Fanfics Brasil - Capítulo 60 Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni)

Fanfic: Prometida - Uma longa jornada para casa (Levyrroni) | Tema: Levyrroni [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 60

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Assim que William abriu a porta e se afastou para que eu entrasse, uma coisinha de pouco mais de um metro começou a saltitar diante de mim.


— Como foi? Como foi? Ele gaguejou? — Samuel quis saber, fazendo sua camisola de dormir balançar ao redor do corpo.


— Por que ainda está acordado? — ralhei, entrando em nosso apartamento no hotel Le Meurice. — Onde está a sra. Veiga?


— Roncando! — Ele revirou os olhos. — E eu estava esperando porque chegou uma carta para você. — Estendeu-me um envelope. Dulce me escrevera.


— Era o que você deveria estar fazendo também. — William encostou a porta, ao mesmo tempo em que se livrava da gravata.


— Eu sei. — Samuel encolheu os ombros. — Mas eu preciso saber se a Marina mandou algum recado para mim. E também estava preocupado se você ia conseguir falar diante de toda aquela gente. Você conseguiu?


William pareceu comovido com a preocupação. Mas não era para menos. Ele ficara extremamente ansioso desde que chegamos a Paris, e até mesmo Samuel tinha percebido. Mas nada se comparava ao pequeno ataque de pânico que o dominara no pátio daquela importante universidade, a poucos minutos de entrar no auditório para falar sobre seu experimento a centenas de cientistas.


— Sou um péssimo orador, Maite — ele reclamara, correndo os dedos pelo cabelo. — Ainda mais se fico nervoso. Não se lembra de quando nos conhecemos?


— Isso é completamente diferente. Você vai falar sobre um assunto que domina. Conhece cada mínimo detalhe. Não há motivo para ficar inquieto dessa maneira.


— Mas e se eu me esquecer?


Deliberei por um instante, pegando sua mão e apertando seus dedos frios.


— Então finja que está falando só para mim.


E ele fez isso. Ou quase isso. Iniciara seu discurso mantendo os olhos nos meus, como se mais ninguém existisse. Aos poucos, ganhara confiança e expusera seu experimento e argumentos magistralmente, me enchendo de orgulho. William discursara com paixão e fora aplaudido com euforia. Depois disso, participamos de um animado jantar, no qual ele aproveitou a distração dos convidados quando o champanhe começara a ser servido e me arrastara para trás de um imenso vaso, me beijando com força, cheio de saudade, como se estivesse esperando por aquilo a noite toda.


— Fiquei um pouco inseguro — William contou a Samuel, pousando a mão no ombro do menino e o empurrando até as poltronas forradas de tecido verde e de um pálido creme, onde se deixou cair. — Nunca tinha falado para tantas pessoas. Mas acredito que tenha ido bem.


— Foi mais do que bem! — Eu me sentei no braço da poltrona que William ocupava. — Ele foi aplaudido por mais de cinco minutos quando terminou, Sam!


— Tudo isso? — Seus olhos se arregalaram.


— Sim. E depois diversas pessoas quiseram se apresentar a William. E ele ganhou um prêmio pela contribuição à ciência.


William mirou em mim aqueles olhos iridescentes repletos de diversão.


— Você parece mais animada com isso que eu.


— E estou! Perdi as contas de quantas vezes eu disse esta noite “oh, sim, eu sou a esposa do premiado dr. Levy.” Eu estou muito, muito orgulhosa de você, caso ainda não tenha percebido.


Seu olhar se tornou quente, vibrante, me fazendo promessas silenciosas.


— E eu também! — Samuel pulou no colo dele. — Você é o médico mais esperto que eu conheço.


— Ora, obrigado. — Bagunçou seu cabelo. — Mas agora chega de adulação e vá para a cama. Teremos um dia cheio amanhã, e você parece um esquilo que tomou uma jarra de café.


— Com muito açúcar. — Dei risada. — Vamos, Sam.


— Mas eu preciso saber se a Marina me mandou um recado! Vou ter que esperar até amanhã? — E me olhou com aqueles imensos olhos escuros ansiosos.


Um suspiro derrotado me escapou conforme eu rompia o lacre da carta.


— Está bem. — Comecei a correr os olhos pelas linhas. — Dulce diz que todos estão com saudades, que Valentina escreveu algumas vezes, e quer saber se a torre Eiffel já existe.


