainda não desposou Maite apropriadamente. — Seu irmão estalou a língua. — Você está me matando de vergonha, William.


— O quê?! — Maite tinha falado com alguém? Tinha trocado confidências com Tereza? Ou, Deus o livrasse, falado com sua mãe?


— Ora, não faça essa cara tão alarmada. — As sobrancelhas de Saulo estavam abaixadas, a boca apertada em reprovação. — Sou velho demais para não ter percebido o que está acontecendo. Você não ouviu uma palavra do que eu disse durante o almoço, está mais irritado que um boi marcado a ferro quente. Você está no limite da paciência, William, explodindo a troco de nada, frustrado feito o diabo. Um homem que acabou de se casar, ainda mais com uma mulher com o aspecto de Maite, estaria com um humor bem diferente do seu.


Francamente, não sei se bato em você ou se explico de novo como são feitos os bebês. E saiba que isso é muito preocupante, pois, como médico, você deveria conhecer todo o processo de procriação.


— Não estou com paciência para brincadeiras, Saulo.


O humor de William não era dos melhores, e Saulo não estava contribuindo em nada com aquela conversa. Duarte o interrompera no pior momento possível, o maldito. Por consequência, sua virilha o matava agora. Precisava de um banho frio.


— Eu não estou brincando. E estou esperando que você me dê uma explicação razoável para não ter levado para a cama aquela beleza que é a sua esposa.


— Há mais complicações do que você pode pressupor. E eu não quero falar sobre isso com você. — Fuzilou o irmão, na tentativa de fazer com que se calasse.


Pensou ter obtido êxito, já que o rosto de Saulo ficou inexpressivo enquanto assentia e olhava para a frente. No entanto, o irmão mais velho estava apenas tomando fôlego.


— Compreendo. E você deveria compreender também, como médico. Não que eu tenha sofrido com esse tipo de problema ainda, mas dizem que todo homem passa por isso em algum momento. Eu recomendaria ostras. E uma bela gemada com vinho. Também ouvi dizer que comer testículos de boi faz até um defunto se levantar. Você poderia experimentar um deles. Ou os três. Deve resolver.


Pelo amor de tudo o que era mais sagrado, William ia acabar cometendo um fratricídio se Saulo não se calasse.


— Não tenho problemas nesse departamento, Saulo. — Antes tivesse. Assim ele não estaria sentindo tanta dor naquele instante. — A questão é outra, e não é da sua conta. Não me meto no seu casamento. Por que acha que pode se meter no meu?


— Seus olhos, então? — insistiu Saulo, sem parecer ter ouvido uma palavra do que William dissera. — Porque acredito que até um cego consegue ver os encantos de sua esposa. Especialmente aquele par de...


William encarou o irmão.


— É melhor repensar sua sentença, se pretende voltar para Tereza com todos os membros no lugar.


— ... olhos azuis — Saulo acabou dizendo. — Diabos, William. Se você não tem problemas com seu mastro, se sua visão vai bem, se fica enciumado por eu destacar os atributos de Maite, por que raios ainda não a fez sua?


— Porque um idiota atirou uma pedra pela janela! — rosnou.


Ele não teria parado. Não teria encontrado forças para parar, a menos que Maite o impedisse — e ela não parecera nem um pouco disposta a isso. Ele não pensara no depois, nem no que poderia acontecer se a possuísse. Além do óbvio, é claro.


Se William fizesse amor com Maite? Ele temia perder muito mais do que a sanidade. Ele já estava com dificuldade para tirá-la da cabeça sem que tivessem qualquer contato mais íntimo. Partilhar uma cama o teria colocado em situação ainda mais insuportável.


No fim das contas, devia estar grato a Duarte. Longe de Maite, em posse de suas faculdades mentais, William conseguia enxergar que o homem lhe salvara a vida. Ou, pelo menos, o que lhe sobrara de dignidade. Sua esposa era um perigo ainda maior do que ele havia suposto.


— Por que não quer me dizer o motivo? — persistiu Saulo.


Porque era humilhante demais dizer ao irmão dez anos mais velho que ele estava louco de desejo pela própria esposa. Uma mulher que quase lhe dissera não durante a cerimônia de casamento e que aceitara sua proposta de união de conveniência com tamanho alívio que ele chegou a pensar que ela fosse dar uma festa.


— Ah. — Saulo deu risada. — Como sou tolo! Você a ama! É por isso que ainda não a levou para a cama. Você quer que ela retribua seus sentimentos antes de fazer amor com ela.


— Não seja idiota, Saulo. Eu não amo Maite. Ela é minha esposa, diabos!


O sorriso malicioso que se abriu no rosto de Saulo fez William desejar socá-lo.


— Eu sei que é pouco sofisticado, mas já vi acontecer. Eu mesmo sou um bom exemplo. Você não é o primeiro homem a se apaixonar pela própria esposa, e ouso dizer que não será o último.


— Mas que diabos, Saulo. Eu não amo Maite. Agora pare de me atormentar com essa conversa fiada! — Incitou sua montaria a ir mais depressa.


Quando uma figura alta surgiu na estrada, William pensou que estava com sorte e cutucou com a sola dos sapatos as costelas do cavalo, indo tão rápido que uma nuvem de poeira se ergueu atrás dele. Seu irmão vinha logo atrás. No entanto, ao chegar mais perto, William percebeu que não tinha tido tanta sorte


assim. Não era Duarte.


