Fanfics Brasil - Capítulo 1.6 SR. UCKERMANN

Fanfic: SR. UCKERMANN | Tema: RBD


Capítulo: Capítulo 1.6

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Havia se passado uma semana desde o enterro, e minha mãe tinha ficado com Jeremias a maior parte do tempo. Para ser sincera, não foi exatamente como eu tinha imaginado que seriam as últimas semanas do verão — chorando sozinha dentro de casa todas as horas do meu dia. Eu era oficialmente patética. A boa notícia, eu não tinha chorado nos últimos dez minutos. O que era uma grande vitória.


Depois de percorrer o corredor, parei e encostei no batente da porta do que costumava ser nosso quarto. E lá estava, descansando na minha penteadeira: sua pequena caixa de maravilhas. Toda a vida de Ana, ou pelo menos o que ela sonhara que um dia seria, estava ali dentro, eu simplesmente sabia. Podia ser instinto, coisa de gêmeos, mas eu sabia. Era uma caixa pequena, simples, de madeira, e eu tinha sido instruída a abri-la na noite do funeral, mas, até agora, só tinha olhado para ela em minha penteadeira. Levantei a caixa e encontrei a chave colada no fundo.


Desprendendo a chave, fui até a cama do lado direito do quarto, olhando para a outra, do lado esquerdo. Meu corpo despencou no colchão duro, e coloquei a chave na fechadura. Abri o baú do tesouro sem pressa. Soltei naquele pequeno espaço a respiração que estava segurando, e algumas lágrimas caíram dos meus olhos. Rapidamente, enxuguei o rosto mais uma vez e dei um suspiro profundo. Dois segundos. Eu não tinha chorado nos últimos dois segundos. Então era uma pequena vitória.


Dentro da caixa havia uma quantidade absurda de envelopes. E, por cima deles, uma tonelada de velhas palhetas de violão de Ana. Ela tocava muito bem e sempre tentava me ensinar a tocar aquele maldito violão dela, mas tudo o que fiz foi machucar os dedos e perder tempo, quando poderia ter ficado trabalhando no meu livro inacabado. Eu me senti imediatamente mal por não ter me esforçado mais para aprender a tocar, porque ela tinha dedicado seu tempo para me ajudar a escrever meu livro, que eu sabia que nunca seria concluído agora.


No canto da caixa havia um anel; o anel de compromisso que Caio lhe dera. Passei-o entre meus dedos por um tempo antes de colocá-lo de volta na caixa. Esperava que ele estivesse bem. Ele era o mais próximo de um irmão que eu tinha, e desejei que pudesse voltar a ser ele mesmo, o cara divertido que sempre foi. O restante eram cartas; uma tonelada de cartas. Havia pelo menos quarenta envelopes lá dentro, cada um numerado e marcado com palavras, cada um selado com um coração. O que estava no topo dizia: “Leia esse primeiro”. Colocando a caixa sobre o colchão, peguei o envelope e, lentamente, rasguei a aba superior.



Irmãzinha,


 


Cobri meus lábios com os dedos ao ver a carta de Ana. Fiquei dividida, pois queria chorar por ver sua letra e rir ao pensar nela me chamando de “irmãzinha”. Tinha chegado ao mundo quinze minutos antes de mim, e nunca me deixava esquecer aquilo, sempre me chamando de “irmã mais nova” ou “criança”. Continuei lendo, desejando poder ver o conteúdo de todos os envelopes na caixa, querendo sentir sua conexão comigo naquele momento.



Vou começar dizendo que eu te amo. Você é o meu primeiro e meu melhor amor. Sim, eu entendo que essas cartas podem parecer um pouco mórbidas, mas Carpe Diem, certo?


Pedi ao Caio que mandasse você abrir a caixa na noite do funeral, portanto, sei que você provavelmente já esperou um ou dois dias.



— Ou sete — murmurei, e não pude deixar de sorrir enquanto lia a linha seguinte.



Ou sete.


Mas senti que tínhamos deixado tanta coisa inacabada. Tanto que não fomos capazes de fazer...


Desculpe por não poder estar na sua formatura. Desculpe por não poder ficar bêbada com você quando fizer 21 anos. Desculpe por não poder ir a sua primeira noite de autógrafos. Estou tão, tão triste por não poder estar lá para abraçá-la após seu próximo fim de namoro, nem ser sua dama de honra em seu casamento exagerado.
Mas preciso que você faça uma coisa para mim, dul. Preciso que pare de se culpar. Agora mesmo! Pare com isso! Preciso que em algum momento comece a seguir em frente. Eu sou a pessoa que morreu, não você. Entendeu?


Então, na página seguinte está sua lista de coisas a fazer antes de morrer. Sim, fiz sua lista de coisas a fazer antes de morrer, porque sabia que você nunca faria isso. Para cada item cumprido há uma carta que você deve abrir, como se eu estivesse bem ali do seu lado.


Então, comece a ler a lista. NUNCA abra uma carta até ter concluído a tarefa. E, pelo amor de Deus, tome um banho, escove o cabelo, e coloque um pouco de maquiagem. Você está horrível. Parecendo o resultado do cruzamento entre o Diabo e o Garibaldo de Vila Sésamo.


Sinto muito por todas as lágrimas, e sinto muito que esteja se sentindo tão perdida e sozinha. Mas confie em mim...
Você está indo muito bem garota.


Ana



Mudei para o segundo pedaço de papel e olhei para a minha “lista de coisas a fazer antes de morrer”. Não fiquei surpresa com a precisão da lista quanto às coisas que pretendíamos fazer juntas, sobre as quais costumávamos conversar. Pular de paraquedas, ler a obra completa de Shakespeare, se apaixonar, publicar um livro e ter uma sessão de autógrafos impressionante com cupcakes, ter filhos gêmeos, namorar o cara errado, ser aceita na USP. Essas eram apenas algumas das coisas que sonhei fazer.


Mas alguns itens da lista eram um pouco mais dela do que eu.


Perdoe Henry, chore porque está feliz e sorria porque está triste, fique bêbada e dance em um bar, devolva ao Caio o anel de compromisso, cuide da mamãe, recrie a cena infame de Titanic.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • candy1896 Postado em 15/03/2017 - 10:00:24

    CONTINUA

    • dulcita_ Postado em 18/03/2017 - 00:40:46

      Postado amor!

  • monauckermann Postado em 11/03/2017 - 01:39:16

    Continua*-*

    • dulcita_ Postado em 18/03/2017 - 00:40:31

      Prontinho amor!!


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