Fanfic: Os Rejeitados | Tema: Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya
Três anos antes do torneio Galáctico
Salão do Grande Mestre – Santuário - Grécia
O Grande Mestre, autoridade máxima do Santuário, respondendo apenas a sua superior, a deusa Atena, está sentado em seu trono como de costume; sua posição é firme. Veste uma túnica negra com adornos dourados no centro, fazendo uma linha vertical de início ao fim. Seu elmo dourado com um emblema de um pássaro no topo, também dourado, faz contraste com seus longos cabelos esverdeados, e com o colar feito de pedras preciosas com formas ornamentais e cores diversas
O salão possui iluminação feita apenas por tochas ao redor, é repleto de colunas tão grossas e fortificadas que chegam a ser majestosas e no chão há estendido um imenso e aveludado tapete vermelho com adornos dourados nas laterais, fazendo contraste com todo o ambiente acinzentado.
À sua frente há uma amazona ajoelhada de forma a fazer reverência. Sua armadura de tom claro quase se mescla ao vermelho do tapete. Em sua frente há apenas uma pequena sombra dançante por causa dos movimentos da tocha.
- Tudo bem, como é um pedido pessoal seu eu vou incumbi-la dessa missão. Pode levar um grupo com você. – Disse o Grande Mestre, tranqüilamente.
- Descubra quem é e o porquê de estarem poluindo as águas. Esta é a sua missão, Geist de Serpente Menor. – Desse o Grande Mestre, firmemente.
- Sim, senhor! – Disse Geist, com firmeza na voz - Obrigada. – Diz Geist novamente, dessa vez em tom mais baixo e suave.
A amazona se ergue e caminha para fora do salão. Seu caminhar é calmo, digno de uma protetora de Atena, profissional, sem se deixar levar pelas emoções, mas por debaixo de sua máscara intimidadora, onde ninguém pode ver, ela se permite ter uma expressão de satisfação e um leve sorriso.
Amanhecer do dia seguinte.
Em uma praia sem nome, isolada em algum ponto entre os mares de Creta e Egeu, encontra-se uma embarcação ancorada sendo abastecida por alguns soldados rasos trajando suas vestimentas de couro enquanto alguns poucos outros portam lanças e outras diversas armas, fazendo a segurança.
O Sol brilhava, mas ainda não estava em seu ápice. A areia de cor amarela, toda nivelada, refletir o astro rei, cena essa que foi substituída por uma areia bagunçada de pegadas. O silêncio da praia, que só era quebrado pelo som dos ventos e ondas calmas, agora dá lugar ao som de gritos e ranger de armaduras.
Um pouco distante de toda essa manifestação estavam quatro cavaleiros protetores de Atena, novamente a amazona de armadura arroxeada estava ajoelhada, mas desta vez com os dois joelhos na areia. A água bate suavemente em seus joelhos e na palma de suas mãos está um peixe, inerte.
Ela o olha fixamente sem proferir som algum, enquanto que atrás dela, em pé, estão outros três cavaleiros, um trajando uma armadura esverdeada com detalhes arroxeados e amarelados pelo corpo todo, outro trajando uma armadura negra e branca com detalhes amarelados na cintura e o último trajando uma armadura rosada com detalhes arroxeados e amarelados pelo corpo. Os três com expressões de raiva, punhos e lábios cerrados.
Novamente Geist se ergue, com o peixe ainda entre as mãos, olhando fixamente para o mar. Os outros três cavaleiros apenas a acompanham, olhando ao horizonte, e ela novamente demonstra profissionalismo se mantendo calma e não deixando transparecer sentimentos. Porém, novamente por debaixo de sua intimidadora máscara sua expressão acompanha a dos seus três seguidores, com lábios cerrados e olhar de ódio.
- Então esse desastre já se alastrou até aqui... – diz Geist em tom sério, apenas isso, sem deixar transbordar algum sentimento.
A visão do quarteto é terrível, desde seus pés até onde os olhos não conseguem mais ver há uma grande mancha de óleo e sob ela, boiando, uma grande quantidade de criaturas marinhas, mortas, exatamente como o peixe em suas mãos.
- Malditos! Juro que vou encontrar e matar todos eles. – disse Serpente Marinha com os punhos e os lábios cerrados.
- Como se atrevem a fazer uma barbaridade dessas? – disse Golfinho com expressão de tristeza.
- Mestra, agradeço por nos ter trazido com a senhora. Vou ficar muito satisfeito em vingar nossos irmãos. – disse Cabeça de Medusa com o punho direito fechado na altura do próprio rosto.
Geist sem dizer nada se vira e caminha em direção a sua embarcação. Os demais olham entre si e a seguem.
A embarcação, apesar de ter a bandeira de Atena hasteada, se assemelha muito a uma embarcação pirata de pequeno porte. Pesando por volta de 220 toneladas e com 33 metros de comprimento por 8 metros de largura, com sua capacidade para 415 tripulantes preenchida apenas por 117. Sua coloração escura faz parecer que a mesma está bem envelhecida, porém ao vê-la em alto mar percebe-se o quanto isso está equivocado. Com seus 40 canhões, 20 de cada lado, ela rasga as águas como se fosse o vento.
