Fanfic: Guerras dos magos mestiços - Futuro | Tema: original
Acordei com meu despertador do celular fazendo a algazarra de sempre, odiava ter que ir para a escola, acordar cedo era sempre um saco.
Passei as mãos pelo rosto e, ao encontrá-las macias, lembrei-me do ocorrido no dia anterior, olhei para mim mesma, não havia machucados ou ataduras em qualquer lugar, não pude evitar rir e me joguei na cama de costas. Eu estava livre, tinha apenas comido alguma coisa que me fez ter alucinações e pesadelos. Mas agora não tinha nada de errado!
Pulei da cama de bom humor, coloquei minhas lentes de contado e me arrumei para a escola o mais rápido possível, determinada a correr para a normalidade da minha vida novamente.
Desci a escadas de dois em dois e tudo para a minha esperança morrer na praia.
Na cozinha. No mesmo lugar. A mesma porcaria de cena com o mesmo príncipe encantado cozinhando.
— bom dia — ele me cumprimentou sem se virar — quer que eu ligue para o sanatório ou prepare uma corda? — ele me olhou ironicamente.
Cai de joelhos, estupefata.
Deus. Porque me abandonaste?
— o que foi? — ele me olhou no chão — não gosta de ovos? Você pareceu gosta ontem.
— o que você ainda está fazendo aqui? — olhei para ele me levantando rapidamente — eu já disse para ir embora — meu bom humor tinha se apagado.
— eu disse que não podia se livrar de mim — ele disse com ironia.
— e então? Pretende fazer o que? — eu não conseguia fazer mais nada, já estava começando a aceitar a situação. Porque eu estava aceitando aquela droga de situação?
— já disse, mas vou começar tomando conta de você... Se eu não fizer isso, parece que você logo vai se matar sozinha... — olhei para trás dele e, na lata de lixo, todas as minhas preciosas lasanhas e massas congeladas tinham descongelado.
— o que você fez? — corri para a lixeira, mas já tinham todas estragado — seu monstro! Você matou elas!
Ele revirou os olhos.
— eu vou cozinhar, então pare de drama — ele me passou o prato com ovos e me enxotou para a mesa.
— que tipo de demônio mal, cozinha para uma moça? — ironizei e olhei o resto da cozinha, tudo estava limpo e brilhando como novo — que tipo de coisa e você? Um tipo de maníaco por limpeza?
Ele revirou os olhos e me ignorou.
—e? — ser ignorada por ele só me fazia sentir uma bully sem causa — vai pelo menos me falar seu nome?
— eu não tenho nome — ele disse simplesmente e se sentou em minha frente — em geral as bruxas dão nome que quiserem aos seus servos.
— isso quer dizer que eu vou ter que te dar nome? Você não acha que esta grande o suficiente para decidir sozinho? — ele me olhou irritado — que droga. Você por acaso só tem essa cara de irritado com olhar superior?
— talvez — ele disse suavizando o rosto — e você? Qual seu nome?
— Elizabeth, mas pode me chamar de Lizzy — comecei a comer e ele se sentou na minha frente como no dia anterior — já sei! Você e um cachorro não é? E é preto! Que tal o nome de pretinho?
— eu sou um lobo.
— totó? — arrisquei um segundo palpite
— continua sendo um nome de cachorro — ele protestou.
— Rex! Querendo ou não você acha alguns malucos com esse nome — falei debochada, não evitando de rir da cara que ele fez.
— você realmente está se divertindo com isso não? — ele parecia irritado, para variar.
— o nome disso é vingança... Lembra de ontem? — não pude deixar de rir, vitoriosa — lembra quantas vezes me xingou?
— ok! Me desculpe — ele pediu exasperadamente — estou me desculpando então por favor não me mais nomes de cachorro!
— tudo bem — falei terminando de comer — aceito suas desculpas, não sou uma pessoa que guarda rancor sabe? — ele ergueu uma sobrancelha — seu nome será Ciel.
Ele abriu a boa para protestar, mas então concordou com a cabeça.
— esse nome não e ruim... — ele concordou — posso ficar com ele... De onde você o tirou?
Levantei e fui preparar uma xicara de café solúvel.
— era o nome do gato da minha tia — despejei a agua fervente no pó com a maior naturalidade possível.
Antes que Ciel pudesse fazer qualquer reclamação ou que eu pudesse fazer qualquer piada a campainha tocou e do outro lado da porta pode-se ouvir uma voz feminina.
— Lizzy! — alguém começou a bater na porta, mas eu já tinha ideia de quem era — você ainda está viva? — a voz dela era abafada pela madeira.
Me senti empalidecer, olhei para o príncipe-lobo seminu, ainda como ontem. Como iria explicá-lo? Principalmente quando ele nem humano era.
— rápido! — fui correndo até ele e comecei a empurrá-lo para qualquer porta ao alcance — se esconda!
