Fanfics Brasil - Capítulo 43 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 43

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— Minha querida, eu sei que está preocupada com o seu marido, mas esse seu vaivém está me deixando um pouco tonta — contou a sra. Levy, observando-me do sofá da sala, um bastidor esquecido no colo.


Eu me obriguei a parar e me sentar na poltrona. Apenas para me levantar um segundo depois e recomeçar a andar.


— Saulo está com ele — assegurou Rosália. — Não vai permitir que William faça besteira. Um pouco de uísque é o melhor conselheiro de um homem em situações como essa. Não se preocupe. William sempre foi o mais sensato dos meus filhos.


Eu não tinha certeza se concordava com isso. Rosália não sabia da história.


Dei a entender que William e eu tínhamos tido um desentendimento, e que temia que ele perdesse a cabeça. Ela ficou surpresa, mas não pareceu preocupada.


Porém, o que eu tinha visto no rosto de William antes da carruagem partir me dizia que ele estava à procura de problemas. Céus, e se ele tivesse ido atrás do meu suposto amante? Eu pensava que Alexander tinha ido embora para sempre, mas e se não fosse assim? E se eles tivessem se encontrado? Meu Deus. William poderia desafiá-lo a um duelo!


Pensei que pudesse realmente explodir em um milhão cacos. Decidi ir até o lado de fora. Um pouco de ar fresco poderia me fazer bem, além de não perturbar a sra. Levy com meu vaivém. Ao descer as escadas, avistei Berta um pouco afastada da casa, olhando ao redor.


— O que foi, sra. Veiga?


— É o Samuel, senhora. Não consigo encontrar o menino em parte alguma. A senhora o viu?


— Pensei que ele ainda estivesse dormindo.


— Não. Ele pulou cedo da cama. Queria saber se o doutor já estava de pé, e não gostou quando eu contei que ele ainda não chegara em casa, mas a senhora sim. Saiu sem comer, dizendo que ia brincar até que a senhora acordasse, mas estive em todos os lugares em que ele costuma se esconder e não o encontrei em parte alguma!


Uma rajada de vento arrepiou os cabelos em minha nuca, e meu coração perdeu o compasso.


— Sra. Veiga, aquele homem esteve rondando a casa novamente? O sr. Duarte?


— Não que eu tenha visto.


Sua resposta não me trouxe alento. Ninguém vira Duarte no episódio da pedra também.


— Vou procurar Samuel — anunciei. — Peça a alguns empregados para fazerem o mesmo.


— Agora mesmo, sra. Levy.


Vasculhei os arredores, da estrebaria ao jardim agora trancado. Fui até a margem do riacho, na esperança de que ele estivesse ali, mas não encontrei nem sinal. Meu coração batia forte e assustado conforme eu chamava pelo menino e não obtinha resposta.


Estava voltando para casa na esperança de que alguém o tivesse visto quando a carruagem de William passou por mim. Samuel estava sentado ao lado de Eustáquio. Levantei as saias e corri. O veículo parou em frente à casa.


Samuel veio correndo em minha direção.


— Você vai brigar com el...


— Nunca mais faça isso! — Eu o peguei pelos ombros, sacudindo de leve.


— Nunca mais saia de casa sem me avisar!


— Mas eu só estava tentando ajudar — falou, magoado. — E encontrei o doutor no caminho.


— Você não avisou a ninguém que sairia. Quase me matou de susto! Pensei que... que algo terrível... Oh, graças a Deus você está bem! — Eu o abracei apertado, sentindo seu cheiro de menino, terra e pão doce.


Quando o soltei, ele me contemplou com olhos escuros imensos e assustados.


— Você vai me bater?


— Oh, meu querido Samuel, é claro que não vou! A violência nunca é a solução, muito menos para educar uma criança. Mas você está de castigo! Está proibido de deixar seu quarto até a hora do almoço.


Ele me olhou desconfiado.


— E o que mais?


— Não tem mais.


— Então o meu castigo é ir para aquele quarto limpinho e bonito e só ficar lá?


— Seu quarto não anda tão limpinho assim. Você é um tremendo bagunceiro. Arrume tudo.


Arriando os ombros, ele fez a volta, afastando-se sem nenhuma pressa.


— Agora realmente parece um castigo.


Depois que ele entrou em casa, minha atenção se voltou para o veículo.


Saulo foi o primeiro a descer. Parecia exausto. Logo em seguida veio William. Sua camisa estava entreaberta por baixo do paletó, uma parte para fora das calças, como se ele a tivesse vestido às pressas. Um olho estava inchado e rodeado por um círculo roxo. Tropeçou nos próprios pés e teve de se segurar na carruagem para não cair. Saulo passou um braço por sua cintura, resmungando alguma coisa.


