Fanfic: A Cupido | Tema: Ponny (entre outros)

-- O que fazem aqui? -- Dul pergunta pondo a mão na cintura, mais seca do que o deserto da Arábia Saudita. -- Não ouviram a Alice? Vocês não são bem-vindos aqui.

-- O assunto não é com você, Darling. -- Ucker passa por ela, adentrando no nosso "novo lar." -- Narrí, nós recebemos um novo convidado. -- Ele aponta para si e depois para Poncho. -- Aquele seu amigo de cabelo loiro está dividindo o quarto com a gente. E ele nos informou que sua voz é como estar ouvindo o louvor dos anjos.

-- E? -- O incentivo a terminar de falar.

-- Quero ter o prazer de ouvi-la, baby. -- Ele caminha até a cama de May, e senta ao lado dela.

-- Eu também quero. -- A morena senta e cruza as pernas, me encarando como uma criança de oito anos encara sorvete.

Nesse momento, Chris entra sem ser convidado. Ele está com um violão em mãos.

-- Isso aqui é a feira da mãe Joana, por acaso? -- Dulce questiona, irritada. -- Vocês estão se saindo muito folgados pro meu gosto.

-- Fo/da-se. -- Ucker xinga.

-- Rídiculo. -- Dulce resmunga. Uma guerra está travada entre esses dois, louco é quem vai ficar no meio.

-- E então? A loira vai cantar ou não? -- Chris se manifesta, para nossa salvação.

-- Não/Vai. -- Dizemos em uníssono.

-- Três contra dois. Perdeu, Anahí. -- May olha para mim e Dulce com ar de vencedora. -- Anda logo!

Canto o refrão de uma música que eu ouvi na internet. A melodia ficou na minha cabeça por dias, até que eu decidir aprender a música também. Na época, eu gostava de me iludir imaginando que um dia um príncipe encantado iria me resgatar do malvado bruxo Robert em seu cavalo branco. Esse príncipe nunca apareceu.

"Então me beije, me beije, me beije
E diga que eu vou te ver de novo
Pois eu não sei se posso te soltar

Então me beije, me beije, me beije
Já estou ansioso para te ver de novo
Vamos fazer desta noite a melhor de nossas vidas
Essa vai para as memórias da adolescência"

Os meninos parecem satisfeitos. Poncho me olha como se tivesse encontrado a nova Rihanna, enquanto Christian continua calado, analisando o que ouviu em sua mente. Ucker está meio impressionado, mas também não dá um piu.

-- Nunca vi algo assim -- May corta o silêncio, boquiaberta.

-- Idem -- Chris afirma com a cabeça. -- Quero te mostrar uma coisa, Anny. Vê se gosta.

Ele senta em minha cama e ajeita o vilão em seu colo, dedilhando alguns acordes em seguida.

"E olha eu aqui
Pela décima vez tô passando
Na frente da casa amarela
E se algum vizinho me denunciar
A culpa é dela
De ex namorado agora eu tô virando suspeito"

As meninas estão atentas. Posso ver o brilho nos olhos de May ao vê-lo cantar, não era ela que estava falando mal do Chris a uns minutinhos atrás? Ih, bem que dizem que onde tem muita implicância tem amor. Sinto que ainda vou ver esses dois juntos.

"Olha o meu desespero
Tô fazendo amizade
Com o vigilante pra me explicar
Meu problema é amor
Tô sofrendo
Eu não tô querendo roubar
Mas me diz uma coisa
De quem é aquele carro preto
Na frente da casa amarela?"

Po/rra. Ele devia trabalhar como compositor, o cara tem muito talento.

"E o vigilante tá mandando a real
Não vale a pena eu ficar passando mal
Tem só três dias que ela me deixou
Faz mais de um mês
Que esse carro preto busca o meu amor
Agora acabou..." 

-- Eita, deu até vontade de ser cor/no. -- Poncho fala em meio a uma risada, assim que Chris encosta o violão ao lado da cama.

-- Se duvidar, talvez você não fique só na vontade. -- Dulce provoca, com seu ar de superior. Será que ela não sabe a hora de parar? Isso já está ficando bem rídiculo. E o Poncho não tem nada a vê com a história dela e do Ucker, ou tem? Af, tem tanta coisa que eu ainda não sei.

-- Você está opinativa demais. -- Poncho bufa. -- Deve ser por isso que o Ucker não te aguentou. Nem o papagaio da minha tia fala tanto.

-- Vá se fu/der -- Dul esfrega o dedo do meio no rosto do moreno e vai em direção a porta, batendo-a com força ao sair.

