Fanfics Brasil - Capítulo 51 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 51

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— Por quê... por que acha que eu menti para você? — Eu me sentei, puxando o lençol para cobrir minha nudez.


Suas sobrancelhas se abaixaram conforme ele se erguia sobre os cotovelos.


— Você ainda é virgem. Era virgem — corrigiu, acomodando-se melhor até recostar as costas na cabeceira da imensa cama. — Você não fugiu com Alexander. Não da maneira como deu a entender.


Ah, porcaria. É claro que ele saberia que eu ainda era virgem se fizéssemos amor. No que eu estava pensando?


— Nunca tive a intenção de enganá-lo, William.


— E mesmo assim enganou. Por quê, Maite?


— Eu lhe disse na época. É um segredo que não me pertence. E eu tinha que proteger... — Mordi o lábio. Deus, como eu o faria entender sem lhe dar toda a verdade? Senti como se tivesse voltado no tempo outra vez. Para aquela fatídica noite em meu quarto.


— Proteger Dulce. Isso eu já entendi.


Eu o encarei, surpresa, e concordei com a cabeça.


— Venha cá, Maite. — Estendeu a mão.


Hesitei. Estar tão perto dele nublava meus pensamentos, e eu precisava tomar muito cuidado com o que diria a seguir. Cautelosa, coloquei a mão na dele e permiti que ele me puxasse para perto até meu rosto ficar a pouca distância do seu.


— Conte-me o que for possível contar — suplicou. — Não vou obrigá-la a quebrar uma promessa, ou seja lá o que a impede de ser franca. Apenas me diga alguma coisa. Qualquer coisa, ou vou acabar enlouquecendo.


— Não posso trair Sofia, William. E temo que, se deixar de lado tudo o que se refere a ela, você não compreenda nada. Ou, pior ainda, pense que eu estou mentindo.


— Prometo que não vou pensar isso. Apenas tente — implorou.


O que ele me pedia parecia justo. Se a situação fosse inversa, eu também teria perdido a cabeça pensando no motivo que o fizera desaparecer no dia seguinte em que pedira minha mão. Mesmo que ele parecesse desolado, ainda que isso estivesse me dilacerando por dentro, não consegui me obrigar a revelar a origem de minha irmã. Por isso, prestando muita atenção a cada palavra, tentei seguir outro caminho. Um caminho que havia muito tempo eu cogitara trilhar.


— Está bem. — Inspirei fundo. E mais uma vez. E outra. Aquela conversa não seria fácil para nenhum de nós. — Eu passei cinco longos e terríveis dias na cidade onde Dulce viveu antes de ela se casar com Christopher. Não menti quanto a isso.


E minha cabeça não funcionava direito, eu me esquecia das coisas. Quando estava lúcida, me perguntava se estava realmente lúcida e...


— Por que sua cabeça não funcionava direito? — Ele endireitou os ombros, o rosto dominado pela preocupação. — Você sofreu um acidente? Bateu com a cabeça? Teve algum desmaio ou sonolência? Alguém a examinou? O que o médico...


— Acalme-se, doutor. — Sorri com tristeza. — Eu estava fisicamente bem. Não sofri nenhum acidente, mas fui examinada por um médico. Ele afirmou que eu estava tendo uma crise nervosa. E tinha razão...


Contei a ele que me senti sozinha e desamparada ao chegar àquele lugar, e que o desespero quase me dominou. E então contei sobre Alexander, que tinha sido um bom amigo e me ajudado quando mais precisei.


— Mas foi só isso! — Apressei-me ao vê-lo enrugar a testa. — Eu juro, William, Alexander jamais agiu de maneira inapropriada até o baile na semana passada.


Embora eu tivesse visto muitas perguntas relampejar em seus olhos, ele as guardou para si, mas não conseguiu esconder a irritação que o nome de


Alexander ainda lhe causava.


— E por que ele não a trouxe para casa? — ele quis saber.


— Porque não era possível. A cidade onde Dulce morava é... de difícil acesso.


— E este lugar onde você esteve... que não se parece com nada que conhece... — tentou.


— É por isso que eu não posso lhe contar tudo, William — adiantei-me antes que ele me pressionasse e a conversa terminasse aos gritos. — Você percebe? Não estamos mais falando de nós dois, mas de Dulce. Esse segredo pertence a ela. Por favor, acredite em mim desta vez.


