Fanfic: •Amigas Inseparáveis•

-         O quê?

-         Música. Shh... ouçam.

Elas escutaram tbm

-         De onde está vindo? – Mai perguntou, franzindo a testa. Elas estavam em pé bem no meio das quatro casas vazias no fim do beco sem saída.

Any se esforçou para localizar de onde vinha aquela suave música. Flutuava no ar da noite, dispersa, e depois desapareceu. Era uma música estranha, que perturbava de alguma forma, com uma batida lenta, profunda, que fazia a pulsação aumentar.

-         Não deveríamos ouvir música aqui. – Any olhou para as amigas. – De onde pode estar vindo?

Mai olhou por sobre o ombro para as outras casas na rua. Todas estavam completamente escuras.

-         É estranho. Todos neste quarteirão estão dormindo.

-         Nós não estamos. – Diante dos olhares perplexos das amigas, Dul deu risinhos. – Garotas se liguem. Está vindo provavalmente de uns dois quarteirões daqui. O som se propaga no ar da noite. O que EU já devia saber – fez uma careta. – As brigas dos meus pais viraram uma lenda em toda a vizinhança em que morávamos.

-         Vc está certa – Any riu, soando um pouco ofegante, mesmo para seus próprios ouvidos. – Minha imaginação está fértil demais.

-         Todavia, é meio arrepiante. – Maite disse, esfregando os braços. – Está tão sossegado tbm.

Dulce riu.

-         Vamos suas medrosas. Sigam-me! – Ela partiu, mancando e pulando com uma perna só por causa dos pontos. Surpresas, as outras duas a seguiram. Uma vez nos campos abertos, era mais fácil ver o galpão delas, que se destacava no campo plano e árido.

Chegaram até lá, mas, em vez de entrarem, subiram no telhado, deitaram e contemplaram o céu preto aveludado. Os minutos passavam, nenhuma delas falava. Em algum lugar ao longe um cachorro latia.

-         É tão bonito – Maite murmurou.

Dylce concordou.

-         E tão calmo.

Any dobrou os braços atrás da cabeça e respirou profundamente.

-         É como se fossemos as únicas pessoas em todo o universo. Somente nós e as estrelas.

-         E se fossemos só nós? – Dul refletiu. Sem pais chatos? Ninguém nos fazendo ser o que querem que sejamos?

-         Se fossemos só nós – Any murmurou – EU não estaria tão triste agora.

-         E os meninos?

Any e Dulce se olharam, depois caíram na gargalhada.

-         Deixamos pra vc Mai.

-         Mas é verdade – ela fungou, soando aborrecida. – Teríamos de ter meninos. Vcs garotas, poderiam ser capazes de viver sem... bem, vcs sabem, mas EU não.

-         Bem, EU poderia – disse Dulce, em seu tom furioso. – Meninos se transformam em homens. Depois se tornam como o seu pai ou o meu. – Emitiu um som de repulsa. – Não, obrigada.

Any olhou para ela sorrindo.

-         Alguma de vcs pensa sobre o futuro? – Continuou Dulce – Onde vamos estar? O que vamos ser?

-         Faculdade – Any sugeriu.

-         Juntas – Maite acrescentou.

Dulce sentou-se e puxou os joelhos para junto do peito.

-         Quero ser aquela que diz como vai ser. Quero ser aquela que as outras pessoas seguem.

Mai deu risadinhas e olhou para Any.

-         E vc? O que vc quer ser Any?

Any encontrou o olhar da amiga. As lágrimas a sufocavam e ela lutou para falar entre elas.

-         Só quero a minha família de volta. Só quero... Costumava pensar no futuro, me imaginava casada, com alguém como o meu pai. – Engoliu as palavras e nada mais conseguiu falar.

Dulce se aproximou rapidamente e colocou o braço em volta de Any.

-         Vai ficar melhor.

Mai fez o mesmo.

-         Com certeza, vc verá.

-         Vc tem a nós duas Any, isso não mudou. – falou Dul.

-         É verdade. – Mai apoiou a cabeça na de Any. – Nós amamos vc.

As lágrimas ardiam nos olhos de Any. Ela estendeu a mão.

-         Melhores Amigas.

Maite completou.

-         Mais do que uma família.

-         Juntas para sempre – acrescentou Dul, juntando suas mãos às delas. – Só nós três.

-         Melhores amigas para sempre – disseram novamente, desta vez em uma só voz.

CONTINUA...