Fanfics Brasil - Capítulo 57 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 57

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William me beijou outra vez antes de voltar para sua bancada e pegar no chão o caderno que eu havia jogado nele dias antes. Estava tão contente que era impossível não me deixar contagiar por sua alegria e esperança, embora eu não entendesse exatamente o que tudo aquilo significava. Mas eu tinha a sensação de que estava diante de algo imenso, que mudaria o mundo que nós conhecíamos.


Na afobação de colocar tudo o que me disse no papel, William não percebeu que uma nota tinha caído de dentro do caderno. Abaixei-me para pegá-la. Não pretendia bisbilhotar, mas meus olhos foram capturados pela mancha escura de sangue seco em um dos cantos do papel.


Fique longe de assuntos que não lhe dizem respeito ou lamentará pelo que está por vir.


Era a ameaça de Duarte... mas franzi a testa diante da caligrafia. Onde é que eu a vira antes?


Com um clarão de lucidez, a compreensão se assentou em meu cérebro.


Coloquei o bilhete no bolso do vestido discretamente.


— Se importa se eu esperar lá fora? — perguntei. — O cheiro aqui está terrível.


William deteve a pena e arqueou uma das sobrancelhas.


— Se prometer que ficará quietinha.


— Eu juro, William.


Saí dali o mais calmamente que pude, o coração pulsando alto em meus ouvidos. Assim que o laboratório ficou fora da vista, comecei a correr. Subi as escadas apressada, suspendendo as saias, sentindo um pouco de falta de ar, mas não diminuí o ritmo. Parei apenas quando estava diante do que sobrara de meu toucador e apanhei a caixinha de prata. O papel dentro dela escapara do fogo.


Meus dedos tremiam quando soltei a caixinha sobre a madeira chamuscada e desdobrei o papel. Pegando a nota no bolso, comparei as caligrafias.


Era a mesma.


Minha pulsação ameaçou enlouquecer, dificultando minha respiração enquanto as coisas se encaixavam em minha cabeça. William tinha entendido tudo errado. O bilhete que fora atirado pela janela não era para ele, e sim para mim.


Duarte estava sempre bêbado e se vestia com pouco cuidado. Mesmo que fosse mais zeloso com sua aparência, jamais poderia comprar as botas caras de couro que assombravam meus pensamentos. Mas o homem que escrevera aqueles bilhetes, sim.


— Ah, meu Deus! — Levei a mão à testa que começava a latejar. Não tinha sido Duarte quem me atacara e ateara fogo à casa. Foi... — Diógenes Matias!


— Sabia que cedo ou tarde você chegaria a essa conclusão. — A voz sombria veio do outro quarto.


Eu me virei, o coração aos pulos, a tempo de ver o sr. Matias passar pelo batente. Seu rosto estava obscurecido por uma maldade que, desta vez, ele não conseguiu camuflar.


— Era você! — arfei. — Neste quarto, duas noites atrás. Era você!


— Sim. É uma surpresa eu não ter sido bem-sucedido. Não costumo cometer erros tão primários, como pôde testemunhar anos atrás. E essa é a razão pela qual eu terei de matá-la. — Ele deu um passo à frente. E mais outro.


Recuei, batendo o quadril no que restara do toucador.


— Anos atrás? — Assim que a pergunta deixou meus lábios, a imagem de Diógenes Matias, um garçom na época, colocando o chá diante de Adelaide Albuquerque, me veio à mente. William havia suspeitado de que Miranda pudesse ter subornado algum criado da casa. Ele estava certo. Apenas errara a localização.


Eu não estava diante do garçom. Estava diante de um homem de posses, que usava um anel com um grande rubi no dedo anular e botas caras de couro. A herança que ele alegava ter recebido na verdade era o pagamento pela morte de Adelaide. Oh, meu Deus. Era por isso que Miranda extorquira Walter!


— Você matou a sra. Albuquerque. Envenenou o chá dela.


— Sim. — Um sorriso cruel se abriu em seu rosto. — Miranda jamais teria tido coragem. Se eu não tivesse feito nada, hoje ela ainda seria apenas a amante daquele velhote, vivendo de migalhas.


Meus pensamentos se embaralhavam. Diógenes assassinara Adelaide. E tentara fazer o mesmo comigo. Por quê?


— Como entrou aqui? — Mas a pergunta mais importante era “Como eu ia sair dali?”


— Pela janela.


Diógenes devia ter escalado a árvore, como fizera aquele esquilo.


“Mantenha as janelas fechadas durante a noite”, dissera Alexander. Ah, por Deus! Ele tinha previsto que aquilo ia acontecer também? Eu não sabia se um dia voltaria a ver Alexander, mas de uma coisa estava certa: prestaria atenção a tudo o que ele dissesse. Mesmo que parecesse não fazer sentido.


No entanto, eu não tinha tempo para pensar nisso agora, pois estava diante de um assassino. O medo crescente deixava minhas pernas muito instáveis, e meus pulmões machucados não me permitiam respirar direito. Eu precisava sair dali, mas tinha a impressão de que Matias me alcançaria antes que eu chegasse à porta. Tateei sobre o que restara do toucador, procurando a pesada caixinha de prata.


— Por quê? — perguntei, tentando distraí-lo. Enquanto estivesse falando, ele não teria tempo de me matar. Ao menos eu achava que não. — Por que matou Adelaide? Miranda não pode ter pagado tão bem assim.