Um V se formou entre suas sobrancelhas, mas ele não disse nada. Encarei aquilo como um sinal para que eu prosseguisse.


— Também é verdade que o parente dela ficou doente — continuei. — Eu não o conheci, mas Christopher sim. E gostou muito de Rafael. Foi assim que meu irmão conseguiu aquele remédio que salvou a vida de Dulcee que deixou você tão... intrigado. Por isso Christopher foi tão categórico em lhe dizer que era impossível conseguir mais dele. Nem mesmo Dulce sabe como voltar para sua terra natal. Nós tivemos muita sorte em conseguir voltar para casa. E, quando voltamos, nós três tentamos dizer a verdade tanto quanto era possível. Mas você não acreditou.


— Como poderia, Maite? — Soltou uma pesada lufada de ar. — Eu encontrei Christopher na casa da sua tia à sua procura. Nem mesmo seu irmão sabia onde você estava. Ninguém sabia! Tudo o que pude pensar foi que a ideia de se casar comigo era tão repulsiva que você se viu obrigada a fugir.


— Mas eu não fugi! — Quando ele iria acreditar em mim? — Fui curiosa, mexi onde não devia, e por causa disso estou pagando até hoje.


Ele esfregou a testa, como se ela lhe doesse.


— Eu não entendo. O que mexer em alguma coisa tem a ver com o seu sumiço?


— Eu sinto muito. Sei que está confuso, mas não posso explicar muito mais. Se o segredo de Dulce cair em mãos erradas, a vida dela correrá perigo, William. — Desviei os olhos para o lençol. — Por isso não pude explicar o meu desaparecimento naquela época e tampouco posso agora.


— E então mentir para mim pareceu a solução? — Ele até tentou, mas não conseguiu esconder a amargura em suas palavras.


Eu me encolhi, também ferida.


— Você desconfiava que eu tivesse fugido com outro homem. Pensei que, se eu confirmasse, você me rejeitaria e romperia o noivado. Assim eu poderia manter Dulce a salvo. Parecia a única saída. Eu a amo, William, e faria qualquer coisa para protegê-la. Da mesma maneira que ela fez tudo para me proteger quando me perdi no mundo dela. Dulce não pensou duas vezes para ir ao meu socorro, sem qualquer garantia de que conseguiria voltar para Christopher e Marina. Como posso não amá-la? Como posso não fazer tudo o que estiver ao meu alcance para mantê-la em segurança?


Havia compreensão em seu semblante, mas também mágoa e algo mais.


Uma vulnerabilidade que me doeu intensamente.


— E quanto a mim, Maite? — perguntou. — Por que me fez pensar que tinha entregado seu coração a outro homem? Por que me machucar desse jeito?


— Por quê... — Abri o braço, desamparada. — Até a noite em que você partiu para a Itália, nunca tinha falado comigo sobre seus sentimentos. Depois da maneira como pediu minha mão, eu pensei que não tivesse nenhum, que eu me enganara. Mas então você se declarou, e ouvir tudo o que me disse... Oh, William, meu coração quase explodiu de tanta alegria. Tudo o que eu queria era correr para você e dizer as palavras que o fariam se sentir da mesma maneira.


Ele ouvia tudo com o rosto impassível, tão quieto que tive que desviar o olhar.


— Mas eu não podia, William — prossegui. — Não sem trair Dulce. E então eu pensei que a nossa vida seria daquele jeito para sempre, com meias palavras, segredos e esse abismo que cresceu entre nós. Eu iria magoá-lo dia após dia enquanto mantivesse minha lealdade, e não podia suportar isso. Eu o amava demais para permitir que alguém o destruísse, mesmo que essa pessoa fosse eu.


William inspirou fundo. Não ousei olhar para ele quando voltei a falar.


— Por isso eu menti dizendo que eu tinha me apaixonado por outra pessoa. Era o que você acreditava que tinha acontecido. — Passei os braços ao redor do corpo conforme me recordava, com muita exatidão, da dor e desespero que senti naquela noite. — Negar o que eu sentia por você foi uma das coisas mais dolorosas que eu já fiz. Me doeu fisicamente. Eu parti seu coração naquela noite, mas também parti o meu.


