Fanfics Brasil - Capítulo 42 (PARTE 2) No Mundo da Dulce(adaptada)

Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 42 (PARTE 2)

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— Você está linda, mas isso não é novidade. Você é linda ao acordar, quando está alegre, furiosa, dormindo... Mas sabe quando te acho mais linda?


— Não.


— Quando fica constrangida ao receber um elogio, como agora.


Desviei o olhar, sorrindo.


— Quando fica constrangida — ele continuou — e quando está nua sob ou sobre mim, gemendo meu nome. Ah, Dulce, você fica maravilhosa. Parece até uma deusa pagã.


Sacudi a cabeça, comprimindo os lábios para não rir.


— Você estava indo tão bem... — caçoei, estalando a língua.


— Não posso ser perfeito em tudo.


Eu ainda sorria enquanto descíamos as escadas de mãos dadas, mas, ao nos depararmos com uma centena de convidados nos observando — a mim, quero dizer —, subitamente a diversão sumiu. Eu tinha imaginado uma festa íntima, alguns amigos apenas, mas tinha mais gente ali do que em uma repartição pública.


— Christopher! Que alegria te encontrar! — Um gorducho de meia-idade saudou, se aproximando para um aperto de mãos. — Como vão as coisas na revista?


— Não há do que reclamar, seu Hermínio.


— Que ótimo! E onde está aquela beldade da sua mulher? Queria ter uma palavrinha com ela.


Baixei o olhar, me afastando um passo, e senti meu rosto arder. Christopher me puxou de volta, me segurando pela mão.


— Alexia não era minha mulher. Era minha namorada. Terminamos já tem algum tempo.


— Ah, que pena! Ela era muito... decorativa. — Hermínio lhe deu uma piscadela, sem notar que eu estava praticamente colada a Christopher.


Tá legal, Christopher tinha um passado, mas quem não tem? Era ridículo me sentir enciumada pela ex-namorada linda, magra e rica do meu namorado. Era a minha mão que ele segurava, não a dela.


— Já conhece a Dulce, seu Hermínio? — Christopher interveio. — Dulce, esse é um dos amigos mais antigos do meu pai.


— Muito prazer, seu Hermínio. — Tentei sorrir.


— O prazer é todo meu. Você é amiga da Mai?


— Sou. Somos vizinhas.— Logo imaginei. — E sorriu como quem sabia das coisas, me deixando confusa. — Onde ela está? Ainda não a vi.


— Ela está passando férias em Portugal — Christopher respondeu por mim. — A Dulce é amiga da minha irmã e minha namorada — enfatizou.


As sobrancelhas cheias do homem se arquearam.


— Nova namorada? Mas já? — E eu quis chutar alguma coisa. De preferência a canela do gorducho. — Quero dizer... Poxa vida! Desculpem. Acho que bebi um pouco além da conta. Os garçons não param de encher meu copo! Esse uísque é uma beleza. Ah, olha a Alexandra ali, preciso falar com ela.


— Você devia ter deixado ele pensar que eu era só amiga da Mai — sussurrei para Christopher, mirando o chão, depois que o homem se afastou.


— Desculpa, Dulce — ele começou, mortificado. — Da última vez que vi essa gente toda, a Alexia tinha acabado de se mudar para minha casa. Ela veio comigo em uma dessas festas e, expansiva como é, acabou conquistando alguns fãs.


— Tudo bem. Acontece.


Só que aconteceram muitas vezes. Muitas mais do que meu orgulho, minha inexistente autoestima e minha sanidade podiam suportar. Todas as pessoas às quais fui apresentada mencionaram a “terrível” ausência de Alexia e lamentaram o fim do relacionamento. E pareceram surpresos — de um jeito nada lisonjeiro — quando Christopher explicava que estávamos namorando. Eles simplesmente me ignoravam e continuavam falando de Alexia como se eu não estivesse ali.


“Como Alexia é linda!”


“Que senso de humor Alexia tem!”


“Que presença de espírito!”


Blá-blá-blá.


Alexia. Alexia. Alexia!


