Fanfics Brasil - Capítulo 50 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 50

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Eu realmente não esperava que ele me beijasse. Estávamos discutindo segundos antes! Não sei ao certo como fui capaz de perceber a mudança em William em meio à ira que me dominava, mas o fato é que eu notei, por exemplo, que a névoa deixou seu olhar e no lugar dela surgiu uma faísca quente. Também percebi que seus ombros pareciam mais eretos e que seu queixo esculpido à perfeição estava trincado, como se ele tivesse acabado de tomar uma grande decisão.


Quando me dei conta de qual era essa resolução, já era tarde demais, e sua boca buscava a minha, meu corpo cativo em seus braços.


Lutei contra ele. Mas não da maneira que se esperaria. Eu devia tê-lo empurrado, socado, chutado, como havia feito com Alexander. Mas algo dentro de mim queria outro conflito. Um confronto mais carnal. Então eu correspondi ao beijo com violência, cravando as unhas em seus ombros para impedi-lo de se afastar, empurrando-o contra a porta. Eu era movida pela rejeição, pela raiva, pela mágoa de saber que ele havia entregado seu corpo a outra.


Em vez de tentar resistir, William aceitou o desafio, correspondendo da mesma maneira selvagem. Nenhum beijo jamais foi como aquele, tão cheio de paixão, despido de reservas e subterfúgios. Era aflito, urgente, lascivo.


O tecido macio de sua camisa era fino a ponto de eu sentir cada detalhe de seu peito, seu calor quase incendiário sapecar minha pele. Mas não queimava o suficiente, então levei os dedos aos botões da camisa e abri um deles. Ainda me recordava da visão que tivera daquele tórax em nossa noite de núpcias. Eu queria vê-lo por inteiro, sem nada para atrapalhar. Estava prestes a abrir o segundo botão quando suas mãos envolveram meus pulsos, me contendo.


Recuei de imediato, o coração ameaçando explodir. No entanto, ele não me deixou ir longe, mantendo minhas mãos unidas sobre seu coração — que batia ensandecido.


— Eu me encontro no limite, Maite. — A tortura dominava seu rosto, como naquela vez na carruagem, a caminho da casa dos Bastos. — Se continuar a me tocar por mais um minuto, eu a jogarei naquela cama e farei amor com você até o sol nascer. — Levou uma de minhas mãos aos lábios, beijando cada um de meus dedos. — E, se isso acontecer, você perderá a chance de pedir a anulação.


Eu podia entender isso. Não naquele momento, certamente, mas podia compreender. William estava me dando a chance de sair daquele relacionamento e ganhar a liberdade.


Algo em minha mente chacoalhou, embrenhando-se por meu cérebro.


“Que liberdade?”, eu tinha perguntado a William na manhã seguinte ao baile dos Bastos. Após ele ter passado a noite em um bordel e arrumado confusão com um dos clientes por causa de cortesãs.


“A sua”, ele respondera. “É uma mulher livre! Meus cumprimentos, madame.”


E se...


E se ele tivesse feito de propósito? E se ele tivesse ido até aquele bordel por saber que, assim que descobrisse, eu o abandonaria? Ele tinha me visto nos braços de outro. Um homem que ele achava que eu amei um dia.


E se William pensou que eu ainda amasse? E se tivesse criado um escândalo para que eu pudesse sair daquele casamento sem manchar minha reputação? E se tudo o que ele fizera tivesse o intuito de me libertar do nosso compromisso, para que eu pudesse ir atrás de meu suposto grande amor?


Olhei para William.


— Você não esteve com aquelas prostitutas. — Não foi uma pergunta.


Pesar, arrependimento, dor. Seus olhos refletiram tudo isso.


— Não.


— Por qu... — Minha voz falhou. Clareei a garganta. — Por que me fez acreditar que esteve?


Ele fechou os olhos, a cabeça pendendo para trás até colidir contra a porta.


— Foi a única maneira que eu encontrei de deixá-la livre, Maite.


— Por quê?


