Fanfics Brasil - Capítulo 55 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 55

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Abri os olhos, um tanto desorientada, e a primeira coisa que vi foi o rosto de William.


Do meu marido.


— Oi. — Ele tocou minha bochecha e manteve a mão ali. — Está com fome? Sede? Tem algo a incomodando? Como está sua cabeça? Sente alguma dor? Sua visão está estável ou está com dificuldade para...


— Poderia pedir para o médico ir embora? — brinquei. — Ele me apavora um pouco.


— Desculpe. — Ele soltou o ar com força. — Só estou preocupado com você. Muito preocupado.


— Eu só estava brincando. — Sentei-me na cama. — E estou bem.


— Tem certeza?


— Absoluta.


Apesar de meus pulmões estarem pesados e não parecerem inflar como de costume, os olhos irritados e a garganta arranhada como se cinquenta gatinhos tivessem dado um baile ali, eu me sentia bem.


Olhei para o quarto onde passara a vida toda. Para as cortinas diáfanas brancas e flores cor-de-rosa, a cômoda laqueada com puxadores de cobre, alguns objetos que eu tinha deixado para trás, o toucador, a mancha negra sobre ele em decorrência da vela tombada anos antes... Acabei estremecendo. A casa toda podia ter se incendiado naquela noite.


William passou os braços ao meu redor, preocupado.


— Não é nada — garanti a ele. — Estava pensando no que aconteceu neste quarto na noite da sua partida. Que poderia ter tido o mesmo destino que a sua casa.


— Maite... — Ele se afastou para me encarar, mas manteve as mãos em meus ombros, me acariciando lentamente. — Sei que não é o melhor momento, e vou entender se preferir falar sobre isso outra hora, mas eu gostaria que me contasse tudo o que aconteceu depois que eu saí do quarto ontem.


Eu não queria reviver aquelas lembranças — por mais falhas que fossem — em qualquer momento. Achei melhor acabar com aquilo logo, então comecei a contar tudo de que me lembrava. Quando terminei, o rosto de William parecia tranquilo, não fosse por aquele sutil apertar de olhos.


— Seu irmão foi para a vila nesta madrugada — contou. — Como ainda não retornou, imagino que ele e a guarda estejam atrás de Duarte. É provável que você precise falar com as autoridades.


— Qualquer coisa que deixe Samuel a salvo. Não me importo, William.


Ele acariciou meus cabelos, anuindo.


— Vou pedir para que preparem seu banho. Quanto ao café...


Uma suave batida na porta ecoou pelo quarto.


— Só um instante — ele disse, pegando meu velho roupão. Assim que me ajudou a vesti-lo, foi atender a porta.


Dulce entrou no quarto.


— Desculpa, William, eu não quero atrapalhar. Só precisava ver... — Então me viu e seu rosto foi tomado de alívio. — ... Maite de olhos abertos.


Estendi o braço para ela. Em seis passos, minha irmã estava me abraçando.


— Ah, Maite. Eu fiquei tão assustada quando a vi chegar daquele jeito, meio grogue. Você tá bem?


— Odeio saber que ficou tão preocupada, Dulce. Estou perfeitamente bem.


— Jura? — Ela me segurou pelos ombros e correu os olhos pelo meu rosto.


— Jura mesmo que tá bem?


— Eu juro.


— Odeio aquele homem, Maite. Pelo que fez com Samuel e pelo que tentou fazer com você. Aposto que ele teria pensando duas vezes antes de fazer qualquer coisa se a cadeira elétrica já tivesse sido inventada..


— Cadeira elétrica? — William inclinou a cabeça para o lado.


Prendi o fôlego, lançando a Dulce um olhar preocupado. Ela não pareceu se dar conta de seu deslize e seguiu em frente.


— Eu sei. Tô exagerando. — Deixou escapar um suspiro. — É que eu estou com tanta raiva daquele sujeito, por ele ter tentado ferir a Maite e... e eu não pude fazer nada para impedir. — Seus olhos marejaram.


Ah, Dulce...


— Mas ele não conseguiu. — Eu a abracei outra vez. — Estou bem de verdade.


— Ainda bem — murmurou em meu ombro.


William ainda a observava, a testa enrugada, como se tentasse encontrar sentido no que havia ouvido. Por sorte, voltaram a bater na porta, e isso o distraiu.


— Já acordou, querida? — Rosália colocou a cabeça para dentro do quarto.


