Fanfics Brasil - Capítulo 39 (PARTE 1) No Mundo da Dulce(adaptada)

Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 39 (PARTE 1)

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Anahí me ligou apavorada, disposta a deixar Alfonso na fazenda e pegar o primeiro ônibus para casa, depois de ler a mensagem que eu enviara para ela contando sobre o acidente do Raul. Mas consegui convencê-la de que não adiantaria nada. Meu irmão estava fora de perigo, e ela podia muito bem aproveitar o fim de semana com o namorado e visitá-lo depois.


Lorena estava estranhamente empoleirada na cama para não encostar nos ferimentos do meu irmão. Raul ria de algo que ela estava dizendo. Eu observava a cena. Estranho como uma situação tão ruim como aquele acidente pudesse resultar em algo bom como o casamento deles.


— Estão rindo de quê? — perguntei, guardando o celular no bolso do jeans.


— Você não faz ideia de como fiquei aliviado quando acordei e vi essa ferragem em volta da perna. Se fosse gesso...


Ri com ele. Sabia no que ele estava pensando. Raul continuou contando a história para Lorena.


— Eu tinha uns oito anos. Acordei no hospital com o braço quebrado, e meu pai me passando um sermão daqueles por ter subido no telhado atrás de uma pipa. A Dulce tinha enrolado uma toalha no braço, fingindo que era gesso. Ela ficou perturbando a enfermeira, insistindo que precisava de uma cama também. E ela só sossegou quando o médico a examinou e disse que ela estava muito mal e precisava comer chocolate pra sarar.


— E eu sarei bem rápido — concordei, rindo.


— Depois fui liberado e voltamos pra casa, e a pirralha cismou que tinha que cuidar de mim. Ela me trazia comida, me deixava escolher os canais na TV. Era irritante! Eu queria sair e brincar na rua, mas não podia por causa do gesso, e fui ficando bastante chateado. Aí, numa tarde qualquer, dormi no sofá e a Dulce pegou umas canetinhas de cores bonitas... O que na definição dela eram rosa, roxo e azul...


— E eram! — objetei.


— E fez milhares de florzinhas por todo o meu gesso, para me animar — meu irmão completou.


Lorena caiu na gargalhada e sacudiu a cabeça, me fitando.


— O Raul ficou semanas sem colocar a cara pra fora de casa — contei. — E, em minha defesa, quero deixar claro que eu só tinha seis anos.


— Ela era irritante nessa idade, e ainda é hoje. E era lindinha também e tão pequena... Não que seja muito diferente agora. Ela sempre foi linda — Raul resmungou, sem jeito. — Não consegui ficar bravo com ela por mais de dois dias. Nunca consegui.


Alguém bateu à porta. Eu me levantei com o coração acelerado, mas não era Christopher. Era a enfermeira com uma bandeja de medicamentos. Ela espetou a seringa na borracha do soro plugado em Raul e apagou as luzes, deixando acesas apenas as arandelas próximas à porta. Lorena puxou uma das cadeiras para perto da cama, mas meu irmão não gostou.


— Tem um filho meu aí dentro, pretinha. Pode ir se esticar no sofá. Tô bem. Juro.


— Mas, Raul...


— Por favor, Lorena, você precisa cuidar do nosso bebê.


Um pouco contrariada, ela se acomodou no sofá, e, talvez devido à descarga de adrenalina mais cedo ou por culpa da variação de hormônios da gravidez, adormeceu em dez minutos.


Ocupei a cadeira ao lado de Raul e procurei uma posição confortável, mantendo os olhos presos na cama hospitalar, para ter certeza de que ele continuava respirando. O couro rangia sob mim, e Raul me lançou vários olhares enviesados enquanto eu tentava me ajeitar. Mudei de posição, encolhendo as pernas sob os quadris.


— Ah, pelo amor de Deus! — gemeu meu irmão, esticando o braço bom para eu me aproximar. — Chega mais perto, mas vou te lançar longe se babar em mim.


Encostei a cabeça em seu ombro sadio.


— Pra babar, eu precisaria dormir, o que não vai acontecer, já que você ronca feito um porco. — Mas não me movi, só fiquei ali, quietinha, apoiada em meu irmão.


Alguns minutos depois, ele acariciou meu cabelo.


— Obrigado por ter cuidado dela — ele murmurou. — A Lorena pira fácil.


— Não sem motivos. Você fez a coisa certa, Raul. Vocês vão ser muito felizes juntos.


— Eu sei. Amo essa mulher. E... amo você também.


Ergui a cabeça, arregalando os olhos.


— Ai, meu Deus! Vou buscar o médico. Você deve ter batido forte com a cabeça pra ficar todo meloso desse jeito.


— Não enche! — Mas ele sorria.


— Também amo você, Raul. — E me enrosquei ainda mais a ele.


Tá legal, meu irmão não era um idiota o tempo todo.


Mantive os olhos fechados e acabei sorrindo quando, instantes depois, seu ronco preencheu a sala. Tentei esperar Christopher voltar, mas o cansaço me venceu e, quando abri os olhos outra vez, já era dia. Meu irmão estava meio inclinado na cama, recebendo mingau de aveia na boca.


— Finalmente, Dulce — vovó disse, pegando mais uma colherada e enfiando na boca do meu irmão. — Você ainda dorme feito um bebê, não acordou nem com a gritaria do Vladimir.


— Deixa ela, vó — Raul falou de boca cheia. — A Dulce dormiu mal nessa cadeira.


— Precisa parar de querer proteger sua irmã de tudo, Raul. Ela tem que aprender a caminhar sozinha.


