Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Uma intelectual versão cigana. Maravilha.
— Ela acabou de chegar com um presente gigante nas mãos. Depois não a vi mais — continuou Sara. — Dalila está procurando um noivo entre a nossa comunidade, sabia? Mas é bom o seu amigo ficar atento. Não seria a primeira vez que uma cigana se interessaria por um homem de fora.
— Não mesmo — afirmei, sentindo algo apertar minha garganta. Apesar do nó, beberiquei o vinho até esvaziar a taça.
— Escuta, é sua música favorita, Dulce! — Sara disse, me pegando pela mão. — Você precisa dançar no meu casamento. Todo mundo adora quando você dança.
— Vou dançar, mas não agora. Não bebi o suficiente e preciso encontrar meu amigo antes que ele se perca.
— Se ele está com a Dalila, não vai se perder.
A não ser nela, pensei furiosa.
— Prometo que mais tarde eu danço!
— Eu estou disponível — Anahí avisou.
Sara riu.
— Então vamos!
Mas, antes de seguir minha prima até o centro da tenda, Anahí se plantou na minha frente, me segurando pelos ombros, os olhos ligeiramente desfocados devido às inúmeras taças de vinho e champanhe.
— Não vai dar uma de escorpiana agora, Dulce.
— O que você quer dizer com isso?
Anahí revirou os olhos.
— Você sabe, ciumenta e possessiva. Vai melar tudo!
— Mas eu não sou assim!
— Claro que é! Como todo mundo do seu signo. Não vai fazer merda, tá?
Eu não era ciumenta, muito menos possessiva. Era tão ridículo achar que todo mundo de escorpião tinha as mesmas características que nem me dei o trabalho de discutir. Ela correu para junto de Sara, onde outras garotas sacudiam véus e balançavam os quadris.
Minha avó tinha desaparecido outra vez. Deixei a tenda e procurei nos arredores, mas ninguém tinha visto o Christopher, minha avó ou a tal Dalila. Sem saber bem por quê, fui parar no caminho da casa de vó Cecília e, ao me aproximar, ouvi vozes lá dentro. Uma delas pertencia a Christopher.
Entrei sorrateiramente pela cozinha, detestando o tom infantil na voz feminina que destoava da dele. Não era minha avó.
— ... não sei bem, imagino que sejam milhares. Coletei o máximo de informações que pude, fiz fotos incríveis, e agora só preciso catalogar isso tudo e juntar ao texto. Tenho que ter muito cuidado com o que vou escrever. A cultura cigana é mais do que importante para mim e meu povo.
— Faço ideia — respondeu Christopher. — Se precisar de ajuda, posso te indicar uns amigos que trabalham em editoras e que talvez tenham interesse em lançar um livro sobre cultura cigana.
Eu me colei à parede. Não era certo ouvir a conversa dos dois, eu sabia disso, mas, em minha defesa, eu...
Ah, eu não tinha desculpa nenhuma, mas e daí? Eu não precisava de uma. Precisava era saber o que Christopher estava fazendo ali sozinho com aquela mulher.
— Você vai ficar no Brasil? — ele indagou.
— Por um tempo.
— Que bom, espero que se divirta.
— Já estou me divertindo — ela disse em meio a um risinho anasalado. — Aliás, nunca pensei que poderia me divertir tanto nessa festa.
— Entendo. Também gostei da cerimônia. Muito simbólica e intensa.
— Sim, e assim é tudo na vida do cigano. Intenso! — E, para demonstrar isso, ela baixou a voz até se tornar rouca e, quem poderia imaginar, intensa. — Nada é pela metade. Nós nos entregamos de corpo e alma.
— Mesmo que a pessoa seja só em parte cigana.
Um sorriso involuntário brotou em meus lábios. Ele estava pensando em mim.
— Acho que sim — concordou Dalila, relutante. — Vó Cecília disse que você veio por causa da Dulce. Eu ainda não a conheci, mas ela é filha da Pérola, não é? Aquela que fugiu com um gadje e abandonou seu povo. A Dulce não é cigana, você sabe. Ela não vivencia a vida cigana.
Não deixei de notar o rancor na voz da mulher.
Christopher riu e eu me encolhi.
— Você ficaria surpresa, Dalila — ele falou.
— Vocês dois são...Alguém soltou um longo suspiro. Ele.
— Amigos... — a voz de Christopher soou grave. — Na maior parte do tempo.
— E na menor?
— Digamos que ela e eu ainda não chegamos a um acordo.
— Entendi. Você quer que a Dulce seja sua.
