Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

 Versão da Dulce:

 2 Dias Antes…

 Eu me encontrava em um mar branco de tule e caldas, de pedras brilhantes e de corpetes apertados. Eu estava na loja de noivas mais maravilhosa e glamorosa de NY, eu me sentia no paraíso e no inferno de milhares de noivas.

 Infelizmente, não era eu que estava provando o vestido. Ainda

-Tô tão feliz por vocês terem vindo comigo!- Annie diz radiando felicidade e eu sorrio pra May, acho que não conseguiríamos dizer não nem se tentássemos, no quesito persistência Annie continuava a mesma da nossa adolescência e mesmo assim, não seria uma luta que iríamos vencer.

 -Você está linda Annie!- elogio a olhando em cima do mini altar no meio da nossa área reservada e ela sorri amplamente, ela ainda não tinha dito sim para aquele, mas era tão sua cara que parecia impossível dizer não.

 Ele era branco de tule e renda, tomara que caia e cheio de flores de renda bordada. Ela tinha se apaixonado no momento que viu e não queria admitir.

 -Acho que sim… -diz insegura, mas no fundo encantada e eu sorrio, eu e May observamos ela dar uma voltinha e observar todos os ângulos pelo espelho que ia do teto ao chão, até que ela sorri e começa a bater palmas- É esse!- diz animada e eu e May corremos até ela e lhe abraçamos, e eu lhe entrego um lenço quando vejo uma pequena lágrima de emoção escorrer.

 -O Poncho vai babar tanto que vai ser confundido com a água do mar!- May diz brincando e nos fazendo rir entre lágrimas- Sem falar nas lágrimas que aquele lá vai derramar!- afirma séria e pensativa e Annie lhe dá um tapinha no ombro em sinal de protesto.

 -É o meu noivo que você tá difamando!- acusa brincando e de repente sua expressão fica ansiosa e ela nos olha mordendo o lábio- Tem uma coisa que eu queria pedir pra vocês… -começa devagar mas meu celular começa a tocar a música que eu tinha programado para o hospital, May fica séria e Annie faz um bico mas acena para eu atender- Eu vou falando com a May, a minha favorita- provoca sorrido e eu me afasto divertida e atendo com o cochicho das duas atrás de mim.

 -Alô, Dra. Saviñon falando- atendo com a praxe automático e me viro quando ouço gritinho atrás de mim e May pulando de cima pra baixo, sua marca registrada para a felicidade.

 -VAMOS SER AS DAMINHAS!- grita eufórica e eu sorrio pra Annie e concordo entusiasmada.

 -Dra. Savinõn?- me chamam e eu volto a atenção pro celular- Precisamos da Senhora no hospital rapidamente, é sobre o caso da órfã recém-nascida e que se chama Luna. Pedimos que a Senhora venha para o hospital o mais rápido possível- congelo ao ouvir o nome de Luna e a animação de Annie e May se torna um papel de parede de fundo.

 Prendo a respiração e engulo um seco, tentando manter a minha voz o mais firme possível.

 -Chegarei em 20 minutos!- aviso e desligo logo em seguida, me viro com um sorriso tenso e falso para as meninas e elas me encaram preocupadas- Eu preciso ir pro hospital, é uma emergência!- digo com um olhar de desculpas pra Annie e ela concorda séria, olho pra May para ela saber que está tudo bem e saio da loja tentando permanecer calma, para assim que pisar fora da loja começar a correr.

 Amarro meus cabelos em um rabo frouxo e desamasso meu jaleco, tudo andando na maior velocidade sem ser considerado uma corrida. Chego na área pediátrica alguns minutos depois de que chego no hospital e antes mesmo de pisar dentro dela eu ouço, um alto e potente choro infantil que eu me apeguei bastante: Luna.

 Aumento meus passos e assim que viro o corredor eu a vejo no colo de uma enfermeira, chorando a plenos pulmões e com a chefe da pediatria em volta junto com o que eu ia confirmar logo, o serviço social que o hospital sempre chamam em casos de menores.

 Meus batimentos diminuem quando eu me aproximo e apenas ela toma conta da minha visão, apenas ela. Eu tinha me apegado demais a Luna, não a ponto de sequestrá-la e tudo o mais, mas o bastante para ficar arrasada quando seus avós tinham ido lhe buscar.

 FlashBack…

 -Saviñon?- minha chefe pergunta surpresa e eu coro, eu sabia que não devia estar ali na área pediátrica, mas eu só queria me despedir da Luna- O que você tá fazendo aqui?- pergunta séria e eu tento manter minha voz firme enquanto falo.

 -Eu sei que você me tirou do caso por motivos reais e por eu estar envolvida, só que… eu apenas… eu só queria me despedir!- digo vencida e ela me olha durante alguns segundos antes de confirmar e fazer um aceno para eu segui-la.

 Entramos dentro da área dos recém-nascidos e eu não preciso de dois segundos para lhe achar, toda modesta e de língua pra fora, empurrando os pés pra cima e fazendo caretas. Me aproximo com um sorriso e quando ela me vê ela abre um enorme sorriso, empurra suas perninhas pra baixo e estica os bracinhos pra mim, me fazendo perder o folego.

