Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

Versão do Ucker:

 Tudo parecia ter se passado por um borrão durante os últimos trinta minutos desde que a assistente social nos ligou com a notícia, nos impactando com apenas um “não”. Dul parecia ter entrado em choque quando desligou o celular, demorou poucos segundos para que o choro viesse e menos ainda para que eu a apertasse nos meus braços com toda a minha força, tentando não chorar para que ela não ficasse pior.

 -Vamos pro quarto!- digo calmo e ela concorda soluçando e eu a abraço de lado enquanto caminhamos, mas ela congela antes mesmo de entrarmos no salão e eu a olho preocupado.

 -Temos que ir pelas escadas laterais e dar a volta pelo jardim até a entrada do hotel!- diz acenando pra pequena e quase invisível escada da varanda que dava pro jardim e com mais  alguns passos, para a praia, a olho pronto pra discutir e tentando lhe explicar que pelo salão é muito mais fácil quando ela volta a falar, me calando- Eu não quero estragar a noite de mais ninguém e se as meninas me virem nesse estado é isso que vai acontecer!- diz com determinação e eu concordo depois de alguns segundos e a puxo em direção ao jardim.

 Passamos quase na areia e eu vejo ao longe um lindo coreto branco no meio da praia, ele era todo aberto e bem simples, mas eu de alguma forma o achei encantador. Olho pra Dul e a vejo com um olhar perdido e beijo sua testa em sinal de apoio.

 A primeira coisa que ela faz quando chegamos no quarto, é tirar os sapatos e pedir para que eu abrisse o zíper do vestido, o deixando cair no chão junto com seu sutiã e calcinha e se jogando na cama toda esparramada. A olho triste e tiro os sapatos, gravata e o terno, me jogando ao seu lado logo em seguida, fazendo com ela me olhasse com seus grandes olhos marrons cheios de lágrimas.

 -Será que algum dia, alguma coisa que a gente tente vai dar certo? Por que até agora, tudo o que a gente faz com o objetivo de sermos felizes, termina comigo chorando!- soluça e eu a puxo pra deitar no meu colo, acariciando seus cabelos e a balançando de um lado pro outro enquanto cada soluço chega, um pior e mais forte que o outro.

 -Tudo vai dar certo Dul, sempre podemos recorrer pela Luna. E vamos fazer isso assim que chegarmos em casa, com uma taça de vinho cheia até o topo e nus!- digo com um pequeno sorriso e sinto ela abrir um bem pequeno.

 -Eu amo você por tentar me alegrar, mas no momento eu não tenho muitas esperanças amor, o juiz disse que por não sermos casados não somos confiáveis para uma relação estável, por assim dizer!- diz baixinho e eu faço uma careta, eu ainda não sabia dessa parte.

 -Ele é um idiota!- rosno irritado e ela concorda em silêncio e se aconchega mais em mim, com a cabeça no meu peito e com a perna enlaçada na minha- Vamos dar um jeito!- prometo e ela suspira triste e concorda.

 Ficamos em silêncio até eu ter a certeza de que ela pegou no sono e que finalmente ela não vai me ouvir desmoronar. Choro em silêncio a apertando em meus braços, tentando não atrapalhar seu sono. Choro por nossa menina e por raiva desse juiz conservador, que nos tirou a nossa primeira chance de sermos felizes em anos.

 Eu não entendia, muitas pessoas adotavam e não eram casadas, claro que era mais difícil, mas elas conseguiam. Estávamos noivos, caramba! Isso não contava pra alguma coisa? Estávamos só a algumas semanas de começarmos os preparativos, de sermos casados…

 Espera!

 Meus olhos se abrem de supetão e eu quase acordo a Dul com meus movimentos frenéticos enquanto tento levantar da cama com pressa. Ela se remexe e resmunga um pouco quando eu levanto, tateando o meu lado da cama e agarrando meu travesseiro o abraçando. Isso me faz sorri minimamente e ficar ainda mais animado com meus pensamentos.

 Coloco os sapatos e o terno novamente e saio do quarto sem fazer barulho, esperando apenas estar no corredor para sair em disparada pro elevador. Alcanço o salão de festas em poucos minutos e ouço a música antes mesmo de entrar.

 Procuro um dos nossos amigos pelo salão e quando encontro May e Sam, eu corro na direção deles e sem nenhuma cerimônia pego os dois pelo cotovelo e os levo para um lugar afastado.

 -Que isso Ucker? Ficou maluco?- May se vira pra mim indignada quando eu finalmente os solto na mesma varanda que eu e Dul estávamos a quase uma hora atrás.

 -Eu preciso da ajuda de vocês!- digo ofegante e os dois trocam um olhar nervoso e concordam.

 -Aconteceu alguma coisa com a Dul?- Sam pergunta e vejo May prender a respiração ansiosa.

 -Mais ou menos, vocês podem procurar a Annie, o Poncho, Taylor e Ester, e a Lya?- pergunto nervoso e May concorda.