— O que aconteceu? — perguntei, inquieta. — Céus, William, você encontrou Alexander?


Saulo evitou me olhar, mas seu rosto adquiriu um tom rosado. William até tentou mirar os olhos em mim, mas estava embriagado demais para conseguir manter o foco.


— Ah, quem dera eu tivesse tanta sorte — ele articulou, em uma voz engorolada.


— Então por que está ferido? Em que confusão se meteu?


— Era uma causa nobre! A liberdade nunca é conquistada sem uma boa briga. Não sabe disso?


— Que liberdade? — eu quis saber, impaciente.


— A sua. É uma mulher livre! Meus cumprimentos, madame. — Fez uma mesura. Desequilibrou-se e por muito pouco ele e Saulo não foram de cara no chão.


— Vamos entrar, William — seu irmão aconselhou. — Você está falando um monte de baboseiras. Vamos lá, você precisa se deitar.


— Eu preciso de muita coisa, Saulo. — Afastou com um safanão os cabelos embaraçados que lhe caíram no rosto e olhou para o irmão, a expressão tomada de angústia. — Mas a que eu mais desejo não posso ter, então de que me serve todo o resto?


— E de um café bem forte. — Saulo emendou, arrastando-o para dentro de casa.


O que tinha acontecido? Se ele não encontrara Alexander, com quem andara brigando?


Os gritos de Tereza explodiram no ar. Passei pela porta a tempo de vê-la sacudir as saias e sair pisando duro. Saulo olhou feio para William antes de os dois subirem em direção ao quarto.


Eu fui atrás, mas Rosália me deteve.


— Não é o melhor momento, querida. William está bêbado feito um gambá. É provável que não consiga articular uma frase coerente.


— Mas eu tenho que falar com ele, Rosália.


— Mais tarde vocês poderão conversar civilizadamente.


Ao ver William tropeçando ao chegar ao segundo andar, tive de dar razão a ela. Ele mal conseguia se manter de pé. E essa conversa seria decisiva para nós dois. O maldito beijo precisava ser explicado... além de todo o resto.


Isso me servia de lição. Mentir, mesmo que para proteger alguém, nunca acaba bem. Eu devia falar com ele quando a bebedeira passasse. Pela minha experiência com Ian, era a única coisa sensata a fazer.


O problema é que eu atingira o limite e estava farta de ser sensata, de me dizerem o que fazer.


Subi as escadas correndo, ignorando Rosália, que me chamava. Cheguei ao quarto dele no instante em que Saulo saía.


— Deixe-o dormir, Maite.


— Não posso, Saulo. Eu tenho que me explicar. Houve um terrível ma lentendido.


Não posso permitir que ele acredite nem mais um minuto em algo que não aconteceu.


— Um mal-entendido? — perguntou, hesitante.


— Um terrível engano! Eu tenho que falar com ele, Saulo. E precisa ser agora!


— Ah, diabos... — Afastou-se, me dando passagem.


Não perdi tempo e, depois de entrar e fechar a porta, avistei William largado sobre o colchão, ainda totalmente vestido. Adiantei-me até a cama bem devagar.


— William, podemos conversar?


Ele se apoiou nos cotovelos e tentou descalçar os sapatos. Teve êxito com o primeiro pé, mas o segundo lhe deu mais trabalho. Acabou desistindo.


— Humm... Este não é o melhor momento. — Puxou o paletó e conseguiu libertar um dos braços.


— Sinto muito, mas eu preciso esclarecer o que aconteceu.


— Não precisa se dar o trabalho, Maite. Já ficou tudo muito claro. —


Finalmente conseguiu tirar o paletó e o jogou na poltrona, mas errou o alvo e a peça caiu a poucos metros de mim.


— Está enganado. Permiti que isso tudo fosse longe demais. Não sei quanto você viu ontem. Acredito que não muito, do contrário saberia que eu acertei Alexander na... — Abaixei-me para apanhar o paletó. Um perfume adocicado me chegou ao nariz. Almíscar, álcool e algo mais. Jasmim, talvez.


Soltei o paletó, como se me queimasse. Ele se amontoou no chão, e algo escorregou de dentro do bolso forrado de cetim, rolando para baixo da cama. No entanto, fui capaz de identificar o belo colar de pérolas antes que desaparecesse.


— Você esteve... esteve com... uma dama? — Tentei engolir e não consegui.


Ele deu risada e mirou os olhos embotados em mim.


— Não sei se podemos chamá-las de damas.


Tentei bloquear as imagens em minha mente. Tentei de verdade. Mas foi inútil. Eu o via curvado sobre mulheres sem rosto, sussurrando palavras apaixonadas no pescoço delas, acariciando suas coxas nuas, como tinha feito comigo.


