Fanfic: SR. UCKERMANN | Tema: RBD
Ele me viu observando, e quando ergueu o olhar para encarar meus olhos, abriu um largo sorriso. O que fez eu me sentir muito pequena. Então desviei meu olhar para o tapete azul-marinho manchado de café e segui caminho. Seus olhos eram intensamente azuis e cheios de interesse. Por um segundo, pensei que fossem um portal para um mundo diferente.
Lindos.
De tirar o fôlego.
Brilhantes.
Olhos verdes.
Suspirei. Talvez fossem mesmo um portal para um mundo melhor.
Nota informativa: as pessoas nunca deveriam usar banheiros do ônibus. Eles são bem nojentos. Acabei pisando em um chiclete. Quando saí do banheiro, meu coração se apertou no peito, porque eu sabia que teria de passar pelo Sr. Belos Olhos novamente. Mantive o olhar baixo até chegar a meu assento.
Suspirei, e depois minha cabeça involuntariamente se virou para ele. O quê?! Malditos olhos por quererem olhar de novo na sua direção. Ele sorriu novamente e balançou a cabeça para mim. Eu não retribuí o sorriso porque estava muito nervosa. Os olhos azuis desconhecidos me deixavam bizarramente nervosa.
Foi a última vez que o vi. Bem, até agora. Agora, eu estava do lado de fora da rodoviária do Rio. Ele estava do lado de fora também. Nós estávamos do lado de fora da rodoviária. E passei os olhos por ele por um momento.
Palpitações.
Fortes palpitações.
Tentando parecer calma, virei a cabeça na direção dele para fazer parecer que estava procurando algo para além do Sr. Belos Olhos, para ver se Henry chegava. Na realidade, estava apenas tentando dar mais uma espiada no henino-momem encostado na parede da estação de trem. Minha respiração se acelerou. Ele me viu. Deslocando meus pés pela calçada, cantarolei sozinha, tentando parecer calma mas não conseguindo. Segurei meu livro na frente do rosto.
— “Duvida que as estrelas sejam chamas; Duvida que mover-se possa o sol; Duvida que verdade seja o falso; Mas deste meu amor nunca duvides” — citou ele. Baixei o livro. Olhei para o Sr. Belos Olhos confusa.
— Sai daqui - Seu sorriso desapareceu e uma expressão de desculpas invadiu seu rosto.
— Ai, foi mal. É que eu vi que você estava lendo...
— Hamlet - Um dedo roçou seu lábio superior, e ele se aproximou.
Palpitação.
Palpitação.
Coração.
Coração.
— É... Hamlet. Foi mal, não quis interromper você — desculpou-se, sua voz era muito doce. Fiquei pensando que era como o mel soaria se tivesse uma voz. Eu realmente não precisava de um pedido de desculpas. Estava feliz por descobrir que havia outras pessoas no mundo que citavam William.
— Não. Você não me interrompeu. Eu... eu não quis dizer “sai daqui” de um jeito “vai embora”. Eu quis dizer isso mais na forma de: “Putz grila, não acredito! Você sabe Shakespeare de cor?!” Foi mais esse estilo de “sai daqui”.
— Você acabou de dizer “putz grila”? — Senti um nó na garganta. Sentei-me mais ereta.
— Não.
— Humm, acho que você disse.
Ele sorriu de novo e, pela primeira vez, notei como o tempo estava quente. Fazia trinta graus ali fora. Minhas mãos suavam. Meus dedos dos pés estavam pegajosos. Havia até algumas gotas de suor escorrendo da minha testa. Vi sua boca se abrir e abri a minha ao mesmo tempo. Então fechei rapidamente, querendo ouvir sua voz mais do que a minha.
— Está visitando ou veio para ficar? — perguntou ele. Eu pisquei.
— Hã? — Ele riu e assentiu uma vez.
— Você está visitando a cidade ou vai ficar por um tempo?