Meu coração gritou uma resposta realmente estúpida. Mas não podia ser isso. William não me amava mais. Tinha deixado claro que tudo o que sentia por mim era atração. Mas por quê, então, teria tido tanto trabalho em enlamear o próprio nome apenas para salvar o meu?


A única resposta que parecia fazer algum sentido era... o grito do meu coração.


Ele endireitou a cabeça e fixou os olhos em mim, profundos e intensos como eu jamais os vira.


— Porque eu a amo, Maite — disse, em completo desalento.


— M-me ama? — Prendi o fôlego.


— Nunca deixei de amar. Eu não dormi com prostituta alguma. Eu não conseguiria ir para a cama com outra mulher, Maite. Fui até aquele bordel disposto a criar um escândalo que pudesse justificar a anulação do nosso casamento. Depois de vê-la nos braços daquele... — Uma sombra escura ameaçou dominar seu olhar, mas ele a combateu com muito esforço. — Enfim, pensei que fosse o que você queria. Eu não lhe deixei escolha antes. Três anos atrás, eu teimosamente mantive o noivado porque estava com raiva e muito ferido. Pensei que casar comigo seria uma boa maneira de castigá-la por ter partido meu coração.


Então eu estivera certa o tempo todo. Ele tinha mantido o noivado por vingança.


No entanto, ele continuou falando.


— Mas o tempo se encarregou de me mostrar que eu havia cometido um erro. Vê-la todos os dias, estar tão perto de você, só me fez enxergar que, por mais que eu tenha me esforçado, nunca consegui deixar de amá-la. E foi por isso que eu fui até aquele maldito prostíbulo na semana passada. Tudo o que eu queria era lhe dar a escolha que eu não dei três anos antes. Ouça-me, Maite. — Ele tomou meu rosto entre as mãos. — Não posso impedi-la de sair desta casa, nem da minha vida, se for o que deseja. Mas não posso mais fingir. Não posso mais ocultar o que eu sinto. Eu preciso dizer que desde o primeiro instante, desde que nossos olhares se encontraram quando nos conhecemos, não houve um único dia em que eu não pensasse em você. Em que eu não a amasse.


Eu não devia ter apertado tanto o espartilho naquela manhã. O ar não estava entrando em meus pulmões!


— Mesmo quando estive em outro continente e tudo o que eu queria era esquecê-la, não consegui deixar de amar você. — Abriu um sorriso desamparado. — Não sou capaz, Maite. Você está dentro de mim, e é impossível tirá-la daqui sem que eu morra. Não consegui na época e não sou capaz agora.


— Seus polegares roçaram de leve minhas bochechas, demorando-se um pouco mais em minhas covinhas. — Desde que a conheci, eu sinto o mundo com muita intensidade. Você me faz sentir o mais sortudo dos homens ou o mais miserável deles. Extremamente vivo ou excepcionalmente ferido. Contentíssimo ou imensamente infeliz. Desde você, tudo é superlativo.


Eu não conseguia falar. Suas palavras e seu olhar me lançaram em uma espiral vertiginosa de sentimentos, até eu não conseguir identificar o que sentia.


Alívio, alegria, mas dor e remorso também. Meu corpo todo pulsava no mesmo ritmo do meu coração.


— Eu jurei a mim mesmo — continuou, aqueles lindos olhos agora escuros com a intensidade das emoções atraídos para os meus — que faria tudo o que estivesse ao meu alcance para você ser feliz. Mesmo que eu não faça parte dessa felicidade. Se Alexander for o que você quer, então eu sairei do caminho. Se você for viver sozinha, juro que não a importunarei. Mas, se existir uma chance,


Maite... qualquer chance, mesmo que ínfima... de que eu possa reconquistar sua afeição, por favor, me diga.


Soltando meu rosto, William pegou minhas mãos e as pressionou contra o peito, no ponto exato de seu coração urgente.


— Juro por minha honra que aceitarei sua decisão, seja ela qual for. Apenas me diga se é capaz de me perdoar por todas as vezes que eu a magoei. Se acredita que pode vir a me amar um dia ou se seu coração está perdido para mim para sempre.