Outras mãos haviam tocado o corpo dele, outras bocas sentiram seu gosto, o calor de seu beijo. Ele tinha feito com elas as coisas que fizera comigo e outras tantas que eu nem podia imaginar, pois não as conhecia.


Meu coração pareceu despencar no estômago. A dor me apunhalou com tanta força que tive de me apoiar na parede para não cair.


— Vejo que entendeu — murmurou.


— Por quê?


O sorriso cínico que eu odiava, e que não tinha visto por muitos dias, deu as caras.


— Não parece óbvio, Maite?


Não. Não para mim.


— Você disse... você disse que me queria como sua esposa. Que me desejava. Você disse...


— O que era preciso para que você aceitasse minha proposta. Admito, você é linda. — Seu olhar passeou pelo meu corpo. — Sempre foi. Eu seria um lunático se não me sentisse atraído por você. Mas é só isso. Quando eu a vi esta noite... a noite passada... com o seu amante...


— Ele não é meu amante!


— ... percebi que eu estava perdendo tempo e procurei o que eu precisava.


É muito mais conveniente assim. Eu pago, elas me dão o que eu preciso. Sem complicações. Nada de corte, passeios enfadonhos a tabernas ou qualquer dessas baboseiras de que você parece gostar tanto.


Dei um passo para trás, a respiração entrecortada. Ele desdenhava de minhas lembranças mais bonitas. William não teria me ferido mais profundamente nem se tivesse tentado.


Ele me avaliou por um instante, uma das sobrancelhas arqueadas, o cinismo lhe esticando o rosto.


— Você parece chocada, minha querida. Deve saber que casamentos regidos pela fidelidade são raros. A maioria é como o nosso. Cada um satisfaz seu desejo onde lhe convém. — Caiu sobre os travesseiros. — E diante da sociedade representamos o casal feliz.


— Eu não sou sua querida. — Apesar da ira, minha voz falhou.


Como eu tinha sido estúpida. Acreditei nele. Acreditei que quisesse que nosso casamento fosse de verdade. Tudo o que ele queria era um corpo quente para lhe esquentar a cama. Qualquer corpo.


— Não. — Meu coração batia rápido, mas desta vez era a raiva que me guiava.


— Não o quê, Maite? — Ele mirava o teto.


— Não! — Minha voz saiu mais forte agora. — Não! Não vou me sujeitar a isso. Me recuso a viver assim. Você não pode me obrigar a suportar as suas... as suas...— Libertinagens? Devassidões? Orgias? — Suas amantes! — O que ele pretendia ao me dizer aquelas coisas? Que eu o odiasse ainda mais?


Sentando-se lentamente, ele manteve os olhos em mim como faz um predador.


— Mas eu posso, Maite. Sou seu marido. E, como sabe, a lei me garante alguns direitos sobre você.


Aproximei-me da cama, encarando-o com toda a fúria que eu sentia.


— Você não é meu marido! Nunca agiu como se fosse. Esse maldito casamento, que não passa de um pesadelo, nunca foi consumado. Vou entrar com um pedido de anulação!


Ele ficou em silêncio por um instante, o rosto congelado em uma máscara insondável.


— Está certa disso? — perguntou, por fim.


— Como jamais estive em toda a minha vida!


Seu peito subiu e desceu, como se inspirasse aliviado. Aquilo doeu.


— Muito bem. — Sua voz não tinha entonação. — Vou providenciar a papelada.


E foi então que eu finalmente compreendi o que o levara a manter o noivado depois que eu mentira. Por que não desistira quando tivera a chance.


— Isso é o que você pretendia — percebi tarde demais. — Essa era a sua vingança. Não bastava me transformar em uma piada com aquele noivado ridiculamente longo. Você queria me destruir completamente. — E conseguira.


Assim que a anulação se tornasse pública, todo tipo de especulação recairia sobre mim.


Seu olhar se prendeu ao meu, frio e ferino.


— Se há algo que eu posso afirmar, Maite, é que você nunca compreendeu meus sentimentos. Então não tente agora.


— Você não tem sentimentos — sussurrei. — Tem um pedaço de carvão dentro do peito.


Minhas lágrimas ameaçavam transbordar, por isso corri para meu quarto, batendo a porta de ligação depois de passar por ela, levando a mão à boca para abafar os soluços, que se tornavam incontroláveis. Eu havia confundido tudo.


Pensei que ele pudesse me amar. Que a última semana tivesse significado algo especial para ele, como significara para mim. Mas tudo não passou de um engano. Ele apenas queria saciar sua luxúria e concluir sua vingança.


Meu coração se partiu em centenas de milhares de cacos minúsculos. Doía tanto que meus ossos pareciam se sacudir dentro da carne, procurando uma forma de alívio.


Mas não havia uma.




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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