— O que acha que eu ganhei? Olhe para mim! — Abriu os braços. — Roupas caras, comida da melhor qualidade, dinheiro para gastar com o que eu quiser! Mulheres refinadas como você batem as pestanas para mim. Eu finalmente tenho uma vida!


— À custa de outra!


— O que a faz pensar que eu me importo com isso? — Deixou escapar uma gargalhada sombria que fez meus pelos se eriçarem. — A velha não passava de um inconveniente. Tudo o que eu fiz foi abrir caminho para que aquele maldito se casasse com Miranda. E qual foi a paga que eu tive? — Apontou para o peito com o indicador. — Aquela vagabunda fugiu de mim, levando meu filho embora! Mas isso não vai ficar assim. Eu vou atrás dela tão logo consiga descobrir em que fim de mundo ela está se escondendo.


O homem na floresta com Miranda tantos anos antes. Eu não vira seu rosto, apenas as costas. Moreno, pele bronzeada e alto, como Diógenes. Pensando agora, o pequeno Félix se parecia um pouco com ele. Como, em nome de Deus, não desconfiei disso antes?


— Ou foi aquele maldito! — prosseguiu. — Deve ter descoberto alguma coisa e levou minha mulher e meu filho. E é por isso que eu tenho que matar você, Maite. Devia ter feito isso há muito tempo, logo que a ouvi contando para a sua amiga que desconfiava de que o menino não era filho daquele velhote. Felix irá herdar tudo um dia. Eu me deixei comover por esses seus olhos azuis do demônio e acreditei que não mexeria nessa história. Mas você simplesmente não consegue ficar longe dos assuntos dos outros, não é? — Trincou a mandíbula.


Meus dedos se fecharam em torno da caixinha.


— Não sei do que você está falando.


— Não? — Ele apontou para os bilhetes sobre o móvel. — Só depois que atirei a pedra é que me dei conta de que você poderia reconhecer minha letra, por causa do bilhete com o paradeiro de Samuel, mas você não pareceu notar meu deslize, e tive esperança de que houvesse queimado um deles. Seu marido me encontrou na estrada. O idiota estava atrás daquele bêbado do Duarte. Como se o homem fosse capaz de enfrentar alguém do tamanho dele... — Sacudiu a cabeça, rindo. — E eu percebi que você não tinha feito a relação. Mas depois ouvi você e seu marido conversando e... bem... vocês chegaram perto da verdade. Perto demais.


Experimentei dar um passo, mas ele imitou o gesto, me cercando. Ele não havia se perdido quando eu o encontrara saindo de meu quarto dias antes. Estava estudando a casa. Precisava saber onde eu dormia. E eu, muito tola, mostrei o lugar a ele.


— Eu realmente preferia que você tivesse morrido no incêndio, Maite — continuou. — Vou cuidar do doutor sem qualquer remorso, mas matar uma mulher bonita como você, assim, frente a frente, não vai ser agradável. Se você ao menos tivesse sucumbido ao meu charme... — Chegou mais perto, os olhos dominados por um sinistro pesar. — Poderia ter uma morte tão mais serena do que eu planejo fazer com você agora.


Ele avançou sobre mim. Esperei que estivesse perto o suficiente para então, com toda a força de que dispunha, acertar sua cabeça com a caixinha de prata.


Matias cambaleou, e foi o tempo de que eu precisava para sair dali. Disparei escada abaixo e tomei a direção do laboratório, correndo tão rápido quanto podia.


O problema é que meus pulmões ainda falhavam. Logo eu estava arfando, manchas escuras começando a dançar em meus olhos.


Bruscamente, a mão de Matias se agarrou a meu cabelo, puxando-me para trás. Gritei de dor, perdi o equilíbrio e caí no chão molhado. As botas que eu via toda vez que fechava os olhos se aproximaram até ele parar perto do meu quadril.


— Essa é a beleza da vida, não? — Matias se agachou, os raios de sol que entravam pela janela fazendo reluzir a faca que ele balançava em uma das mãos. — Sempre nos presenteando com uma segunda chance.


Eu concordava, de certa maneira.


— A diferença é que desta vez eu não vou desmaiar! — Com um movimento rápido, acertei um chute na lateral de seu rosto.


Ele caiu para o lado, e eu não esperei para saber se o havia nocauteado ou apenas o enfurecido mais. Saí dali aos tropeções, tão depressa quanto meus pulmões fracos permitiam. Minhas saias, agora encharcadas de água suja, dificultaram meu progresso. Olhei por sobre o ombro. Matias estava se levantando e sorria para mim de um jeito demoníaco.


— Urf! — Colidi com uma muralha.


Eu ricocheteei, e braços ágeis e firmes me seguraram pela cintura. Ao olhar para frente, me deparei com o rosto de William, mas seu olhar estava no fim do largo corredor, em Matias.


— Não foi... Duarte... Corra! — falei, sem ar.


Nunca acreditei que William realmente fosse me dar ouvidos. De fato, pensei que teria de arrastá-lo comigo. Claro que esperei que ele fosse correr para o lado oposto ao de Matias, não em sua direção.


Matias estava armado. William não.


— Meu... Deus.


Usando o pouco ar que me restara, consegui passar pela sala de música e chegar ao escritório de William. O fogo havia feito pouco estrago ali. Puxando o ar em golfadas dificultosas, abri uma das gavetas de sua mesa enquanto sons de luta reverberaram pela sala.




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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