Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

 Versão da Autora:

 Sam segura May pelos cotovelos para ela não cair e a coloca dentro da banheira, sua água quente criando vapor e preenchendo todo o banheiro. May não fala nada quando seu corpo encosta na água, ela apenas puxa os joelhos pro peito e os abraçam, deitando a cabeça neles e fazendo seu cabelo cair em cascatas pelo seu rosto.

 -A água tá muito quente?- Sam pergunta baixinho e ela nega em um leve movimento e ele suspira, pega uma esponja e passa delicadamente pelos braços de May e mãos, vendo a espuma escorrer levemente vermelha pelo sangue de Chris de quando May o segurou- Vai ficar tudo bem amor, eu tô com você ok?- a conforta lhe dando um beijo nos cabelos e ela se inclina em sua direção em silêncio e aceita o beijo.

 -Obrigada!- sussurra o deixando lhe limpar aos pouquinhos, fazendo toda a sujeira e o sangue irem embora de seu corpo.

 Ela não podia dizer o mesmo da alma e mente.

 1 Dia Depois…

 -Querida? May, você precisa levantar por alguns minutos e dar o seu depoimento pra polícia, só falta você e eles já estão lá na sala- Sam avisa em tom baixo e ela rola em sua cama se cobrindo e se encolhendo ainda mais com a coberta, tentando ignorar sua voz e seu pedido para que levantasse, mas logo sente uma mão afagando seu tornozelo e de novo a voz calma de Sam- Você precisa May, eu sei que vai ser difícil mentir pra polícia sobre o que aconteceu, mas quando mais rápido você fazer isso, melhor- diz tirando a coberta de seu rosto e ela lhe olha por alguns segundos em silêncio.

 -Ok!- sussurra rouca e Sam a ajuda a se levantar e espera do lado de fora enquanto May troca de roupa e sai do quarto, May não vê Dul em nenhuma parte do apartamento e sua mente começa a martelar em pânico, mas Sam aperta sua mão em conforto.

 -Ela ficou doida e quase arrastou o Ucker pra cá pra cuidar de vocês dois juntos, mas eu a convenci a ficar lá e a me deixar cuidar de você sozinho. Mas isso não a impediu de vir te ver quando você estava dormindo, logo ela deve passar de novo. Não se preocupe!- lhe explica e ela respira aliviada e aperta sua mão em agradecimento.

 -Sra. Perroni, sinto muito por sua perda e nos desculpe pela intromissão na sua casa, mas realmente precisamos de seu depoimento- o policial se levanta e a cumprimenta assim que eles colocam os pés na sala e May concorda, se sentando no sofá e aceitando a xícara de chá que Sam oferecia- Podemos começar?- pergunta a observando com seus olhos desconfiados e ela concorda e respira fundo e relata a mentira que Sam tinha lhe feito decorar e que todos tinham narrado.

 -Eu nunca tinha visto o Marcos cara a cara, só ouvido falar dele por causa da antiga gangue que ele tinha, mas isso foi na minha adolescência e com o tempo ele foi parado de ser citado e seu nome não significou muita coisa pra mim e pra minha amiga. Na festa na noite anterior… fiquei surpresa quando me disseram que era ele, mas deixei pra lá porque não tinha nada a ver comigo- diz fincando as unhas nas palmas das mãos, tentando continuar o relato sem gaguejar e fazê-lo desconfiar de sua versão dos fatos.

 -Como foi que você e seus amigos foram parar no tiroteio?- pergunta em um tom calmo e anotando poucas palavras em um bloquinho.

 -Sam e os meninos queriam ver aonde eu e Dul trabalhávamos a maior parte da semana, a gente não achou que teria problema. Fomos direto para a ala pediátrica porque Dul queria que os meninos conhecessem a menininha que ela e o Christopher queriam adotar, mas quando chegamos lá ouvimos um barulho de tiro e corremos na direção do barulho.

 -Quando ouvimos um barulho de uma arma sendo disparada o nosso instinto principal é correr na direção oposta, então por que você e seus amigos correram na direção do barulho?- pergunta sério e eu engoli um seco e Sam fechou sua expressão, mas eu lhe dei um olhar de aviso.

 -Quem atira, atira em alguma coisa ou em alguém. Na maioria dos casos é a segunda opção e como o senhor disse, instintos, eu e a minha amiga temos o instinto de salvar pessoas, não é atoa que resolvemos ser médicas. Então, sim, corremos naquela direção para ver se alguém estava ferido e encontramos Marcos por cima do corpo da enfermeira e ela com uma bala cravada na testa- rebate ácida e Sam relaxa quando o policial faz uma careta e anota no bloquinho.

 -Foi aí que ele avançou para vocês e lhes ameaçou com a arma?- pergunta desconfiado e ela concordo séria, temendo o que viria a seguir.

 -Dul e Ucker conseguiram se desviar e correram para a enfermeira e para ver se Luna estava bem, já que aquela era a área que ela estava. Ele veio na nossa direção e ouve uma briga por causa da arma, ele estava sozinho e estávamos em vantagem, mas ele apontou a arma aleatoriamente para acertar alguém e foi na direção do Ucker, a arma disparou e foi tudo muito rápido nessa hora, só sei que depois Chris estava… caído n-numa possa de sangue e sem conseguir respirar. Eu me joguei em cima dele para lhe ajudar, m-mas eu estava em choque e n-não consegui… -diz soluçando e Sam lhe abraça apertado, sabendo que ela não estava fingindo nenhuma dor.

 O policial engoliu um seco quando viu suas lágrimas e dá uma fraca tosse se levantado, nenhum deles dois fez o mesmo, apenas lhe olharam ansiosos.