Foi demais. As lágrimas vieram em um fluxo tão intenso que não houve nada que eu pudesse fazer para detê-las.


— Não! Não, Maite. Não chore. — O mais puro horror lhe dominou as feições. — Vê-la chorar é uma tortura. Me dói. Bem aqui. — Apertou ainda mais minhas mãos contra seu peito. — Não chore, por favor.


Mas eu não conseguia parar. Todos aqueles sentimentos agitados dentro de mim, colidindo e se misturando, explodindo em minha cabeça. Eu o machucara profundamente, e ainda assim ele continuou a me amar. Eu tinha tentado protegê-lo da dor, e tudo que consegui foi fazer com que doesse mais. Eu tinha quebrado a alma daquele homem três anos antes. Eu o machucara além do suportável, do admissível, e ainda assim seu amor sobrevivera, se mantivera constante.


Meu Deus, o que eu tinha feito a nós dois?


— Não chore. — Ele colou a testa na minha e fechou os olhos. Seu rosto contorcido em agonia. — Por favor, Maite — murmurou, beijando minha pálpebra. — Por favor. Por favor... — Ele alternava beijos ternos e súplicas sussurradas. — Por favor — falou baixinho, contra o cantinho da minha boca. —


Por favor, não chore assim.


— Me p-perdoe, William. M-me perdoe! — Foi tudo o que consegui gaguejar.


Havia tanta coisa a ser dita, tanto a ser explicado, mas naquele momento eu temi que palavras pudessem estragar tudo.


Eu não sabia o que aconteceria no dia seguinte. Tanta mágoa, tantos desentendimentos deixaram cicatrizes em nós dois. Ainda havia muitas feridas abertas. Mas o amanhã parecia tão distante... Tudo o que eu desejava era permanecer naquele instante infinito, nos braços dele, sendo abraçada por ele, beijada por ele. Amada por ele.


Foi por isso que, em meu desespero, eu busquei sua boca, sem qualquer inibição, dúvida ou reserva. William ficou parado, os olhos muitos abertos, como se não soubesse o que fazer. Porém, sua hesitação durou apenas um instante. Seus olhos se fecharam, os braços cingindo minha cintura lentamente. Abaixei as pálpebras também conforme me perdia no calor dele, na intensidade do momento. Aos poucos o beijo foi evoluindo de uma carícia inocente para uma espécie de dança sensual que me fez enredar os dedos em seu cabelo e puxá-lo para mim, porque parecia que eu nunca conseguiria ficar perto o bastante.


Não demorou para que eu estivesse sem ar, mas sua boca permaneceu em meu rosto, traçando a linha do meu maxilar, subindo para a orelha. Eu me contorci quando ele capturou o lóbulo sensível entre os dentes. E pensei que fosse desmaiar assim que começou a descer pelo meu pescoço, mordiscando a curva em meu ombro enquanto suas mãos desciam para meus seios.


Mas então ele me afastou de súbito, arfando, os olhos faiscando em vermelho.


— Não posso fazer isso. Eu não posso seduzi-la agora. Você vai me odiar amanhã! Não posso perder essa segunda chance de fazer a coisa certa. — Correu as mãos pelo cabelo, unindo os dedos na nuca, no rosto o mais completo desespero.


E ele tinha razão. A vida... o destino... o que quer que fosse, nos dava uma segunda chance. E desta vez eu iria fazer a coisa certa!


Afastei-me de William apenas alguns passos, ficando de frente para a cama e de costas para ele.


— Maite, eu... — Sua voz morreu quando levei as mãos às costas. — O que está fazendo?


Abri o primeiro botão do vestido e, por sobre o ombro, olhei para seu rosto perplexo.


— Estou tomando as rédeas da minha vida, William.