Sendo justa, Christopher tentava lembrá-los o tempo todo de que era comigo que ele estava, me abraçando junto ao corpo e mudando para qualquer outro assunto, mas aquelas múmias não entendiam. Ou não quiseram entender.


Suportei aquilo tudo da melhor maneira que pude, até que uma senhora, que discursava fervorosamente sobre o excelente trabalho que Alexia fizera com crianças carentes, me estendeu sua taça e pediu que eu pegasse outra. Cercado de gente, Christopher não percebeu que a mulher queria me afastar do grupo, e não fiquei zangada por isso. Eram amigos de seus pais, pessoas que ele conhecia desde sempre e deviam receber a devida atenção. Ele não devia ser indelicado com elas. Ainda que eu estivesse a um passo disso. Foi por essa razão que decidi sair de fininho, soltando sua mão.


Ele interrompeu a conversa com Sérgio, professor de história da irmã dele, se virou para mim e perguntou, apreensivo:


— O que foi?


— Preciso ir ao toalete.


— Eu te mostro onde fica.


— Não precisa, já sei onde é. — Saí dali antes que ele notasse a tristeza em meus olhos.


Alexandra, próxima à entrada da casa, estava conversando com mulheres refinadas e cheias de joias que minha avó teria adorado. Ela me dirigiu um aceno de cabeça, apenas por educação, e voltou sua atenção para as amigas. Eu segui para a sala de jantar, me esquivando dos grupos espalhados por ali e acabei na cozinha. O corre-corre dos garçons era frenético. Foi complicado alcançar a porta dos fundos e driblar um bando de homens que fumava charutos lá fora.


O terreno comprido em declive, coberto de grama bem aparada, terminava nas águas escuras da represa. Havia cadeiras e mesas de jardim desocupadas, e foi numa delas que decidi passar o resto da noite. No entanto, não fiquei sozinha por muito tempo.


— Meu reino por seus pensamentos. — O pai de Christopher se sentou na cadeira diante da minha. Ele estava muito elegante em um terno escuro e gravata rosa. Os cabelos porém eram uma bagunça total.


— Só vim respirar um pouco.


— É, o ar é muito puro por aqui. — E relanceou os três homens que fumavam. — O que foi, querida? Parece triste. O que meu filho desnaturado fez?


— Nada, seu Vitor. O problema sou eu.


Ficamos calados por um instante. Apenas o vozerio que vinha da casa e o tilintar de taças rompia o silêncio. O pai de Christopher não me pressionou para que eu me explicasse melhor nem nada disso, mas me peguei querendo dividir o que sentia com alguém.


— É difícil estar sob a sombra da Alexia — confessei, acompanhando com o indicador os padrões entalhados na mesa.


— Christopher a colocou nessa posição? — ele quis saber, um pouco hesitante.


— Não. Mas nem precisa. Não dá pra competir com ela.


— Concordo. Não há competição.


Eu me encolhi, fazendo uma careta. Ele estava certo. Não havia competição. Nunca houve. Por que Christopher se interessou por mim, afinal?


— Você é infinitamente superior — seu Vitor adicionou, me fazendo erguer a cabeça.


Ele cruzou as mãos sobre a mesa. E meu coração diminuía de tamanho até quase desaparecer dentro do peito.


— O senhor é muito gentil, mas não é verdade. Ela é linda...


— Como você.


— Ninguém é linda como a Alexia, seu Vitor. — Sacudi a cabeça, exausta. — Ela é culta e refinada, socializa com facilidade e ainda por cima é magra como um cabo de vassoura.


— Dulce, deixa eu te contar uma coisa sobre o meu filho — ele se inclinou para frente. — O Christopher sempre foi um menino tranquilo. Mesmo na adolescência. Ele nunca me deu trabalho, ao contrário da Maite. Sempre foi reservado, nunca foi de dividir sentimentos e emoções com ninguém. Nem comigo, nem com a mãe.


— Nem comigo — acrescentei, desanimada.


