Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]

Maite dormia pacificamente. William a observava com atenção, seu lado médico procurando algum sinal de que ela pudesse estar sofrendo. O chá fizera bem a ela, conjecturou ao notar que seu peito subia e descia com mais facilidade. Ela estaria totalmente recuperada dentro de três ou quatro semanas, se seguisse as recomendações. E ele iria garantir que ela as seguiria.

A madrugada já havia avançado muito quando ouviu uma suave batida na porta. Engolindo uma imprecação, soltou a mão de Maite e, pé ante pé, foi ver quem era.

Christopher, limpo e vestido para sair, fez um meneio de cabeça, desculpando-se pelo adiantado da hora.

— Minha irmã está bem? — perguntou, sem rodeios.

— Sim. O verbasco parece já estar fazendo efeito, limpando os pulmões dela. Ela respira melhor.

Seu cunhado soltou uma pesada lufada de ar que soou como um “graças a Deus”.— Se era só isso... — começou William.

— Não, William. Eu quero falar com você. Não levará mais de um minuto.

Praguejando, William encostou a porta para não perturbar Maite. E um passo depois perguntou:

— O que quer, Christopher?

— Não posso dizer que é uma surpresa vê-los juntos outra vez. Dulce me disse que Maite foi até a sua casa esta manhã e não voltou.

William esfregou a testa.

— Ela foi até lá para debater uma cláusula da anulação. Discutimos novamente e no calor do momento... bem...

— Não precisa entrar em detalhes. — Christopher ergueu as mãos, fazendo uma careta. — Minha irmã vestia apenas um lençol. Eu entendi.

— Nós finalmente conseguimos derrubar as barreiras que nos separavam. E desta vez eu juro que nada irá estragar a nossa felicidade. Nem eu e nem ela. Não vou permitir qualquer mal-entendido entre nós. Tem minha palavra. Agora posso voltar para perto de minha esposa?

Christopher apoiou a mão no ombro dele e apertou de leve em um gesto de camaradagem, como se partilhassem da mesma angústia. Recordando-se da época em que Dulce esteve doente, da maneira como Christopher quase enlouqueceu,

William acreditou que partilhassem mesmo.

No entanto, o olhar de seu cunhado mudou subitamente, tornou-se duro.

— Eu vou atrás de Duarte — Christopher anunciou.

— Não — objetou William. A raiva ameaçou dominá-lo. — Aquele bastardo é meu.

— Aquele homem não pode ficar solto nem mais uma hora. Maite e Samuel continuarão correndo perigo enquanto ele não for preso.

William concordava com ele, em parte. Duarte não podia ficar solto nem mais um segundo. Todos eles corriam perigo. Mas havia aquela parte dele que tinha sede de vingança, que queria pegar o calhorda pelo pescoço e surrá-lo até transformá-lo em nada além de hematomas e feridas. O problema era que para isso teria de deixar Maite.

Levou as mãos ao cabelo e o afastou para trás, fechando os olhos, como se com isso pudesse clarear a mente. Tudo o que viu atrás de suas pálpebras foi o rosto de Maite, pálido e sujo de fuligem. Sua decisão pareceu mais simples do que imaginou. Entre a vingança e o amor, ele escolhia Maite.

— Está bem — bufou. — Tudo o que eu quero é que sua irmã possa viver sem medo de que algo saia das sombras para atormentá-la. Mas faça o que for preciso para que aquele covarde nunca mais volte a ver a luz do sol.

— Eu tinha certeza de que era um homem razoável. — Ian deu dois tapinhas em suas costas. — Vou até a sede da guarda prestar queixa e só sairei de lá quando esse homem estiver atrás das grades.

— Ótimo. Vou voltar para perto dela agora. No momento, tudo o que eu quero é manter sua irmã naquela cama.

Os olhos negros do cunhado se tornaram duas fendas estreitas.

— Para que não se resfrie! — William se apressou, sem graça.

Christopher tentou manter a expressão, mas deixou escapar a risada, que fez William desejar socá-lo.

— Ora, Christopher, vá para o inferno! — bufou. Ainda ouvia seu cunhado rir quando entrou no quarto e fechou a porta.