Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

  Versão da Dulce:

 Se eu estava nervosa de ver e de estar no apartamento do meu ex-namorado/indefinido? Claro que sim! Tínhamos ficado sozinhos no meu apê, mas com a diferença de que aquele era meu território. E o apartamento do Ucker, por mais que eu ache que é incrível e tudo o mais, já não me passa confiança comigo na porta do prédio, nem no elevador e nem na porta.

 -Lar doce lar- fala inspirando fundo de brincadeira quando abre a porta e eu dou uma olhada do batente e entro depois de alguns segundos, quando eu finalmente me senti parcialmente segura, eu entro- Tudo bem?- pergunta me olhando apreensivo e eu suspiro derrotada, não era só eu que estava nervosa ali.

 -É estranho pensar em você como um adulto independente que não precisa do dinheiro do seu avô!- digo numa tentativa para aliviar o clima e para minha surpresa, assim que falo isso, Ucker fica tenso e seu sorriso se fecha, seu olhar desvia do meu e procura qualquer ponto que não esteja em minha direção- Ucker, o que houve?- pergunto dando um passo a frente e segurando seu braço com carinho e ele me olha triste, me fazendo ficar ansiosa e receosa com sua resposta.

 -Meu avô morreu no ano passado, ataque cardíaco!- diz dando de ombros, como se não fosse nada demais e eu prendo o folego e num impulso o abraço apertado, demonstrando todo o meu carinho e pêsames no meu aperto- Considerando que metade da minha fortuna é do dinheiro do vovô, acho que eu meio que ainda uso o dinheiro dele- fala amargo contra meu pescoço e eu o aperto mais e depois me afasto, forçando seus olhos nos meus.

 -Sinto muito por isso, eu não sabia!- digo com sinceridade e ele me dá um pequeno sorriso e concorda.

 -Acho que isso ia acabar aparecendo no meio da nossa conversa- diz dando de ombros e me puxando pro sofá, me sentando e indo pra cozinha e voltando instantes depois com duas latinhas de refrigerante e me entregando- Vou ser muito direto ao ponto se pedir pra gente terminar logo com isso?- pergunta nervoso e eu nego e coloco a latinha intocada na mesa de centro, me concentrando totalmente nele.

 -Vá em frente!- aceno pra ele falar e ele engole um seco e olha pra nada antes de me encarar nos olhos.

 -Como você leu na carta que eu te deixei, eu descobri o tumor no dia da briga que tivemos com o Marcos na lanchonete da Tina- diz cuspindo o nome de Marcos e eu me encolho com seu nome- Estava pouco avançado e eu decidi que eu poderia ficar durante mais um tempo antes de ir pra Alemanha fazer a cirurgia e o tratamento, eu só queria… mais tempo com você- diz com os olhos caídos.

 -E então você mentiu pra mim sobre estar bem- completo com a voz menos amarga do que eu esperava e ele concorda envergonhado- É horrível se eu disser que você foi egoísta?- pergunto com a voz rouca e ele levanta a cabeça surpreso e me encara durante alguns segundos e finalmente dá de ombros- Eu queria que você me contasse, eu precisava que você me contasse, tanto quando você precisava do tratamento- digo olhando pro lado e ele aperta minha mão e me puxa pra perto, até ficarmos a poucos centímetros.

 -Desculpe!- implora e eu nego e o encaro firme nos olhos.

 -Já pedimos desculpas demais, chega!- digo cansada e ele concorda incerto.

 -Eu convenci o médico a me deixar ficar mais tempo e implorei pro vovô pra preparar a mudança e me deixar te aproveitar, ele quase me deu uma surra- sussurra com um sorriso amargo e eu lhe aperto o ombro- Passou um tempo e eu tive aquela crise depois da festa, o tumor tinha crescido e o tempo tinha diminuído, eu fiquei com tanta raiva… convenci os meus amigos a mentirem pra você e pra May e isso estragou a amizade de vocês também, mas eu só queria você fora dessa história e o mais longe o possível, mesmo que isso tenha te quebrado de várias formas irreparáveis. Você não sabe o quanto foi difícil te deixar naquela noite… era pra você estar na sua casa não na minha, mas você estava tão linda e eu queria me despedir de você direito, caso eu não…

 -Sobrevivesse- completo e ele concorda com uma careta e bebe um gole do seu refrigerante, dando um pausa na conversa, como se precisasse de um momento para se lembrar.

