Fanfics Brasil - Capítulo 5 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 5

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Não era comum William se distrair tão facilmente. Desde pequeno ele prestava atenção a quem quer que estivesse falando, mesmo que a conversa não fosse com ele. Isso o ajudara no período em que cursou a escola de medicina, sobretudo nas aulas de patologia. Naquela noite, no entanto, ele estava tão concentrado quanto um filhote de cachorro. E a culpa era da jovem dançando no centro do salão, balançando lentamente, feito um sino, as saias do vestido branco.
A sensação na cabeça de William era semelhante. Sinetas estridentes repicavam tão alto por seus pensamentos que ele não conseguia se concentrar em nada.
— William! Está me ouvindo? — perguntou Alberto Almeida.
— Humm? — Obrigando-se a olhar para o rosto fino do homem que lhe ajudara a conseguir o diploma, William levou a taça à boca, esperando que o álcool o ajudasse a recobrar a concentração. A ironia não lhe passou despercebida. — Perdoe-me, Almeida. Eu me distraí. Onde estávamos?
— Falando de Bassi. O que descobriu sobre os tais micro-organismos? Acha que essas entidades realmente são a causa da doença das lagartas? Bassi conseguiu convencê-lo?
— Estou absolutamente convencido, doutor. Trouxe uma cópia da
publicação para que o senhor a compreenda melhor. Mal posso esperar para lhe
mostrar tudo o que vi e aprendi. É realmente maravilhoso. E adianto que deve se
preparar. A medicina que nós conhecemos está prestes a ser superada.
— Meu querido William, sinto que este velho coração precisará de tempo para receber tal notícia. Ele quase não suportou o seu regresso.
Almeida não mudara nada nos últimos dois anos, exceto, talvez, que o número de fios em sua cabeça tenha diminuído um pouco.
Assim que ele e Maite pisaram no salão, quase trombaram com o mentor de William. A princípio, o homem lançara para a jovem um olhar que era puro espanto. O bom doutor não o reconhecera de imediato. Devia ter pensado só Deus sabe o que ao flagrar a noiva do pupilo deixando o balcão de braços dados com um cavalheiro. Então ela sorrira para Almeida, exibindo as adoráveis covinhas em sua bochecha — embora o sorriso não chegasse àqueles olhos, os mais azuis que William já tinha visto. Alberto voltara sua atenção para William imediatamente. O rapaz assistira o reconhecimento se assentar aos poucos na expressão do homem.
Só podia ser culpa do cabelo. Muitas tarefas acabaram por tomar quase todo o seu tempo, e sua vaidade fora esquecida. Um pequeno preço a pagar, ponderou, diante de tudo o que havia conseguido na Europa.
— Meus olhos e o sorriso de sua noiva afirmam que você está aqui — dissera Almeida —, mas não sei se posso confiar em nenhum dos dois
— Seus olhos estão funcionando tão bem quanto deveriam, meu amigo.
Eles se cumprimentaram de maneira entusiasmada, como os dois velhos amigos que eram, trocando tapinhas nas costas e partilhando uma risada de alegria que atraíra olhares um tanto reprovadores, mas que William decidira ignorar. Alberto também.
Almeida sempre fora muito presente na vida do rapaz, mesmo quando esteve na Europa. William escrevia a seu tutor com frequência, atualizando-o sobre seus avanços na Itália, pedindo conselhos quando sentia que não progredia e o desânimo o compelia a desistir, ou apenas relatando a saudade de casa. Nunca
mencionava sua noiva, claro. Mas sempre esperava por notícias dela nas cartas do amigo. Não que se preocupasse com Maite. Apenas... ficava curioso, dizia a si mesmo. Por sorte, seu mentor nunca o decepcionava.
Depois dos cumprimentos, Almeida disparara tantas perguntas sem nem ao menos tomar fôlego que William chegara a ficar tonto. O mentor queria saber sobre sua saúde, quando chegara ao Brasil, se a viagem tinha sido tranquila, em quais portos ancoraram, como encontrara o clima na Europa e tantas outras questões que mesmo Maite, que até então mantivera a máscara de noiva feliz, sorrira de verdade.
— Vou lhe contar tudo, doutor. — William prometera ao homem mais velho.
— Mas antes acho melhor pegar uma bebida para o senhor.
— Por Deus, me desculpe se pareço surpreso demais. É que eu realmente estou surpreso demais. — Ele rira. — Mal posso acreditar que esteja aqui, William.
Por que não avisou que estava voltando?
— Eu escrevi, mas...
— Srta. Maite? — alguém chamara.
Um rapaz alto, de rosto bronzeado, cabelos fartos e roupas caras, exibia os dentes feito um cavalo para ela. William não tinha ideia de quem era, mas não gostara do sujeito.
