Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

  Versão da Dulce:

 -Querida?- fico tensa quando mamãe me chama e olho em volta, minha cama estava toda desfeita e meu quarto tinha virado uma zona de guerra.

 Todas as coisas que Ucker tinha me dado no mês e meio que ficamos juntos estava quebrado, rasgado ou prestes a ser queimado. Os cartões que ele tinha me dado, as flores de plástico, as fotos e alguns enfeites, eu não podia encarar eles agora, pelo menos os que tinham sobrado no meio das coisas destruídas.

 -Mamãe! Precisamos conversar!- chamo e quando ela chega na porta do quarto e vê a confusão, eu falo a última parte baixinho, em pânico pra saber como ela vai reagir, apesar de já ter uma ideia.

 -O que aconteceu aqui?- pergunta se aproximando de mim, que estava sentada no meio do quarto e com as coisas de Ucker em minha volta, eu estava me acostumando muito a ficar nessa mesma posição, principalmente depois do que aconteceu hoje- DULCE! O SEU VESTIDO!- grita horrorizada e eu olho pra baixo e vejo, meu vestido de baile rasgado em alguns cantos e manchado de lágrimas e sujeira da piscina- O que aconteceu com você Dulce Maria?- pergunta mais séria do que nunca e eu respiro fundo e a olho nos olhos pela primeira vez desde que ele foi embora.

 -Eu estou grávida!- eu gaguejo um pouco, mas o tom firme na minha voz não pode ser deixado passar batido, afinal, eu puxei isso dela.

 E Blanca Saviñon sempre teve uma voz para ser ouvida.

  Algumas horas antes…

 -Eu não entendo o motivo de vocês estarem indo para esse baile- mamãe sussurra pra si mesma e eu suspiro, ela não queria que eu saísse de casa por ainda estar abalada, mesmo ela não sabendo o motivo completo para isso.

 Bom, nem eu sabia. Mas eu tinha a impressão de que hoje eu iria descobrir.

 -Está tudo bem mamãe, é só um baile!- falo com a voz calma e ela concorda e se afasta, desce o olhar por mim me avaliando e concorda com um sorriso, me viro e me olho no espelho, eu estava realmente linda.

 Meus cabelos vermelhos estavam soltos em cachos e eu tinha uma maquiagem simples, o vestido rosa bebê tinha combinado com o cabelo perfeitamente e os saltos brancos baixos com pedras dava o toque final. Eu tinha me recusado de usar um corsage e mamãe não reclamou, eu gostei dessa parte.

 -Estamos chegando meninas, vocês tem certeza de que querem fazer isso?- papai pergunta olhando pelo retrovisor para mim e para May, e nós concordamos com um aceno e ele suspira desistindo.

 Mamãe me olha magoada por não ter tirado nenhuma foto, pois eu não tinha deixado e eu dou de ombros e lhe dou um pequeno sorriso fechado. May aperta minha mão assim que estacionamos na porta da escola e a vemos toda iluminada e decorada com enfeites branco, dourado e roxo. Vemos que não tem quase ninguém na porta e saltamos do carro, May se vira e acena pros meus pais, eu não.

 Coloco a mão protetoramente na minha barriga e respiro fundo. Aquele ser dentro de mim parecia ter me dado forças, mesmo eu ainda não o aceitando completamente. Olho pra May que concorda e entramos na escola.

 Entramos no ginásio e parecia que todos estavam nos olhando, eles esperavam que eu e May chegássemos acompanhadas, eu com o Ucker e ela com o Chris, e por isso pareciam quase decepcionados e bastante confusos. Os ignoramos e eu procuro Zac com o olhar e quando o acho, eu e May caminhamos até ele a passos largos.

 -Zac!- o chamo e ele se vira surpreso e aliviado por nos ver ali, ele se separa da acompanhante dele e nos encontra na metade do caminho com um sorriso tenso no rosto.

 -Olá meninas, que bom que vieram!- exclama com uma animação forçada e eu reviro os olhos cansada.

 -Me dê logo o que ele deixou com você, é só por esse motivo que eu vim aqui e quero terminar logo com isso!- falo direta e ele fica tenso e concorda, ele acena pra saída do ginásio e fala alguma coisa no ouvido da acompanhante, que concorda e sorri pra nós.