Um a um, com os dedos trêmulos, libertei os botões de suas casas. Ouvi William prender a respiração quando todos estavam abertos e eu abaixei a parte superior do traje. Tive alguma dificuldade para soltar os laços das anáguas em minha cintura, mas, quando consegui, o tecido se amontoou a meus pés. O vestido também foi ao chão. Dei um passo para o lado, saindo daquele pequeno vulcão de tecido turquesa, e comecei a desfazer o penteado, as mechas caindo em ondas sobre meus ombros, as pontas balançando na base da minha coluna.


Tomei fôlego uma vez. E mais outra. O medo do desconhecido me sacudia por dentro e por fora, mas naquele instante eu estava resolvida a não me deixar dominar por ele. Não mais.


Inspirei fundo, pronta para me virar, quando ouvi o farfalhar das roupas de William conforme ele atravessava o quarto e parava atrás de mim.


Em algum lugar no fundo de minha mente, percebi que, apesar de estarmos em outro cenário, já havíamos vivido aquela cena três anos antes, na noite em que nosso relacionamento se perdera. Era como se tivéssemos voltado no tempo, uma nova chance se desenrolando a nossa frente feito um tapete tecido com novas escolhas.


— Eu sonhei com você assim, como está agora, tantas vezes. — Sua voz estava embargada. — E mais ainda foram as vezes que eu desejei poder permanecer ali com você, nos sonhos. Mas, sempre que eu ia tocá-la, acabava despertando.


Foi nesse instante que meu medo recuou, até não restar nada além de um eco fraco. Eu me virei para ele, buscando seus olhos. Revelavam paixão e calor, mas dor também.


— Você não está sonhando agora — sussurrei.


— Receio estar. — Franziu a testa. — Temo que, assim que eu a tocar, vou acordar e você terá ido embora.


Estendi o braço e segurei sua mão, guiando-a até meu rosto. Ele trincou o maxilar, as sobrancelhas unidas, como se esperasse pelo pior.


— Eu ainda estou aqui, William. — Inclinei a cabeça em direção a sua palma quente.


Ele encaixou a mão livre no outro lado do meu rosto e me olhou, deslumbrado.


— Sim. Você está.


Então chegou mais perto, curvando-se até seu rosto pairar a centímetros do meu, sua respiração se misturar à minha. Elevei o rosto para o dele, fechando os olhos. Quando o beijo veio, foi delicado, profundo e doce, como entrar em uma banheira de água morna depois de um dia fatigante, como chegar em casa depois de uma longa viagem. Eu poderia viver cem anos — cem vidas —, e jamais esqueceria aquele beijo. Como poderia, se cada movimento imprimia uma marca indelével em minha alma?


Espalmei as mãos no peito dele; meus dedos curiosos desbravaram a musculatura firme sob a camisa, tocando tudo o que podia, trabalhando nos botões na frente de sua camisa. Quando estava totalmente aberta, William envolveu minha cintura, puxando-me para si. Sua pele febril e os pelos em seu peito arranhavam de forma prazerosa a pele do meu colo. Meus dedos brincaram com as mechas sedosas, e, enquanto eu o descobria, William trabalhava em meu espartilho, sem jamais deixar de me beijar. Ele foi hábil, soltando as tiras e abrindo a peça em menos de um minuto.


Quando tudo o que restou entre sua pele e a minha foi a chemise de alças, ele interrompeu o beijo para passá-la por cima de minha cabeça. Com um puxão firme, desfez o nó que prendia meu culote à cintura e empurrou o tecido para baixo; as meias e as ligas ganharam o mesmo tratamento. Dando um passo para trás, ele me observou com o olhar em chamas. Eu devia ter me escondido, devia sentir vergonha da minha nudez. Mas o que vi em seu olhar não permitiu que o constrangimento chegasse à superfície. Não consegui encontrar nenhum traço de embaraço dentro de mim. Eu queria que ele me visse como eu era, sem qualquer artifício.