Ela também perguntava na carta se por acaso eu já tinha ouvido falar em um bolseiro chamado Louis Vuitton e se poderia comprar uma de suas criações para ela. Não tinha ouvido falar dele ainda, mas havíamos chegado a Paris fazia apenas quatro dias.


— Se existe? — William virou a cabeça, me encarando com um brilho perigoso. — Sua cunhada sempre faz esse tipo de comentário. Se existe ou se ainda não foi inventada tal coisa... É bastante curioso. Como se ela soubesse o que irá acontecer.


Oh-oh.


— Dulce é muito brincalhona. — Forcei um sorriso.


— É quase como se ela tivesse dado uma olhada no futuro. Ou tivesse vivido nele. — Seus olhos se apertaram imperceptivelmente. — Imagino quão única seria uma viagem dessas, pelo tempo. Seria capaz de deixar uma pessoa confusa, questionando a própria lucidez.


A cor deixou meu rosto, meus dedos perderam a firmeza e a carta caiu no chão. Ele descobrira. Por Deus, William sabia sobre a viagem no tempo!


— Mas alguns poderiam achar que é algo extraordinário. Um curioso ou um cientista... poderia ficar tentado a investigar. É claro, seria muito perigoso para o viajante do tempo. — Ele se curvou, mantendo o olhar no meu, e apanhou a carta. — Muitas complicações poderiam surgir. Muitas suspeitas. Talvez uma situação que o colocasse em risco de vida, como fanáticos religiosos ou a própria Igreja. O mundo não está preparado para algo assim.


— Não — murmurei, e mesmo assim minha voz tremeu. — Não está.


Ele sustentou o olhar pelo que me pareceu um século inteiro, minha respiração suspensa. Eu não sabia como ele tinha descoberto. Imaginei que sua mente ágil tivesse juntado todos os fatos, mesmo que eu tivesse sido tão cuidadosa ao explicar sobre meu desaparecimento. A possibilidade de que ele pudesse fazer disso seu novo projeto me causou um nó no estômago, a ponto de eu sentir náuseas, as mãos suando frio.


— De fato, consigo ver quanto seria tentador querer investigar. Ou apenas tentar entender. — Seu olhar, intenso, ainda estava no meu. Ele foi capaz de ler em meu rosto as respostas às perguntas que eu vi espiralar em seus olhos. Tenho certeza disso porque sua expressão foi tomada pela incredulidade, e logo foi substituída pelo deslumbramento. E preocupação.


Ele pigarreou antes de continuar.


— Mas isso, digamos... no caso de um médico... seria impossível. Eu, por exemplo não poderia. O juramento de Hipócrates me impediria. “Sobre aquilo que vir ou ouvir respeitante à vida dos doentes, no exercício da minha profissão ou fora dela, e que não convenha que seja divulgado, guardarei silêncio como um segredo religioso” — citou, estendendo-me a carta.


Soltei o ar com força, o alívio me deixando tonta, e tive de me apoiar no espaldar para não me desequilibrar em meu assento estreito.


— Vocês podem falar de alguma coisa que eu entendo? — falou Samuel, impaciente. — Por exemplo, se a Marina me mandou algum recado?


Recompondo-me o melhor que pude, peguei a carta da mão de William e, ainda mexida, li o restante. Minhas mãos ainda tremiam, mas não pude deixar de sentir como se o peso do mundo tivesse deixado minhas costas. Eu amava William enlouquecidamente, e queria dividir com ele tudo: meus pensamentos mais loucos, meus medos e meus desejos, minha vida toda. Aquele era meu único segredo, a única parte de mim que eu escondia dele. E agora William o conhecia.


Depois de satisfazer a curiosidade de Samuel — sim, Nina mandara um recado: esperava que ele voltasse um pirata com tapa-olho —, eu o obriguei a ir para a cama. Minhas emoções estavam em frangalhos, e, pela maneira como William me observava, ele tinha algumas perguntas. Eu não fazia ideia do que lhe diria.


— Mas eu não estou cansado, Maite. — Samuel bocejou.


— Vamos, Sam. Agora. Ou nada de passeio ao museu de arte amanhã.


— Ah, está bem. — Resmungando, ele ficou de pé e começou a ir para o quarto murmurando um “boa-noite, William” desanimado.