 -Oi lindinha- digo sorrindo e me estico para pegá-la, mas antes faço a pergunta silenciosa para minha chefe, que confirma com um pequeno sorriso e um dar de ombros- Eu senti saudades!- confesso em seu ouvido e ela ri, só tinha se passado menos de 24hs e eu já estava necessitada dela- Hoje é um dia muito importante pra você Luna, seus avós vão vir te buscar e te levar pra casa, lá ninguém vai ficar te cutucando pra fazer exames, só pra dar beijos e abraços. Lá vai ser quentinho e você vai ter uma cama só sua, e um segredo… não vai ter cheiro de remédio!- digo com os olhos arregalados de brincadeira e ela ri gostosamente, se aconchegando nos meus seios com a mão na boca- Vai ter alguém pra te pegar e nunca mais soltar, eu prometo!- afirmo e sem notar, minha voz ficar rouca pelas lágrimas que enchem os meus olhos e minha chefe me olha preocupada, mas eu nego e engulo o choro.

 Antes que alguma de nós duas possa tomar alguma atitude, a porta de vidro se abre e a assistente social do hospital passa por ela junto com um casal de idosos ansiosos. Não sei de onde vem a certeza dentro de mim, mas sei que aquelas são as pessoas que vieram levar essa linda menininha pra casa. Mesmo Ucker tendo conversado comigo o quão seria difícil isso, ainda doeu olhar pra eles.

 -Vocês devem ser os avós da Luna?- minha chefe pergunta tomando a frente e os dois concordam, me viro pra eles com um sorriso artificial no rosto e com Luna ainda no colo, coberta pelo cobertor que não os deixa ver muita coisa- Imagino que vocês devem ser os pais da mãe da Luna? Minhas condolências… - ela começa mas a senhora levanta a mão para lhe interromper, nos dando um susto.

 -Somos pais do pai da criança, nunca conhecemos a mãe dela. O nosso menino apenas nos falava dela, as vezes- diz e no seu tom eu detecto desgosto e pesar- Ele morreu a dois meses!- diz com lágrimas nos olhos e o homem que deve ser seu marido lhe abraça de lado.

 -Sinto muito!- digo pela primeira vez e ela concorda, mesmo que antes tenha me olhado de cima a baixo me fazendo ficar tensa- Bom… Sr. Sra., essa é a netinha de vocês: Luna- digo dando um passo a frente com o coração na boca e lhes dando a vista de todo o seu rostinho sonolento, mas para a minha surpresa a velha senhora faz uma careta que logo disfarça e o homem me dá um sorriso tenso.

 -Ela é… bonita- ele diz falso e eu faço uma careta e quase falo alguma coisa, mas minha chefe me olha firme e me faz calar a boca.

 -Podemos resolver a papelada agora?- a assistente social pergunta um pouco desconfortável pelo clima que se instalou e os dois confirmam meio indecisos, mas antes de se afastarem eu tusso e chamo a atenção da senhora, que me olha irritada.

 -Você não quer pegá-la?- pergunto como se isso fosse um teste e ela demora mais do que o normal para uma avó que acaba de conhecer a neta deveria, mas logo concorda e estende os braços tensa, olho pra Luna pela última vez e lhe dou um pequeno beijo na testa- Adios Luna!- digo em um forma de brincadeira, mas mesmo assim triste e a entrego para aquela velha senhora, que com ela em seus braços prometeu cuidar e educar daquele pequeno ser.

 Infelizmente ela não o cumpriu.

 Fim do FlashBack…

 -O que ela está fazendo aqui? Ela teve alguma complicação?- pergunto preocupada e correndo na direção dos três, a enfermeira, minha chefe e a assistente social que tinha acompanhado os avós da Luna.

 Não sei como, mas assim que Luna me vê ela começa a chorar ainda mais e a esticar os braços pra mim e automaticamente eu a tiro do colo da enfermeira e a aconchego deitada em mim, o efeito é instantâneo e ela logo para de chorar, fazendo com que todas respirassem aliviadas.

 Olho preocupada para minha chefe e para a assistente social, ficando cada vez mais preocupada com a presença de Luna ali, e graças a Deus minha chefe responde as minha dúvidas depois de um olhar de confirmação da assistente.

 -Os avós biológicos de Luna ligaram essa manhã pra assistência social e disse… que queria devolvê-la e que se não aceitássemos eles a deixariam na porta de qualquer orfanato da cidade. Eles também disseram que não queriam relação nenhuma com uma criança… dessa cor- diz com pesar e eu arregalo os olhos, a raiva enchendo meu sangue e transbordando em meu olhar.

 -Isso… isso é um absurdo!- digo ofegante, pra não dizer coisa pior e elas concordam- Isso é crime, abandonar uma criança é crime! Racismo é crime!- afirmo e a assistente social suspira cansada.

 -É verdade, tanto que vamos processá-los. Mas não podemos forçá-los a ficar com a criança, principalmente com o risco dela ter responsáveis negligentes- explica consternada e olhando pra Luna muito mais calma no meu colo, a balanço de um lado pro outro para que ela não chore e ela boceja, sempre com sono.

 -O que vai acontecer com ela?- pergunto em um sussurro sem desviar o olhar dela.

 -Bom… ela vai pra lista de adoção e a gente reza para que essa lindinha consiga pais amorosos. É tudo o que desejamos não é?- pergunta sem expressão e eu concordo pensativa.

 -Tudo!