— Ah — respondi, olhando para ele por tempo demais sem dizer nada.
Responde! Responde!
— Estou me mudando. Para cá. Estou me mudando para cá. Sou nova na cidade— Ele ergueu uma sobrancelha, interessado na informação.
— Ah, é? Bem... — Ele puxou a alça da mala com a mão direita, chegando mais para perto de mim. Um sorriso estampou seu rosto, e ele me estendeu a mão esquerda. — Bem vinda a Cidade Maravilhosa.
Olhei para sua mão e, em seguida, para seu rosto. Apertei meu livro contra o peito num abraço. Não podia tocá-lo com as palmas das mãos suadas.
— Obrigada — Ele suspirou de leve, mas seu sorriso se manteve.
— Tudo bem, então. Foi um prazer conhecer você. — Recolhendo a mão, ele começou a se afastar em direção ao táxi parado junto ao meio-fio.
Pigarreei, sentindo meu coração bater contra as páginas de Hamlet e Ofélia, e minha cabeça começou a girar. Meus pés exigiram que eu me levantasse, então saltei da minha mala, derrubando-a.
— Você é músico?! — gritei para o henino-momem, que já estava desaparecendo na plataforma. Ele olhou para trás, para mim.
— Como você sabe?
Mostrei meus dedos e os bati no meu livro no mesmo padrão rítmico que ele batera no trem.
— Só fiquei curiosa — Ele estreitou os olhos.
— Eu te conheço? — Franzi o nariz e balancei a cabeça negativamente. Fiquei me perguntando se ele notou o suor escorrendo da minha testa. Esperava que não. Lentamente, ele mordeu o lábio inferior. Vi seus ombros subirem e descerem com o pequeno suspiro que ele deu.
— Quantos anos você tem?
— Dezenove — Ele balançou a cabeça e passou a mão pelo cabelo.
— Ótimo. Precisa ter 18 anos para entrar. Eles vão carimbar sua mão e pedir sua identidade de novo no bar, mas você pode curtir um som. Só não tente comprar bebida alcoólica. Só maiores de 21 podem beber. — Inclinei a cabeça, olhando para ele. Ele riu. Ah, que lindo esse som.
— Bar do Joe, sábado à noite.
— O que é o Bar do Joe? — perguntei a mim mesma em voz alta. Eu não tinha certeza se estava falando com ele, comigo mesma, ou com aquelas malditas borboletas que despedaçavam meu estômago.
— Um... bar? — Sua voz subiu uma oitava antes de ele rir — Vou tocar com a minha banda às dez. Você devia ir. Acho que vai gostar. — Ele começou a abrir possivelmente o sorriso mais gentil do mundo. Era tão gentil que me fez tossir nervosamente e engasgar com o ar. Ele levantou a mão para mim e sorriu quando se despediu. Então fechou a porta do táxi e seguiu seu caminho.
— Tchau — sussurrei, vendo o carro partir. Não desviei o olhar até que ele virou a esquina do estacionamento e ficou muito, muito distante. Baixei os olhos para o livro apertado nas minhas mãos e sorri. Começaria do zero novamente.
Ana teria adorado esse momento estranho e perturbador. Eu tinha certeza.
Prévia do próximo capítulo
O motor da caminhonete amarela enferrujada de 1998 de Henry rugiu como se fosse explodir quando ele parou na rodoviária. O lugar estava lotado de famílias viajando, pessoas se abraçando, chorando e rindo. Pessoas mergulhando na arte da conexão humana. Tudo aquilo me deixava desconfortável. Fiquei sentada em cima da minha mala com a caixa de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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candy1896 Postado em 15/03/2017 - 10:00:24
CONTINUA
dulcita_ Postado em 18/03/2017 - 00:40:46
Postado amor!
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monauckermann Postado em 11/03/2017 - 01:39:16
Continua*-*
dulcita_ Postado em 18/03/2017 - 00:40:31
Prontinho amor!!