Com algum custo, consegui colocar o menino agitado, mas muito exausto, na cama. Depois de cobri-lo e lhe dar um beijo, soprei a vela e comecei a sair do quarto, mas o ouvi me chamar. Voltei para perto dele, me sentando na beirada da cama. A claridade que vinha da sala iluminou parte de seu rosto. Ele não tinha mais as bochechas encovadas nem as olheiras. Seu cabelo estava longo, em belos anéis que lhe caíam nos olhos e sobre as orelhas.


— Sabia que eu pedi você para a minha mãe? — ele perguntou.


— Como assim? — Afastei um cacho escuro para longe de seu rosto.


— No dia em que eu trombei nas suas saias, tinha acabado de sair da igreja e rezado para a minha mãe me ajudar a achar um anjo da guarda, porque o tio Jeremias andava sendo muito mau comigo. Aí ela me mandou você.


— Ah, Sam... — falei, piscando para deter a umidade em meus olhos, mas não pude fazer nada com o aperto no peito. — Certamente foi o que aconteceu.


Eu amava tanto aquele menino! E não sabia como ele me veria. Uma amiga? Uma irmã mais velha? Uma tia? Algo próximo de uma mãe? Não importava. Tudo o que eu queria era que ele fosse feliz e me permitisse fazer parte de sua vida.


Depois de lhe dar outro beijo de boa-noite, voltei para a sala, mas William não estava mais lá. As cortinas que davam para o balcão balançavam suavemente com o sopro da brisa que entrava pela porta aberta. Eu o encontrei ali, admirando o belíssimo Jardim das Tulherias. O bosque se estendia por várias quadras, margeando o rio Siena até chegar à majestosa fachada do Museu Central das


Artes, no antigo Palácio do Louvre.


Aproximei-me de William até parar ao lado dele, mantendo os olhos no bosque.


— Como descobriu? — murmurei, sem coragem de encará-lo.


— Dulce não é tão cuidadosa com o próprio segredo quanto você ou Christopher.


Não, ela não era.


— E você acredita? — perguntei.


Pelo canto do olho, vi sua boca se curvar de leve.


— De início, não. Mas como eu poderia ignorar a existência daquele medicamento, Maite? Comecei a prestar atenção às coisas que ela dizia, e então foi a única conclusão a que pude chegar. De quanto tempo estamos falando? Vinte anos? Cinquenta?


— Quase duzentos. — Apoiei as mãos na balaustrada que rodeava a sacada.


— Duzentos. — Riu, abismado. — Então ainda teremos um mundo em duzentos anos? Alguns cientistas garantem que o fim chegará antes da virada do século vinte.


Seu bom humor me acalmou um pouco.


— Não é o mesmo mundo, William. Quase nada remete ao que nós conhecemos. Então, de certa forma, acho que eles estão certos.


Ele se virou para mim e me encarou por um logo tempo. Vi tantas dúvidas, tantas perguntas espiralarem em seu rosto, misturando-se ao fascínio e deslumbramento, mas a emoção mais proeminente era a ansiedade.


— Maite, eu entendo tudo sobre um juramento — ele começou, a voz baixa e macia. — Por causa de um, eu me vi obrigado a cuidar do homem que tentou assassinar a minha mulher. Mas preciso lhe fazer uma pergunta. Apenas uma.


— Eu sei. Você quer saber se existirá a cura para o tifo.


Ele assentiu uma vez, absurdamente sério.


— Sim, William. Existirá cura e apenas uma minúscula parte dos doentes não sobreviverá. Foi uma das primeiras coisas que eu tentei descobrir sobre aquele mundo. Imaginei que você fosse gostar de saber.


Ele inspirou fundo, como se o peso de toda a humanidade tivesse deixado suas costas, e olhou para o céu. Pela maneira como seus olhos reluziram, fixos em um ponto qualquer, os cantos da boca curvados de leve, tive a impressão de que não admirava o firmamento. Ele falava com Rebeca.


Voltei a contemplar o bosque, tentando lhe dar um pouquinho de privacidade.


— Então... — perguntou, um tempo depois. — Iremos ao museu amanhã?


