Fanfic: •Amigas Inseparáveis•

Agora era ela. O peito de Any doeu diante da realidade. Pela primeira vez sua casa não parecia segura e feliz, já não parecia... perfeita. Pela primeira vez ela queria estar em algum outro lugar.

No momento em que Any viu o rosto de sua amiga, ela começou a chorar. Dulce puxou a janela para cima, sua expressão alarmada.

-         Any? – ela sussurrou. – O que há de errado?

-         Meus pais estão... eles estão separados.

-         Não brinca! – Dulce balançou a cabeça, sua expressão incrédula. – Os seus pais não.

-         Sim, eles estão... – Any lutou para encontrar voz. – Meu pai está... está nos deixando.

Dulce se debruçou mais na janela.

-         Espere um momento – sussurrou ela, a brisa da noite tocando seu cabelo ruivo, cor de fogo, e soprando-o pelo rosto. Eka o jogou para trás. – Vou descer imediatamente.

Alguns minutos depois, saiu da casa, completamente vestida e agasalhada. Foi até Any e colocou os braços em volta dela.

-         Oh Any, não posso acreditar nisso.

Any pressionou seu rosto no ombro da amiga por um momento, agarrando-se a ela.

-         Acredite. Ele nos chamou para uma reunião, para dizer o quanto ainda nos ama e tudo o mais.

Ela limpou o nariz que escorria, com a parte de trás da mão. – Mais tarde EU escutei toda a verdade. Ele tem traído a minha mãe.

Dulce ficou boquiaberta.

-         Nãão! Não o seu pai!

-         Com a secretária dele.

-         Aquela ninfetinha? Ela é... ela parece uma boneca Barbie. Sua mãe é mto melhor do que ela.

Any afundou no chão e escondeu o rosto com as mãos.

-         Estou me sentindo péssima. Não sei o que fazer.

Dulce sentou-se ao lado dela, envolvendo um braço no ombro de Any como para protege-la.

-         Via ficar tudo bem.

-         Como vc conseguiu? – perguntou Any entrecortadamente. – Quero dizer, depois que a sua mãe partiu? Senti como se fosse morrer.

Por um longo momento, Dulce ficou em silêncio, como se estivesse perdida nas próprias lembranças. Depois disse, limpando a garganta:

-         Vc sabe o que penso? Que pai e mãe são um saco. Especialmente os pais.

-         Sempre pensei que tivesse a melhor família do mundo. Nunca imaginei que meu pai pudesse fazer...

-         Alguma coisa errada. – Dulce completou, e Any concordou balançando a cabeça, mostrando-se infeliz. – Vc pensava que ele era perfeito. Um heróis ou algo parecido.

Enquanto falava, algo insinuou-se na voz da amiga, alguma coisa desprezível. Algo que Any não reconhecia. Any olhou para Dulce:

-         Dul?

A amiga encontrou seus olhos.

-         Contudo ele não é um herói... é Any? Ele é só outro imbecil. – Any desviou o olhar – machucava pensar em seu pai daquele modo. Mais do que podia suportar.

-         Vamos até a Maite.

-         Maite?

-         Por que não? – Dulce sorriu. – Eles que se danem. Vamos sair daqui.

-         Mas, e a sua perna? Vc pode, quer dizer, não dói?

Dulce baixou o olhar para a atadura e deu de ombros.

-         Sim, dói, mas e daí? O pior de tudo é que EU arrebentei alguns pontos.

Any engoliu em seco.

-         Quantos vc levou?

-         Vinte. Teria sido menos, mas o corte foi mto irregular. Vc devia ver o meu pai, ele ficou verde e teve de sair da sala. – Ela balançou a cabeça. – Não entendo a natureza humana, meu pai ficar verde por isso? Meu pai? Inacreditável. – Ela levantou-se e estendeu a mão. – Vamos.

Any balançou a cabeça.

-         Vc vai se machucar, não quero isso de novo.

-         É por vc Any. Vc não entende? Não importa que EU me machuque, não quando é por vc.

Any concordou sem dizer uma palavra. Não tinha de perguntar aonde iriam depois de buscarem a amiga, pois já sabia. Ao lugar delas, o galpão de ferramentas abandonado no final de um dos campos do fazendeiro Santiago. Elas o haviam descoberto dois verões antes, e de imediato o elegeram como o lugar especial delas. Pequeno, arruinado e cheirando levemente a óleo, elas o adoraram. Porque era delas agora. Um lugar onde podiam estar juntas e ser elas mesmas, longe de pais intrometidos e irmãos chatos.

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Maite Perroni.

CONTINUA...