Fanfic: Retorno Macabro | Tema: Original

O estresse da segunda-feira atinge a todos da mesma forma. Quem estuda, quem trabalha e até mesmo quem queria estar estudando ou trabalhando. Para Louise, a segunda-feira era um dia normal, pois o típico estresse deste dia a atingia todos os dias.

Desempregada e com a graduação em andamento, Louise perdeu sua mãe em um acidente de carro numa rodovia. Seu pai, aos 17 anos, imaturo, fugiu quando descobriu a responsabilidade paterna que teria pela frente, deixando Louise apenas aos cuidados de sua mãe. Devido a morte de sua mãe, Louise, hoje, mora com sua prima, Bianca.

- Bom dia Bianca.

- Bom dia, querida, dormiu bem?

- Não muito.

- Teve o sonho de novo?

- Sim, que minha mãe vinha me buscar.

- Eu acho que isso é falta de distração. Você devia sair mais, conhecer pessoas novas, arrumar um emprego, sei lá, se distrair.

- Você fala como se fosse fácil ignorar a morte de uma mãe.

- Não disse pra você ignorar, só pra se distrair mais, senão vai acabar ficando paranoica.

- A paranoia já me atingiu faz tempo

Louise olha no relógio e vê que já está atrasada para sua aula. Pega um copo com café para tomar no caminho e sai ás pressas. Ela odeia a necessidade de morar com Bianca, mas ela é a única pessoas naquela cidade que pode lhe oferecer alguma ajuda.

“ Não vejo a hora de terminar a faculdade e conseguir um emprego”

Esse pensamento pairava sobre a cabeça de Louise a todo momento. Nunca na vida se sentira tão presa a algo e alguém como no atual momento de sua vida. A morte de sua mãe junto com a ausência de seu pai deixara um vazio existencial tão grande e difícil de aceitar.Se libertar de tudo era o que ela mais queria.

Ao chegar na faculdade, se deparou com uma cena incomum. Viaturas para todo lado, policiais com seus cães farejadores adentravam em todos os prédios do câmpus, a sirene inconfundível da policia tomava conta de todo o perímetro. Louise parou na porta da faculdade e não conseguia esboçar nenhuma reação, estava completamente assustada. De longe, conseguiu avistar seu professor, João Paulo, com os braços cruzados e um ar de preocupado:

- Professor, o que aconteceu? Indagou ela, ainda assustada.

- Parece que assassinaram uma pessoa dentro do câmpus. Respondeu diretamente, o professor.

Louise ficou ainda mais assustada. Ela não conseguia pensar em mais nada além de que o assassinado poderia ser um amigo ou alguém próximo, como um professor.

- Mas era um estudante?

- Não se sabe, a polícia ainda está procurando o corpo e o assassino.

Louise não sabia como reagir. Nunca havia presenciado uma cena como essa, qualquer pessoa ali presente naquele câmpus era suspeita, e qualquer pessoa que estava presente ali antes do crime pode ter sido a vítima.

As aulas daquela semana foram canceladas.

Pouco mais de 2 horas depois..

Ela estava evitando ficar tão á mostra no câmpus. Poderia se tornar uma suspeita do crime ou até mesmo uma próxima vítima, mas não queria sair dali. Apesar do medo, seu instinto queria descobrir quem foi morto e o motivo, e também o assassino. Para que lugar um criminoso levaria o corpo da pessoa que matou? Porque o esconderia? Será que o enterrou? Queimou? Jogou em algum lugar? Ou será que não matou e só está torturando a todos? Na mente de Louise não havia espaço para mais nada. Nem mesmo seus professores mais queridos escapavam de suas suspeitas.

A fim de evitar ser a próxima vitima do assassino, Louise foi ao banheiro para pensar mais sobre o ocorrido.

Ao entrar no banheiro, se deparou com um cheiro meio podre, como se o banheiro não fosse limpo a meses. Parecia que alguém tinha, literalmente, morrido ali dentro. Entrou em um dos boxes e lá ficou por um tempo, até sua mente lhe dizer que o morto estava ali dentro, por isso o cheiro de carne podre. Naquele momento, percebeu que era hora de ir para casa.

No dia seguinte..

Bianca chega no quarto de Louise aos gritos:

- LOUISE, LOUISE, VOCÊ VIU?

- Meu Deus, Bianca, o quê?

- Um assassinato no câmpus da sua faculdade.

- Ah sim, soube ontem.

- E você não me diz nada? O Arthur está desaparecido desde ontem e eu estou preocupada.

Arthur era ex-namorado de Louise, desde um episódio de traição, Louise não fala com ele.

- Já se certificou de que ele não está traindo a namorada dele?

- Não é hora disso Louise, e se ele estiver morto?

- Seria um favor para a humanidade

- Nossa, como você consegue ser assim?

Bianca deu as costas e saiu

Louise pegou seu café e foi para a faculdade. Não havia melhor lugar para pensar num assassinato do que o local onde ele ocorreu. Ela precisava descobrir que cheiro era aquele no banheiro, impossível ser uma simples coincidência um cheiro de carne podre aparecer onde mataram uma pessoa.

Chegando na faculdade, não hesitou em ir diretamente ao banheiro. Quando entrou, sentiu o cheiro ainda pior que antes, agora era impossível respirar ali dentro, o cheiro se impregnara em  toda e qualquer partícula de ar que existia ali dentro.

“Tem que ter uma pista aqui, tem que ter”

Era o que ela pensava enquanto procurava em cada móvel, compartimento e centímetro daquele banheiro. Revirou tudo e não achou nada, não havia vestígios, sequer, do lugar de onde vinha o cheiro.

Já cansada, olhou para o espelho e viu um pequeno pedaço de papel saindo de trás do espelho. Quando puxou, o espelho veio ao chão. Agora, além de preocupada com o cheiro de podre do lugar, ela estava preocupada com a possibilidade de alguém aparecer com o barulho do espelho caído. Em meio aos cacos de vidro no chão, lá estava o papel, que se tratava de um bilhete escrito em letras garrafais e boa caligrafia:

LÁ FORA

Só podia ser um aviso. Alguma coisa relacionada com o crime estava lá fora. Louise não pensou duas vezes antes de sair dali e correr em volta do prédio. Depois de dar a volta em todo o perímetro do prédio, parou embaixo de um vitrô do banheiro em que estava antes. Mais uma vez ficou sem reação, boquiaberta e com os olhos vidrados naquilo. Pendurado embaixo do vitrô de um dos boxes do banheiro, estava um fígado, aparentemente humano, envolto numa camada de algo que parecia uma polpa de fruta nem um pouco cheirosa. Os mosquitos já tomavam conta, o cheiro estava mais insuportável ainda do lado de fora. Nada mais tirava da cabeça de Louise que aquele fígado pendurado era da pessoa que tinha sido morta.

- Se isso for do assassinado, o assassino ainda está aqui.