Ciel parecia se divertir com a situação e apesar de resistir para me irritar, permitiu ser empurrado até um armário.
— não saia da ai até eu ir embora entendeu? — o olhei irritada, deixando minha ameaça implícita.
Corri até a porta e do outro lado estava Kate, minha melhor amiga.
— que droga! — ela gritou e me abraçou — sabe o quanto eu fiquei preocupada? Você não me deu nenhum sinal de vida! Te mandei milhares de mensagens que você não respondeu! — ela continuou com a bronca — eu vim aqui ontem, porque você faltou e aquele cara mal-humorado não me deixou entrar — ela me deixou respirar.
— cara mal humorado? ... — ferrada. Eu estava legitimamente ferrada. Extremamente ferrada — eu... Eu... Gaguejei sem conseguir encontrar uma resposta, enquanto Kate olhava por cima de meus ombros tentando achar alguém.
Um arrepio indicando minha má sorte correu por mim quando ouvi as batidas na porta vindo de dentro.
— posso sair agora? — a voz de Ciel podia ser ouvida abafada pela porta, ele a entreabriu — eu esqueci de falar... Uma amiga sua veio ontem te visitar,
Eu iria matá-lo.
Não importava como eu ia me livrar daquele maldito que estava bagunçando minha vida. Olhei para Ciel que agora saia de seu esconderijo, parecia um rapaz perfeitamente normal, agora não tinha mais as orelhas, finalmente usava uma camisa e a cauda e sorria de forma deliberada e quase agradável. Quase. E ele provavelmente podia sentir que me pagaria por aquilo mais tarde, mas se resignou apenas a um dar de ombros.
— e então? — Kate falou lentamente, sentindo a tensão no ar — você é? ...
— sou Ciel — ele se apresentou, passando na minha frente e quase me jogando para o lado — e você é? ...
Eu sabia que Ciel provavelmente não tinha nenhum interesse nela, mesmo assim não pude deixar de rir quando Kate se aprumou e piscou os olhos maquiados.
— meu nome e Kate, sou a melhor amiga da Lizzy — ela estendeu a mão para cumprimentá-lo — eu não me lembro de ter ouvido falar de você... Qual o seu relacionamento com ela? — ela tinha um tom quase profissional, mas sabia a inquisição que enfrentaria mais tarde.
— sou primo em segundo grau dela... — ele disse a mentira de forma incrivelmente natural, até eu acreditaria se não tivesse o visto com as orelhas e cauda macabras — minha mãe e o pai dela são íntimos, eu tenho umas coisas para resolver na cidade e ele gentilmente me ofereceu um lugar para ficar aqui, desde que eu cuidasse da Elizabeth, claro.
Aquela conversa estava começando a me deixar constrangida, eu sentia meu rosto esquentando pelo jeito que Kate me olhava e já sabia o tipo de porcarias que ela pensava, peguei minha mochila perto da porta e comecei a puxar Kate porta a fora.
— já está na hora da escola — disse entre dentes e a arrastei antes que minha execução pública virasse um show.
— espere! — Ciel me agarrou pelo braço, mostrando apenas por um segundo a carranca de sempre, para logo depois sorrir de novo — só um instante, por favor — ele falou para Kate — a Lizzy tem que tomar um remédio agora... E eu preciso explicar sobre o que ela tem que tomar mais tarde...
Ele me puxou até a cozinha, Kate espreitando atrás, animada com a óbvia desculpa e nos deixou a sós.
— você está louca? — ele vociferou quando já estavam longe do alcance da porta de entrada — você não pode sair daqui!
— e o que? — respondi da mesma maneira — vou viver trancada aqui? Pelo resto da vida?
Ele agarrou meus braços com força e me puxou para perto.
— se isso for manter você segura sim, não vou arriscar você enquanto você pode estar em perigo, aqui eu consigo te manter segura e disfarçar sua condição, mas lá fora você vai estar desprotegida — juro que por um instante eu achei que ele ia me beijar... Uma leve decepção correu meu corpo quando ele me soltou. Agora eu tinha certeza de que estava vendo filmes de mais — pelo menos coloque isso... — ele puxou uma touca felpuda de cima de uma bancada — eu sabia que algo assim poderia acontecer... Você e cabeça dura demais... Não vou poder estar na escola com você, então pelo menos use isso para te manter segura...
O tom sério dele me deixou desconcertada, de certa forma eu quase havia morrido e ele me salvara e desde então eu apenas o tinha ridicularizado, pensado apenas em mim, mas agora a vida dele estava ligada a minha e ele não poderia fazer nada a não ser, ser subjugado por uma garotinha mimada.
Há quanto tempo ele esperava naquele livro? Há quanto tempo ele vivia? Por que ele tinha sido preso?
— desculpe... — resmunguei e voltei de olhos baixos encontrar Kate, deixando para trás um homem atônito.