Já em alto mar, com o sol mais brilhante, o navio segue em águas calmas porém negras, devido à gigantesca mancha de óleo. A tripulação, refrescada pela brisa marítima, olha abismada para toda a destruição, chegando a ficar sem palavras, apenas aguardando algum comando de sua capitã.
A embarcação ancora em alto mar e todos são pegos de surpresa quando aquela âncora de tamanho gigante, com partes enferrujadas, é lançada ao mar por uma corrente imensa, feita de elos tão grossos que alguns cogitam que a mesma fosse capaz de aprisionar um deus.
Geist larga o leme, vira-se para sua tripulação, e autoritariamente convoca seus seguidores:
- Ascano de Serpente Marinha!
- Arionte de Golfinho!
- Acrísio de Cabeça de Medusa!
- AQUI, SENHORA! – Gritam os três, se ajoelhando à sua frente.
- Espalhem-se e encontrem quem fez isso!
- SIM, SENHORA! – Gritam os três, se erguendo.
Os três correm, cada um para uma extremidade do navio e mergulham. Sua mestra permanece em pé, com os braços cruzados, imponente, em frente ao leme. Os soldados rasos interrompem seus afazeres por um instante enquanto observavam toda essa cena. Segundos de descanso interrompidos quando uma ordem da capitã Geist, ainda de costas para eles, é emitida:
- Voltem ao trabalho!
Anoitece, o navio ainda está ancorado no mesmo lugar. Acompanhando a inércia da embarcação está sua capitã, ainda parada com os braços cruzados, no mesmo local, sem se mover. Já há algumas tochas acesas para iluminação do navio, porém a grande parte da mesma é feita pela luz do luar.
O vento sopra mais forte e gélido. Vento este que trouxe consigo sons de tiros, gritos e explosões, percebidos apenas pela amazona.
- Hum, então voltaram... – disse Geist em tom de satisfeita.
- Relatório!
- Senhora, encontramos alguns barcos poluidores. Alguns estavam sendo comandados por piratas, outros por oficiais da própria marinha. – Disse Serpente Marinha ajoelhado à sua frente juntamente com os outros dois.
- Nós os interrogamos, mas se recusaram a cooperar. Ofereceram resistência, mas nós os massacramos facilmente. – Continuou Ascano.
- No final torturamos os sobreviventes até nos contarem tudo o que sabiam e a única pista que nos deram foi “brilho negro” e “triângulo das bermudas”. – Concluiu Ascano
- Entendo. Bom trabalho. Então o que estamos esperando? Vamos para lá imediatamente! – Disse Geist estendendo o braço direito.
O som cortante dos ventos é quebrado novamente, desta vez por uma palavra unânime.
- SIM!
Após ordenado, a âncora é recolhida fazendo um estardalhaço ao bater as correntes, as velas são hasteadas novamente e o barco começa a se locomover pelas águas escuras.
Sem percorrer grande distância de onde estavam ancorados, a embarcação iluminada pela lua cheia e brilhante no céu começa a ser coberta por uma sombra. Chuviscos começam a cair, o navio que estava envolto de águas calmas começa a balançar bruscamente, expressões são alteradas para desespero ou incredibilidade ou até mesmo um amalgama de ambas.
Todos olham para a esquerda do navio, arregalam os olhos, abrem a boca, mas não conseguem emitir palavreado algum. Diante deles está a fúria da natureza personificada, uma onda gigantesca, tão alta que é capaz de encobrir o navio por inteiro e tampar a lua.
- SEGUREM-SE! – Grita Geist, girando o leme para o outro lado.
Porém, antes mesmo de qualquer reação a onda se choca contra a embarcação, engolindo-a e destroçando-a.
- Estão todos bem? – Disse Geist flutuando entre os destroços.
Olhando ao redor tudo o que a capitã consegue ver é uma mancha de destroços em meio ao oceano. Seus três discípulos também estão flutuando em meio a outros soldados rasos, alguns dos quais agarrados a destroços devido a ferimentos e debilitação.
Geist apenas cerra os punhos que estão submersos, escondidos, se sentindo humilhada por ser uma capitã que falhou com sua tripulação, até que toda essa tensão é interrompida por uma indagação:
- De onde surgiu isso? – Pergunta Arionte
- Sinto um rastro de cosmo... – Sussurra Geist, mas não ao ponto de ser inaudível.
- Vamos seguir? – Pergunta Serpente Marinha
- Não, por hora vamos voltar ao santuário. – Ordena Geist, mais uma vez mascarando seus sentimentos.
Salão do Grande Mestre – Santuário - Grécia
- E por fim veio uma onda gigante, destruiu nossa embarcação e tivemos algumas baixas entre os soldados rasos. - Geist termina o relatório.
Mais uma vez ela se encontra em posição de reverência à frente do Grande Mestre sentado em seu trono.
