Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

 Versão da Autora:

 Eu não consigo me concentrar, algo nubla a minha mente e se alastra como fogo pelo meu corpo. A dor invade o meu corpo a cada respiração. É possível que eu esteja ouvindo meu coração bater? Cada vez com batidas menos frequentes e dolorosas. Mas aí surge algo, um facho de luz e no centro, lindos e grandes olhos que me olham com preocupação. Eu não ficaria com esse olhar se tivesse esses olhos. Um desperdício.

 Abro um pequeno sorriso, eu queria esses olhos pra mim para sempre, mas parece tão difícil respirar com tanta dor. Eu sinto frio e logo sinto calor, sinto um toque no rosto para ele logo sumir, me sinto tonto e sinto a luz se apagando e se tornando cinza.

 -Por favor!- sussurra com a voz rouca e eu sorrio, minha última imagem é aqueles lindos e grandes olhos.

***

 -Por favor Chris! Acorda!- May chora sussurrando seu nome, mas ele não ouvia mais e ela infelizmente sabia disso.

 Tinha acontecido tão rápido, Taylor chamou todos pelo comunicador e Annie e May brigaram para ir junto e conseguiram, mas quando chegaram tudo já estava desandando e ela só se lembrava de ver Marcos apontando a arma pro Ucker e atirando. Mas foi tão rápido que ninguém ali acreditou em seus olhos até ver Chris cair em cima de Ucker e vê-lo sem ferimentos, mas Chris…

 -Por favor, acorda querido- implora encostando seus lábios nos dele, tentando em vão fazer com que ele acordasse e dissesse que aquilo foi uma brincadeira para lhe roubar um beijo, ela desejava tanto que fosse isso- Não, Sam me solta!- grita soluçando quando seu corpo é tirado de cima de Chris e arrastado por Sam para longe para que outros médicos cuidassem de Chris.

 Ela nem tinha notado a presença deles até agora.

 -Ele vai ficar bem May- sussurra lhe virando para que ela não precisasse ver a cena deles levantando o corpo mole de Chris e o colocassem na maca, ele tapou seus ouvidos e a forçou a olhar em seus olhos, sentindo dor ao notar que os olhos da morena já estavam vermelhos e inchados pelo choro- Vai ficar tudo bem!- mente tentando lhe confortar e ela nega e lhe abraça chorando, se recusando a ver Chris ser carregado as pressas para a cirurgia.

 -Ucker, UCKER! Olha pra mim, amor. Olha pra mim!- Dul implora tentando que Ucker a olhasse e saísse do estado de choque em que estava, mas ele não se mexia e mal piscava quando ela falava com ele, então Dul se sentou em seu colo com os dois no chão e lhe abraçou o mais forte possível- Sinto muito meu amor!- sussurra e antes que ele perceba, está soluçando no pescoço dela e lhe abraçando com força.

 -E-ele pulou n-na f-frente da… -gagueja sem folego e ela lhe aperta com mais força mesmo que pareça impossível, chorando em seu ombro tanto quando ele chorava no seu.

 Tinha acontecido tão rápido e ela tinha pensado que tinha perdido Ucker mais uma vez e que agora era para sempre, mas quando viu Chris pulando em sua direção, sentiu um enorme sentimento egoísta quando os dois caíram e seu noivo estava bem. Mas que foi apagado quando Chris tombou para o lado com os olhos semicerrados, com a mão na ferida que já tinha vazado uma enorme quantidade e sangue.

 Ela era médica e sabia que com aquela quantidade de sangue…

 Ela apenas colocou Luna no berço com cuidado e correu pro amigo e para Ucker, mas May tinha chegado primeiro e Ucker estava em choque.

 Então ela também chorou com pelo amigo.

 -Para trás!- o médico gritou e todos tiraram as mãos e o viram sacudir com o choque, olharam pro monitor e viram a linha ficar cada vez com menos batimentos- De novo. Pra trás!- tentou de novo e mais um choque percorreu o corpo de Chris, todos olharam de novo pro monitor um segundo antes dele começar a apitar mostrando uma linha reta infinita.

 Eles largaram os utensílios na bandeja e tiraram as luvas, abaixaram suas cabeças em sinal de respeito por alguns segundos e depois um deles olhou pro grande relógio na parede de concreto e decretou.

 -Hora da morte… 2:49.

***

 -Por favor meu Deus, de todas as preces que o Senhor deixou de atender, por favor, pelo menos essa!- sussurra soluçando, com as mãos em frente ao corpo agachado no chão, caído contra a parede do hospital e enrolado como uma bola de soluços e lágrimas- Por favor, faça com que… fique bem… não me tire… já passamos por coisas demais…- gagueja por conta das lágrimas, tentando manter a voz firme e forte para quando precisasse falar com o médico.

 -Parente?- quando ouve a voz calma do médico, levanta a cabeça rapidamente e fica de pé com as pernas trêmulas, confirma com a cabeça mesmo não sendo verdade e ouve o suspiro triste do médico- Sinto muito. Decretamos sua morte as 2h49 e eu preciso que converse com a polícia, parece que só você não depôs!- fala com a voz morta, mas a pessoa não escutava mais, seu corpo foi descendo em direção ao chão e ela não impediu a queda e mal deu importância quando a voz do médico ia sumindo.

 Sentia-se um cadáver, como o que estava em alguma dessas salas.

