Fanfic: Onde Você Está Agora? - Vondy | Tema: Vondy

 Versão do Ucker:

“Aqui jaz o filho de Deus que sucumbiu antes da vida, que sofreu antes da morte e que foi amado mais do quem em mil vidas.

Aqui jaz o filho/filha de Dulce Saviñon e Christopher Uckermann.”

 Eu não conseguia desviar o olhar daquelas palavras, daquelas palavras que guardavam uma verdade pessoal, de que aquela criança era minha e da Dul, o nosso filho.

 Eu ainda ouvia o choro da Lya mesmo ela estando a alguns metros de mim a meu pedido, eu tinha pedido um momento a sós com o meu filho e isso ela respeitou, mas mesmo assim ficou me olhando enquanto eu caminhava até a lápide rodeada de flores, que formava um pequeno quadrado na grama já formada a anos. Eu queria perguntar para Dul quando eles tinham feito isso e por que, mas eu ainda precisava olhar para aquela pequena lápide branca.

 Me ajoelho na sua frente e desabo com as mãos na grama e as costas curvadas, era como se eu não aguentasse o peso do meu próprio corpo, era quase isso na verdade.

 -Me desculpe!- sussurro com a voz rouca, tão baixo que só eu e o vento escutamos, olho em direção a lápide e juro que a vejo brilhar levemente causando lágrimas nos meus olhos- Me desculpe por não te proteger filhote, por não proteger a sua mãe. Me desculpe, filho!- peço chorando a ponto de soluçar e enterrando as mãos com mais força na grama.

 Não sei quanto tempo fico ali chorando, mas quando uma mão quente envolve meu ombro eu sei que é ela, eu saberia mesmo se meu corpo estivesse em chamas, eu conheço seu toque. Ela apoia a cabeça no meu ombro e eu lhe puxo para um abraço no meu colo, me afundando em seu pescoço. Sinto suas lágrimas tanto quanto eu sinto as minhas, agora eu entendo o por que dela ter dito que nunca iria parar de doer: era o nosso filho, por isso doía demais.

 -Vamos lá pra dentro? Eu fiz chá- fala com a voz rouca a acariciando o meu cabelo, deixo que ela faça isso por alguns segundos antes de concordar e ela me ajuda a levantar com cuidado e eu olho mais uma vez pro lápide antes de nos afastarmos, e vejo o sol refletindo naquelas palavras, as fazendo brilhar de um modo lindo e celestial.

 -Cadê a Lyanna?- pergunto rouco me sentando na cadeira do balcão da cozinha e Dulce acena em direção da sala.

 -Ela disse que precisava de um pouco de ar, ela tá lá fora agora!- explica colocando uma xícara com água fumegante na minha frente e acenando com o saquinho de chá pra mim, o pego com as mãos trêmulas e o mergulho e espero, bebo um gole e abaixo a xícara para olhá-la melhor.

 Seu rosto estava inchado pelo choro e provavelmente pelo tapa que a Lyanna tinha lhe dado na noite anterior, acompanhado do corte de leve na bochecha. Eu tinha brigado tanto com a Lya na noite anterior… como nunca na vida, disse que ela teria que procurar outro lugar pra morar se falasse daquele jeito com a Dul novamente, ela não tinha o direito.

 -Quando… Como… Por que?- gaguejo uma série de perguntas e ela suspira e se recosta do outro lado do balcão e na minha frente, com uma expressão cansada e de que não queria reviver as memórias, mas que estava preparada pra fazer isso por mim.

 -Depois que eu sai do hospital e cheguei em casa, fui direto pro meu quarto. Eu só queria deitar na cama e nunca mais acordar, mas quando eu cheguei lá… eu notei uma sacola em cima da cama, a sacola da loja de bebês- fala amarga e eu seguro sua mão por cima da mesa e ela soluça- A May tinha deixado lá quando foram me procurar, ela tinha esquecido de tirar depois que eu fui pro hospital. Lá dentro estava a roupinha que ela tinha insistido de comprar no dia do sequestro, junto com um babador e um bico. Eu fiquei com tanta raiva, não da May, mas da vida e por ela ter me tirado o bebê, que eu comecei a quebrar tudo e a jogar tudo em todas as direções, mamãe entrou antes que eu rasgasse as coisas do bebê, que estavam jogadas em minha volta. Ela disse que eu precisava ser forte, eu chorei no colo dela e perguntei o que ia fazer e ela disse que se uma coisa podia me trazer paz era me despedir da maneira certa- diz limpando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, ela estava chorando muito desde que nos encontramos e eu só queria que ela voltasse a sorrir e esse passado ficasse lá, no passado.

 -Como assim?- pergunto calmo e já tendo uma ideia do que elas fizeram, mas querendo uma confirmação.