- Entendo. – O Grande Mestre diz suavemente.
- Quem fez isso não nos quer por perto, por isso, senhor, peço novamente outra embarcação para ir ao Triângulo das Bermudas.
- Eles serão detidos sim, mas infelizmente não posso delegar essa tarefa a você
- Mas porquê? – Diz Geist com a voz entonando um pouco de desespero.
- Geist, você matou pessoas comuns. Nós não agimos assim, só lutamos contra iguais. Eu admito que o erro foi meu por mandá-la em uma missão tão pessoal, seu amor pelas águas é enorme. Mas agora não cometerei mais esse erro. Você está dispensada por enquanto.
- Mas... mas, senhor....
- Chega, Geist, eu já disse minhas palavras finais. Pode se retirar e cuide dos seus ferimentos.
- Si... sim, senhor.
Geist caminha para fora do salão, seu andar é tranquilo, apesar de seus punhos cerrados.
Santuário, fora dos limites das 12 casas.
Geist está reunida com seus três seguidores, explicando todo o ocorrido.
- Droga, então nós nunca poderemos recuperar nossa honra. – Diz Acrísio inconformado.
- Mas será que o Grande Mestre não consegue entender o que isso significa para nós? – Indaga Ascano.
- Esta missão é nossa, portanto vamos terminar! – Diz Geist com determinação.
Na manhã seguinte, ensolarada, novamente na mesma praia sem nome, há outra embarcação pronta para zarpar, há soldados rasos vigiando o local, aguardando os novos cavaleiros da missão chegarem, quando de repente são atacados por inúmeros piratas.
Os soldados ficam confusos, muitos se questionam de onde eles surgiram e como surgiram tantos se até um minuto atrás eles não estavam vendo nada. Mesmo assim os enfrentam com bravura, os atravessam com lanças, chicotes, espadas, mas nada acontece, parecem projeções.
De repente todos somem do mesmo jeito que apareceram, em um instante, os soldados olham uns para os outros sem entender nada e quando percebem o navio já está em alto mar. Este navio é bem semelhante ao anterior, com exceção de seu tamanho, que é consideravelmente menor e, portanto, mais fácil de ser controlado. Sua coloração é mais puxada para marrom avermelhado e há apenas 7 canhões de cada lado.
- Só a senhora mesmo, mestra, para criar uma ilusão dessas e nos camuflar, é mesmo um grande poder. – Enaltece, Golfinho
Geist, sem retrucar, se agacha em frente ao leme, colocando o joelho esquerdo no chão e a perna direita dobrada, abrindo os dois braços para as laterais, eleva seu cosmo e cria um pássaro gigante, de penas avermelhadas, bicos amarelados, olhos negros e duas cabeças, que imediatamente sai voando batendo suas gigantescas asas.
Os três apenas observam de boca aberta.
- Vamos segui-lo. Este pássaro nos levará até a fonte da emanação do cosmo. – Diz Geist.
- É fantástico. A senhora fez uma ilusão que tem o poder de rastrear outros cosmos. – Enaltece Cabeça de Medusa
Depois de horas de navegação em águas calmas, ao começo do anoitecer, os cavaleiros chegam ao Triângulo das Bermudas, atracando em uma praia nas Bahamas.
Esta praia é bem diferente da praia de que partiram. Há uma atmosfera pesada, densa, o vento traz o cheiro de carne podre.
Eles olham ao redor, e só enxergam destroços, embarcações se decompondo, esqueletos jogados por toda parte, crânios fincados em pontas de lança.
- Onde será que estamos? Esta parte não consta em nenhum mapa. – Diz Serpente Marinha
- Este lugar é isolado de tudo no mundo, eu mesma só ouvi lendas sobre aqui. É um lugar amaldiçoado, onde só os demônios freqüentam, até a vegetação e o relevo são pavorosos. – Diz Geist
Seguindo a trilha de crânios nas lanças, Geist percebe um caminho, quase fechado devido à alta e densa vegetação.
Geist simplesmente aponta para a trilha e começa a andar, os demais passam a segui-la.
Ao adentrarem imaginam que encontrarão um caminho de difícil acesso, todo fechado pela mata nativa, mas se surpreendem ao perceberem que após cruzarem a entrada há pouca vegetação e muito concreto, construções em ruínas, muitos cristais espalhados.
- Mas que lugar é esse? – Pergunta Acrísio.
- Tenham cuidado, o inimigo já sabe de nossa chegada. – Diz Geist, em alerta
- Hahaha, você é bem esperta. – Escuta-se uma voz ecoando
- Quem é? Está se escondendo covarde! – Esbraveja Ascano
Uma sombra mais densa se concentra na outra extremidade do caminho e logo começa a tomar forma.
- Eu jamais me escondo, muito menos contra débeis como vocês. – Novamente a voz desconhecida
- Essa armadura.... – Diz Geist surpresa
FIM DO CAPÍTULO
Autor(a): fabinhopalermo
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).