Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]
As cortinas foram bruscamente afastadas. William ergueu o braço para proteger os olhos. No entanto, uma mão agarrou seu pulso e um rosto entrou em seu campo de visão.
— Você parece miserável, doutor.
— Olá, sr. Uckermann. Fique à vontade para invadir minha casa — murmurou e depois gemeu.
Estaria muito contente se seu trabalho o tivesse levado a descobrir um remédio mais eficiente para a ressaca. Tinha certeza de que sua cabeça acabaria explodindo a qualquer minuto. Ou caindo do pescoço feito uma fruta podre que se desprende do galho e se arrebenta no chão.
— Não invadi — retrucou Christopher, aprumando a coluna. — Seu irmão me trouxe até aqui. Não acha que é um pouco cedo para estar embriagado desse jeito?
— Já que eu paguei pelo uísque, alguém deve bebê-lo. E deve ser tarde em algum lugar do mundo. — Ele se ergueu sobre os cotovelos e fitou o cunhado, esperançoso. — Veio aqui para me matar? Christopher não respondeu de imediato. Caminhou pelo quarto, examinando uma garrafa vazia e outra pela metade, as roupas sujas espalhadas sobre a mobília, um prato com um sanduíche intocado que Baltazar trouxera mais cedo.
— Me passou pela cabeça — disse, por fim. — Mas parece que você já está fazendo um bom trabalho sozinho.
William manteve os olhos em Christopher feito uma raposa encurralada. Não foi fácil, já que via três dele. Diabos, realmente não devia ter bebido tanto. O sol nem tinha se posto ainda. Ou será que tinha acabado de nascer?
Ah, quem se importava?
Seu cunhado parou ao lado da mesinha de cabeceira e analisou com a testa franzida um pedaço de papel no qual William andara brincando dias antes, mas que agora era apenas um lembrete doloroso.
— Durma, minha pequena... — leu Christopher.
— Isso é particular. — Puxou o papel das mãos dele e o guardou na gaveta do criado-mudo. Fingiu não ver o colar de pérolas solitário ali dentro. Outro maldito lembrete. — O que veio fazer aqui, afinal?
— Você adivinhou, em parte. Vim aqui cobrar uma explicação sobre sua noite de farra com prostitutas... e ainda pretendo fazer isso, antes de seguir viagem. Uma parte minha, a do irmão mais velho, estava certa de que atiraria antes e faria perguntas depois.
— E o que o impede?
— Aquela parte minha, a do homem. Ela se reconheceu em você. — Seus olhos foram encobertos por uma nuvem obscura. — É lancinante, não? A dor de perder a mulher que ama. — Não tinha sido uma pergunta.
Surpreso demais para dizer qualquer coisa, William anuiu.
— Eu me lembro. Mesmo agora, tantos anos depois, a dor de quando Dulce partiu ainda me atormenta. — Christopher colocou as mãos nos bolsos e caminhou um pouco pelo quarto. — Estou indo até uma fazenda entregar um dos meus melhores cavalos, mas decidi quebrar a promessa que fiz à minha irmã, sobre não interferir na vida dela. Maite tentou me convencer de que você não a ama. —
Ele parou de andar e deu uma boa olhada em William, nas roupas amarfanhadas, na barba por fazer. O rosto de Christopher se contorceu de compaixão. E empatia. — Mas ela está enganada. Por isso eu estou aqui me perguntando o que diabos você está fazendo.
William esfregou o rosto. Precisava de uma bebida.
Com muito esforço, conseguiu se levantar e ir aos tropeções até a mesa onde estava o uísque. Serviu dois copos e ofereceu um deles a Christopher, que recusou.
William teve a incômoda sensação de que o cunhado preferia se manter sóbrio quando fosse atirar nele. Não importava.
— Vou dizer o que consegui deduzir até agora. — Christopher se sentou na poltrona, cruzando os braços e esticando as pernas, a cara fechada. — Você foi até a cidade e provocou um escândalo porque queria que Maite o deixasse. O que eu não compreendo é por que fez isso.
E quem compreendia? Ele mesmo já não sabia se entendia.
Estava esgotado. Passava os dias enfiado naquele laboratório; até mesmo seus pacientes ele deixara de visitar. Mergulhara de cabeça em sua pesquisa, na tentativa de parar de pensar em Maite. Funcionava cerca de quatro minutos por dia. As noites, porém, eram um pesadelo. O tempo ocioso fazia seus pensamentos vagarem para a casa dos Uckermann. O álcool o ajudava a se manter longe de lá, mas o preço eram as terríveis ressacas das quais ele já se tornara íntimo.
Desde que Maite o deixara, sentia dificuldade para respirar, para pegar no sono, para pensar com clareza. Encontrava um pouco de alívio no esquecimento fornecido pelo uísque, e mesmo este começava a deixá-lo na mão.
E sua família, sobretudo sua mãe...
— Não me admira que Maite tenha deixado você, William — ela comentara naquele mesmo quarto quando as fofocas chegaram a seus ouvidos. — Não consigo entender onde foi que eu errei. Você sempre foi o mais ajuizado dos meus filhos. Como foi se envolver com aquele tipo de mulher?
— Tendo Maite em casa! — seu pai o recriminara. — Sabia que uma moça como ela não iria tolerar esse comportamento devasso! Você deve ir atrás dela. Deve implorar que o perdoe e depois rezar para que ela volte para esta casa, meu rapaz.