 -Papai abriu um pequeno buraco no jardim no meio das flores e mamãe mandou fazer a lápide, eu tinha lhe entregado um papel com o que eu tinha escrito e o que queria gravado nela, ela ficou surpresa quando viu o final, mas só concordou- diz dando uma risada amarga e eu concordo, eu também tinha ficado surpreso por ter o meu nome lá- Eu não tinha pensado em nomes e não queria colocar uma data, então só deixamos aquilo. Nós colocamos todas as coisas do bebê, duas roupinhas: um macacão branco e a roupa que a May tinha comprado, junto com o bico e o babador, coloquei os sapatinhos que minha mãe tinha feito e as fotos do ultrassom e o vídeo dos batimentos cardíacos. Eu não queria nenhuma lembrança mais do que necessário, acho que não aguentaria. Chamamos um padre e ele fez uma oração, e então enterramos.

 Me levanto e círculo o balcão, a puxando pros meus braços e a apertando em um abraço de urso, sentindo suas últimas lágrimas caírem na minha blusa, até que ela afasta a cabeça e me olha agradecida.

 -Acabou não é?- pergunta baixinho com a voz quebrada.

 -Quase amor, quase!- prometo com a voz firme e calorosa e ela concorda com um pequeno sorriso e volta a afundar o rosto no meu peito.

 Ouvimos a porta da frente bater e passos em direção a cozinha, Lya aparece na nossa visão e sinto Dulce ficar tensa, provavelmente pronta pra mais um ataque verbal e física, mas eu não estou e por isso lanço um olhar ameaçador, pra Lya saber que eu não vou aceitar qualquer insulto. Mas ela nega e soluça, rodeando o corpo com os braços em um abraço, como se tentasse se proteger. Ela olha nos meus olhos e vejo pesar e uma profunda tristeza, seu olhar desce pra Dulce e seus ombros caem.

 -Você não é um monstro!- sussurra com a voz rouca e com os olhos nos dá Dul, sem nunca desviar- A sua dor é muito maior que a minha, você perdeu uma parte de você, mas eu… eu não. E mesmo assim eu fico te atacando e te acusando, eu que sou um monstro!- diz assustada e desviando o olhar, dou um passo em sua direção, mas Dul segura meu braço e me olha com os olhos serenos e depois caminha até a Lya e coloca a mão em seu ombro.

 -Você não é um monstro Lya- sussurra firme e Lya nega, mas Dul não desiste- Você não é! E você também perdeu alguém importante, ele também era sangue do seu sangue- afirma e eu engulo um seco quando Lya soluça e se joga nos braços de Dul, que a aperta com força, segurando minha irmã enquanto essa chora em seu ombro.

 Vou na direção das duas e as aperto em um abraço triplo.

 -Eu vou levar ela pra casa e ficar um pouco com ela, depois posso ir no seu apartamento?- pergunto ansioso, desviando o olhar de Lya encolhida no bando do passageiro e olhando pra janela com ar pensativo e triste- Preciso te contar uma coisa!- digo voltando minha atenção pra Dul e ela nega triste.

 -Eu trabalho hoje de noite, lembra?- diz dando de ombros com tristeza e eu mordo o lábio me segurando pra não implorar para que ela falte, mas ele vê o meu olhar de quase pânico e faz uma careta e segura meu rosto com as duas mãos- A May me disse Ucker, antes da gente dormir e depois que vocês foram embora. Ela me disse sobre o que Marcos está fazendo, eu não gostei tanto quanto você!- diz me surpreendendo e eu respiro só um pouco aliviado, vendo que ela não tinha entrado em pânico como eu imaginei que faria.

 -Eu não posso deixar você ir sozinha!- digo com a voz firme e cheia de medo e ela concorda e sela nossos lábios em um beijo furioso, nos deixando como sempre: sem ar.

 -Por isso eu quero que você vá comigo, eu não acho que consigo encará-lo sozinho Ucker, eu preciso de você!- implora com a voz rouca e eu a aperto contra mim, a deixando saber que eu não vou a lugar nenhum.

 -Ele vai ter que passar por mim pra chegar perto de você- prometo e sinto seu sorriso aliviado quando ela concorda e me dá um ligeiro beijo no pescoço, me arrepiando inteiro.

  MAIS TARDE TALVEZ EU POSTE OUTRO, OBRIGADA PELAS MENINAS QUE COMENTARAM, VCS SÃO UMAS FOFAS <3, ADOREI CADA UM! MAIS EMOÇÕES PELA FRENTE, EU SEMPRE DIGO ISSO KKK. COMENTEM MAIS E ATÉ DEPOIS PESSOAL!! BJSS!!