Ele permaneceu calado, mas sua mão ainda estava na minha. Se simplesmente não notara ou se aquilo era um sinal de que desta vez ele realmente me dava crédito, eu não sabia.


— Sei que nada pode justificar o que fiz, William. Mas, por favor, não faça mau juízo de mim. Tudo o que eu fiz foi por amor a minha família e a você.


O silêncio recaiu sobre o quarto como um manto pesado e sufocante.


Esperei, com o coração aos pulos, que ele dissesse alguma coisa. Qualquer coisa.


Estava tão tensa que me sobressaltei quando seus dedos tocaram meu queixo, me incitando a olhar para ele.


Depois de hesitar, temendo o que encontraria ali, inspirei fundo e ergui o rosto. Seu olhar era tão sério que me vi prendendo o fôlego. Não fui capaz de adivinhar o que ele estava pensando; seus olhos não devolviam nada. Minha agonia pareceu se prolongar por um século inteiro antes de seus lábios começarem a se mover.


— Se existe uma coisa ainda mais irritante do que o maldito orgulho dos Uckermann — falou ele —, é a lealdade dos Uckermann.


Pisquei, surpresa. Não era exatamente o que eu esperava.


— Por mais que me doa admitir... — Afastou com os dedos uma mecha de cabelo que me caía no rosto. — ... e que tenha me doído esses anos todos, o que você fez foi admirável, Maite. É preciso ter muita integridade para manter tamanha lealdade. E coragem também.


Soltei uma pesada expiração, um tanto desconcertada por ele interpretar minhas ações daquela maneira.


— Eu não me sinto nem um pouco corajosa, William. Na verdade, me sinto miserável por toda a destruição que causei a nós dois. Acha que um dia será capaz de me perdoar?


— E você? Vai conseguir me perdoar? — Seus olhos fulguravam, atrelados aos meus. — Você errou em mentir para mim, mas eu também errei em não acreditar em você, Maite. Você não confiou em mim para me explicar o que tinha acontecido. Eu não acreditei em você quando me disse que não tinha fugido com outro homem. E não sabe quanto eu me odeio por isso. Você nunca deixou claros os seus sentimentos, mas nunca me deu motivos para duvidar do seu caráter.


Meu coração começou a bater forte nos ouvidos, e temi que estivesse escutando tudo errado.


Ele fixou aquelas íris, agora reluzentes, em mim.


— Acha que um dia conseguirá me perdoar por eu ter sido tão idiota? — ele quis saber. — Por tê-la feito sofrer tanto nos três anos em que estive longe? Por eu ter sido orgulhoso a ponto de que, sempre que passava em frente a uma joalheria e via um par de brincos de turquesa ou um colar de pérolas, vislumbrava-os em você e então entrava na loja e comprava a coisa mais espalhafatosa que meu dinheiro pudesse pagar, apenas para fingir que eu a esquecera?


— Era por isso que me comprava aquelas joias vistosas? — perguntei, atônita.


— Sim. Meu orgulho não me permitia comprar nada de que você pudesse gostar. Exceto aquela pulseira que comprei no cais. — Abriu um meio sorriso envergonhado. — Passei a viagem toda antecipando o prazer que veria em seus olhos quando eu a colocasse em seu pulso. Mas por que perguntou? Que motivo pensou que houvesse?


— Apenas bobagens. — Balancei a cabeça.


— E esse assunto me lembra outro.


Soltando minha mão, ele se esticou na cama e abriu a gaveta do criado-mudo.


De lá pescou um longo cordão reluzente, as bolinhas brancas cintilando à luz do entardecer. Uma folha de papel se enroscou entre as pérolas e caiu nos lençóis. William não percebeu, já que tinha os olhos nos meus.


— Eu comprei este colar um dia depois de irmos à taberna. Foi por isso que eu a provoquei quando encontrei aquela concha, enquanto perambulávamos pela propriedade. Pretendia dá-lo a você naquela tarde, no piquenique que nunca aconteceu porque descobrimos o jardim apavorante de Miranda. Eu o levei comigo ao baile na propriedade de Henrique. Pensei que aquela noite poderia ser um novo começo para nós dois. Imaginei que, se você não me desse um belo soco de esquerda por lhe fazer aquela proposta indecorosa e me aceitasse em sua cama, talvez eu pudesse encontrar o caminho até o seu coração.