— Não estou protegendo — objetou, fazendo uma careta que me fez rir.


Ele estava bem e, logo depois do café, foi levado para mais exames, cujos resultados foram mais que animadores. O médico garantiu que o pior já tinha passado e que podíamos respirar aliviados.


Fiquei um pouco decepcionada por Christopher não ter cumprido sua promessa, mas também aliviada. Eu podia imaginar como minha avó o dissecaria.


— A senhora viu o acidente nas cartas? — perguntei a vovó durante o almoço, na lanchonete.


— Não. Lorena ligou me contando. Era madrugada. Chegamos aqui quando seu amigo estava de partida.


— O Christopher? Ele voltou? — Ah, droga! E me viu babando no Raul? — Por que ele não me acordou?


— Ele disse que você precisava descansar. Ficou preocupado por te ver toda torta na cadeira, mas não quis te perturbar. O Raul também não quis. Falei um pouco com ele. É um bom rapaz esse seu Christopher. — Ela mordeu seu sanduíche natural.


Chocada, engoli um pedaço do meu misto-quente com algum custo.


— Ele não é meu. Sobre o que conversaram?


— Sobre você. — Ela passou a mão delicada pela saia verde-clara, se livrando das migalhas. Suas pulseiras tilintaram como sinos.


— Sobre o que exatamente, vovó?


Ah, por favor, não sobre a história das canetinhas. Por favor!


— Ele só estava preocupado. Me contou como você ficou depois que soube do acidente, que você não tinha comido muito e me fez prometer que eu faria você comer quando acordasse. E estou cumprindo minha promessa. Coma, filha.


Hesitei, olhando para minha avó em expectativa.


— A senhora não disse nada a ele sobre o que viu nas cartas, né?


— É claro que não. — Mas não tive tanta certeza, já que um dos cantos de seus lábios se ergueu de leve.


O dia foi passando e, quando dei por mim, a noite já derramava suas sombras lá fora. Era uma bênção ouvir meu irmão reclamando que queria tomar um banho de verdade e implorar para ser levado ao banheiro. Vovó era paciente e explicava, como uma mãe zelosa, que ele não podia ficar de pé ainda e que teria de usar o urinol. Ela passaria a noite com Raul, assim como Lorena, de modo que fui dispensada.


— Mas eu não tenho o que fazer em casa — objetei.


— Tem sim. Dormir. Tá parecendo um zumbi, Dulce — Raul zombou. — Essa foi por pouco. Mas é preciso mais que um ônibus e uma van pra me mandar dessa pra melhor. Vai pra casa, maninha.


— Mas não posso ir embora! Você me deixou morta de medo, e eu pensei que eu fosse te perder e...


— Não começa com frescura agora. — Mas ele sorriu. — Você tem a sua vida, e eu tô bem. A vó Cecília vai garantir que eu não saia dessa cama.


— Vou mesmo, nem que seja na marra, rapazinho! — ela falou de dentro do banheiro, onde terminava de preparar, sob os protestos indignados das enfermeiras, um cataplasma de ervas para as feridas do Raul.


— Viu? Além do mais, você tá parecendo mais avariada que eu. Essa cadeira não parece muito confortável. Você resmungou quase a noite toda.


— Não ligo pra isso, Raul.


— Mas eu ligo, e o Christopher também. Ele estava preocupado com você. Sabe, andei pensando e cheguei à conclusão de que ele não é um cara ruim. Conversei um pouco com ele essa madrugada.


Ah, o sonho de toda mulher: toda a sua família falando com o cara com quem ela teve um caso enquanto ela está inconsciente.


— É bem a sua cara mesmo dizer que ele é um cara legal agora que não estamos mais juntos.


— Opa, peraí. Eu nunca disse que ele é legal. Disse que ele não é ruim.


Eu revirei os olhos. O Raul apertou minha mão.


— Mas eu tô falando sério, maninha. Gosto do jeito como ele se preocupa com você. Ele quer te proteger, e isso é o que todo irmão mais velho deseja.


— Sobre o que conversaram? — eu quis saber.


— Sobre o acidente, basicamente. Fica tranquila, não assustei o cara. Agora vai pra casa e me dá um pouco de sossego. Não gosto de te ver acabada desse jeito.


— Tá legal, eu vou. Mas amanhã eu volto, e é bom você melhorar ou vou trazer umas flores de plástico pra enfeitar esses pinos todos.


— Me liga assim que botar os pés em casa.


— Tá bom. — Inclinei-me sobre ele e lhe dei um beijo no rosto. — Boa noite, Raul. Fica bem.


***


Meus músculos tensos pulsavam implorando por descanso assim que estacionei o carro em frente ao meu prédio. Arrastei-me degraus acima, sentindo as últimas gotas de adrenalina desaparecerem e a exaustão me dominar. Amaldiçoei Anahí a cada degrau por ter escolhido um prédio sem elevador. 



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Autor(a): leticialsvondy

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Liguei para o celular da Lorena dali mesmo, avisando que estava em casa, e fiquei aliviada ao ouvir, ao fundo, Raul discutindo com a vovó por um motivo qualquer. Quase chorei de alívio ao cruzar o longo e amplo corredor do terceiro andar em busca da porta 332. Minha casa nunca me pareceu mais aconchegante. Eu estava com a chave na mão quando a porta at ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 76



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  • anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35

    Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3

  • roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53

    Amei parabéns

  • candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49

    Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!

  • Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18

    voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!

  • tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02

    Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei

  • Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56

    essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???

  • tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38

    Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não

  • drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26

    como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02

    Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55

    Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!


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