Suas íris se inflamavam conforme absorviam minhas curvas, cada detalhe de mim. Minha pele se arrepiou em resposta, ao passo que meu estômago deu uma cambalhota. Seus dedos trabalharam nos botões de sua calça. Eu quis admirá-lo também, conhecer seu corpo, mas não pude, porque, enquanto ele tirava as próprias roupas, manteve os olhos nos meus e algo realmente intenso acontecia entre nós.


— Eu estou aqui — disse ele, com a voz rouca, quando mais nada lhe cobria a pele —, diante de você, despido de qualquer disfarce, orgulho ou artifício, incapaz de esconder o quanto eu a desejo. E, se me permitir, gostaria de mostrar como eu a amo.


Nós nos encaramos por um instante interminável. Meu coração batia ensandecido, e um nó na garganta não me permitiu responder. Eu estava despida, mas não de tudo. Ainda escondia de William coisas importantes. Eu devia ter interrompido aquela loucura e contado a verdade. Devia. Mas não pude. Então, concordei com a cabeça.


Algo chispou em seus olhos. Uma emoção tão forte que me arrepiou por inteiro. No instante seguinte William se colava a mim, me beijando com paixão, e não demorou para que minha cabeça estivesse girando. Era pele demais, calor demais. Eu precisava vê-lo. Ter as imagens em minha cabeça daquele corpo pressionado contra o meu. Comecei a explorá-lo com a ponta dos dedos, admirando cada pedacinho que podia; os ombros generosos e firmes, os braços rijos e musculosos na medida certa, a penugem que lhe recobria o peito, os miúdos mamilos, a barriga achatada com aquela trilha de pelos castanhos que terminava em um ninho em sua virilha, de onde um imenso...


Oh, minha nossa! Aquilo não podia estar certo.


Quer dizer, eu já tinha visto estátuas que exaltavam a beleza do corpo humano, e nelas as coisas eram... bem... diminutas. Dulce dissera que algumas partes do homem se expandem quando estão excitadas, mas não imaginei que pudessem atingir proporções tão... que pudessem se alongar a ponto de... que fossem tão... superlativas!


Eu estava prestes tirar as mãos do corpo dele, mas então um gemido grave reverberou por aquele tórax largo, provocando um arrepio violento que começou em minha coluna e culminou em minha nuca. E esqueci meus receios.


Não sei ao certo como acabamos na cama — acho que ele nos deitou nela —, e mesmo então ele continuou a me beijar como se disso dependesse sua vida.


Suas mãos se moveram timidamente, acariciando minha cintura. E então deram início a uma exploração audaciosa que me fez contorcer sob ele, arfando, tremendo, perdida em todas aquelas sensações novas e intensas. E isso foi antes de ele começar a me explorar com a boca.


William rolou para cima de mim, separando minhas coxas com os joelhos. Eu me retesei, no entanto tudo o que ele fez foi continuar a beijar meu pescoço, morder de leve minha clavícula, a língua quente e úmida provocando um mamilo, o umbigo, seus dedos subindo pela minha coxa até encontrar o cerne latejante e, oh... as coisas que ele fez ali!


Voltando a se esticar sobre mim, tomou meu rosto entre as mãos e me beijou, tão profunda e intensamente que eu me senti dissolver naquele beijo.


Então, aquela parte dele que tanto me assustara pressionou o núcleo da minha agonia e foi abrindo caminho para dentro de mim. Prendi o fôlego diante da invasão.


William ergueu a cabeça e me encarou. Parecia alarmado, maravilhado e algo mais que não tive tempo de descobrir, pois a agonia de estar sendo preenchida além do limite me fez gritar.


— Eu sinto muito — suplicou naquele tom enrouquecido. — Não há maneira de poupá-la, mas prometo que logo a dor irá embora.


Assenti, prendendo o fôlego. Com um movimento curto e decidido, ele transpôs a barreira. Eu gritei conforme ele me rasgava ao meio (ou ao menos era o que parecia), cravando as unhas em suas costas.


— Eu sinto muito — ele sussurrou, beijando meu pescoço. — Você não devia sofrer assim. Eu sinto muito, Maite. Gostaria que houvesse outra maneira...