— Nossa dança, lembra-se? — Foi tudo o que proferira ao estender a mão para a jovem.
— Oh, sim. Claro, sr. Matias. E permita-me lhe apresentar meu noivo, o dr. William Levy, que acaba de voltar de viagem, para minha eterna... alegria.
William não deixara de notar a ironia distorcendo a voz da noiva, mas aparentemente fora o único. E se vira obrigado a trocar um breve cumprimento com o recém-chegado sorridente.
Soltando o braço de William, Maite levara a mão enluvada à do ansioso Matias.
Ela devia ter notado que a situação não agradara a William, pois dissera, com uma petulância disfarçada de amabilidade:
— Já estava prometida.
— Quantas mais você prometeu? — William exigira.
— Nenhuma. Esta é a última. — As sobrancelhas de Maite se abaixaram, e, se estivessem sozinhos, Willam não teve dúvidas de que ela teria feito algum comentário sarcástico.
— Pois não prometa mais nenhuma. Serão todas minhas.
Os olhos dela se estreitaram imperceptivelmente em direção a ele.
— Está ordenando ou pedindo, doutor?
Ah. Não precisavam estar sozinhos, afinal, pensara, reprimindo um sorriso.
— Pedindo. É claro.
— Pois bem. — Com um gracioso cumprimento a ele e a Almeida, ela permitira que o jovem ansioso a conduzisse para o coração do salão.
— Quem é esse sujeito? — William se voltara para Alberto.
— Ah, é o sr. Diógenes Matias. Creio que se lembra dele. Ele trabalhava na confeitaria. Mas já tem uns dois anos que mudou sua posição social. Um parente deixou-lhe uma grande herança. O rapaz sempre teve excelente educação. E é frequentemente convidado para jantar na casa de lady Romanov. O que,
acredito, facilitou seu acesso à alta sociedade. — Alberto pousara a mão em seu ombro. — Precisamos comemorar seu retorno, meu caro.
William concordara, e ficou contente quando um garçom passou com uma bandeja repleta de taças. Teria preferido conhaque a vinho, mas não reclamou e brindou com seu velho tutor.
Então, ele contara a Almeida tudo de que tinha conseguido se lembrar em um primeiro momento, mas seu olhar começara a vagar constantemente para a jovem de vestido branco valsando no salão, como acontecia agora.
Ela ainda flutua, Wlliam pensou, ao ver Maite rodopiar.
Guardara secretamente a esperança de que ela tivesse padecido de alguma doença desfigurativa — uma que não colocasse sua vida em risco, claro — que talvez a tivesse deixado só um pouquinho menos bonita. Mas, por todos os infernos, ela estava ainda mais linda do que se lembrava.
De certa maneira, William havia passado todos aqueles anos na Europa se preparando para reencontrá-la. Sua beleza mexera com ele antes. Seria inteligente imaginar que ela voltaria a despertar seu desejo. No entanto, nada — absolutamente nada! — poderia ter preparado o rapaz para o que encontrou.
Quando entrara no salão, os olhos dele imediatamente foram atraídos para a jovem, como se ela fosse um ímã, e sentira aquele aperto no peito como se olhasse para algo sagrado. Maite continuava linda a ponto de comovê-lo. Ela não parecia pertencer àquele plano. Ninguém com aquela aparência poderia.
Então, ele a observara por um longo tempo antes que ela o notasse. Não fora a saudade, dissera a si mesmo, mas a surpresa que o fizera acompanhá-la com os olhos por mais de dez minutos. Mesmo àquela distância, ele fora capaz de apontar cada uma das pequenas mudanças que ocorreram em sua ausência.
Maite estava mais curvilínea, tinha o rosto mais fino e um olhar mais duro do que ele se lembrava. Também havia certa melancolia em seu semblante em vez de alegria. Em vez de essa constatação satisfazer o orgulho ferido de William, apenas o entristeceu. A primeira visão daquelas adoráveis covinhas, no entanto, lhe trouxera calor ao peito. Seria uma pena se elas tivessem desaparecido. Os fios
negros que um dia o hipnotizaram continuavam a reluzir como veludo. A boca ainda era pequena e cheia.
Não era de espantar que Prachedes se pavoneasse perto dela.
Quando William a seguira até o balcão, pretendia apenas anunciar sua presença e observar a reação dela. Fora muito pretensioso, porém, e quase a fizera desmaiar. Como punição, teve de passar pelo tormento de tê-la nos braços por muito mais tempo do que poderia tolerar. Por muito menos tempo do que poderia suportar. Estar tão próximo dela trouxera lembranças da última vez que estiveram assim tão juntos, no quarto de Maite, com os cabelos negros lhe caindo graciosamente sobre os ombros e os olhos azuis enganosamente doces o encarando. Aquela imagem ainda o perseguia em sonhos. E mesmo neles William
não conseguia alcançá-la. Ela sempre esteve e sempre estaria fora de seu alcance. Não fora isso que ela dera a entender naquela noite, três anos antes, enquanto lhe estilhaçara o coração e zombara de seus sentimentos?
