Fanfic: •Amigas Inseparáveis•

Uma hora mais tarde, Any estava na porta de casa, a cabeça ainda girando com os acontecimentos da noite. Ela não podia parar de pensar em Dulce batendo a pedra com força contra a própria perna. Dulce mal recuara com a dor, embora Any soubesse que devia ter realmente doído. A ferida sangrara tanto que o tênis branco dela havia se tornado rosado.

Contudo, alcançou o efeito desejado, com toda a certeza. O reverendo Perroni olhara com ar ameaçador para elas três, interrogando-as sobre o paradeiro delas antes do acidente acontecer, obviamente tentando faze-las cair em uma armadilha confessando algum pecado mortal.

Durante todo o tempo, Maite quase comicamente culpada, porém havia exagerado para o bom reverendo, falando repetidamente sobre o modo como ela ficara para ajuda-la, embora Dulce tivesse lhe implorado para seguir em frente e ir para casa.

Dulce era a melhor mentirosa que Any conhecia.

E a melhor amiga que alguém pudesse ter. Any não achava que ela tivesse coragem para fazer algo como aquilo, mesmo que significasse salvar o traseiro de sua melhor amiga.

No final, o pior que ele havia feito foi um severo aviso para que elas fossem mais cuidadosas. A Sra. Perroni limpou e enfaixou a perna de Dulce, depois levou-as para casa.

Any virou e acenou para a sra. Perroni e depois entrou pela porta da frente. Balançou a cabeça. Dulce estava sempre fazendo coisas como essa, interferindo corajosamente para ajudar Maite ou ela, nunca se preocupando com retaliação em ser ferida.

Foi assim que ela e Dulce se conheceram. No verão em que tinha oito anos e Dulce acabara de se mudar para a casa vizinha. Encontrara-se casualmente com Any, cercada por um grupo de arruaceiros da vizinhança em bicicletas. Dulce pulara no meio deles, como uma espécie de “Super-Girl”, para salvar o dia. Any ria para si mesma, lembrando-se de como ela havia ficado aterrorizada, embora ambas tivessem levado um chute no traseiro.

Imediatamente se tornaram amigas, inseparáveis desde então.

Anu dirigiu-se para a cozinha, faminta. Pegou uma maçã da tigela de frutas da bancada.

-         Mamãe – chamou, notando como estava tudo calmo. – Papai. Estou em casa!

-         Aqui dentro fofinha – o pai respondeu da sala – pode vir aqui dentro por favor?

-         Lógico papai. – Andou vagarosamente até a sala, pensando no que acontecera para a casa estar tão calma, sem nenhuma bagunça de seus irmãos gêmeos quatro anos mais novos que ela. Irmãos, Any pensou. Eram um saco. Ela encontrou a família toda na sala – a mãe, o pai e os irmãos. Ela parou na entrada da porta, olhando de um para outro. Os olhos da mãe estavam vermelhos e inchados de tanto chorar. Algo estava errado. Alguma coisa terrível havia acontecido.

-         Mamãe? O que houve? Papai? O que há de errado? Fiz algo de errado?

-         Seu pai tem algo a lhe dizer.

Any virou-se para o pai.

-         Papai? O que há de errado?

-         Diga a ela Henrique, diga que está nos deixando! Diga que não nos ama mais! – berrou a mãe de Anahí.

Any olhou fixamente para os pais. Isso não podia estar acontecendo.

-         Não. – disse ela, ouvindo o próprio pânico. – Não, não é verdade.

-         Querida... – o pai começou a falar calmamente. – Isso às vzs acontece. Os adultos deixam de se amar.

As palavras ecoavam em sua cabeça, misturando-se às batidas fortes de seu coração.

Ele os estava deixando.

-         Não vou mudar para longe – disse o pai. – estarei aqui mesmo na cidade. Vamos nos ver sempre.

Any recuou. O que havia acontecido? Ela se perguntava.

-         Não vá papai – Any implorou. – Quero que a gente permaneça uma família.

Ele olhou para ela, depois para os gêmeos.

-         Ainda seremos uma família, crianças.Sempre seremos uma família.

-         Não papai, prometemos ajudar mais em casa, e dar menos trabalho pra vc’s. – falou Any.

-         Oh fofinha.. – o pai envolveu os braços nela, trazendo-a para o peito. – Não é vc nem seus irmão. Vcs são perfeitos.

Any lutou com as lágrimas Olhou para a mãe sentada sozinha, a expressão devastada. Livrou-se dos braços do pai e foi até a mãe. Abraçou-lhe fortemente

-         Any querida – disse o pai suave e paciente – sei que está aborrecida,mas com o tempo vc entenderá.

-         Não, não entenderei. – Balançou a cabela com lágrimas escorrendo em seu rosto. – Vc disse que a família era tudo. A coisa mais importante. Vc mentiu papai.

-         Não menti. EU não sabia. As coisas acontecem... – ele olhou paara a esposa – Mari, me ajude aqui.

Ela levantou o rosto.

-         Vc fez isso Rick. Vc. Não me peça para melhorar a situação agora.

-         Está certo. Esse é o modo como vai ser. Sinto mto crianças, mas é... isso. Quando vcs forem mais velhos irão entender.

-         Entender? – Any levantou o olhar para ele, o coração partido. – Balançou a cabeça. – Não vou entender pai. E não vou perdoar vc. Nunca!

Por um longo momento ele simplesmente a olhou fixamente. Em seguida, sem mais palavras, virou-se e foi embora, deixando Any e sua mãe inconformadas.

CONTINUA...