Fanfic: •Amigas Inseparáveis•

Any estava deitada na cama, olhos molhados, completamente exausta. Momentos depois que o pai partiu, ouviu o carro dele, correu até a janela e o acompanhou indo embora, observando até que as lanternas traseiras fossem engolidas pela noite.

Havia partido. De repente.

Ela virou de lado. A casa estava silenciosa. Seus irmãos tinham ido pra cama cedo, a mãe agora estava trancada no quarto.

Aquela noite era como se o mundo tivesse acabado.

Ela sentou, abraçando os joelhos. Deu uma olhada na porta fechada novamente, pensou nos irmãos, imaginando como eles estavam. Suspirou e pulou dacama, se dirigindo para fora do quarto e indo até o quarto dos irmãos.

-         Meninos, vcs estão bem?

-         Tudo bem – Daniel respondeu de uma forma zangada. – Não somos bebês, vc sabe.

-         EU sei, mas pensei que pudéssemos conversar.

-         Any? – Peter passou para o seu lado, olhando de frente para ela. – Não entendo, mamãe e papai, eles eram sempre tão... quero dizer, pensava que eles eram... – O rosto dele se contraiu num esforço para não chorar. – Ele é um mentiroso – disse Daniel. – Ele é mto mentiroso.

-         Cala a boca ta? Vc não sabe de tudo. – resmungou Any.

-         Sei mais do que vc.

-         Isso é o que vc pensa. Vc é só uma criança.

-         Bem, sei de algo sobre o papai que vc não sabe. É um segredo.

-         É claro que é um segredo, por isso não pode me contar – provocou Any.

-         Vou lhe contar, feche a porta, não quero que a mamãe escute.

Any fez o que ele pediu. Feito isso, ela cruzou os braços.

-         Certo, qual é o grande segredo?

-         O papai tem uma namorada.

Por um instante, Any ficou surpresa demais para falar. Depois cerrou as mãos em punhos fechados e deu um passo no quarto.

-         Vc está mentindo, retire o que disse Daniel. Retire o que disse agora.

-         EU o vi falando com ela no telefone esta noite. Ele lhe disse que a amava antes de desligar.

-         Não pode ser verdade – Any lutou para fazer a respiração passar pelo nó em sua garganta.

-         EU ouvi tbm. – Peter sussurrou. – Ele disse... disse que depois desta noite... poderiam ficar juntos, mas que tinha que cuidar de nós primeiro.

-         Não, não é verdade. – Any saiu do quarto balançando a cabeça, recusando-se a acreditar neles. Trancou-se em seu quarto, desejando ter ficado sofrendo sozinha mesmo.

De repente Any ouviu a porta do quarto de sua mãe abrindo e fechando. Era seu pai que tinha voltado. Por um momento ela teve a esperança que ele voltara pra ficar, que tinha se arrependido de tudo e voltara para a família. Mas era só um engano, ele tinha voltado para pegar o resto de suas coisas que tinha ficado, ouvira eles discutindo:

-         EU não amo mais vc Mari. Não amo mais nós dois! É por causa disso, não é por causa de Leeza. – gritou o pai.

-         Sua secretária? – A voz da mãe aumentou. – Meu Deus, ela é vinte anos mais nova do que vc!

Leeza Martin. A secretária de sei pai. Any apertou os olhos, imaginando-a jovem e bonita, usando saias curtas e com um sorriso luminoso. Any costumava olhar para ela e pensar que ela era tão bonitinha, e desejar ser como ela. Mas a bela Leeza roubara seu pai.

O estômago de Any revirou, o gosto amargo do ódio em sua língua. Todo o tempo em que Leeza havia sorrido e sido tão simpática com ela, estava... estava... dormindo com o seu pai. Magoando o coração de sua mãe.

A mãe estava soluçando, pedindo que ele ficasse, implorando para que pensasse nas crianças. Mas de nada adiantou.

-         Como pode querer que EU fique se não quero mais ficar aqui? Como pode querer que EU fique só pelas crianças? Isso não é um casamento. É uma prisão.

Any moveu-se com um salto da porta como se ela estivesse pegando fogo. As lágrimas, a dor brotava dentro de si até pensar que explodiria. Any queria se atirar nele e pedir que não fosse. Chorar e implorar. Justamente como a mãe estava fazendo.

Não adiantaria. Havia alguém que ele amava mais do que a família, algum lugar onde gostaria de estar mais do que com eles.

Ele mentira. Era um mentiroso. Prometeu estar lá sempre com ela e seus irmãos, mas era um trapaceiro, não acreditava mais nele.

Dulce. Sua amiga a ajudaria, faria tudo ficar bem.

Any virou-se e correu para a janela. Abriu-a . Com um últimom olhar para trás, subiu no parapeito e pulou para o chão do jardim.

Era tarde. Any atravessou o quintal e saiu pra rua. Em minutos, estava debaixo da janela do quarto de Dulce, atirando pedrinhas nmo vidro e rezando para que sua amiga viesse. Quantas vezes Dulce viera até a janela de Any procurando conforto? Vezes demais para contar, Any reconheceu.

CONTINUA...