— Ah, William... — gemi, desolada. — Eu pensei a mesma coisa. Como conseguimos nos desencontrar tanto assim?


— Não sei. Francamente. O que eu sei é que isso jamais voltará a se repetir.


— Então suas bochechas adquiriram um suave rosado. — Se você escolher viver a meu lado. Você não teve opção uma vez e acabou se casando comigo porque estava prometida. Não quero que pense que o que acabou de acontecer vai impedi-la de ser uma mulher livre. Quero que fique comigo, Maite, mas porque me escolheu.


Não pude evitar sorrir. Ele me dava o presente mais bonito de todos. Creio que o amor seja feito disto: liberdade. Todos os dias ter diante de si inúmeras alternativas, mas acabar fazendo sempre a mesma escolha. E eu o escolhia.


Escolhi no passado, escolhia agora e escolheria no futuro.


— Está enganado, William. Eu não me casei com você porque estava prometida. Me casei por estar apaixonada.


— Isso é verdade? — perguntou, a voz repleta de descrença e esperança.


— Irrevogavelmente apaixonada. Eu o escolhi quando não passava de uma menina e o escolho agora. Eu sempre vou escolher você.


— E eu escolhi você, Maite Uckermann, para dividir minha vida, minhas tristezas e alegrias, as lágrimas e as risadas. — Ele passou o colar por minha cabeça, e se inclinou para beijá-lo em meu pescoço com reverência. — Prometo que irei honrá-la, apoiá-la, protegê-la e amá-la. Seja neste mundo ou em qualquer outro.


Então trouxe o rosto para perto do meu, selando aquele juramento sagrado com um beijo demorado e lento que nos deixou arfando. Arrastei-me para mais perto, procurando o calor de seu corpo, mas um farfalhar atraiu minha atenção.


Interrompi o beijo e peguei o papel que havia se enroscado ao colar. Pensando se tratar de um documento importante, eu pretendia colocá-lo sobre a mesa de cabeceira e retomar de onde havíamos parado, mas algumas palavras naquela folha um tanto amassada atraíram meus olhos.


— Ah... eu acho melhor você me dar isso. — William tentou pegar a carta, mas eu me afastei dele, escorregando pelo colchão até estar aos pés da cama.


Comecei a ler.


Durma, minha pequena.


Descanse a cabeça em meu peito,


Mas me permita ficar aqui,


Enrolado a teu corpo cálido


Tão adorado,


Amando-a em segredo.


Sossegue, minha pequena.


Velarei seu sono tal qual um guerreiro


Disposto a enfrentar o inferno,


A desafiar o céu


Para preservar a paz de seu descanso.


Eu permanecerei aqui,


Amando-a em sigilo.


Durma, pequena, durma.


Porque, enquanto repousa,


Com a cabeça sobre meu coração,


Sei que é capaz de ouvir


Os gritos desesperados


Ecoando por meu peito apaixonado


Enquanto eu a amo em silêncio.


Adormeça em meus braços, minha doce Maite,


Mas me carregue para os seus sonhos


Quando despertar.


— Você escreveu uma ode para mim?! — Olhei para ele, completamente atônita.


Suas bochechas adquiriram um tom rosado.


— Não sei se podemos chamar de ode. Nem mesmo de poesia, já que eu ignorei todas as regras, aparentemente. Mas, quando você dormiu em meus braços, voltando da taberna... Eu estava tão desesperado para explicar como me sentia e não conseguia encontrar uma maneira. Então eu pensei que talvez alguns versos pudessem me ajudar. — Relanceou o papel. — Mas é inútil. Consigo discorrer a respeito de uma doença por dez páginas inteiras, mas não sou capaz de explicar meus sentimentos. Eu nem sequer consegui encontrar as rimas.


Eu tinha dificuldade para mirar os olhos dele, pois os meus estavam marejados.


— Acho as rimas superestimadas, William.


— A maioria dos poetas discordaria. — Fez uma careta. — Já me conformei com minha falta de jeito para expressar com palavras quanto eu a amo.