— Não? — Ele arqueou a sobrancelha meio grisalha, um sorriso lhe brotando dos lábios. — Eu vi aquela monstruosidade que ele ama na garagem. Supus que vocês viajaram de moto.


— Sim, mas...


— O Christopher nunca aceitou ninguém na traseira daquela moto. Até onde sei, nem a Alexia. Meu filho vive dizendo que é um hobby só dele.


— Ah...? — Franzi a testa.


Ele assentiu.


— Você não faz ideia de quantas vezes a Maite implorou que o irmão a levasse para saltar de asa-delta. E ele sempre se negou. Meu filho jamais levou alguém para praticar aquele esporte maluco. É uma coisa só dele. Entende o que quero dizer, querida?


— Não tenho certeza.


O que seu Vitor queria me dizer? Que Christopher partilhava comigo coisas que não dividia com mais ninguém? Mas ele tinha sido casado com a Alexia! Como aquilo podia ser verdade?


— O relacionamento que o meu filho teve com a Alexia foi... comum — acrescentou, como se desconfiasse do rumo que tomavam meus pensamentos. — Cada um em seu mundo. Alexia sempre foi egoísta demais para pensar em alguém além dela mesma, então funcionava. Cada um por si. Eles não se fundiram. Escute o conselho de um tolo que é apaixonado pela mesma mulher há quarenta anos, querida. Relacionamentos não admitem egoísmo. Individualidade e opiniões diferentes, sim. Egoísmo, jamais. A partir do momento em que um se importa mais com o próprio bem-estar do que com o do outro, a relação está com os dias contados. Foi o que aconteceu com Christopher e Alexia.


Não respondi. Não sabia o que dizer. Aquela informação havia me deixado surpresa e... bastante contente por Christopher ter desejado me atirar do penhasco.


— Sabe por que agora eu tenho certeza que o meu filho nunca amou a Alexia de verdade, Dulce?


Apenas sacudi a cabeça, prendendo o fôlego.


— Por causa do jeito como ele te olha. Acredite, eu conheço meu filho e nunca o vi olhar para ninguém desse jeito... Bom, talvez para aquela moto — acrescentou, divertido.


— Isso é... bastante animador, seu Vitor — brinquei, subitamente mais confiante.


Christopher não colocara Alexia em sua garupa, nem quisera jogá-la do precipício, mas a mim, sim. Isso devia significar alguma coisa.


— Eu sei, meu filho é assim, não se entrega fácil, não é de muitas palavras, mas ele sente, Dulce. E, se ele está te introduzindo ao mundo dele do jeito que acho que está, é porque se deu conta de algo maravilhoso, algo que nunca teve ant...


— O que aconteceu, meu anjo? — Christopher perguntou, surgindo do nada e parecendo preocupado. — Por que você veio pra cá? Não está se sentindo bem?


— Ah, não, eu... — Olhei para o pai dele, que sorria com lábios e dentes e olhos, como se comprovasse seus argumentos. — Só queria sair um pouco. Estava muito quente lá dentro. Acabei encontrando seu pai e ficamos de papo por aqui.


Sua expressão se tornou mais tranquila, ligeiramente divertida.


— Meu pai adora essas festas tanto quanto eu. Aproveita qualquer chance para escapar.


— E, se eu não voltar logo, a Alexandra vai servir meu fígado sobre torradas. — Seu Vitor se pôs de pé. — Preciso dar o sinal para os pirotécnicos. Sua mãe está cada vez mais espalhafatosa. — Então me lançou um olhar carinhoso. — Espero poder conversar mais vezes com você, Dulce.


— Eu também gostaria muito, seu Vitor.


Ele pousou uma mão sobre o ombro do filho e deu um leve apertão.


— Vejo você mais tarde, garoto. — E foi embora.


Christopher esperou o pai entrar em casa para ocupar o lugar deixado por ele.


— Me perdoa. — Ele esticou a mão sobre a mesa para alcançar a minha. — Sinto muito pelo que fiz você passar. Juro que não imaginei que essa gente fosse se prender aos assuntos do passado desse jeito.