 Ele nos acompanha até a saída, mas quando estamos quase lá Chris aparece com uma expressão ansiosa e May fica tensa ao meu lado. Ele olhava pra ela como se ela fosse sair correndo a qualquer segundo e ela ia, se ele dessa a chance, mas não parecia que iria deixá-la fugir.

 -Que bom que você veio, precisamos conversar!- fala firme e May bufa irônica e nega, Chris fecha a cara e seu rosto fica triste- Por favor?- pede em um sussurro e eu aperto a mão de May com força e aceno na direção dele.

 Ela me encara confusa mas concorda a contra a gosto, Chris me olha agradecido e diz um pequeno “obrigado” com os lábios, é a minha vez de fechar a cara e ficar tensa.

 -Não fiz isso por você!- rosno e ele se encolhe, dou um olhar para May e eu e Zac saímos do ginásio a passos largos e seguimos em direção aos armários da parte leste da escola.

 Eu não estava indo para as aulas, então não tinha visto a decoração completa dos corredores, posso dizer que as vi enquanto caminhávamos, mas que tudo ficou invisível quando Zac parou em seu armário e tirou de lá uma pequena caixa de veludo vermelho e me estendeu com uma expressão apreensiva.

 -Eu não sei o que tem aqui dentro, mas foi isso que o Ucker deixou- diz e dá de ombros desanimado- Ele disse que o que tinha aí dentro ia fazer você entender o motivo dele ter ido embora!- explica e eu faço uma careta e o olho acusadora.

 -Você sabia?- pergunto nervosa e ele demora alguns segundos e concorda, me fazendo bufar- Claro que sim!- rebato amarga e me viro para ir embora, mas ele segura meu pulso com delicadeza e me vira para ele.

 -Ele nunca te contou o motivo de nós não nos darmos bem não é?- pergunta ansioso e eu nego, só um pouco interessada nesse assunto, mas antes que eu lhe dê as costas novamente, ele volta a falar com a voz mais nervosa do que o normal- Nós eramos amigos, nós cinco na verdade. Eu, Ucker, Poncho, Chris e… Make- fala e seu tom fica triste e sem vida ao falar o último nome, despertando a minha curiosidade.

 -Quem é Make?- pergunto confusa e me virando, seus olhos ganham um brilho de saudade e ele sorri triste.

 -Era o quinto integrante do grupo mais descolado da escola!- fala em um tom divertido e me olhando nós olhos, até que esses se escurecessem- Ele morreu faz 3 anos!

 -É por isso que você e os meninos não se falavam?- pergunto confusa e ele concorda.

 -Sim e Não. Ucker já te contou por que ele nunca vai a praia?- pergunta do nada e eu pisco confusa e nego e ele suspira cansado- Quando tínhamos 15, eu, Ucker e Make fomos a praia de Miame durante um fim de semana, Poncho e Chris não puderam ir e foi só nós três. Ficamos lá durante horas, só nadando e curtindo, sabíamos que íamos levar uma bronca por ficar tão tarde, mesmo que o avô do Ucker tivesse na casa de praia deles ali perto. Estava de noite e a maré estava alta, o Make nos desafiou a nadar até uma pedra e voltar, “Só uma corridinha, faz bem pro sangue!” ele disse, eu e Ucker não quisemos e ele riu e nos chamou de covardes, até que eu aceitei. Ucker não gostou nada, mas mesmo assim ficou na costa enquanto começamos a corrida, ele teve sorte!- fala amargo e seu rosto ficou cada vez mais sombrio.

 -Zac… o que aconteceu?- pergunto com medo de sua resposta e ela sorri triste e com uma pontinha de raiva, de quem eu não sei.

 -Estava escuro e como eu disse, a maré estava alta e muito agitada Estávamos na metade do caminho quando eu vi uma grande onde vindo em nossa direção, pensei que Make também tinha visto também e não falei nada e mergulhei. Mas estava escuro demais e ele não viu, eu só notei que ele não estava do meu lado quando cheguei a pedra. Ouvi Ucker gritando e apontando para alguma coisa boiando na água, entrei em pânico e nós dois pulamos na água, ele de uma ponta e eu de outra. Chegamos quase juntos e viramos Make e o arrastamos até a costa, mas ele quase não respirava. Não tínhamos celular e eu tive que correr para a casa do avô do Ucker, que ficava a quase um quilômetro e deixei Ucker sozinho com Make, a cabeça dele tava sangrando muito e estávamos com medo. Quando eu cheguei com os paramédicos e os policiais, Ucker estava com o corpo morto do Make no colo e tremendo muito. Tentei conversar com ele, mas ele disse que era minha culpa o Make ter morrido, nós brigamos feio e nos afastamos cada vez mais. O resto você já sabe Dulce, criamos ódio um pelo outro e deu nisso que você vê hoje- fala cansado e com algumas lágrimas no rosto.

