Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

  Versão da Autora:

 -Obrigada!- diz ansiosa pegando a xícara transbordando de café, ela e Ucker concordaram que a conversa que eles teriam seria muito mais fácil se eles estivessem entupidos de café e ela… vestida.

 Ele fica observando enquanto ela bebia o café afobada e esconde um pequeno sorriso por trás da xícara, Dulce parecia ter adquirido um fascínio pelo café que o divertia, mesmo que o momento não pedisse isso, ele estava feliz em ver algumas das novas características de Dul como o café, como o fato de que as vezes ela contava seus passos e que tinha que dar um número par, ou que ela ficava mexendo no cabelo a cada minuto.

 Eram coisas que o faziam relaxar e notar que ele também tinha novos tiques que queria dividir com ela.

 Depois de terminar o café, ela o olha séria e abaixa a xícara no balcão e ele faz o mesmo, vendo que essa é a deixa para o início da conversa que de acordo com Dulce, iria machucá-lo mais que tudo. Ela fica em silêncio durante alguns segundos e quando abre a boca, ela solta um longo gemido de dor, que faz com que Ucker estenda a mão e aperte sua bochecha. Eles estavam um de frente para o outro, sentados virados nos bancos para que fosse melhor para o contato, ela agradeceu com isso.

 -Quando… quando você foi embora, eu fiquei destruída de uma maneira… horrível!- começa com a voz transbordando tristeza e ele aperta a mão em sua bochecha, lhe fazendo um carinho e lhe pedindo silenciosamente para continuar- Alguns dias antes do baile, eu passei mal e a May ficou preocupada e me perguntou se estava tudo bem no geral com o meu corpo. Ela saiu do quarto durante alguns minutos e nisso eu surtei e comecei a pensar em várias possibilidades, até que eu lembrei… -diz chorando e Ucker lhe encara confuso.

 -O que isso tem haver com…

 -Sua irmã te contou que me encontrou em uma loja do shopping algumas semanas depois?- pergunta o interrompendo e ele busca por alguma memória e se lembra vagamente da irmã falando com ele, triste pela Dul ter lhe tratado mal, ele lembrava que se sentira culpado.

 -Sim, ela estava triste que você a tratou mal e que saiu da loja correndo- fala calmo e Dul solta uma risada amarga lembrando.

 -Eu nunca devia ter saído daquela loja!- fala e algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto, mas ela as limpa e tenta manter a voz firme- No dia em que eu passei mal, eu lembrei que nós só tínhamos feito sexo sem camisinha- fala e Ucker congela e sua mão cai do rosto de Dul, ele a olha incrédulo e nega com a cabeça, não podia ser, podia?

 -Mas… mas você tomava pílula!- acusa sem fôlego e Dul nega cabisbaixa, Ucker se levanta da cadeira e cambaleia até a geladeira, tentando se apoiar em alguma coisa.

 -Ucker!- diz preocupada e se levantando pronta pra lhe ajudar, mas ele estende a mão e ela para, aquilo era um aviso para ela ficar aonde estava.

 Ela fica olhando enquanto ele encosta a testa na geladeira e respira fundo várias vezes em busca de ar. Depois de alguns segundos, ele finalmente fica reto e se vira pra Dul, que vê seu rosto coberto de lágrimas e vermelho pelo choro. Ela estende a mão e ele recua, batendo na geladeira com força e ela arregala os olhos assustada, ele tinha se afastado dela?

 -Continue- fala mortalmente e ela engole um seco e não fala nada, até que ele perde a paciência e pega a primeira coisa que encontra, que seria a fruteira e tampa em direção a parede, a quebrando em mil pedaços- Que dro/ga Dulce, eu disse pra você CONTINUAR!- grita furioso e ela pula de susto, se afastando vários passos.

 -Tudo bem!- sussurra o olhando assustada e ele relaxa um pouco de sua postura e a encara firme, mesmo que seja difícil manter essa expressão- A May comprou 7 testes e eu fiz, todos deram positivo. Eu fiquei furiosa e triste, você tinha acabado de ir embora e eu estava sozinha quando descobri que íamos ter um bebê, porque você não estava comigo, porque você foi embora!- grita chorando e se encolhendo quando ele vem em sua direção furioso e segura seus braços, a sacudindo de um lado pro outro.

