Fanfics Brasil - Capítulo 42 (PARTE 3) No Mundo da Dulce(adaptada)

Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 42 (PARTE 3)

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Ele subiu a bordo com elegância e familiaridade, fazendo o barco balançar de um lado para outro.


— Opa! Se segura, meu anjo — preveniu, sentando no banco e ficando de frente para mim. Então abandonou o vinho no assoalho e alcançou os remos.


— Exatamente aonde você pretende me levar? — eu quis saber, agarrada às bordas da embarcação.


— Não muito longe.


Eu pretendia fazer perguntas, mas ele começou a remar, nos afastando da margem, e acabei me distraindo com seus bíceps apertados nas mangas da camiseta. Fiquei observando, fascinada, a força e a determinação neles, os ombros largos que se moviam com graça, a barriga chata, e me flagrei desejando vê-lo de costas, remando daquele jeito, sem camiseta. Podia apostar que as asas tatuadas ganhariam vida ali. Engraçado, ele vivia me chamando de anjo, mas o anjo era ele.


Um anjo caído tão cheio de boas intenções quanto de pecados...


— No que está pensando? — ele quis saber.


— Em como você me surpreende. Quando acho que te saquei, que já sei tudo sobre você, descubro que não sei nada. Você surge com um barco e começa a remar com a mesma facilidade com que dá ordens na revista.


— Passei a adolescência nesse lago. Remar era uma das coisas que eu mais curtia fazer na época. Não precisava de carteira de habilitação. Além disso, gosto da sensação de isolamento.


Christopher continuou remando até que a casa se resumiu a minúsculos pontos de luzes tremulantes. Então parou, cruzou os remos sobre as bordas da embarcação e alcançou o vinho. Equilibrando-se, atravessou o barco, deixando-o instável, e a mim, muito apavorada.


— Christopher, para. Vamos virar!


— Não vamos, não.


Eu me encolhi para que ele passasse ao meu lado, me agarrando à madeira áspera. O pior foi quando ele se sentou no fundo e seu peso fez o bico do barco se elevar um pouco. Depois de se acomodar, ele agiu rápido, se abraçou à minha cintura e me puxou para trás. Eu gritei, caindo em seu colo.


— Peguei você. — Beijou meu pescoço, descansando a cabeça em meu ombro. — Olha pra cima, Dulce.


Ergui os olhos. Milhares de pontos prateados brilhavam no manto escuro como diamantes. A lua estava lá, grande e redonda, derramando sua luz pálida sobre tudo. Relaxei um pouco, me inclinando para trás, colando minhas costas ao peito de Christopher e descansando a nuca em seu ombro. Cobri as mãos que rodeavam minha cintura com as minhas.


— Era isso que eu queria mostrar para você — ele falou, o rosto grudado ao meu.


— É lindo!


A lua parecia tão próxima que, se eu esticasse a mão, poderia tocá-la. Fechei um olho, mirando a grande bola iluminada e estendi o braço, deixando minha mão na altura exata, segurando-a em minha palma.


— Eu sempre tive uma coisa com a lua. Ela me fascina.


— A mim também.


Soltei a lua e voltei a me enroscar em seus braços, me virando para poder ver seu rosto. A ponta do meu nariz esbarrou no queixo dele. Sob a luz pálida, seus olhos pareciam ainda mais profundos.


— Preste atenção porque será a única vez que você vai me ouvir dizer isso em voz alta. Por mais que eu te odeie muitas vezes quando está nessa função, você manda muito bem como redator-chefe. Você foi a razão de eu ter desejado tanto entrar na Fatos&Furos.


Ele franziu o cenho.


— Sério?


Assenti.


— Eu queria trabalhar com o jornalista fodão que estava tirando a revista do buraco. Todo mundo na faculdade acompanhava sua carreira. Eles te achavam um verdadeiro deus por ter conseguido o cargo antes dos trinta e cinco. Você virou uma lenda.


— Você também me achava um deus? — perguntou debochado, mas vi a expectativa crescer em seu semblante.


— Em parte — admiti. — Você chegou lá. Queria ser tão boa quanto você. Não faz ideia de como tremi no dia em que te conheci, durante a entrevista.


Ele sorriu carinhoso.


— Eu lembro. Você derrubou duas vezes o celular, quatro a bolsa, uma o brinco e duas vezes meu porta-lápis.


Gemi.


— Você lembra de tudo isso, das sandálias que eu usava, mas não acertava meu nome. Inacreditável! Mas, sabe, eu tinha certeza que você não ia me dar o emprego depois da minha patetada. Saí de lá arrasada, mas aí você ligou e fiquei com a vaga de secretária. Não era o que eu queria, mas ao menos estava dentro da revista.