Meu coração discordava. Oh, meu coração discordava completamente!


Voltei para junto dele, enredando os dedos naquela cabeleira macia, até nossos rostos estarem a centímetros um do outro. O lençol que me cobria escorregou, embolando-se em minha cintura.


— Então me mostre — sussurrei.


— Você é bastante mandona, moça — murmurou, com a voz enrouquecida, os olhos em chamas, um dos braços serpenteando por minha cintura. — Quem você pensa que é para me dar ordens dessa maneira?


— Sou sua mulher.


Acariciou meu rosto com o nó dos dedos. Deslumbramento, incredulidade, adoração. Tudo isso exposto naquelas lindas íris.


— Sim, você é.


Então, com um movimento rápido e preciso, rolou para cima de mim e me mostrou, daquela maneira quase sagrada, a profundidade de seus sentimentos.


 


 


                                                                   * * *


 


 


Não poderia existir noite mais perfeita que aquela. Tudo parecia mágico e lindo, de um jeito quase irreal.


— O que é isso? — William perguntou, deitado no meio da cama, a cabeça sobre minha barriga.


— Isso o quê?


Virando a cabeça, ele me beijou naquele ponto um pouco acima do umbigo que só agora eu descobria que era tão sensível.


— A música que você está cantarolando.


— Mas não estou cantarolando. — Ou estava?


— Ah, está sim. Onde é que eu já a ouvi... — Então seu rosto se iluminou e ele se arrastou pelo colchão até o rosto ficar na mesma altura do meu. — A música que você estava tocando na noite em que nos reaproximamos. A música que mexeu tanto comigo e que depois eu me obriguei a odiar porque pensei que você a tocava pensando em Alexander.


— Bem, era em você que eu pensava. — Afastei alguns fios que lhe caíam nos olhos e não resisti a afundar a mão naquela massa sedosa. — Sempre que eu a ouvia, era em você que eu pensava, mesmo quando estive longe.


O sorriso que ele abriu, meio tímido e exultante, fez meu coração errar uma batida. Ele abaixou a cabeça para me beijar, e então meu estômago, muito inapropriadamente, roncou alto.


William ouviu e acabou dando risada.


— Vou pegar alguma coisa para você comer. — E sapecou um beijo em minha boca.


— Ah, não, William. Não é necessário.


— É extremamente necessário cuidar de você. E acho que devíamos enviar uma mensagem para a casa do seu irmão avisando que você passará a noite aqui. Não quero deixá-los preocupados.


— Oh, sim! Isso é muito atencioso de sua parte. — Eu devia ter pensado nisso antes, mas como poderia, com William fazendo todas aquelas coisas deliciosamente indecentes comigo? — Vou escrever um bilhete explicando tudo para Dulce.


Se bem que, ao me recordar da expressão dela no escritório do sr.


Andrada... uma indignação forçada, quase fingida... ela já sabia, não? Minha irmã entendera o que estava acontecendo antes que eu pudesse, por isso me incitara a falar com William. Ah, Dulce...


— Algo em especial a apetece? — William quis saber. — Posso preparar para você.


Olhei para ele, surpresa.


— Você sabe cozinhar?


— Quando se mora sozinho por tanto tempo, se aprende um truque ou dois. Sei preparar uma omelete muito boa. Mas não conte para a minha mãe. Não quero ferir os sentimentos dela.


Deixei escapar uma risada.


— Seu segredo está seguro.


Ele pegou a mão que eu mantinha em seu cabelo, apertou os lábios em minha palma e então desceu da cama. Meu corpo choramingou sua ausência, sentindo frio. Eu me cobri com o lençol enquanto o observava pegar as roupas do chão e as vestir com displicência.


— Você não parece muito alinhado — constatei enquanto ele enfiava os pés sem meias dentro dos sapatos. — Sua família e os empregados vão suspeitar que nós estivemos fazendo o que... fizemos — terminei, um pouco enrolada.


— Ótimo! — Abriu um imenso sorriso. — Me poupa o trabalho de ter que contar a eles.


— William!