 -EU ESTAVA DOENTE CA/CETE, EU IA MORRER!- grita em sua cara, ambos chorando e ambos furiosos- Mesmo se eu tivesse ficado pra descobrir com você, eu iria morrer antes mesmo de ir com você na sua primeira consulta- fala em um tom mais baixo, mas ainda segurando os braços dela com força, tentando fazer com que ela entenda seu ponto e ela nega.

 -O que você faria Ucker? O que você faria se estivesse em meu lugar e descobrisse que ia ser pai pouco depois de eu fugir?- pergunta revertendo os papéis e uma veia salta do pescoço dele.

 -Eu te procuraria e discutiria com você o futuro do nosso bebê!- rebate e ela nega.

 -Eu não podia fazer isso, eu não sabia aonde você estava e não queria saber. Eu não queria que você voltasse por causa do meu bebê, não queria que você se sentisse obrigado, ou pior, que você não voltasse e ligasse de vez em quando pra pedir informações. Eu não queria um bebê que não se sentisse amado por ambos os pais!- grita em seu rosto e ele a larga como se ela queimasse.

 -E com isso você ganhou um cadáver!- assim que ele fala as palavras ele se arrepender, principalmente quando Dul o olha como se ele fosse um monstro e se afasta uivando de dor, com ainda mais lágrima escorrendo pelo rosto- Eu não quis… -um tapa acerta seu rosto antes que ele termine de falar e ele recua assustado, mesmo sabendo que ela faria algo do tipo.

 Ele a encara e vê seu olhar furioso e vê uma raiva que ele nunca tinha imaginado em seu olhar, o mesmo olhar que você receberia se ofendesse o filho de alguém na cara da mãe, e Ucker tinha acabado de fazer exatamente isso.

 -O meu filho morreu quando eu fui sequestrada pelo Marcos, nesse dia eu estava em uma loja de bebês, quebrando minha própria regra de não comprar nada até saber o sexo, quebrando minha regra e deixando a May comprar uma roupinha linda para uma garotinha que nunca chegou a nascer. Aí a sua irmã chegou e eu não consegui encará-la sem sentir raiva e culpa, por que se dependesse de mim, nem você e nem ninguém da sua família iriam saber do meu bebê e eu me culpei durante um tempo por ela não vê-lo crescer. Mas não chegamos a isso não é? Porque ele se tornou um CADÁVER!- gritar venenosa e ele se encole, sabendo que ele merecia isso, mas ele estava com tanta raiva por não saber disso antes que explodiu- Então eu sai daquela loja o mais rápido possível e adivinha? Alguém me apagou no caminho pro banheiro e quando eu acordei eu estava em um lugar escuro, com uma única lâmpada sobre mim. Aí o Marcos entrou e perguntou aonde você estava, eu tentei explicar que eu não sabia e que tínhamos terminado, mas ele não acreditou e sabe o que ele fez? ME BATEU! Várias vezes!- Ucker nega com a cabeça e esconde o rosto nas mãos, tentando em vão, impedir a voz de Dulce e a imagem que estava formando em sua cabeça, dela machucada e chorando enquanto Marcos a batia.

 -Pare!- implora com a voz rouca e Dulce nega chorando, ela ainda não tinha acabado.

 -Eu não sei como, mas depois de alguns chutes no meu estômago, eu senti o meu filho morrendo, acho que uma mãe sabe dessas coisas. Eu gritei ainda mais quando me dei conta disso e só queria sair daquele lugar morta junto com ele, mas Marcos não tinha terminado e ainda não acreditava em mim, ele não acreditava!- diz incrédula e tentando limpar suas lágrimas, ela se aproxima de Ucker e toma seu rosto com o máximo de carinho e olha em seus olhos- Por que você iria querer me ouvir falar isso?- sussurra e ele nega, mas ela volta a falar- Tinha mais dois homens na sala e Marcos disse que primeiro iria ser ele e que depois os outros dois podiam fazer o que quisessem comigo- fala com os olhos vidrados e Ucker a puxa para seus braços e a abraço com força, afundado o rosto na curva de seu pescoço e chorando, enquanto ela molhava sua camisa e apertava suas costas com força.