Ao ouvir a voz dela, Dulce se endireitou. — William, por que não me avisou? Sabe que eu estou preocupada com minha norinha. Não aguentava mais arranjar desculpas para ficar zanzando neste corredor.


— Ela acabou de acordar, mãe.


— Eu estou bem, sra. Levy — respondi ao notar a aflição em seu semblante. — Não há razão para que fique...


— Tia Lisa! Tia Lisa! Tia Lisa!


— Analu, me espera!


E então dois borrões ligeiros passaram pela porta, escalaram a cama e pularam em meu pescoço.


— Cuidado com a tia Maite! — Dulce se apressou. — Ela tá dodói.


— E precisa de descanso e pouca agitação — sussurrou William, em um desamparo tão absoluto que me fez rir.


— Está tudo bem. — Beijei a testa suada de Marina e a bochecha quentinha de Laura. — O amor dessas duas é tudo de que eu preciso para me recuperar.


— A gente trouxe pra você! — Marina me olhou com aqueles imensos olhos castanhos e me estendeu uma margarida.


Um orgulho despropositado me fez sorrir de orelha a orelha.


— Nina! — exclamei. — Você usou a concordância correta!


— Onde? — Olhou para o seu vestido, procurando, e eu acabei rindo.


E engasgando, para preocupação de William. Ele já se curvava em minha direção quando fiz um gesto para acalmá-lo.


— Ah, não. A minha quebô! — Laura olhou com tristeza para a florzinha amassada pelo calor do seu abraço, e que agora encarava o chão.


— Não tem problema. — Peguei a flor e beijei seus dedos gordinhos. — Assim ficará perfeita para que eu a use nos cabelos, se alguém me ajudar a trançá-los mais tarde. Sabem de alguém que gostaria de fazer isso?


— Sim! — Marina pulou na cama. — A gente! Podemos enfeitar ele agora? A gente pegou muitas flores... Cadê o Sam? — Olhou para trás.


Acompanhando seu olhar, encontrei o menino espiando pelo batente. Seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado. Oh, Samuel.


— O que faz aí, tão longe? — perguntei. — William não me deixa sair da cama. Venha logo me dar um abraço.


Ele não precisou de outro convite, mas, diferentemente de minhas sobrinhas, sentou-se na ponta do colchão. Precisei pegá-lo e o puxar para mais perto.


— O que foi? — sussurrei em seu ouvido. — Por que esteve chorando?


— Porque eu fiquei com medo que ele tivesse feito algo ruim com você.


Ele. Seu tio.


Olhei para William. Ele também ouvira e pareceu surpreso.


— Quem... lhe contou que Duarte foi o responsável pelo incêndio, Samuel? — meu marido quis saber.


— Eu ouvi o sr. Levy e o Saulo conversando nos estábulos. — O menino se encolheu, corando. — Eu sei que não devia ter ouvido a conversa deles, mas é que ninguém quis me contar nada, Maite!


— Por uma boa razão. — Acariciei sua bochecha macia. — Isso é um problema para os adultos resolverem. Não quero que fique preocupado. Nem triste! Ou eu acabarei ficando também.


Com um esforço que demandou mais força de vontade que qualquer outra coisa, ele exibiu os dentes.


— Oh, minha menina querida, você acordou! — Madalena disse ao entrar.


— Graças a Deus! Eu já estava perdendo o juízo de tanta preocupação.


— Eu que o diga — resmungou o sr. Gomes, logo atrás. E depois veio Saulo, o sr. Guimarães, Tereza e minha querida Anahí, de braço dado com o primo Alfonso. Tia Cassandra estava às costas dela, de mãos dadas com Alfonso Uckermann III, os cachos ruivos como os da mãe saltitando. O cômodo tinha se tornado pequeno para tanta gente.


Para tanta família, quero dizer. Até aquele instante, eu não havia percebido quanto ela crescera. Antes éramos só eu e Christopher. Agora havia tantas pessoas que o quarto começou a ficar abafado enquanto elas me enchiam de perguntas, para desespero de William, que murmurava com frequência que eu não devia falar muito. Faltava apenas meu irmão ali.


Como se adivinhasse que eu pensava nele, Christopher passou pelo batente, parecendo exausto, mas sorriu assim que me viu.


— Eu estava me perguntando por que você ainda não tinha vindo me ver — reclamei.


Com algum esforço, ele se espremeu entre as pessoas até conseguir contornar a cama.


— Estava resolvendo um problema. Como está se sentindo?


— Muito bem, Christopher. Não quero que se preocupe comigo.