-- Pegou pesado, Poncho. -- Chris o alerta, meio desconfortável. -- Isso foi muito constrangedor.

-- Você fala coisas bem piores -- Poncho dá de ombros, sentando-se na cadeira de rodinhas em frente a penteadeira.

-- Uma coisa é eu comentar com você e o Ucker, outra bem diferente é eu e falar diretamente com ela. -- Defende-se. -- Já viram aqueles punhos? Basta um soco pra ela acabar com esse rostinho lindo.

-- Você é muito gay -- May sorri, mostrando os dentes branquissímos.

-- Ucker, eu queria saber a sua versão. -- Peço e ele me olha como se eu estivesse falando em mandarim. -- Sobre o seu término com a Dulce, idiota.

-- Ela é muito exigente -- ele diz, após dois minutos de reflexão. -- E ciumenta também. Ela passou um dia inteiro sem falar comigo só porque eu desejei bom-dia a Pilar, e só me desculpou porque eu fiquei quase duas horas sentado em frente a porta do quarto dela. Posso ser muita coisa, mas não sou trouxa. Se Dulce pensa que eu vou ficar correndo atrás dela e beijando seus pés, ela está muito enganada.

-- Ela está muito chateada -- confesso, morrendo de medo do que Dulce pode fazer comigo se souber dessa conversa. -- Contou que você ficou com a Nathália antes de terminar com ela. Isso não se faz, Ucker.

-- É mais complicado do que você imagina -- ele suspira, claramente derrotado.

-- Quando duas pessoas realmente se amam, nada é tão complicado que não possa ser resolvido -- May diz suavemente, como se estivesse recitando um poema.

Alguém bate na porta nesse momento, interrompendo esse momento de reflexão.

-- Anny, acho que são as nossas malas. -- May dá um pulo da cama e corre até a porta. É Caleb. -- Você deve ter se confudindo, os dormitórios são no andar de baixo.

-- Não me confudi, senhorita Perroni. --Caleb passa por ela e vem até mim. -- Perdão pelo atraso, Narrí. Eu teria chegado a tempo do discurso do Pascual, mas o banco estava uma loucura.

-- Não tem problema -- asseguro e ele fica mais tranquilo. -- Você não perdeu nada, aliás.

A porta bate outra vez.

-- Tem que ser as malas -- Maite bufa, voltando a porta. -- Aleluia -- ela lança os braços para o céu ao ver um cara com um carrinho para transportar bagagem.

-- A senhorita Alice pediu para eu entregar isso a vocês -- ele tira três cartões do bolso e entrega a May. -- Ela disse que mandou um extra.

-- Obrigada. -- May põe os cartões sobre a penteadeira e olha atenta enquanto observa o homem descarregar as malas do carrinho. Ele se retirou após terminar o seu serviço.

May arrasta todas as malas de cor azul para perto de sua cama, são quatro ao total. Caleb toma a iniciativa de pegar as minhas, que estão em mesma quantidade que as de May. Minhas malas são lilases com alguns patches espalhados por ela, Hanna trouxe de presente pra mim quando visitou a Itália. Ainda sobraram seis malas, obviamente de Dulce, sendo todas elas vermelhas.

Caleb já abriu uma das malas e está redobrando as roupas, pondo-as em montes sobre a minha cama.

-- Eu acho que é a nossa hora de vazar -- Chris se levanta, pegando o violão.

-- Eu também acho -- Caleb concorda. -- Não voltem nunca mais.

Os meninos ficam perplexos, mas vão embora sem arrumar mais confusão. Merda.

-- Você foi muito rude -- reclamo.

-- E você dá muita abertura pra esses garotos. -- Ele fala indignado. -- Todos eles namoram, Anahí. Você não teme o que a namorada de cada um dos três vai fazer se descobrirem sobre essa rodinha de conversa que fizeram?

-- Não tenho medo de nenhuma delas, -- viver dezessete anos com o Robert me ensinou muito sobre auto-defesa. Só não digo isso em voz alta porque não quero que May saiba sobre o horrendo passado de Anahí Portilla, a pobre garotinha que sofria abusos de seu cunhado asqueroso.

-- Pois deveria ter, Anahí. Essas garotas daqui fazem tudo por poder, elas não medem esforços para possuir o que querem. -- Ele tenta me impor medo. Não funciona.

-- Então nós temos algo em comum. -- Dou um sorriso irônico e ele me ignora, voltando a dobrar as minhas camisetas.