 -Meu Deus Dul, me desculpa, me desculpa. Isso é tudo culpa minha, se eu não tivesse… -para de falar quando engasga em um soluço e Dul lhe aperta e nega e reconhece algo que quebra seu coração e toda a dor e raiva que ela sentia durante anos.

 -Não. Mesmo se você não tivesse ido embora ou que eu soubesse exatamente aonde você estava, eu nunca iria contar uma palavra pro Marcos e o mesmo iria acontecer- fala firme e Ucker nega- Eu fui estuprada Ucker, eu perdi o nosso filho!- diz chorando abraçada a ele e é a vez dele de lhe apertar com força.

 -Está tudo bem! Está tudo bem amor- sussurra em seu ouvido tentando lhe tranquilizar, tentando tranquilizar a ambos, mas ela nega e se afasta para olhá-lo nos olhos, seu rosto estava vermelho e inchado e ela sabia que ele ia demorar pra voltar ao normal, o rosto de Ucker estava igual e ela sabia que a dor dele era maior no momento, ela tinha tido tempo de processar isso e tentar continuar a vida, mas para ele era a primeira vez que recebia essa notícia e isso acabava com ele.

 -Eu apaguei em algum ponto e quando acordei eu estava no hospital. Eu já sabia sobre o meu anjinho mas mesmo assim, quando eu ouvi pela boca da minha mãe, tudo se torno mais difícil e eu surtei e quebrei algumas coisas, pra logo depois descobrir que eu tinha ficado estéreo. Eu senti raiva de você nesse dia porque eu queria você ao meu lado pra me consolar, mas também sentia raiva por você ter ido embora e pelo Marcos não poder te encontrar- diz envergonhada e Ucker beija algumas de suas lágrimas tentando acalmá-la.

 -Eu também tô com raiva de mim agora- admite com os lábios colados em suas lágrimas e ela respira fundo e lhe abraça mais uma vez, tentando se unir a ele pra sempre- Algum dia a dor vai passar?- pergunta rouco e com a cabeça em seus cabelos, depois de vários minutos em silêncio e ela nega, não podia mentir sobre isso.

 -Nunca. Toda vez que você ver uma criança na rua vai você fazer as contas e pensar que podia ser o nosso filho. Você ainda vai chorar e beber muito por causa disso, mas com o tempo você vai conseguir aceitar que mesmo que você mova céus, ele não vai voltar. Mas principalmente, você vai sentir raiva de mim, de Deus e do mundo por te tirarem a oportunidade de ser pai, por fazer com que você ficasse doente no momento que deveria ser o mais importante da nossas vidas, você não vai parar de sentir dor meu amor, mas vai aprender a conviver com essa dor- diz calma e aconchegada nele, que em um momento a pega no colo e caminha com ela até o sofá da sala, sentando com ela em seu colo e afundando o rosto em seu peito, tentando buscar consolo.

 -Eu me sinto destruído!- fala relaxando contra seu peito, com ela massageando seu cabelo em um carinho gostoso.

 -Eu sei, eu me sinto assim todos os dias… - diz e para no meio da frase e Ucker levanta a cabeça para lhe olhar nos olhos, mesmo não querendo mover um músculo.

 -Mas?- pergunta para que ela continue e ela abre um pequeno sorriso e lhe acaricia o rosto.

 -Desde que você voltou essa dor está mais suportável, mais leve- admite e ele sorri, um pequeno sorriso e volta a posição original: deitado no seu peito e com ela acariciando seu cabelo.

 Ambos estavam destruídos, mas a dor de ambos estava mais leve pelo apoio e pelo amor.

  ESSE CAP FOI PESADO PESSOAL, MAS MESMO ASSIM ESPERO QUE VCS TENHAM GOSTADO DOS DOIS E ESTEJAM ANSIOSOS PRA MARATONA DE DOMINGO QUE VEM, AINDA TEM MUITA COISA PRA ROLAR E VCS VÃO FICAR SURPRESOS COM O DESENROLAR. TALVEZ EU POSTE MAIS UM HOJE, DO CHRIS E DA MAY, VAMOS VER... BJSS E COMENTEM BASTANTE, ATÉ DEPOIS OU SEXTA!!