— Sinto muito por ter trocado seu nome por tanto tempo. — Ele me olhou nos olhos, o polegar acariciando minha bochecha. — Nunca te expliquei o motivo disso. E tem um, não muito bom, mas tem.


— Ah, é? — Ele trocava de propósito então?


— Achei você linda demais naquela entrevista — confessou.


— Humm... E você esqueceu meu nome porque me achou bonita?


— Não. Apaguei você da memória por te achar muito linda. Naquela época eu não podia me interessar por você. Eu estava com a Alexia — concluiu, constrangido.


— Ah!


— Quando você apareceu na revista para a entrevista eu... Caramba, você era tanta coisa ao mesmo tempo! Linda, mas parecia ignorar esse fato. Tímida, mas de olhar obstinado. Respondeu a todas as perguntas sem hesitar, embora desse pra perceber que você estava bastante assustada. Tinha um ar sério, mas usava aquelas sandálias com asas que deixa seus tornozelos tão... — Ele balançou a cabeça, rindo. — Bom, você era a melhor opção para a vaga. Tinha acabado de sair da faculdade, estava cheia de gás e tal, mas eu quase desisti de te oferecer o cargo por medo de fazer alguma idiotice. Aí me obriguei a ser profissional, analisei bem os prós e contras, e percebi que o único contra era minha atração por você, e eu não podia prejudicar a revista por isso. Te liguei e, assim que entramos em um acordo, me obriguei a apagar qualquer informação a seu respeito. Inclusive seu nome, me afastando assim da tentação.


Corei. Tá legal, ninguém nunca me chamou de tentação antes. Era muito... lisonjeiro.


— Nunca desconfiei de nada — admiti. — Pensei que você nem se desse conta de que eu estava ali.


— E não dava mesmo. Ou ao menos fazia de tudo para não prestar atenção em você. Nunca conversamos de verdade até você aceitar a coluna do horóscopo. Nunca permiti que você chegasse perto demais. Mas a Alexia me deixou, e você se aproximou oferecendo ajuda com esse seu jeitinho doce, toda preocupada e... e eu aceitei, mesmo sabendo que corria um grande risco.


Ah, Christopher!


Como pude ser tão tola e duvidar da decência desse homem? Era bom demais, por mais louco que pudesse parecer, saber que ele me evitou de propósito, para preservar e respeitar seu relacionamento. Ele era fiel, leal a seus princípios, correto nas atitudes e sentimentos, e o admirei ainda mais por isso.


No entanto, ao ouvir sua confissão, me dei conta de que ele se sentira atraído por mim naquela noite no hotel. Que não fomos para a cama só porque estávamos bêbados.


— Assustei você? — perguntou à meia-voz.


Girei a cabeça para encará-lo.


— A primeira vez em que ficamos juntos... no hotel... Não foi um acidente, foi?


Ele sacudiu a cabeça depressa.


— Não foi assim, Dulce. Não foi premeditado. Eu não tinha a intenção de me envolver com você nem com ninguém, minha vida já estava toda do avesso, não queria complicações. Nunca cogitei a hipótese de me aproximar de você desse jeito, ainda mais porque trabalhamos juntos. Só que... Não sei... Senti um impulso, uma necessidade de estar com você que ainda não consigo explicar.


— Também senti isso. — Franzi o cenho. — Será que foi culpa da tequila? Algum efeito colateral? Eu realmente não gosto de tequila.


Ele riu, beijando a pontinha do meu nariz.


— Você quer que seja culpa da tequila?


Dei de ombros.


— Ao menos assim a gente entenderia melhor o que aconteceu. Quer dizer, eu te achava bonito, apesar das gravatas e camisas esquisitas, mas você era tão irritante que nunca parei pra prestar muita atenção em você. Você é meu chefe e, além disso, era casado.


— Nunca fui casado — contrapôs, seco.


— Você dividia sua vida com alguém, dá no mesmo.


— É isso que você não entende. Eu dividia uma casa com alguém, não minha vida. É diferente.


Lembrei-me da conversa com o pai dele, dos detalhes que só agora ganhavam outro significado para mim. O salto, a carona na Ducati, o capacete que ele comprara para mim, as caminhadas com Madona, os sorvetes, o cuidado quando estive no hospital, a preocupação de que eu também adoecesse quando ele esteve gripado, o ombro amigo quando recebi o convite de casamento do Pablo, a postura digna e carinhosa ao ficar literalmente ao meu lado no episódio do teste de gravidez.


Olhei dentro de seus olhos, duas granadas profundas, eternas, cheias de calor.