Eu sinto muito. — Ele beijou meu ombro, meu rosto, minha boca, mantendo os quadris muito imóveis, sustentando o próprio peso com os cotovelos.


E então, como ele tinha prometido, a dor começou a ceder. Ainda era incomodo e estranho tê-lo dentro de mim, mas já não me dilacerava. Ele ergueu a cabeça, o maxilar trincado, gotas de suor brotando em sua testa, como se ele estivesse fazendo um tremendo esforço.


— Você está bem? — perguntou, com a voz instável.


— Estou. Nós... acabamos?


William meio gemeu, meio deu risada.


— Mal começamos, Maite. Mas posso parar se você quiser. Posso esperar.


— Eu o esperei por todos esses anos, William. Por favor, não me faça esperar mais.


Ele trouxe o rosto para junto do meu, sua boca a centímetros da minha.


— Nem mais um único segundo. — Ele me beijou. Lenta e profundamente, até minha cabeça girar e eu me esquecer de todo o resto.


Então ele voltou a se mover, bem devagar. De início, doeu um pouco.


Porém logo fui lançada ao centro de uma tormenta onde desejo e prazer se misturavam à ansiedade. Aquilo foi crescendo, me engolindo, cada centímetro de mim se agitava. Eu sentia tudo: os pelos macios do peito dele beijarem a pele delicada dos meus mamilos, seu ventre achatado e contraído roçar em minha barriga agora sensível, suas estocadas lentas, porém profundas, possuírem muito mais que meu corpo.


— William... — comecei, assustada com o que estava sentindo.


— Eu sei. Eu sinto também. — Sua mão grande e quente buscou a minha, os dedos atrelados aos meus, enquanto voltava a me beijar.


Ele intensificou as investidas, indo mais rápido, mais profundamente, até que senti que cheguei ao limite e por um instante maravilhoso o mundo desapareceu.


Mas então aquela explosão que eu havia experimentado na carruagem me atingiu com força, ainda mais intensa dessa vez, sacudindo-me violentamente, conforme cores cintilantes dançavam atrás de minhas pálpebras. Ao longe, ouvi o gemido gutural de William e seu corpo convulsionando sobre o meu. Eu o abracei apertado, confortando-o naquele instante tão sublime e tão vulnerável onde a alma se libertava da matéria.


Agora eu entendia por que chamavam aquilo de fazer amor. E não sei por que tive medo algum dia. O que tínhamos acabado de fazer era belo, precioso, quase sagrado. Dar-se completamente ao outro — tudo o que se tem, tudo o que se é —, despidos de roupas e do mundo.


Seus braços se renderam e ele caiu sobre mim, completamente sem ar, a cabeça enterrada em meu pescoço, os dedos ainda entrelaçados aos meus.


Minha nossa, ele era pesado feito um tronco de árvore.


Percebendo que eu ainda tinha dificuldade para respirar, ele rolou para o lado e me puxou para si. Deitei a cabeça em seu peito, ouvindo seu coração bater forte e descompassado. Eu o beijei ali, então descansei o rosto naqueles pelos macios e fechei os olhos bem apertado, rezando para que aquele sonho nunca terminasse.


— Maite, você está bem? — Ele correu dois dedos pela base da minha coluna, subindo e descendo bem devagar. — Eu a machuquei muito? Por favor, seja franca.


— Estou perfeitamente bem. — Mais do que isso: eu estava em êxtase!


Ouvi William inspirar fundo. Apoiei o queixo em seu esterno e virei a cabeça, sorrindo para ele. O que vi em seu rosto, porém, fez minha alegria vacilar.


— Por que mentiu para mim, Maite?




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Autor(a): Fer Linhares

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— Por quê... por que acha que eu menti para você? — Eu me sentei, puxando o lençol para cobrir minha nudez. Suas sobrancelhas se abaixaram conforme ele se erguia sobre os cotovelos. — Você ainda é virgem. Era virgem — corrigiu, acomodando-se melhor até recostar as costas na cabeceira da imensa cama. — V ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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