 Respiro fundo me acalmando e tentando me convencer de que isso não mudava nada do que estava acontecendo, que Ucker ainda tinha me deixado e não era pelo amigo morto a 3 anos. Olho pra Zac e ele dá de ombros.

 -Me desculpe encher sua cabeça com isso logo agora, mas eu sentia que tinha que te contar.

 -Por que isso?- pergunto confusa e ele me dá um olhar estranho.

 -Por que o Ucker não largou o corpo de Make nem com quatro paramédicos o puxando e quase entrou em pânico quando a água do mar os tocou. Depois, ele disse ao avô dele que não queria que Make sentisse dor ou se machucasse mais, ele ainda não sabia que ele estava morto. O que eu quero dizer Dulce, é que Ucker protege quem ele ama mesmo que pareça absurda a explicação. É um instinto dele: Proteger.

 -E como você disse, a explicação pode ser absurda. Assim como as consequências, por que eu tenho certeza de que ele sofreu do mesmo jeito quando soube da morte do Make. Sinto muito pelo seu amigo Zac, mas morte não explica e nem justifica tudo!- o deixo parado no corredor e ando a passos largos para fora da escola.

 Paro quando estou quase ligando para mamãe e olho pra trás e vejo, a pequena entrada quase invisível, não consigo ver daqui, mas sei que há um portão pequeno no fundo, e nele se entra e você se vê numa antiga piscina abandonada.

  Leiam ouvindo “Nada Es Para Siempre”- Luís Fonsi

 Me sento tentando ficar confortável, mesmo que eu esteja na beirada da piscina que cai pra quase 3 ou 4 metros de profundidade e que esse lugar fique me lembrando ainda mais de Ucker.

 Com a pequena caixa no colo, respiro fundo e tremendo tiro a tampa prendendo a respiração. Dentro dela está um envelope lacrado, algumas fotos, uma caixinha roxa de joias e… um corsage com flores do campo. Solto um soluço e o pego com cuidado e o levo ao nariz, tinha cheiro de hortelã e um cheiro doce, o cheiro de Ucker.

 Coloco de volta na caixa e pego as fotos, todas nossas, tiradas em momentos espontâneos e com algumas inscrições atrás, marcando a data e falando o que estávamos fazendo no momento. Na caixinha havia um pequeno cordão de prata com um pingente em forma de lágrima, ele abria e dentro dele havia duas fotos de nós dois e atrás, uma inscrição com as palavras “Amo você mais do que sanduíches do ‘Dia do Sanduíche’”.

 Coloco o cordão de volta, como se ele tivesse me queimado e com medo, pego o envelope na mão e o abro. Dentro, uma carta com o cheiro de Ucker. Começo a lê-la mesmo sabendo que isso vai me fazer chorar:

        Gatinha,

 Sei que você está com raiva de mim, sei que está confusa e triste. Sei que acha que nunca vai me perdoar, mas eu rezo para que ao ler essa carta você possa me perdoar, mesmo que seja só um pouquinho.

 No momento em que você estiver lendo essa carta, eu vou estar em alguma parte da Europa, fazendo um tratamento demorado e exaustivo para meu corpo e mente, além de algumas cirurgias. Sei que mesmo pedindo, você vai ficar preocupada mesmo estando com raiva. Então meu primeiro pedido de desculpas é por jogar essa bomba de uma vez e te deixar aflita, e não estar aí para te abraçar.

 Agora eu quero que você se lembra do dia em que fomos patinar e Marcos apareceu, você se lembra quando eu bati a cabeça e apaguei? Lembra que quando foi me ver e todas as outras vezes eu dizia que estava bem? Eu menti sobre isso, me desculpe de novo pela mentira, essa é a segunda. Eu não conseguiria suportar ver você preocupada e triste, eu já estava assim por nós dois.

