Fanfics Brasil - Capítulo 34 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 34

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Eu zanzava de um lado para o outro na sala de estar, olhando de cinco em cinco minutos para o imenso relógio encostado à parede. Duas horas da manhã e William ainda não voltara. Os empregados que tinham ido ajudá-lo haviam retornado fazia muito tempo. Eu mandara Eustáquio atrás dele, pois imaginei que estaria exausto demais para cavalgar. Samuel fora junto. Não houve maneira de convencê-lo a ficar.


Agitada demais, como se tudo dentro de mim zumbisse, comecei a andar pela casa, já que todos tinham ido para a cama fazia muitas horas. Acabei na sala de música, diante do piano. Tocar sempre fazia aquela agitação ceder.


Eu me sentei na banqueta e aqueci os dedos com Für Elise, de Beethoven.


Era a música favorita de mamãe, a que inspirara o meu nome. Depois passei por Au clair de la lune. Papai sempre pedia para que eu tocasse essa para ele.


Arrisquei até Home, Sweet Home, de John Howard Pay ne — talvez a alusão ajudasse a me sentir mais em casa. Mas foi inútil.


Eu não conseguia parar de pensar no que vira no rosto de William mais cedo na estrada. Ele viera em minha direção com o rosto tomado de dor, alívio e algo mais profundo que não consegui nomear. Ainda me perguntava o que o assustara tanto a ponto de deixar nossas desavenças de lado e me abraçar daquele jeito.


Depois da discussão na noite anterior, eu não pretendia permitir que ele chegasse perto de mim. Ainda estava furiosa com ele. Mas a urgência em seu rosto e aquela vulnerabilidade que eu nunca tinha visto me desarmaram e me comoveram intensamente. Era como se ele precisasse daquele abraço. Como se precisasse de mim!


Enquanto ele me segurara contra o peito, senti uma emoção nova nascendo dentro de mim. Por um momento pensei que tivesse encontrado as respostas para as perguntas que andavam me corroendo. Mas então ele me soltou e eu tive de deixá-lo fazer seu trabalho.


Porque eu não conseguia parar de pensar nele, uma certa melodia me veio à mente. Quando estive no tempo de Dulce, a música me ajudara a manter-me longe do pânico. Algumas eu não compreendia — muitos instrumentos ao mesmo tempo, muitas batidas graves —, mas outras eu tinha adorado. Alexander me levara àquele concerto, e uma das canções mexera muito comigo, como se quem tivesse escrito a letra conhecesse os segredos de meu coração. Cada nota me fazia pensar em William. Graças à ajuda de Alexander e a algo que ele chamava de iPod, pude ouvi-la muitas vezes, até decorá-la.


Fechei os olhos e arrisquei algumas teclas do piano.


— Não. Talvez ré maior.


Oh, sim! O tom era esse! Meus dedos voaram pelas oitavas, buscando as claves certas. Conforme as encontrava, a música foi se desenhando sob meus dedos. Ela me envolveu como um abraço etéreo e confortável onde eu me permiti repousar até sentir que me dissolvia, me fundia às notas, me tornava parte da melodia. Não tenho certeza se a reproduzia à perfeição, mas não importava. Ela tocava meu coração, falava com minha alma. É disso que a música é feita.


Estava tão absorta na composição, mesmo quando minhas mãos pairaram imóveis pelas oitavas, que demorei para perceber a figura recostada ao batente, em completo desalinho, olhando para mim. Eu me sobressaltei.


— Perdoe-me — William se apressou em dizer. — Eu não pretendia assustá-la, mas não quis interromper.


— Como foi?


Muito abatido, ele entrou na sala, se serviu de um pouco do vinho sobre o aparador e caminhou pelo cômodo, segurando duas taças, até parar diante do piano.


— Tão terrível quanto podia ser. — Soltou o ar com força, como se sentisse o peso do mundo em suas costas. — Uma fratura é sempre muito difícil. A boa notícia é que eu não precisei usar o serrote.


Estremeci.


— Fico contente em ouvir isso.


— Acredite, eu também fico em dizer. — Ele colocou a taça sobre o piano, em uma oferta silenciosa.