— Prometi a Samuel. Ele viu um pintor no jardim, hoje mais cedo. Quando eu contei que o museu também é uma escola de artes, ele ficou realmente interessado. Me disse que talvez possa ser um médico marinheiro artista quando crescer.


— Em mais um ano ele terá escolhido tantas profissões que precisará fazer uma lista para não esquecer nenhuma. — William deu risada.


— Seja lá o que ele escolher, estou certa de que será um profissional brilhante. — Porque o que lhe faltava em habilidade para aprender Samuel compensava com dedicação. — E confesso que também estou ansiosa para conhecer o museu. Christopher me fez prometer que vou relatar tudo que vir em uma longa carta. Mas visitaremos o museu apenas à tarde. Pela manhã vou receber a esposa do dr. Lambert.


Heloise, uma dama muito bonita e sorridente, era esposa de um físico bem-educado, mas um tanto austero. Ela era um pouco mais velha, e nutria a mesma paixão por música que eu. Acabamos conversando por muito tempo durante o jantar daquela noite.


— Não me lembro qual deles era Lambert. — William fez uma careta.


— Um de bigodes largos, virados para cima. Usava óculos...


— Humm... — Ele coçou o queixo. — Você acaba de descrever metade dos homens que conheci esta noite.


— Talvez você se lembre de Heloise quando a vir amanhã. Ela me contou que anda com problemas na alfabetização do filho. O dr. Lambert está um tanto frustrado e quer mandar o menino para um internato. Acha que ele não corresponde às expectativas porque a educação não é adequada. Por tudo o que Heloise me disse, tive a impressão de que o garoto tem a mesma dificuldade de Samuel para compreender a palavra escrita. Vou explicar os jogos e brincadeiras que Sam e eu criamos. Quem sabe pode ajudá-los também.


Esticando o braço, William me puxou para perto, o sorriso tão largo que quase lhe chegava às orelhas.


— Tem alguma ideia do quanto estou orgulhoso de você, Maite? Nesta noite você falou com toda aquela gente com uma desenvoltura que me causa inveja. Seu francês é tão bom que tive de explicar para mais de uma pessoa que você não é francesa. Sua alegria quebrou a seriedade monótona que sempre aparece quando dois homens da ciência se juntam. E todos os avanços que fez com


Samuel, meu Deus! É inacreditável!


— Ele só precisava encontrar uma maneira diferente de aprender.


Seus braços cingiram minha cintura, prendendo-me a meu lugar favorito no mundo: seu corpo.


— Não. — Beijou minha testa. — Ele precisava encontrar você. Com nada além de amor e paciência você mudou a vida desse garoto. Deixou uma marca no mundo dele que ninguém jamais vai conseguir apagar. E fez o mesmo comigo — acrescentou, em um tom rouco.


— Da mesma maneira que você marcou o meu, William. — Eu o abracei pela cintura, colando meu ouvido em seu coração, escutando aquele tum-tum-tum tão familiar agora, sentindo-me absurdamente feliz. Nunca procurei notoriedade. Jamais desejei fama ou ambicionei reconhecimento. Tudo o que eu queria era deixar algo meu no mundo, uma marca que provasse minha existência, que lhe desse sentido. E consegui isso, deixando minha marca em William e Samuel, da mesma maneira que eles deixaram suas marcas em mim. Não é preciso ser um herói ou uma heroína e salvar o mundo todo. Basta mudar o mundo de alguém. Beca fizera isso com William. E ele fizera o mesmo comigo. Transformara meu mundo irrevogavelmente. O mesmo acontecera com Sam. E talvez um dia alguém diga:


“A srta. Maite Uckeremann Levy? Oh, sim! Que grande dama! Sabe arrematar um bordado como ninguém! Assim como saber amar. Ninguém jamais se entregou ao amor como ela!” Parecia um bom jeito de ser lembrada.


— Então, sobre a programação de amanhã... — William falou em meus cabelos. — Seu encontro com a sra. Lambert, depois o museu de arte. E quanto à noite?


Ergui o rosto.


— Não tenho nada planejado.


— Ótimo. — Ele sorriu. — Porque eu tenho.


— É mesmo? E o que tem em mente?


— Fazê-la sorrir como quando estivemos em Veneza. — Aqueles olhos com o mais quente e vibrante tom de verde se voltaram para os meus. Um arrepio me subiu pela nuca.