 -Nick também?- pergunta inocente e sem conseguir me conter eu bufo, mas concordo mesmo assim fazendo ela sorrir e os dois desaparecem pra dentro do salão. Decido caminhar um pouco pelo jardim, tentando manter meus pensamentos em ordem para tudo o que eu estava planejando.

 Ouço as vozes preocupadas dos meus amigos e me viro os vendo descer a escada da varanda e a caminhar em minha direção, agitados. Annie me encara com seu olhar preocupado assim que estamos perto e eu solto um suspiro aliviado por eles não terem demorado.

 -O que aconteceu?- Lya é a primeira a perguntar me abraçando de lado e eu beijo sua testa com carinho e olho pros outros.

 -Eu e a Dul estávamos esperando a ligação da assistente social a alguns dias, com a resposta de que poderíamos ou não adotar a Luna. Recebemos a ligação a uma hora atrás- digo calmo e todos começam a falar ao mesmo tempo, tentando adivinhar o que tinha acontecido e dando suas opiniões- Nós não conseguimos!- digo mais alto que eles e todos ficam em um silêncio chocado.

 -Por que não?- May pergunta estridente e com os olhos em chamas e eu suspiro triste.

 -O juiz acha que não temos estabilidade por não sermos casados!- explico e Poncho bufa indignado.

 -Isso é um absurdo, muitas pessoas até mesmo solteiras, conseguem adotar uma criança sozinhas. Eu vou ligar pro meu amigo, pra ele pegar o caso de vocês!- avisa e eu concordo agradecido.

 -Obrigado! Mas não é por isso que eu chamei vocês aqui- digo e eles me encaram com confusão e eu logo esclareço- Eu sei que nós dois teremos muito mais chances de ganhar a guarda da Luna se formos casados, então… -paro quando ouço vários suspiros surpresos e um gritinho de Lya próximo do meu ouvido e seus braços pequenos me envolvendo em um abraço apertado.

 -Você quer se casar amanhã?- pergunta saltitando.

 -Mais ou menos, olha, eu sei que nós viemos aqui pro casamento de vocês e que esse é o momento de vocês. Mas eu vou embarcar com a Dul no próximo avião para… -Annie me interrompe com uma poderosa careta e eu estremeço com seu olhar.

 -Pode parar aí Uckermann!- avisa Annie com a voz séria e Poncho concorda e me encara indignado- O que você achar que vai fazer? Voar pra Vegas e se casar sem os seus amigos e família?- pergunta sarcástica e eu concordo, mesmo não tendo muita certeza depois do seu tom de voz- Você teria que me matar pra eu deixar isso acontecer!- avisa me olhando mortalmente.

 -E onde você sugere?- pergunto irônico e ela bufa como se eu não tivesse cérebro e me olha cética, antes de acenas em nossa volta com um olhar inteligente.

 -Aqui oras, eu e o Ponchito não nos casamos aqui? Podemos arrumar tudo com o hotel e fazer algo simples e bonito aqui mesmo- explica e vejo os outros concordando levemente com a cabeça, mas eu nego antes que todos possam concordar.

 -A gente veio aqui pro casamento de vocês! Não vou estragar isso me intrometendo nessa memória!- digo acenando pro lugar e não é só o bufo de Annie e Poncho que eu sou recompensado, mas o bufo de todos ali presentes.

 -E agora, você e a Dul vão se casar aqui também!- Poncho rebate ignorando a minha última parte e antes que eu negue mais uma vez, ele levanta a mão pra me interromper- Já estamos decididos e eu garanto pra você uma coisa, não tem como você fazer com que a gente mude de ideia. Até tinha se fosse apenas um de nós, mas todos? Você não tem a menos chance!- diz sorrindo malicioso e vejo alguns sorrisinhos de resposta.

 Olho pros meus amigos, os antigos e os novos e dou um suspiro vencido, e concordo. Annie dá um gritinho e me abraça apertado, me desejando os parabéns e um por um, meus amigos fazem o mesmo. Até mesmo Nick, que apenas me encarava com um sorriso.

 -Eu vou falar com a minha decoradora e dizer que temos mais um casamento as pressas para organizar!- Annie diz animada mas eu nego, nesse ponto eu não ia desistir.

 -Você pode ajudar, mas depois. Você e o Poncho tem que aproveitar pelo menos um pouco da festa de casamento de vocês, se não, nada feito!- rebato sério e ela faz uma carinha desanimada com a perspectiva de perder a chance de organizar outro casamento- Vão pra festa e se divirtam, eu vou falar com a mulher e organizar as coisas pra amanhã.

 -Eu vou com você!- Lya e May falam em uníssono e eu concordo, eu realmente precisaria da ajuda delas.

 -É tão injusto que você aceite a ajuda delas e não a minha!- Annie resmunga com um bico e eu reviro os olhos.

 -Eu vou precisar. Mas amanhã, com a Dul. Eu vou precisar que vocês busquem ela e a preparem- explico e Ester faz uma careta de interrogação enquanto as outras concordam.