— Doutor! Quase me mata de susto — reclamou Matias, o paletó pendurado no ombro, a gravata fora da vista e alardeando um sorriso exultante de homem que acabava de se perder nos braços de uma mulher.


— Boa noite, sr. Matias. Estamos procurando o sr. Jeremias Duarte. Por acaso o viu por aí?


— Eu não conheço ninguém com esse nome, mas não encontrei ninguém na estrada até agora. Ou acho que não encontrei. Não estou prestando atenção em muita coisa. Eu... — Coçou a cabeça, exibindo ainda mais os dentes. — Bem... estou um pouco distraído.


— Logo se nota — murmurou Saulo, ajeitando-se na sela.


— Mas por que procuram esse homem? — Matias quis saber. — Aconteceu alguma coisa? O doutor precisa de ajuda?


— Não. Mas obrigado pela oferta. — William manejou um sorriso. — Boa noite, senhor.


Os Levy esporearam sua montaria e seguiram em frente, lado a lado, enquanto o rapaz voltou a caminhar para a vila a passos lentos.


— Está vendo? — perguntou Saulo, um tempo depois. — É com aquele sorriso satisfeito que você deveria estar agora. Não com essa cara de quem está com um buraco no pé...


— Fica um pouco mais para cima, Saulo — atalhou William. — O buraco é em minha panturrilha.


— ... porque você não cumpriu sua obrigação. Que embaraçoso para a nossa família! E, se eu fosse você, ficaria de olho. Não vai demorar para que outro queira esquentar o lugar que você deixou vago na cama da Maite. Com aquele par de...


William pulou do cavalo antes que o irmão tivesse concluído. Os dois foram ao chão. William armou o soco. Saulo já estava pronto e o atingiu primeiro. Eles se atacaram sem dó; um conhecia o ponto fraco do outro, já que faziam aquilo desde sempre. William conseguiu encaixar um cruzado no queixo do irmão que o fez cambalear. Saulo devolveu a gentileza com uma direita no rim que o fez tropeçar para trás. Quando William se recuperou, bufou feito um touro bravo e se atirou sobre o irmão. Eles foram ao chão outra vez. Saulo caiu por baixo e aproveitou para passar o braço pelo pescoço de William.


— Já chega, diabos! — resmungou Saulo. — Você provou seu argumento. Pare de me bater! Eu entendi. Nada de gracejos com Maite.


— Nunca mais! — urrou William, agitando-se.


— Prometo! Eu juro!


O mais velho dos Levy era inteligente o bastante para conter o mais novo durante certo tempo. Somente quando sentiu os músculos de William relaxarem é que libertou a garganta do irmão. Os dois ficaram deitados na terra, arfando, fitando o céu estrelado.


— Inferno. — Saulo virou a cabeça para o lado e cuspiu. — Tenho um dente mole.— Acho que posso ter quebrado uma costela. — William levou a mão ao ponto dolorido.


Os dois se olharam. E começaram a rir.


— A senhora Rosália vai ficar muito zangada conosco — William gemeu ao se sentar.— Sorte a sua por ter só a mamãe falando nas suas orelhas. Eu ainda vou ter que aturar a Tereza.


— Poderíamos dizer que uma cobra surgiu no caminho... — William encrespou a testa.


— E assustou os cavalos... — animou-se Saulo.


— ... nós caímos de mau jeito...


— Você sobre um tronco, William. Bateu as costelas. — Depois de choramingar, Saulo ficou de pé e espanou a poeira das roupas.


William deixou escapar uma imprecação enquanto endireitava a coluna e se levantava. Vários pontos lhe doíam. Sobretudo o corte em sua panturrilha, que se abrira durante a luta.


— E você foi atingido na boca pela pata do animal — ele disse a Saulo.


— O que, no fundo, é verdade. Você bate feito um cavalo, William. — Fez uma careta ao massagear o queixo.


— Você pediu por isso.


— Creio que eu tenha pedido. Mas ao menos agora eu sei a verdade. E você também. Você ama Maite.


Pelo amor de Deus, aquilo outra vez?


— Não, eu não amo.


— Lamento, irmãozinho. — Saulo passou o braço sobre os ombros dele. — Mas você se atirou daquele cavalo como se tivesse visto o diabo. E com toda a razão. Eu ofendi Maite. A propósito, me desculpe. Eu não estava falando sério.


Apenas queria que você enxergasse o que se passa no seu coração. Agora você sabe. — Deu dois tapinhas em suas costas e saiu arrastando um dos pés em direção a sua montaria.


Não. Não! William fechara seu coração. Ninguém jamais voltaria a entrar nele, muito menos Maite. O que ele sentia por ela era apenas físico. Não havia sentimentos envolvidos. Ele deixara para trás toda aquela bobagem de amor.


Saulo estava enganado.


Tinha de estar.




Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Eu lia para Samuel sentada aos pés de sua cama. Ele ouvia tudo com muita atenção, como se aquela fosse a primeira vez que alguém lhe contava uma história. — “Eu nasci lá para a Ásia, de um ajuntamento de uma Piolha e um Elefante, ainda que houve quem dissesse que uma Tarântula macha foi quem me deu o dia. ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais