Fanfic: •Amigas Inseparáveis•

PRÓLOGO

Monterrey, México
1998

O telefone tocou às 3h01 da manhã.Uma denúncia anônima.A pessoa do outro lado da linha dissera que algo estranho estava acontecendo no local do empreendimento Gatehouse.Haviam visto luzes.
Algo estranho,com certeza.Um homicídio.
O detetive Alfonso Herrera pulou de seu jipe,parando um momento para observar a cena.Duas viaturas,um outro jipe de seu companheiro Christian e o furgão do médico-legista.Graças a Deus,a imprensa ainda não estava lá.Um agente estava em pé vigiando a porta da casa-modelo,cercada por uma fita amarela.
Alfonso dirigiu seu olhar vagarosamente para a frente da casa,depois para o terreno ao redor dela,com cuidado para não se apressar,para não supor nada.Aprendera há muito tempo que se apressar era o mesmo que perder oportunidades e que um bom trabalho policial requeria raciocínio rápido,olhar cuidadoso e muita experiência.
Esfregou a mão no queixo,áspero pela barba malfeita pela manhã.Lugar estranho para um assassinato.Ou um lugar magnífico.Localizado a vinte minutos de Monterrey,no meio do nada,o projeto estava longe de ser acabado.Havia sido,sem dúvida,criado tendo-se em mente os executivos de San Carlos.Somente quarenta minutos de viagem para uma vida melhor,Alfonso pensou,sua boca mostrando um sorriso implacável.Na cidade de Monterrey,relativamente sem crimes.
Certo.E o pequeno acontecimento daquela noite não faria muito pela vizinhança.Voltou sua atenção para os arredores.Até então,o projeto consistia em três casas-modelos.Piscina e quadra de tênis.Nenhum morador ainda.Completamente deserto.
Não completamente deserto,pensou Alfonso.Não naquela noite.A denuncia anônima provou isso.Assim como o cadáver.
Alfonso começou a andar até a porta da frente,dando uma olhada pela luz que saía da casa para a escuridão.Cumprimentou o policial que estava na porta,um recruta.
- O que temos? - perguntou Alfonso.
O recruta pigarreou,ficando completamente pálido.
- Mulher.Branca.Vinte e oito anos.O médico-legista está examinando o corpo agora.
Alfonso fez um movimento com a cabeça.
- Estão todos lá dentro?
O recruta afirmou com a cabeça.
- Vá direto,depois à esquerda.Na sala de estar.
Alfonso agradeceu e entrou.Ouviu vozes e seguiu o som,parando de repente quando a viu.Estava pendurada pelo pescoço,nua,as mãos amarradas na frente do corpo com um lenço de seda preto.Um lenço identico havia sido usado para vendar seus olhos.Um banco estava caído de lado debaixo dos pés que balançavam.Outro,baixo,encontrava-se do lado e não fora mexido.
- Droga - murmurou,o passado ressurgindo e o infernizando. - Que droga!
- Raphael,estou contente que tenha podido vir.
Alfonso olhou para a vítima,seu senso de déjá vu tão forte que o desorientou.Ele se forçou a localizar-se nesse crime,nessa vítima.Estreitou os olhos,analisando-a.Ela era - fora - linda.Morena,corpo bem-feito.Mesmo morta seus seios estavam firmes e altos.A venda cobria grande parte do seu rosto,mas ele podia apostar que era como o corpo.
O médico-legista estava em pé em uma cadeira,examinando o corpo cuidadosamente.Parou de trabalhar e encontrou os olhos de Alfonso.
- Olá detetive.
- Como vai doutor? pode falar - disse Alfonso.
- Não foi suicídio - o médico disse calmamente. - Não foi acidente.As mãos dela estão amarradas.É um pouco difícil se amarrar desse jeito.Ela certamente teve um companheiro.
Alfonso aproximou-se.
- Reconhecemos o trabalho de alguém aqui?
- Talvez - disse o médico,voltando a examinar o corpo. - Ou pode ser um grande plagiador.Nenhum sinal de luta.Acho teve a concordancia dela,até o fim,pelo menos.
- Certo - Alfonso resmungou. - Até o momento em que o canalha chutou o banco sob os pés dela.
- Esperem aí. - Um dos policiais chegou ao lado deles. - Que merda de "reconhecimento" é esse? Vcs já viram algo assim antes?
- POde-se dizer que sim - disse Alfonso,aproximando-se do corpo. - Exatamente como essa. Quinze anos atrás.Aqui mesmo em Monterrey.Caso não solucionado.
Quando Alfonso disse essas palavras pensou em Anahi e suas dua amigas,o envolvimento delas naquele crime quinze anos atrás.Lembrou-se de como elas haviam sido,todos aqueles anos passados,jovens,ingênuas e assustadas.Mas tão cheias de vida.Pensou nele mesmo - tbm fora assim.
Em 15 anos muita coisa mudara.
- Vc pode identifica-la Alfonso?
Usando pinças,o investigador cuidadosamente removeu a venda,deixou-a cair em um saco de provas,depois bateu levemente no corpo,que balançou suavemente na direção de Alfonso.
Mais uma vez o passado estava cara a cara com ele,dessa vez através de olhos azuis sem vida.Alfonso engoliu em seco.
Ela não.Meu Deus,não podia ser.
Mas era.
Pensou em Anahi novamente.E nos acontecimentos de 15 anos antes.Um nó,uma emoção se instalou no fundo de seu estômago,uma sensação que não esperimentava havia muito tempo.
Medo.Gélido.Como a morte.
Notando que os outros dois homens olhavam para ele esperando uma resposta,Alfonso esforçou-se para encontrar voz.
- Sim - conseguiu finalmente dizer - sei quem é ela.

CONTINUA...