Aceitei, experimentando um golinho. William ficou ali, me observando fixamente. Notei que algo mudara em seus olhos. Havia uma faísca quente em meio à tormenta.


— Maite, eu preciso me desculpar pelo que eu disse ontem sobre o seu vestido. Eu tinha bebido um pouco além da conta, e algo em você desperta o meu lado mais perverso. Eu não quis dizer aquilo. Seus trajes são lindos e elegantes. O problema nunca foi seus vestidos, mas eu. Me perdoe.


— Você?


Ele mirou aqueles olhos ardentes em mim.


— Sua aparência mexe demais comigo. Muito além do que o meu autocontrole é capaz de tolerar.


— Aaaah. — Surpresa, pisquei algumas vezes antes de desviar o olhar. Não queria que ele visse o quanto seu pedido de desculpas havia significado para mim. Ou o que tinha dito sobre minha aparência.


Ele sentia atração por mim. Eu mexia com ele! E tudo isso dito com uma voz rouca e aveludada que fez os dedos de meus pés se contraírem dentro dos sapatos.


Onde estava o ar quando eu mais precisava dele?


— Gostaria que tocasse mais uma vez, se não se importar — ele sussurrou.


— Vou acabar acordando a casa toda.


Ouvi seus passos ecoando pela sala e o protesto da porta ao ser fechada. No instante seguinte, ele estava diante de mim outra vez, uma mão apoiada na tampa do piano.


— Pronto. Assim ninguém irá nos ouvir.


— Eu... — Fitei o painel de madeira que ele acabara de fechar. Sempre que estávamos a sós, as coisas não acabavam muito bem.


— Minha cabeça está um pandemônio agora, Maite — disse, com intensidade. — Tudo o que ouço são ecos de gritos e palavras que me recuso a proferir na sua frente. Por favor, toque para mim. A música me ajuda a esquecer tudo isso.


Seu rosto sujo de terra e exaurido nunca me pareceu mais franco.


— Alguma canção em especial? — Reprimi um gemido. — Qual é a sua favorita?


— Não tenho uma. — Mas uma centelha chispou em seu olhar. — Toque qualquer coisa que lhe agradar.


Depois de examiná-lo por um breve instante — e sentir as bochechas esquentarem sem qualquer razão —, posicionei os dedos sobre as oitavas. Não precisava de partitura para aquela. Eu a tocava desde os oito anos. Era uma de minhas preferidas.


William observou meus dedos se movendo sobre as teclas brancas e pretas.


Perdi um pouco da agilidade costumeira, mas ele não pareceu notar meus pequenos erros.


— É uma bela peça — elogiou.


— Se chama Water music.


A diversão suavizou o cansaço em seu rosto.


— O recado foi transmitido com sucesso. — Examinou as próprias roupas.


— Realmente preciso de um banho.


Dei risada.


— Não era minha intenção. É que essa é uma das peças que eu mais adoro. Handel é meu compositor preferido.


— E era dele a canção que tocava ainda agora? Era muito bonita. — Ele bebericou seu vinho, o olhar em minhas mãos, mas aquela faísca ainda estava ali. — Você... a executava com o coração.


— Não é de Handel. Aquela eu ouvi quando estive... — Meus dedos se detiveram. Olhei fixamente para o piano.


William inspirou fundo e eu me vi prendendo o fôlego.


— Quando esteve no vilarejo de Dulce — ele murmurou, quando fiquei em silêncio.


Assenti, devagar. E me preparei para sua explosão.


Mas ela nunca veio.


— Maite, eu lamento que as coisas tenham terminado dessa maneira. — Ele não conseguiu disfarçar a ansiedade em sua voz. — Realmente lamento que você não possa continuar sonhando. Eu não tinha ideia do quanto aquele mal... o tal Alexander significava para você. Se soubesse, jamais a teria acompanhado até aquele jardim e nós nunca... enfim.


Ergui o rosto para ele, perplexa.


— Você lamenta? — Meu coração começou a retumbar. Ele estava dizendo que lamentava que meu suposto caso de amor secreto com outro homem não tivesse sido bem-sucedido? — O que está tentando dizer?