 -Foi pior do que eu pensava, você dormiu o tempo todo em que terminávamos de arrumar as coisas e eu me senti o pior dos seres humanos por te deixar sozinha no meu quarto, dentro de uma casa vazia e praticamente sem mais móveis, só deixando a chave e um bilhete idiota!- fala com raiva e eu concordo amarga, lembrando da dor que eu senti ao me ver sozinha com aquela maldita chave antes que a May chegasse- Vovô recebeu uma ligação da polícia quando estávamos no aeroporto, parecia que duas garotas tinham vandalizado a propriedade e jogado alguma coisa na direção da janela, a quebrando e acertando alguma coisa lá dentro. Boa pontaria!- fala me olhando irônico e eu dou de ombros.

 -Saímos correndo antes de nos explicar, mesmo eu achando que seus vizinhos e a polícia iam me dar os parabéns- explico e ele sorri, um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.

 -Vovô não prestou queixa, por falar nisso. Voamos pra lá e ele e Lya ficaram só a tempo de eu acordar da primeira cirurgia e de descobrirmos que houve uma complicação e que o tumor estava muito maior do que esperávamos- fala e eu tomo ar assustada e aperto sua mão na minha, tentando fazer a minha mente lenta entender que agora ele estava bem- Eles voltaram e eu fiquei lá, eu morava no hospital basicamente, só indo pra casa que o vovô comprou ás vezes, quando eu me sentia um pouco melhor, o que era quase nunca. Com o aumento do tumor, passou a ser mais 3 cirurgias e o tempo que eu ficaria fora também aumentou. A cada cirurgia aumentava o risco de morte, e pra piorar sempre tinha a chance do tumor aumentar entre as cirurgias, mas graças a Deus isso não aconteceu. Dul… não chora!- exclama alarmado e eu fungo e passo a mão no rosto, notando as lágrimas descendo descontroladas e sem freio.

 -Eu devia estar lá! Eu devia estar lá, Christopher Uckermann! Em cada notícia boa ou ruim, eu devia ter apertado a sua mão e chorando com você e por você. Você é um imbecil!- xingo tentando acertar seu peito, mas minha vista estava nublada demais pelas lágrimas e eu não conseguia ver direito, mas senti quando ele me puxou contra seu peito e me apertou apertado, tentando espulgar a minha dor assim como eu tentei fazer com a sua no dia anterior- Continue!- imploro contra o seu peito e ele demora alguns minutos intermináveis para obedecer.

 -Os meninos e a Annie se mudaram pra Alemanha depois que terminam a faculdade, mas mesmo assim, antes eles sempre iam me visitar. Minha última cirurgia teve um período de recuperação bem curto, uns dois anos mais ou menos. Chris veio para NY alguns meses antes de eu ter alta, procurando apartamento para todos nós. Lya decidiu terminar a faculdade de moda na Alemanha mesmo, ela mora com o namorado então ficou por lá, mas logo volta. No dia em que você encontrou com a Annie no hospital, eu estava conferindo se estava tudo bem comigo, tínhamos chegado a umas 36 horas e eu pretendia te procurar assim que pegasse os resultados, mas então Taylor me chamou para conversar e o resto você já sabe- termina em um tom cansado e eu concordo fracamente, sabendo que o que aconteceu depois disso resultou em nós aqui, sentados em seu sofá e eu quase em seu colo sendo ninhada.

 Ficamos durante vários segundos em silêncio, só contemplado a mer/da que estava sendo a nossa vida, pelo menos comigo era assim. Era inevitável não pensar nos “e ses” da vida, mesmo que isso não fosse mudar em nada no presente.

 Não sei quanto tempo passou, mas meus músculos já estavam duros de tensos quando Ucker resolveu quebrar o silêncio.

 -Como se sente?- pergunta mexendo no meu cabelo e eu não consegui evitar um bocejo ao sentir o carinho, eu estava tão cansada, física e emocionalmente que poderia dormir por algumas semanas de virada- Acho melhor você dormir!- fala decidido e eu solto um gritinho agudo quando ele se levanta comigo no colo e começa a se arrastar pro que eu imagino ser seu quarto.

 -Ucker! Não acho que…- paro de falar assim que ele entra no seu quarto e seu cheiro me atinge como um tiro, me deixando tonta e me dando uma queimação lá em baixo- Ucker!- digo e noto que a minha voz está rouca, ele me olha com um pequeno sorriso e me deita do no centro da cama, tira meus sapatos e meias em movimentos rápidos e logo faz a mesma coisa com os seus.

 Quando ele tira a camisa, é impossível pra mim não babar em seu tanquinho e em cada gominho presente e nem quando ele me olha malicioso eu consigo disfarçar o olhar. Mas tudo o que ele faz é pular na cama do meu lado e me puxar contra seu peito, nos abraçando de conchinha e me dando um carinhoso beijo na nuca, me fazendo ficar toda arrepiada com o contato.

 -Dorme gatinha!- diz em um tom carinho e mesmo não sendo uma ordem, meus olhos tomam como uma e se fecham automaticamente, me inundando em um sonho molhado de beijos e mãos bobas.