Houve um momento de silêncio, e eu me flagrei dura feito pedra, pressionada contra a parede, esperando a resposta. Que Dalila estava se jogando pra cima dele era óbvio, mas ele correspondia? Era difícil julgar sem ver seu rosto.
— Não — disse ele, por fim. — Não quero que ela seja minha.
Parte de mim murchou naquele instante, me deixando fria, solitária, envergonhada por sentir o oposto em relação a ele. Christopher não me queria. Embora eu já desconfiasse disso, ouvi-lo dizer com todas as letras colocou uma pedra em meu coração.
— Ela é... — ele voltou a falar — preciosa demais pra mim, Dalila.
Meu Twingo era precioso, meus livros eram preciosos, até meu batom rosa era precioso, mas eu não queria passar o resto da vida com nenhum deles.
Magoada, ferida, decidi escapulir dali antes que fosse apanhada ouvindo a conversa. Contudo, antes que eu alcançasse a porta, ouvi passos na escada e a voz de minha avó perguntando:
— Terminou o café, querido?
Girei sobre os calcanhares em um átimo de segundo e, sem querer, esbarrei na fruteira ao lado do armário da cozinha. Laranjas, peras e bananas rolaram pelo chão.
— Vladimir? — chamou vovó.
— Sou eu, vó — resmunguei, fechando os olhos e praguejando baixinho.
Inspirando fundo, tomei coragem e fui para a sala amontoada de bibelôs e toalhinhas rendadas. Christopher sorriu, parecendo aliviado por me ver ali.
— Filha! Você demorou tanto para pegar uma bebida para o Christopher! Dalila chegou e pedi a ele que me ajudasse a trazer o presente da Sara e do Cristiano até aqui.
— Encontrei a tia Leila no caminho. — Dei de ombros.
— Isso explica tudo. — Vovó riu. — Você ainda não conhece a Dalila, não é?
— Não. Como vai? — perguntei à mulher de quase dois metros de altura e longos cabelos castanhos ondulados. Ela era ainda pior do que eu tinha imaginado. Linda, sexy, olhar inocente.
— Soube que você é jornalista.
— Ainda não, mas tô no caminho.
— Sabia que vocês iam gostar uma da outra — vovó falou, totalmente alheia aos meus sentimentos. — Agora por que não voltam para a festa, para se conhecerem melhor? Vamos, vamos, a festa não é aqui dentro. Me passa essa xícara, querido. — Ela estendeu a mão para Christopher.
Eu olhei imediatamente para o que ele estava segurando. Uma xícara de café. Vazia.
— Não! — Alcancei a xícara antes que os dedos longos de minha avó tocassem a alça.
— Dulce! — ela censurou.
— A senhora não pode! Ele não quer. Eu não quero. Por favor, vó!
— Não quero o quê? — Christopher perguntou, confuso e assustado com meu comportamento um tanto... humm... tresloucado. — A xícara?
— Dulce, nada nessa xícara será novidade para mim — vovó avisou, com aquele olhar reprovador que eu conhecia tão bem. — Já sei tudo o que preciso saber.
— Então não precisa disso. — Abracei a peça.
— Qual é o problema, Dulce? — Christopher quis saber. — Sua avó foi muito gentil em me oferecer um cafezinho e...
— Ah, não foi, não, Christopher — contestei. — Definitivamente não foi gentil e nem foi só um cafezinho. Ela vai ler a sua sorte.
— Dulce! — vovó gritou, me repreendendo.
— O quê? Na xícara? — Christopher arregalou os olhos.
— Na borra do café — contei. — A senhora precisa parar com isso, vó. A senhora tenta ler a sorte de todo amigo que trago aqui. Deixa eles descobrirem o futuro sozinhos.
— E se eu quiser que ela dê uma olhadinha no meu futuro? — Christopher anunciou.
Congelei, me agarrando à porcelana como se minha vida dependesse dela, e me virei para encará-lo.
— E por que você ia querer? — perguntei, atônita. — Você não acredita nessas coisas.
— Nem você — vovó me acusou.
Dalila arfou, levando a mão à boca.
Autor(a): leticialsvondy
Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
— Minha santa Sandra Rosa! — a garota exclamou. — Quer que eu leia sua sorte, Christopher? — Vovó sorriu para ele, sedutora como uma sereia. Ele esfregou a nuca, meio sem graça. — Acho que sim. — Ótimo! Me dê a xícara, Dulce. — Vovó esticou a mão. Não me movi, apenas agarrei ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 76
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35
Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3
-
roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53
Amei parabéns
-
candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49
Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!
-
Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18
voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!
-
tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02
Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei
-
Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56
essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???
-
tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38
Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não
-
drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26
como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02
Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!
-
AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55
Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!