 Depois que você saiu e o médico veio com o meu avô, nós conversamos e eu sabia que ele estava enrolando para falar alguma coisa. Ele me mostrou uma tomografia do meu cérebro e nele havia uma grande massa, um tumor Dul. TUMOR. Eu entrei em pânico quando ele disse que eu só tinha três meses de vida sem a cirurgia, que apenas um médico na Europa tinha conseguido fazê-la com sucesso e o paciente tinha saído sem sequelas. Eu sabia que você iria querer de algum jeito ir comigo, mas eu não podia deixar você possivelmente me ver morrer. Então eu briguei com vovô e disse que iria ficar mais dois meses aqui e que depois iria para a Europa. Eu não te contei sobre o tumor por que eu não queria te ver sofrer, esse é o meu terceiro pedido de desculpas amor: Me perdoe por isso!

 Secretamente, planejamos minha mudança para lá e eu tentei de tudo para que ficássemos bem durante esses meses, até uma festa planejamos! E nessa festa aconteceu a melhor coisa da minha vida, fizemos amor pela primeira vez! Mas o preço da espera pela cirurgia foi um pouco alto, eu passei mal pela manhã e fomos para o hospital e eu ainda lembro de seu olhar horrorizado e cheio de medo, foi aí que tive certeza que você não poderia saber do tumor. O tumor tinha crescido e tivemos que adiantar a viagem, meu quinto pedido de desculpas é por isso: Me desculpe por ter encurtado ainda mais o nosso tempo juntos.

 Eu sabia que você iria querer ajudar a cuidar de mim, mas eu não queria a sua ajudar nisso, eu queria e ainda quero você longe até que eu esteja bem e saudável de novo. Sei que é egoísta, mas eu quero que seja assim, preciso que você fique longe. Outra coisa egoísta é pedir que você me espere, mas mesmo assim é o que eu peço, me espere mesmo que eu tenha que lutar por você para isso. Eu, egoistamente te peço, para continuar me amando.

 Eu vou voltar mesmo que demore amor e sei que você está com raiva, mas prometa que vai ficar segura! Peça ajuda a Taylor se precisar de qualquer coisa, ele é um amigo em que confio bastante, o bastante para cuidar de você na minha ausência.

 Se eu não estiver aí logo, saiba de uma vez que eu te amo e que sempre vai ser assim, mesmo que você me odeie.

 Meu último pedido de desculpas gatinha, é pelo baile. Sei que você estava ansiosa e animada, me desculpe por não dançar com você e não lhe abraçar forte nos momentos difíceis e especiais que virão.

                                                   Estarei sempre pensando em você,

                                                                                     Seu Ucker.

 Largo a carta com raiva e presciono a mão na minha barriga, sentindo as lágrimas caírem com ainda mais intensidade. Me levanto rapidamente com a caixa na mão, me viro e corro portão a fora, esbarro em alguma coisa que rasga o meu vestido, mas não paro de correr e encontro May na porta da escola discutindo com Chris.

 O carro dos Perroni’s para na entrada logo em seguida e eu respiro aliviada, puxo May para dentro e Chris a grita, mas o pai de May já tinha dado partida. Nos encostamos uma na outra e choramos ainda mais do que quando ela me encontrou caída no chão da casa do Ucker. Ninguém fala nada no carro e assim que paramos eu salto do carro e corro para casa. Destruo tudo o que me lembra a Ucker no quarto, menos uma pequena caixa de veludo vermelho que guardo na gaveta.

 Mamãe me encontra no chão com coisas destruídas em volta. Sendo eu, uma das coisas destruídas.

 -Eu estou grávida!- ela prende a respiração e concorda e me surpreende ao entrar no quarto e em silêncio me abraçar, nós duas no chão.

 Ucker tinha razão: Eu estava com raiva, mas não acho que ela vá passar!

  ÚLTIMO CAP DE HOJE E AGORA SÓ AMANHÃ PESSOAL! ESSE FOI O MAIOR CAP DA FIC E MESMO ASSIM EU QUERIA TER ESCRITO MAIS. EU TÔ BEM TRISTE COM O QUE ACONTECEU COM A DUL E O UCKER E SEI QUE VCS TAMBÉM. ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DO CAP E UM AVISO SÉRIO: SE PREPAREM MUITO PARA OS CAPS DE AMANHÃ, POR QUE NÃO VÃO SER FÁCEIS!! BJSS E ATÉ AMANHÃ!!!