 -Já consegui tudo o que eu precisava Sra. Perroni, obrigada! E mais uma vez, sinto muito por sua perda!- diz com sinceridade e ela concordo agradecida e lhe acompanha até a porta, mas ele se vira pouco antes de sair e lhe olha com firmeza de um policial- Esse homem pode ter fugido, mas a polícia de NY está empenhada em achá-lo!- diz sério e May concorda, mesmo sabendo que eles nunca achariam Marcos, o destino dele já estava traçado no momento em que atirou em Chris no hospital.

 -Obrigada!- responde sem saber o que dizer e sendo sincera e ele concorda, bate em seu quepe e sai do apartamento.

 Ela se vira pra Sam e ele abre os braços em sinal de apoio e May corre pra ele, se afundando em seus braços e chorando mais uma vez até dormir.

 -Como ela está Sam?- Dulce pergunta preocupada e temendo a resposta, ela tinha passado lá quando May dormia e pretendia voltar daqui a algumas horas de novo.

 Ela tinha que mostrar para May que estava ali por ela, assim como a morena estava pra ela quando ela perdeu o bebê e quando Ucker foi embora a tantos anos. Ela ficariam juntas e superariam juntas, como em todas as vezes.

 -Dormiu chorando depois que o policial saiu daqui terminando o depoimento, mas ela vai ficar bem. E Ucker?- pergunta tentando mudar de assunto e Dul morde o lábio e se vira para olhar o noivo desmaiado na cama, enrolado na coberta e com o rosto manchado de lágrimas.

 -Na mesma situação!- diz com pesar e os dois ficam em silêncio, apenas observando aqueles que amavam dormir- Nos vemos amanhã no enterro?- pergunta baixinho e Sam concorda com a garganta, desligando depois de se despedir.

 -Dul!?- Ucker lhe chama desesperado e a procurando por todo o quarto, ela corre em sua direção e cai do seu lado da cama, segurando seu rosto com as duas mãos- Eu acordei e não te achei!- diz envergonhado e ela abre um pequeno sorriso reconfortante e lhe beija levemente os lábios.

 -Você não vai se livrar de mim amor. Tô aqui!- diz firme e ele concorda e lhe puxa para debaixo dele, lhe apertando em seus braços e voltando a dormir e Dulce se permitiu dormir também, aconchegada em seus braços e se livrando das preocupações por algumas horas.

 2 Dias Depois…

 -Alguém gostaria de falar algo?- o padre pergunta depois de rezar e dizer algumas palavras sobre Chris, os pais de May soluçaram quando viram sua menina se levantar tremendo e caminhar até o microfone.

 -Bom dia!- gagueja e todos a responder com fracos resmungos, May engole as lágrimas e olha pro céu por alguns segundos antes de tomar coragem- O dia hoje está lindo, ensolarado e nada adequado para um enterro, combina com o Chris, uma pessoa que estava sempre sorrindo e nunca perdia o humor. Ele era o sol, ele fazia todos se sentirem bem e confortáveis uns com os outros, ele criava um ambiente quando chegava e… e eu já sinto sua falta!- soluça baixinho e Dul se levanta para ir em sua direção, mas Sam segura sua mão e nega, ele sabia que a morena precisava disso pra se despedir- Quando eramos adolescentes, ele dizia que eu tinha salvado ele quando nos conhecemos e quando eu e a minha família o convidamos para morar na nossa casa, isso era mentira. Eu não o salvei. Ele me salvou. Ele iluminou a minha vida e se tornou a pessoa que eu mais amava e confiava. Infelizmente nós tivemos problemas e brigamos, eu fui teimosa e não o desculpei enquanto ainda tinha tempo. Perdemos muito tempo por causa disso, mas eu sei que ele me perdoou e isso me deixa feliz. Pode se horrível dizer isso, mas eu fiquei feliz que ele morreu sorrindo e sem sentir a dor, sem nem notar a dor. Eu fico feliz porque quando eu penso no Chris, eu sempre vou me lembrar de coisas felizes e de que ele foi o meu primeiro amor, mesmo que durante pouco tempo. E eu fico feliz mesmo não querendo, porque eu sei que era isso que ele quereria. Mas claro, eu não posso evitar chorar também, então me desculpe pelas lágrimas!- diz olhando pro alto e quem estava ali mesmo não querendo, deu um pequeno sorriso em homenagem a ele, sabendo que ele realmente não iria querer lágrimas- Eu vou sentir saudades!- sussurra finalizando e limpando seu rosto e afastando as lágrimas já derramadas.

 May pega uma das rosas brancas dispostas perto no microfone e a coloca calmamente em cima do caixão, se vira e caminha a passos largos até Dul que a recebe com um abraço e as duas choram quando Annie também se une a elas.

 -Vamos rezar uma última oração- o padre diz também emocionado e todos fecham os olhos em silêncio e rezam pela última vez antes de abaixarem o caixão.

 Um por um, todos jogam rosas e diversas outras flores no buraco, se despedindo com poucas palavras e lágrimas, até a última pessoa terminar e a primeira pá de terra ser lançada lá dentro, fazendo pouco a pouco o caixão desaparecer de vista.

 A lápide, brilhante e branca, estava coberta por um pano para quando fossem colocá-la, mas May sabia suas palavras de cor e não precisou olhar quando eles a prenderam no chão, em cima da terra fofa e cheia com mais flores.

 “Aqui descansa em paz Christian Chávez, filho, irmão, amigo e lar de muitos. Sua luz e memória permanecerá até o sol se apagar e todos tiverem subido aos céus do Senhor.

  1994-2019”

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