Veneza era ainda melhor do que eu havia imaginado! Passamos tanto tempo conhecendo a cidade e seus canais que acabei me bronzeando um pouco. E as noites... oh, as noites! William me levava para jantar em restaurantes charmosos, onde um trio cantarolava baladas que falavam de amor, íamos ver peças cujo figurino me deixava maravilhada. Ele me levou três vezes ao grande teatro La Fenice, e eu o achei ainda mais esplêndido do que tia Margareth havia descrito.


Não havia acústica melhor em todo o mundo! Depois voltávamos para o hotel, onde fazíamos amor até o amanhecer. Foram três semanas mágicas que, tenho certeza, ficaram marcadas em meu coração para sempre.


— Fazê-la sorrir todos os dias é o meu novo projeto — contou. — Na verdade, todos os meus projetos incluem você, Maite.


— Isso significa que em algum momento eu vou ter que destruir seu laboratório com uma luneta outra vez?


— Provavelmente. — Ele gargalhou alto.


Tapei sua boca com a mão, resmungando um shhhh, temendo acordar a sra. Veiga e Samuel. Ele achou que seria mais eficiente se, em vez da mão, eu usasse minha boca para calá-lo, então empurrou meus dedos com delicadeza e grudou os lábios nos meus. Um método infinitamente mais prazeroso, devo ressaltar.


Quando minha respiração voava e meu coração pulsava, frenético, William se afastou para me olhar. Deixou os olhos percorrerem cada linha de meu rosto, descerem para o vestido azul-turquesa que eu comprara para aquela ocasião especial, acompanhando o decote em formato de coração com as pontinhas dos dedos, as mangas que deixavam os ombros à mostra, o delicado bordado que adornava a cintura. Verdadeiras labaredas inflamaram suas íris.


— Este vestido é diabolicamente infernal, Maite.


— Que bom que gostou. Comprei uma dúzia deles. — Meu novo guarda-roupa, assim como minha vida, agora tinha cor, detalhes interessantes e uma infinidade de possibilidades.


Seu sorriso se ampliou.


— Excelente! Mal posso esperar para amaldiçoar cada um deles. — Afagou meu rosto com as costas da mão, aquele brilho incendiário fazendo meu sangue voar nas veias. — Você está tão linda que quase tenho pena de beijá-la e estragar tudo.


Antes que eu pudesse me opor à ideia, ele se curvou e deu início a uma trilha de beijos que começou em meu pescoço, seu nariz resvalando com reverência nas pérolas em minha garganta, o cavanhaque arranhando de leve a pele sensível. Uma de suas mãos se manteve em minha cintura, me segurando junto a ele, mas a outra se prendeu em minha nuca enquanto me mordiscava a orelha.— Mas só quase — sussurrou ali, e então me beijou com urgência.


Eu me perdi naquele beijo — em William —, como sempre acontecia, e não percebi que em algum momento ele se abaixou para passar um braço atrás de meus joelhos e me tomou em seus braços, me carregando para o quarto como um príncipe de conto de fadas carrega sua princesa depois de trilhar uma longa jornada para chegar até ela.


Por muito tempo nós nos perdemos um do outro, vagando pelo mundo aos tropeções. Quando finalmente nos reunimos, mesmo entre mentiras, segredos e desavenças, algo sublime e mágico aconteceu. O amor encontrou um jeito de fincar suas raízes em um coração orgulhoso e em outro ferido. Escolhi William para ser parte de mim, da mesma maneira que ele me escolheu para preencher os vazios que tinha em si. Juntos conseguimos construir algo maior que nós. Tão maior que nós.


Ele me colocou sobre a cama com muito cuidado, deitando-se a meu lado e me olhando com adoração, como se estivesse diante da mais perfeita criação.


Meus olhos marejaram; não pude evitar.


Por muito tempo eu me senti vazia, incompleta e tão pequena quanto um grão de areia, tentando entender onde era o meu lugar neste mundo. Agora eu sabia. Não era feito de paredes nem tinha mobília, muito menos era um pontinho marcado no globo. Era onde eu me sentia segura e protegida, onde era aceita e amada da maneira que era.


Fiz de William o meu lar. E não importava para onde iríamos, quanto tempo demoraríamos ou os problemas que teríamos de enfrentar. Nós estaríamos juntos porque assim escolhemos. Porque todos os dias nos escolhíamos. Não havia nada mais belo que isso.


