Fanfic: Prometida Adaptada AyA | Tema: Ponny

— Mais vinho, senhor? — ofereceu Horácio.
— A srta. Anahi Portilla?
Normalmente, Horácio era um homem rápido e eficiente. Alfonso não se lembrava de precisar lhe questionar qualquer coisa, já que em geral Horácio dava as respostas antes. Talvez a surpresa por vê-lo ali tenha deixado o homem desnorteado. Devia ser isso mesmo, pois nem a pergunta pareceu trazer algum reconhecimento ao rosto dele.
— Sim, ela mesma. Não que a sra. Almeida não confie no bom gosto da sra. Moura, mas ninguém tem mais requinte que a srta. Anahi. Ou educação. Eu lembro que ela vinha até esta casa acompanhada do pai. Sempre foi uma menina muito doce e obediente... — E então, enfim, se deu conta de sobre quem falava e para quem falava. O rosto dele ficou vermelho de novo. — Ah, por Deus, doutor! Esqueci que ela é sua noiva!
Infelizmente, Alfonso não podia dizer o mesmo.
— Então Anahi estará no baile?
- Bem, suponho que sim, se ajudou a sra. Moura a organizá-lo. — Ajeitou as pontas do paletó, como que para recobrar a eficiência. — Sim, atrevo-me a dizer que ela estará lá. Vou levar sua bagagem para cima e preparar o quarto. Em menos de meia hora poderá esticar o corpo.
— Tome cuidado com aquele baú marrom. Está cheio de vidraria. — Deixou a taça sobre a mesa de centro. — Mas mudei de ideia, Horácio. Vou me encontrar com Almeida. Eu irei ao baile.
Se alguém tivesse visto Alfonso entrar na casa e a novidade chegasse aos ouvidos de seu antigo tutor, isso arruinaria a noite dele e de sua esposa, pois Alberto viria correndo encontrá-lo antes que alguém pudesse impedi-lo.
Isso não tinha relação alguma com o desejo de reencontrar Anahi, garantiu a si mesmo. Ela já não tinha nenhum poder sobre ele.
Alfonso havia se encantado com sua ingenuidade, se deixado cegar por sua beleza. Um erro que eclipsara seu julgamento e, por consequência, terminara por destruir seu coração.
Houve momentos em que pensou que não seria capaz de esquecê-la. Mas a esqueceu. Claro que foram necessárias quantidades exorbitantes de bebida, algumas mulheres e muito trabalho para realizar essa façanha. Agora que tinha conseguido, se fechara para o amor. E jamais voltaria a permitir que mulher alguma se aproximasse de seu coração.
Muito menos Anahi Portilla. Alfonso a veria agora com olhos desapaixonados, e estava certo de que a única coisa que ela poderia despertar nele seria a indiferença.
Ao subir as escadas para trocar de roupa, seguido de perto pelo fiel Horácio, o rapaz sacudiu a cabeça, pois um sussurro sorrateiro teimava em serpentear por sua mente. Ele já havia aprendido a lidar com aquilo. Tudo o que precisava fazer para que aquele zumbido se calasse era lhe dar um pouco de conhaque.
— ... uma máscara, doutor? — A voz de Horácio lhe chegou aos ouvidos.
— Humm?
— Para o baile. O senhor vai precisar de uma. É um baile de máscaras.
Alfonso deixou escapar uma gargalhada — o que resultou em um arquear de sobrancelhas do mordomo.
Mas era realmente engraçado. E um tanto trágico. Nada poderia ser mais apropriado para aquele reencontro do que máscaras, já que Anahi as usava desde o primeiro instante em que a vira. Ao menos agora estariam em pé de igualdade.
Enquanto entrava no quarto e se livrava das roupas empoeiradas da viagem, se pegou pensando que a vida às vezes tinha um senso de humor dos diabos.