— Eu não vou fazer isso, pai.
Rosália olhara para William em completo horror.
— Quem é você, e o que fez com o meu William? Porque o meu filho jamais se portaria dessa maneira, como um libertino sem escrúpulos, sem se importar se feriria o orgulho e os sentimentos dessa moça. Ou de qualquer pessoa!
— Me perdoe, mãe. — Ele tomara suas mãos e as levara aos lábios. — Sei que não compreende e não posso explicar muito mais além de que Maite e eu não funcionamos juntos.
— Vocês estão casados há poucos dias! — ela insistira. — Como pode ter certeza se funcionam ou não?
Desde então William evitava todos eles. Sua alternativa fora se trancar no quarto. Os móveis não falavam de coisas que ele não queria ouvir. Ao menos até o sexto copo de uísque.
— Você ama Maite — a voz de Christopher o tirou da abstração.
O rosto dela surgiu atrás de suas pálpebras, sorrindo com aquelas encantadoras covinhas.
— Realmente amo, Christopher.
— O que aconteceu? — insistiu em tom sombrio.
William esfregou o peito para tentar se livrar da dor. Quando não funcionou, tomou um gole de uísque e foi se sentar aos pés da cama.
Ele a ferira. Atiçara Maite até que ela pedisse a anulação. Estava feito. Ele a libertara. Uma parte dele estava feliz com isso. Mas havia a outra, lutando para se libertar feito um animal enjaulado e enraivecido, que exigia que fosse atrás dela. Que gritasse que ele havia feito tudo por ela. Que bebera, jogara, permitira que prostitutas se esfregassem nele e que isso o matara por dentro. Queria ir até Maite e dizer que comprara aquele colar para ela dias antes, um símbolo do recomeço, um marco da vida feliz que planejara ter com ela. Queria explicar que não pôde subir para o quarto com uma das moças da srta. Anne Marie, que mal tolerara que elas o tocassem sobre as roupas. Que se atracara aos socos com aquele sujeito porque fora a única maneira que encontrara de todos acreditarem que ele não respeitava os votos sagrados do matrimônio. William queria que a fofoca se alastrasse. Tudo não passara de uma encenação para que, quando Maite o abandonasse, as pessoas tomassem o partido dela.
Ela não merecia ser condenada por amar. Ninguém deveria condená-la.
Nem mesmo ele. Mas a equação não fechava. Eram três naquela história.
Alguém acabaria sofrendo as consequências do arranjo infeliz que era seu casamento.
— Você deduziu grande parte — acabou dizendo. — Eu estava libertando Maite do nosso compromisso sem que isso manchasse sua reputação. Ou manchasse o mínimo possível. — Fez uma careta, desgostoso. — Fui até o bordel e fiz todos acreditarem que eu não passo de um libertino. Inclusive Maite. Bebi e arrumei briga com um sujeito que estava roubando nas cartas, mas não me envolvi com nenhuma cortesã. Tem minha palavra.
— E por que fez isso?
— Porque ela nunca teve escolha. — Abriu a boca para contar sobre o amor de Maite e Alexander. Mas Christopher já sabia, não? Tinha ido atrás deles anos antes. — Ela não queria este casamento. Você sabe tão bem quanto eu que ela não queria.
Eu tinha que libertá-la. Não posso ser a causa da tristeza dela.
Christopher arqueou as sobrancelhas, porém pareceu mais amistoso, como se William tivesse dito a coisa certa.
— Sabe, William, estou ficando cansado disso. Toda vez que quero esganá-lo, você tem uma boa explicação que me impede. É um bocado frustrante.
— Acredite quando digo que discordo.
Seu cunhado se levantou e andou pelo quarto, parecendo perdido em pensamentos.
— Então vai levar a anulação adiante.
William correu os dedos pelo cabelo, frustrado. Desesperado. Impotente.
— É o que Maite quer, não é?
Christopher o observou por sobre o ombro por um longo instante antes de dizer:
— É o que ela diz, mas não estou certo se é o que ela quer. Você não devia estar certo disso também. Talvez ainda exista uma chance para vocês dois.
— O quê? Ela lhe disse isso?
— Até mais, William. — Ele abriu a porta e saiu.
— Christopher! Espere... Caralho! — resmungou ao tropeçar em sua maleta. — O que quer dizer com isso? Christopher, volte aqui! — gritou para as costas do cunhado.
— Mantenha-se longe do uísque — falou, sem se deter, até sumir de vista.
William tentou ir atrás dele, mas acabou trombando com o batente. Sim, talvez devesse ouvir o conselho e manter distância do álcool.
Mas o que Christopher estava sugerindo? Que Maite não queria a anulação?
Não, não era possível. Não depois de tudo o que ele fez. Ou o que fizera as pessoas acreditarem que fez. Seu cérebro encharcado de bebida devia ter perdido alguma coisa. Não havia a menor possibilidade de Maite desistir da anulação.
Ou será que havia?
Autor(a): Fer Linhares
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 32
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poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41
Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!
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poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41
Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!
Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35
Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)
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tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23
continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni
Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23
Continuando linda, bjss ;)
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poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37
Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa
Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07
Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)
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poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45
Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa
Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44
Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)
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poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45
Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa
Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06
Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)
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poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50
Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa
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poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08
Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa
Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59
Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)
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poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46
Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)
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poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10
Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa
Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21
Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)