 Sentia como se tudo na vida estivesse errado e que nunca mais fosse conseguir sorrir.

 Sentia como se tivesse perdido o amor da sua vida.

 …

 …

 E de fato.

***

 O grito de May foi ouvido pelo andar inteiro e todos aquelas pessoas o reconheceram como o grito de dor quando a família recebe a notícia da morte de alguém querida. Ela se sentia muito pior do que isso, parecia que um pedaço de sua alma tinha sido jogada no fogo e deixada queimar até virar pó.

 O médico não sabia o que fazer para lhe confortar e como pensava que ela era da família, resolveu lhe dar um pouco de privacidade. Ele quase acertou. May era família, melhor amiga, cara metade, irmã mais nova, confidente, travesseiro, amor, sonho e ilusão de Chris, mas principalmente casa, para onde ele sentia que sempre podia se voltar em busca de apoio.

 Ele morreu com a visão de seus olhos, com um sorriso pequeno no rosto pois era tudo o que podia lhe dar de lembrança, o sorriso que tinha iluminado o mundo de May muitas e muitas vezes. O sorriso favorito dela e que ela sempre ia amar da forma dela. Chris era sua família, seu melhor amigo, cara metade, irmão mais velho, confidente, travesseiro, amor, mas não sonho e nem ilusão, ele era o seu Chris que sempre lhe amaria e que ela sempre buscaria por apoio. Ele também era sua casa.

 -O que você precisa?- Annie pergunta abraçando Poncho, ele sentado naquelas cadeiras desconfortáveis de hospital e ela em seu colo, ela podia ver Ucker e Dul na mesma posição e Sam e Taylor calados encostados na parede, com expressões sérias e sem encarar nada específico.

 -Eu só preciso que você não me largue nunca mais!- responde baixinho e se encolhendo com seus soluços.

 Quem passasse pela sala de espera quase vazia e visse aqueles dois grandes homens ficariam assustados com seu choro e saberiam que uma tragédia tinha acontecido ali. Mas eles não eram os únicos a chorar, Annie também chorava mesmo que tentando se manter forte, ela não conseguia tanto. O irmão deles tinha morrido. O parceiro de crimes que desde a adolescência os unia como cola.

 -MAU!- todos viram a cabeça quando o grito de Sam os acorda e olham para May encostada na parede tentando se manter em pé, mas assim que ela perde as forças e está prestes a cair, Sam a puxa para seus braços e lhe firma e lhe abraça.

 

 Christian faleceu como um herói. Ele morreu com um sorriso no rosto, essa sendo a sua marca registrada. Ele deixou corações quebrados e lágrimas para enchessem uma piscina. Ele deixou lembranças boas e saudades. Ele era um herói. Ele era um humano. E humanos sangram quando atingidos por balas.

 Ele se tornou um anjo de assas douradas se você acredita nisso. Ele virou pó e circula o ar se prefere assim. Ele quebrou a barreira entre a vida e a morte a atravessou se se importar. Mas a verdade é que ele ficou bem, ele aceitou morrer porque sabia que apenas ele tinha sido machucado no processo e que aqueles que ele amava tinham ficado seguros. Ele é um herói e quando se lembrarem dele haverá sorrisos e lágrimas quentes, mas para ele sempre haverá uma sensação de conclusão em sua história. Ele amou, viveu, teve os melhores momentos e suas lembranças ficariam eternizadas nas devidas mentes. Algumas mais do que outras, claro…

 -Chris… eu amo você!- sussurra como se fosse um segredo bem guardado e ele ri e aperta May em seus braços e lhe beija a bochecha.

 -Também te amo Tita!- diz sincero lhe dando outro beijo, só que nos lábios e ele foi calmo e carinhoso como sempre era com ela e apenas com ela- Sabe, o que você acha que a gente vai estar fazendo daqui a uns… 10 anos?- pergunta curioso como só um adolescente podia ser e May ri animada e se aconchega em seu peito, deitando a cabeça contra ele e encontrando o seu olhar divertido.

 -Provavelmente nós dois estaremos casados e com várias crianças em volta pra nos atormentar!- brinca rindo e ele abre um sorriso brilhante.

 -Então quer dizer que eu vou te roubar do Sam?- pergunta sarcástico e ela ri, mas, mesmo assim, concorda e segue com a brincadeira, lhe dando uma leve cotovelada nas costelas.

 -Eu sou sua lembra? Até que a morte nos separe eu vou te amar, é assim que funciona com almas gêmeas destinadas de todas as formas, elas ficam juntas!- fala com confiança e os olhos dele brilham com suas palavras.

 -E que formas são essas Sra. Chávez?- pergunta realmente curioso e ela lhe dá um sorriso peculiar.

 -Eu sou sua família, melhor amiga, cara metade, irmã mais nova, confidente, travesseiro, amor, casa, sou parte da sua alma e você é da minha. Lembra?

 -Lembro!- diz com confiança e assim a promessa foi feita.

 Família.

 Melhores Amigos.

 Cara Metade.

 Irmãos.

 Confidentes.

 Travesseiro.

 Amor.

 Casa.

 Alma Um Do Outro.

 Uma promessa inquebrável até para a morte. Simples e sorridente, assim.

 NÃO ME ODEIEM E ATÉ AMANHÃ!! BJSS E COMENTEM!!