Seu olhar, uma mistura perfeita de castanho e verde, se prendeu ao meu.


— Que nós não precisamos viver nesta guerra constante. Estou farto deste jogo de gato e rato. Já fomos amigos uma vez. Bons amigos, pelo que me lembro. — Ele me encarou com expectativa. Apenas concordei com a cabeça, devagar, incapaz de proferir qualquer coisa. — Acredita que possamos voltar a ser? — ele perguntou, baixinho.


— Eu... eu não sei, William. Você mudou muito.


— Você também. — Seus olhos passearam pelo meu rosto por um instante mais longo do que eu consideraria prudente.


Mas ele tinha razão. Eu não era a mesma menina tola que ele havia conhecido. Por isso eu me perguntava o que teria acontecido para que ele mudasse de ideia repentinamente.


— Por que está me propondo isso agora?


— Tenho muitos motivos, mas digamos que eu quero acordar e não ser atacado por um candelabro. — Me mostrou um meio sorriso. — Parece razoável?


— Suponho que sim. E me desculpe por aquilo. Eu pensei que você fosse o rato.


— Ah. — Os cantos de sua boca tremeram. — Nesse caso, não posso culpa-la pela reação. Eu também temeria se visse um rato de um metro e oitenta.


Diga-me, foi o meu cabelo desarrumado que lhe deu essa impressão, ou a falta de banho?


Deixei escapar uma risada.


— As duas coisas.


Ainda rindo, ele deixou a taça sobre o piano e se sentou ao meu lado na baqueta. No entanto, permaneceu virado para a sala, e não para o instrumento, como eu.


— Amigos? — Me estendeu a mão.


Tive a impressão, talvez pela ansiedade que ele não conseguiu ocultar no olhar, que ele me oferecia mais que uma convivência amistosa. Eu estava quase certa de que essa não seria boa ideia para meu coração, mas estava cansada daquele atrito todo, das palavras duras, de odiá-lo mesmo que por poucos minutos.


— Eu gostaria disso. — Coloquei a mão na dele.


Seus dedos se fecharam ao redor dos meus e permaneceram assim. O calor que irradiava dele percorreu meu braço, se espalhando por todo o meu corpo.


— Eu pensei que a tivesse perdido hoje — confessou, observando nossas mãos unidas. Seu polegar desenhava pequenos círculos em minha pele. — Quando a sra. Veiga me contou do acidente, eu pensei que fosse você. — Sua voz diminuiu até se tornar um sussurro.


Seu rosto e seu tom torturados me sacudiram por dentro. Aquilo explicava o abraço ensandecido. Mais que isso, me dizia que ele se importava comigo. Que ainda nutria algum sentimento por mim além da raiva. Que minhas mentiras não conseguiram matar tudo.


Ele ergueu a cabeça. Desespero e temor reluziam em suas íris, e aquele tremor em minhas entranhas se repetiu. Meu coração perdeu o compasso, ressoando forte e alto nas orelhas e na base da garganta.


— E eu me dei conta, Maite — prosseguiu —, de que jamais me perdoaria se você tivesse partido. Porque a culpa seria minha. Eu a obriguei a sair de casa quando agi como um idiota. Por muito tempo pensei que o pior tivesse acontecido: você entregou seu coração a outro homem. Mas hoje descobri que eu estava errado. O pior não é ter que conviver com esse ciúme que me corrói por dentro. — Levou minha mão aos lábios e a beijou demoradamente. — O pior seria ter que continuar vivendo em um mundo onde você não existe.


Sem me dar a chance de dizer qualquer coisa, ele se levantou e me deixou ali, com o coração aos gritos.


Mas eu não entreguei meu coração a outro, eu quis dizer. Ele sempre foi seu.


Até quando eu não quis que fosse.




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Autor(a): Fer Linhares

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William estava se barbeando quando um pedaço de gente de pouco mais de um metro entrou em seu quarto e o observou terminar o serviço — Você está indo visitá o paciente do acidente? — Samuel quis saber. — Sim, Samuel. E mais alguns. Por quê? — Eu quero ir junto. — Acho que não seria apropriado. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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