 -Como assim? Você não contou pra ela sobre essa ideia?- pergunta surpresa e todos me olham esperando minha resposta e eu engulo um seco.

 -Bom, é meio que… uma surpresa!- digo dando um sorriso amarelo e May ri animada.

 -Você surpreende quando quer Uckermann, pode deixar com a gente que tudo vai sair perfeito!- promete animada e eu lhe lanço um olhar agradecido.

 -Obrigado!- agradeço a todos e eles me lançam sorrisos confiantes e concordam.

 -Alô? Christopher?- o senhor Saviñon me atende confuso e com uma pontinha de preocupação me fazendo suspirar, eu nunca tinha ligado pra ele e era claro que ele iria pensar que havia alguma coisa de errado, dava pra ouvir no seu tom- Aconteceu alguma coisa com a minha menina?- pergunta preocupado e o ouço se movendo e conversando com Blanca baixinho.

 -Não senhor Saviñon, pode ficar tranquilo. Mas tem algo que eu quero pedir pra você e pra Blanca, você pode colocar no vivo a voz?- pergunto ansioso e ouço mais algumas vozes sussurradas e logo depois, minha querida sogra me salda com uma voz rouca de sono.

 Eu sabia que eles já estavam acordados, só não tinha certeza de a quanto tempo. A diferença do horário do Havaí e NY era de 6 horas, como aqui era 2 da manhã, lá era 8 e os Saviñon acordavam com o sol todos os dias desde que Dul era um bebê.

 -O que houve querido?- Blanca pergunta preocupada e eu sorrio, ela tinha começado a me tratar melhor depois do churrasco com a família e já estava até sendo carinhosa comigo, não sei se isso duraria quando eu falasse a minha ideia.

 -Bom, é o seguinte… - explico sobre a assistente social e ouço Blanca fungar baixinho, mas não me interrompe e me deixa continuar, o único momento em que ela fala alguma coisa, é quando eu digo que vou me casar com a Dul.

 -Nós já sabemos disso Ucker, mas até lá pode ser… tarde!- diz triste e eu engulo um seco com medo de suas reações.

 -Vocês não entenderam, eu pretendo me casar com a Dul… daqui a algumas horas, no Havaí- jogo a bomba e nenhum barulho e proferido durante vários segundos, até que uma risada interrompe pelo celular e eu tenho que o afastar para não ficar surdo.

 Eu lembrava de quando Dul me explicou que quando sua mãe estava nervosa ou irritada, ela começava a ter crises de riso, seguidas quase sempre por explosões de fúria. Por isso, eu já estava preparado para o que viria a seguir.

 -VOCÊ FICOU LOUCO? VOCÊ QUER SE CASAR COM A NOSSA FILHA SEM A GENTE?- grita descontrolada e ouço Fernando xingar quando ela toma o celular de sua mão- QUEM VOCÊ PENSA QUE É CHRISTOPHER UCKERMANN?

 -Eu…!- tento falar, mas ela me interrompe com mais gritos irritados e me xingando de nomes que eu nunca tinha ouvido falar- BLANCA!- grito chamando sua atenção e ela fica quieta me fazendo soltar um suspiro de alivio- Eu não quero desrespeitar vocês, nunca! Mas eu quero me casar com a Dul e sei que ela também, não só por causa da Luna, mas porque a gente se ama, mas nenhum de nós vai conseguir fazer isso se não tiver a benção de vocês- digo abaixando o tom e todos ficamos em silêncio, ouço os dois sussurrando um com o outro e espero apreensivo.

 -Christopher?- Fernando me chama e eu faço um barulho com a garganta pra mostrar que eu estou ouvindo e ele continua- Eu estou odiando a ideia da minha menina se casar sem eu estar aí, mas mesmo assim… eu sei que é importante e eu dou a minha benção pro casamento de vocês… amanhã! Rosna com nojo a última palavra e eu sorrio aliviado.

 -Obrigado senhor… -começo a agradecer, mas ele me interrompe.

 -Mas, eu tenho uma condição. Quando vocês voltarem pra cá, nós vamos organizar outra celebração, essa vai ser na igreja e com todos os nossos amigos e parentes, vai ter uma grande festa e tudo o que um casamento tem!

 -Perfeito!-- exclamo animado e ele se despede passando o celular pra Blanca.

 -Olha aqui mocinho, é bom que eu veja muitas e muitas fotos dessa cerimônia na praia, se não sua vida vai ser um inferno!- ameaça e eu começo a suar frio, uma ameaça de Blanca Savinõn não era pouca coisa.

 -Entendido!- rebato nervoso e desligo depois dela se despedir, olho em volta, admirando a praia a minha volta e dou um sorriso nervoso e animado.

 Meus amigos já tinham se dispersado em suas tarefas e eu tinha ficado para fazer a ligação, posso dizer que foi uma ótima escolha, porque assim que eu levantei a vista pra praia e vi o coreto branco, eu soube exatamente aonde seria a cerimônia.