— Se pudesse compreender o que eu sinto quando olho para você, Maite. — Encaixou a mão em minha nuca, o polegar acariciando meu pescoço. — Não apenas por causa da sua aparência. Você é linda! Mas é o que eu vejo dentro dos seus olhos que me comove dessa maneira, que mexe tanto comigo. Eu a amo.


Da maneira certa, da maneira errada e de qualquer outra que exista.


— Então, mostre — sussurrei, afastando com os dedos as mechas claras que lhe caíam nos olhos.


Ele abriu aquele meio sorriso que eu amava.


— Estava torcendo para que me dissesse isso.


Com os olhos cintilando paixão e deslumbramento, ele me puxou para ainda mais perto, abaixou a cabeça, colando os lábios nos meus, e atendeu meu pedido com muita eloquência.


 


                                                                                                                                                                                                                                  Fim.




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Autor(a): Fer Linhares

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Agredeço a quem leu e comentou e ficou até o final bjss :)   Vou deixar o link da continuação desse livro   Link: https://fanfics.com.br/fanfic/59309/desencantada-entregando-se-aos-segredos-do-amor-carina-rissi-livro Sinopse: Valentina de Albuquerque descobriu muito cedo que não é nenhuma princesa encantada ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 32



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  • poly_ Postado em 13/09/2019 - 14:11:41

    Desculpa a demora pra comentar, tô com muitos trabalhos, mas finalmente consegui vir aqui. E Simmm, posta a continuação, vou adorar. Bjuss!!!

  • poly_ Postado em 05/09/2019 - 12:28:41

    Menina quem imaginaria que era o Matias? Fiquei pasma. Nem acredito que tá acabando, vou sentir muita falta. Depois desse vc podia fazer uma adaptação Levyrroni do livro A Lady de Lyon, tô louquinha pra ler esse livro, dizem que é muito bom. Bjuss!!!

    • Fer Linhares Postado em 07/09/2019 - 19:22:35

      Vou ler esse livro, assim que eu terminar eu posto, bjss ;)

  • tehhlevyrroni Postado em 02/09/2019 - 11:58:23

    continua amo esse livro e vou amar mais ainda adaptado para Levyrroni

    • Fer Linhares Postado em 03/09/2019 - 20:09:23

      Continuando linda, bjss ;)

  • poly_ Postado em 31/08/2019 - 00:27:37

    Certeza q é o Duarte q fez isso, esse nojento. Mas tenho fé que o Will vai salva-la, tomara que ele consiga e ninguém fique ferido. Q momento fofo deles dois, amei. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 31/08/2019 - 11:40:07

      Eles precisavam de um tempo só pra eles bjss ;)

  • poly_ Postado em 30/08/2019 - 13:02:45

    Aí mds, posso bater no William? Kkkkkk Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 17:02:44

      Pode kkk , me chama pra ajudar tbm kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 23:50:45

    Tomara que eles sentem e se resolvam, e q Maite fale logo a verdade. Continuaaa

    • Fer Linhares Postado em 30/08/2019 - 11:17:06

      Do jeito que eles são, duvido que eles se resolvam calmamente kkk bjs ;)

  • poly_ Postado em 27/08/2019 - 15:26:50

    Aí q ódio de td mundo, da Maite por ser inocente ao ponto de ir atrás do homem, do William por ser um teimoso e principalmente desse Alex. Continuaaa

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 22:19:08

    Não vejo a hora de saber o que vai acontecer, parou na melhor parte. Continuaaaa

    • Fer Linhares Postado em 26/08/2019 - 23:53:59

      Do próximo capítulo em diante as coisas vão começar a esquentar, amanhã eu volto a postar, bjsss ;)

  • poly_ Postado em 26/08/2019 - 01:05:46

    Tô amando mulher, continuaaa (OBS: Ri demais com a briga do William com o irmão KKKKKKKKK)

  • poly_ Postado em 24/08/2019 - 13:34:10

    Ahh não acredito que Berta interrompeu esse momento. Pelo menos já estamos tendo um sinal de redenção né. Continuaa

    • Fer Linhares Postado em 25/08/2019 - 01:13:21

      Berta não e o problema agr kk, tem coisa ainda pra acontecer bjs ;)


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