Peguei minha amiga pela mão e a puxei porta a fora a caminho da escola, respondendo a um verdadeiro interrogatório completo, do qual tive que inventar várias mentiras, das quais teria que lembrar depois.
Na escola minha vida parecia normal, se não fosse a estranha toca preta felpuda na minha cabeça em pleno verão, e é claro a estranha sensação de ser observada, por vezes peguei Laurel, a menina rica da sala, me olhando de rabo de olho.
Corri para casa o mais rápido que pude me despedindo dos amigos com a desculpa de que Ciel precisava de ajuda para se achar na cidade.
Achei que teria tempo para pensar, o trajeto era um pouco mais de um quilometro, várias coisas me rondavam a mente, várias perguntas tinham me impedido de prestar atenção na aula, mas após a segunda esquina Ciel me esperava encostado numa arvore, totalmente como humano e usava uma camisa que ficava apertada de mais no corpo, assim como as calcas jeans surradas que obviamente foram feitas para alguém menor. E tudo era levemente familiar.
— onde conseguiu as roupas? — perguntei quando me aproximei.
— estavam na sua casa — era obvias que me eram familiares, eram as roupas que meu pai tinha deixado para trás — você demorou... Tirou a touca na escola? — ele perguntou nervoso.
— não — confirmei não surpresa com a falta de confiança.
Começamos a caminhar em silencio, eu remoendo as perguntas perturbadoras que me deixavam deprimida apenas de pensar.
—fale de uma vez! — Ciel falou por fim, o olhei surpresa — você parece deprimida desde que saiu, fale de uma vez! O que está te incomodando?
Fiquei pensado por vários segundos antes de perguntar, pensando por onde começar.
— quantos anos você tem? — comecei com a pergunta que mais óbvia, apesar da aparência de ter no máximo uns vinte anos, mas pela situação insana ele podia ter séculos, quantos anos viviam os chamados “demônios” afinal?
— vai saber... —ele falou de forma extremamente casual, da mesma forma que alguém comenta sobre o tempo.
— como assim? Vai me dizer que não sabe sua idade? — olhei para ele desconfiada.
—uns séculos ai... Uma década a mais uma década a menos... — ele parecia incrivelmente casual e despreocupado e em nenhum momento olhou para mim — depois de umas décadas ficar fazendo aniversario perde a graça — ele disse, irônico.
Mesmo desapontada com a resposta incompleta não ia insistir mais.
— quanto tempo você esteve preso naquele livro? — essa era a pergunta que tinha me incomodado por um bom tempo. Ciel sabia demais do mundo de fora, não podia estar preso há tanto tempo, ainda assim aquilo despertava toda a minha imaginação e uma centena de referência de histórias que, até dois dias atrás, eu achava que eram apenas fantasia.
— uns dois meses se não me engano... — mesmo sem ser um bom motivo toda aquela falta de romantismo estava começando a me irritar... Minha vida normal tinha sido completamente transformada, mesmo assim agora ela parecia quase normal, geralmente nesse ponto o protagonista acharia algum vilão contra qual lutar ou algo assim e agora eu sentia desapontamento e alivio na mesma medida, mesmo tentando enfiar em minha cabeça que eu não teria perfil para o protagonismo e que era melhor eu só ter uma vida tranquila, ainda assim eu me sentia desapontada — servos bons estão em falta nesse tempo, nenhum fica muito tempo preso — ele disse orgulhosamente.
— a falta e tão grande que até você e requisitado? Nossa a situação e realmente ruim que até você está sendo chamado? — respondi num tom apático igual aos que ele usou para responder as minhas perguntas.
Se ele notou a sagacidade de minha piada não demonstrou, apenas franziu o cenho e olhou ao redor, fiz o mesmo e notei que tínhamos nos desviado da via principal e agora entravamos em um pequeno parque com um bosque, estranhei o lugar e como se visse minha incerteza.
— esse e um atalho seu? ... — ele apontou para o bosque e eu estanquei — eu estava só te acompanhando, achei que sabia para onde ia — Ciel percebeu minha incerteza e me advertiu — acho melhor você não se aproximar desse lugar... Pelo menos por um tempo.
Eu já estava irritada com as restrições e comando daquele homem, eu deveria mandar não ele não está? Eu não tinha sido feita para receber ordens. Subitamente me virei
novamente para a rua e comecei a caminhar pisando forte no chão, deixando Ciel para trás.
— ah ótimo! Quem você acha que e para me dar ordens? Meu pai? — caminhei irritada até em casa, esquecendo-me das perguntas que tinha passado tanto tempo pensando.
Autor(a): my_fair_lady
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1
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my_fair_lady Postado em 03/03/2017 - 06:20:26
pessoal... eu sei que talvez seja pedir demais... mas eu gostaria que pelo menos uma pessoa lesse e me desse uma opinião sincera... é a primeira vez que faço algo como mostrar o que eu escrevo e nao estou muito confiante... sera que alguém poderia dar uma de beta reader e me dizer se tem algo errado?