Ao deixar a casa de Almeida, não tinha ocorrido a William dar a Maite uma chance de colocar um ponto-final no noivado. Mas algo no semblante dela o forçara a oferecer uma saída. O rapaz nutrira a esperança de que ela o impedisse de seguir adiante com aquela loucura. Mas Maite era teimosa o bastante para não recuar. E, com isso, não restara a ele nenhuma alternativa além de casar-se com ela e depois se afastar.
Não mentiria dizendo que não ficou ofendido ao ver o alívio estampar o rosto dela quando contou que viveriam separados. A presença de Maite, depois de tanto tempo longe, devia estar afetando seus miolos, poisWiliam estava muito ciente de que aquele casamento seria marcado por tudo, exceto sentimentos. E
era melhor assim, pois, mesmo que a beleza dela o estivesse confundindo agora, o coração do rapaz estava a salvo. Totalmente a salvo.
— ... uma palavra do que eu acabei de dizer, ouviu? — era a voz de Almeida, penetrando seus pensamentos.
William se obrigou a tirar os olhos de Maite e encarar o amigo.
— Perdoe-me, Almeida. Não ouvi. Acho que estou mais cansado do que me dei conta.
— Não precisa fingir para mim. Eu sei que o que está lhe distraindo dessa maneira está bem ali. — Indicou a fileira de casais no centro da sala.
— William? — alguém chamou.
Ao se virar, ele se viu diante da bela Letícia.
— Como vai, sra. Almeida? — Cruzou os braços nas costas e a cumprimentou com elegância.
No instante seguinte, ela apertava os braços ao redor de Lucas.
— Meu querido! Ah, que alegria poder abraçá-lo outra vez! Por que não nos escreveu para avisar que estava chegando? Alberto, por que não mandou me chamar assim que o viu?
— Mas eu acabei de encontrá-lo, querida!
Ela se acalmou quando William confirmou o ocorrido, mas lhe fez tantas perguntas quanto o marido. William se esforçou para responder a todas elas, mas percebeu que os olhos dela se tornaram vagos enquanto o ouvia.
— Perdão. — Ele riu. — Estou entediando a senhora.
— Oh, não. Me perdoe, querido. — Ela piscou, enrubescendo. — É que você
está tão bonito! Sempre o achei um cavalheiro muito atraente, mas você está diferente. Tão adulto!
— Creio que seja a palavra correta para me descrever, sra. Almeida. Eu me sinto muito adulto.
Depois de sua passagem pelo Ospedale Maggiore di Lodi, William endurecera. As pragas, ferimentos e desmembramentos que vira naquele hospital faziam seu estômago, geralmente forte, embrulhar. Mas não podia reclamar. Além de ter juntado uma boa fortuna, adquirira uma experiência que, aos vinte e cinco anos, jamais teria conseguido se continuasse a fazer atendimentos domiciliares, como acontecia antes de ir para a Europa.
— Está com fome? — Letícia perguntou, sem realmente esperar uma resposta. — É claro que está. Vou pegar um prato para você.
— Não se incomode, senhora. Eu terei de deixá-la agora, pois minha noiva me prometeu a próxima dança.
— Oh, sim! — Levou a mão enluvada ao rosto. — Maite deve estar felicíssima com o seu regresso.
Analisando a careta que a noiva fez ao vê-lo atravessar o salão e encurtar a distância entre eles,William pensou que felicíssima não era exatamente a palavra para descrever Maite naquele momento.
— Não parece tão entusiasmada com a dança — ele a provocou.
— Na verdade, não estou entusiasmada com o parceiro.
William tentou, mas não conseguiu esconder o aborrecimento.
— Que tal fazermos um acordo, Maite? A partir de agora e durante o restante desta noite, esqueceremos nossas desavenças e mágoas. E pela manhã você pode voltar a me desprezar.
— Mas eu não... — Ela se deteve. A respiração dele também. Depois de abrir e fechar a boca algumas vezes, Maite pareceu encontrar as palavras que procurava. — ... posso esperar pela manhã. Seria tempo demais.
— Está bem. — William abriu um sorriso cínico, enquanto se amaldiçoava pela estupidez. Nunca poderia baixar a guarda perto dela. Quando iria aprender?
— Pode me desprezar assim que o baile terminar. Que tal?
— Parece mais tolerável.
Pousando a mão naquela cintura fina, William a trouxe para mais perto — até não restar nenhum espaço entre eles — e encarou aqueles lindos e assustados olhos turquesa.
— Agora me permita amenizar um falatório criando outro mais interessante. — E começou a valsar. 



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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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