— Como se eu fosse capaz disso... — Abriu um meio sorriso.


— E então? — William perguntou a ele, os olhos tomados por uma sombra. — Conseguiu pegá-lo?


— Hã... ei, por que não vão buscar mais flores para enfeitar meus cabelos? — sugeri a minhas sobrinhas. — Levem os meninos para ajudar. Vamos precisar de muitas flores. Meu cabelo está muito comprido.


Como nenhuma delas parecia interessada na conversa dos adultos, logo Marina, Laura e o pequeno Thomas corriam porta afora. Samuel, porém, manteve-se onde estava. Não o obriguei a sair. Aquilo dizia respeito a ele também. Eu o abracei com mais força quando Christopher começou a falar.


— A guarda encontrou Duarte na taberna — contou. — Estava bêbado, e mesmo assim tentou fugir. Não acharam nada com ele que o ligasse ao incêndio. Ele negou que tivesse qualquer envolvimento. Juro que pensei que ele se safaria. Mas, depois de uma revista, os guardas encontraram um saco de joias em seus bolsos. A sra. Henrieta havia dado queixa do roubo três noites antes. — Ele encarou William. — Duarte está preso.


Meu marido fez um discreto aceno de cabeça.


— Ainda não sei até quando ficará na cadeia — continuou Christopher. — Espero que seja pelo tempo suficiente para que a guarda encontre uma prova que o ligue ao incêndio.


— Não achei nada estranho quando examinei a casa — contou Saulo. — Depois que conseguimos apagar as chamas, entrei para avaliar o estrago. Restou muito pouco do andar superior, mas não vi nada suspeito.


— São bem-vindos aqui — Dulce se adiantou. — Temos um montão de quartos. Cabe todo mundo.


— E ficaríamos contentes em recebê-los em casa — Alfonso ofereceu. — As portas estão abertas.


— Eu adoraria ter parceiros para jogar gamão — falou tia Cassandra. — Alfonso está sempre cansado demais e minha querida nora sofre de dor de cabeça sempre que sente o cheiro do baralho.


— Ficamos gratos com tanta hospitalidade — disse o sr. Levy. — Mas creio que iremos partir dentro de alguns dias. Já nos demoramos demais.


— Sim. Preciso retornar à vinícola. — Saulo ergueu as pestanas. — Os porcos só engordam sob os olhos do dono.


— E as crianças estarão de volta na semana que vem — lembrou Tereza.


— Estávamos apenas esperando que Maite e William se entendessem. — Rosália olhou para mim. — Agora preciso deixá-los em paz para que me arranjem um netinho!


Samuel ergueu os olhos para mim, medo e ansiedade duelando em seus olhinhos escuros.


— Você ouviu, Sam? — sussurrei. — Ele não poderá fazer mal a mais ninguém agora.


— Sim, mas e quanto a mim?


William chegou mais perto, agachando-se ao lado dele.


— Você confia em mim? — meu marido quis saber. Assim que o menino confirmou com a cabeça, ele prosseguiu: — Então vá brincar e deixe que eu me preocupe com os problemas.


Parecendo um tanto inseguro, Samuel se desprendeu de meu abraço e saiu do quarto com os ombrinhos um tanto arriados. Tínhamos de resolver a situação dele quanto antes. Samuel não podia viver nessa incerteza por muito mais tempo.


No entanto, ao mesmo tempo em que eu queria vê-lo sorrir sem medo, com a segurança de um futuro e um guardião que o tratasse com ternura, não conseguia imaginar não tê-lo mais por perto.


William se sentou a meu lado, a mão apertando a minha, como se tivesse percebido alguma coisa.


— Confie em mim — falou baixinho. — Vou dar um jeito nisso.


Assenti para ele.


— Bem, parece que tudo foi resolvido — concluiu Anahí, com um suspiro aliviado. — O sr. Duarte está preso e não irá incomodar mais ninguém. Tudo acabou bem.


Era o que eu pensava também. No entanto, minha amiga e eu não podíamos estar mais equivocadas. Aquela história ainda estava longe de terminar.




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Autor(a): Fer Linhares

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No dia seguinte, a vida tentava estabelecer uma nova rotina. William viu sua família ser bem acomodada na residência dos Uckermann. Baltazar, sempre eficiente, trouxera pela manhã alguns itens pessoais que foram resgatados dos escombros. Não era muita coisa, mas o que importava era que todos estavam bem. Sobretudo Maite, que acordou bem-dispost ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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