— O quê? Quero que todos saibam, Maite. Meu desejo agora é sair correndo pelo mundo, gritando aos quatro ventos que a mulher que eu amei a vida toda também me ama. — Seus olhos em brasa percorreram minhas pernas nuas. — Pensando bem, esse é o meu segundo desejo. O primeiro é beijar cada centímetro de você outra vez, até conhecer cada pedacinho do seu corpo de cor.


Corei com a lembrança ainda tão fresca, mas meu corpo reagiu de maneira muito diferente, se inflamando para ele. Embaraçosamente, meu estômago resmungou outra vez, estragando o momento.


— Voltarei logo. — Ele se inclinou e colou os lábios nos meus.


Assim que ele saiu, deixei-me afundar nos lençóis, incapaz de parar de sorrir. Entendia tantas coisas agora. Tanto enganos... Quantos mal-entendidos poderiam ter sido evitados se eu tivesse sido franca com William a respeito de meus sentimentos, pelo menos. Quantos desencontros teriam deixado de existir.


Toquei o colar em meu pescoço e jurei que jamais permitiria que isso se repetisse.


Nunca imaginei que meu ataque de fúria terminaria daquela maneira, que minha explosão pudesse acertar tudo entre mim e William, e que...


Franzi a testa. Alexander dissera que precisávamos de uma explosão. Era isso? Por isso ele tinha me beijado? Ele previra tudo? As ações de William e as minhas? No fim das contas, William e eu conseguimos nos acertar graças a ele e seus métodos pouco ortodoxos?


Comecei a rir, e a raiva que eu sentia por ele desapareceu.


Com um suspiro, obriguei-me a me sentar. Eu precisava escrever uma mensagem antes que Christopher aparecesse ali com uma arma na mão. Tinha de dizer a Dulce que ela estava certa, que havia mesmo algo errado e lhe contar tudo o que acontecera, e pedir a Samuel para arrumar as malas outra vez, pois voltaríamos para casa. Enquanto ficava de pé, apertando o lençol ao redor do corpo, admirei o quarto de William, da mobília castanha às cortinas ocre. Era isso? Eu tinha encontrado o meu lugar no mundo?


Eu não sabia, mas esperava que sim.


Então, vi a mancha rubra que se destacava na brancura do lençol sobre a cama. Acabei corando e me perguntando o que a sra. Veiga pensaria.


Um ruído vindo do quarto contíguo atraiu minha atenção. William tinha esquecido alguma coisa?


Enrolada ao lençol, decidi averiguar, mas assim que abri a porta avistei o brilho alaranjado vindo da janela aberta. A barra da cortina estava em chamas.


— Meu Deus!


Disparei para o toucador em busca do jarro de água. No entanto, assim que passei pelo guarda-roupa, senti uma mão grande e firme agarrar meu cabelo. No instante seguinte, eu voava contra o armário. Minha cabeça se chocou contra a madeira. Fiquei tonta e caí no chão feito uma boneca de pano.


Lustrosas botas marrons se aproximaram até parar a centímetros do meu rosto. Tentei olhar para cima, ver o rosto, mas o movimento fez meus olhos se revirarem e o mundo girar, desfocado. A consciência começou a me escapar.


Então um novo clarão laranja explodiu em algum lugar. Fraca, tentei proteger os olhos com o braço, mas não consegui ir muito além de cerrar as pálpebras. Abri os olhos a tempo de ver as botas sobre o récamier turquesa antes de desaparecerem pela janela.


A cama agora também queimava. Eu tinha de sair dali. Tinha de alertar todos na casa sobre o fogo e o invasor, mas meus membros não respondiam ao comando.


— Socorro — tentei gritar, mas tudo o que saiu foi um murmúrio abafado.


O fogo faminto aumentava a cada segundo, expelindo uma fumaça escura que ardia em meus olhos, pesava em minha garganta, embotava meu discernimento até que conseguiu dominá-lo por completo e eu perdi os sentidos.




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Autor(a): Fer Linhares

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William tinha certeza de que seu rosto partiria ao meio se não parasse de sorrir. Mas como poderia se conter, se a maneira como se sentia era algo semelhante a ter descoberto a cura de todas as doenças do mundo? Enquanto se movia pela cozinha, flagrou-se pensando em tudo o que acabara de acontecer. Maite o amava. Desde o início! Como tinha sido idiot ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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