— Não faz mal. Tá tudo bem, Christopher.


— Não, não está. O que posso fazer para você me perdoar?


— Não tem nada para perdoar. Você teve uma história com a Alexia. Acho que é normal as pessoas perguntarem dela.


Não tanto assim, pensei com meus botões, mas talvez eles tivessem insistido tanto no assunto por outro motivo. Christopher não havia mentido a respeito da idade dos convidados. Dava para contar nos dedos quantos ali tinham menos de sessenta anos. Talvez fossem todos surdos.


— Eles só queriam material para fofocar. Metade dessa gente eu mal conheço. Sinto muito. — E puxou meu braço para beijar a palma da minha mão, depois a pressionou contra a bochecha quente. As pontinhas duras da barba que já começava a crescer fizeram cócegas. — Não vou deixar aquela gente chegar perto de você outra vez, juro.


— Eles não fizeram nada errado. Além disso, sua mãe vai ficar furiosa se você sumir da festa.


— Não vai ser a primeira vez. Ei, amigo! — gritou, chamando a atenção do garçom na entrada da casa. — Pode nos trazer uma dessas? — E apontou para a garrafa de vinho sobre a bandeja.


Prestativo e sorridente, o rapaz trouxe a garrafa e duas taças.


— Não vamos precisar das taças. Obrigado. — Christopher pegou a garrafa e se levantou, em uma empolgação quase infantil. — Vem, Dulce, vou te levar para o meu lugar preferido da casa.


E, com isso, me puxou da cadeira e tomou a trilha dupla de pedras que seguia terreno abaixo, rumo à represa.— Ei, você não disse que ia me mostrar seu lugar favorito da casa? — falei confusa, tropeçando para acompanhar suas passadas largas.


— E vou. Só que não fica exatamente na casa. Você vai adorar.


— Espera, vai mais devagar! — pedi, tentando me equilibrar no salto de doze centímetros em meio às pedras arredondadas.


Ele se deteve, retirou o paletó, jogou-o sobre meus ombros. Então me passou a garrafa de vinho e se abaixou para me pegar no colo, como se eu fosse uma criança e pesasse dez quilos.


Eu gritei surpresa, mas logo desatei a rir. Era uma delícia ver Christopher assim tão descontraído.


— Se segura, moça. Será um voo curto dessa vez.


— Quanto você já bebeu hoje?


— Bem pouco.


— Estranho. Você não está fazendo muito sentido.


— Nunca faço sentido quando você está por perto.


Eu ainda me divertia quando ele alcançou o deque de madeira e me colocou no chão.


— Por mais que eu te ache linda com esses sapatos, acho mais prudente nos livrarmos deles. — Christopher já se agachava e retirava meus escarpins, aproveitando para acariciar minhas panturrilhas.


Estremeci ao seu toque e com a brisa fresca que vinha da represa. Passei os braços pelo paletó, vestindo-o de uma vez. Precisei arregaçar as mangas para liberar as mãos.


— Tá legal, você tá me deixando apavorada. — E me abracei à garrafa desarrolhada.


— Não precisa. — Ele se levantou e me estendeu a mão. — Damas primeiro.


— Você tá brincando, né?


Só podia estar, pois das duas uma: ou ele queria que eu pulasse na represa turva, ou que eu entrasse na pequena embarcação de aspecto duvidoso amarrada ao deque.


— Vamos logo, Dulce, ou a gente vai perder o melhor da festa.


— Definitivamente você ficou doido — reclamei, mas aceitei sua mão, entregando a garrafa também. Estiquei um pé até encontrar a madeira gelada. O barco azul de bordas amarelas sacolejou e eu soltei um gritinho pouco lisonjeiro.


Christopher me segurou até eu me acomodar na estreita tábua, bem ao centro.



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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 76



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  • anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35

    Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3

  • roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53

    Amei parabéns

  • candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49

    Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!

  • Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18

    voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!

  • tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02

    Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei

  • Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56

    essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???

  • tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38

    Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não

  • drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26

    como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02

    Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55

    Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!


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