— Acho que comecei a entender — sussurrei.


Ele inspirou fundo, acariciando minha bochecha com a ponta do nariz.


— Até que enfim!


E, com isso, capturou minha boca. O beijo foi suave, calmo como as águas sobre as quais flutuávamos. Um roçar de lábios e línguas, quente, vivo, maravilhoso. Christopher nunca me beijara daquela forma. Sim, fora delicado muitas vezes e, com certeza, já tentara ser doce, mas a coisa sempre descambava para o carnal, o que era extraordinário! Mas ali, naquele pequeno barco no meio do lago, isso não aconteceu. O tesão não falou mais alto dessa vez, embora estivesse muito presente. Não nos agarramos como dois alucinados, não nos atracamos como dois mortos de fome. Nós estávamos... nos completando, nos fundindo a cada movimento de lábios, a cada gemido suave. Seu coração pulsava rápido em descompasso com o meu. Sem pressa, sem afobação. O calor irradiava dele e seguia direto para o centro do meu peito, e, naquele momento, permiti que as barreiras que me faziam recuar fossem demolidas.


— Ah, Christopher... — gemi sob sua boca, confiando a ele aquilo que parecia tão desejoso.


Meu coração.


Luzes brilhantes tremularam em minhas pálpebras fechadas, explosões agitavam em meu íntimo, meu corpo todo pulsava, ciente da vida que o percorria.


Os lábios delicados de Christopher libertaram os meus, mas não se afastaram. Ele colou a boca na minha uma vez mais. Duas. E ainda uma terceira vez.


— Você vai perder os fogos. — Ele encostou a testa na minha, fechando os olhos.


— Não enquanto você me beijar desse jeito.


Ele sorriu, ainda de olhos fechados.


— Me referia àqueles fogos. — E apontou para o alto.


— Quais? — Elevei a cabeça e... — Uau!


Estrelas multicoloridas explodiam e caíam do céu, desaparecendo antes de nos tocar. Era como estar sob uma chuva de estrelas cadentes. As luzes refletiam na água, dando a sensação de que flutuávamos por entre estrelas e cometas, em uma galáxia mágica e colorida. Eu me sentei meio de lado, me agarrando à borda do barco. Estiquei o braço e toquei o lago. Um pequeno círculo se formou na água, manchando as estrelas conforme crescia até se dissipar, e assim se tornando um espelho perfeito outra vez.


Dedos quentes tocaram meus cabelos, colocando um dos cachos atrás da orelha, enquanto eu observava a dança cósmica. Olhei para Christopher e me deparei com doçura, admiração e, se eu estivesse entendendo corretamente, paixão.


— Como você faz isso? — perguntei a ele, com os olhos marejados de emoção. — Como consegue fazer eu me sentir tão especial?


— Você é especial! Eu já disse isso.


Eu o agarrei pelos cabelos e o beijei, desejando que ele pudesse me ver por dentro, saber o quanto ele significava pra mim.


— Eu queria poder fazer o mesmo por você — falei meio sem fôlego, perdida em seu olhar que, ah, meu Deus, era o de um homem apaixonado! — Queria fazer você se sentir assim também, mas nem sei por onde começar. Você é muito especial pra mim, Christopher. Muito precioso. E vou fazer o impossível pra não estragar tudo dessa vez!


Aquele sorriso preguiçoso, com as minúsculas meias-luas, curvou sua boca para cima.


— E você reclamando que não sabe por onde começar... — Ele tocou minha bochecha com os nós dos dedos. — Te ouvir dizer essas coisas faz eu me sentir um gigante, Dulce.


Meio sorrindo e soluçando ao mesmo tempo, contei a verdade a ele.


— Eu te amo, Christopher! Eu te amo de verdade.


Ele me pegou pela nuca, me trazendo para perto até nosso nariz se tocar, os olhos presos aos meus. Estrelas coloridas também explodiam dentro deles agora.


Ele não ter dito as palavras que eu esperava ouvir em resposta me fez murchar um pouco, mas então ele me beijou, e dessa vez foi daquele jeito afoito, quente e explosivo. Os fogos ainda pipocavam ao nosso redor. Todo o resto se tornou insignificante.



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Autor(a): leticialsvondy

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Eu estava na cozinha do meu apartamento, preparando o café, Christopher estava no chuveiro, Madona brincava com a minha pantufa embaixo da mesa, o sorriso não deixava meu rosto. Mal podia acreditar que já era manhã de terça. O tempo passa mais rápido quando se está feliz, acho. Eu me peguei pensando nos acontecimentos do dia a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 76



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  • anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35

    Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3

  • roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53

    Amei parabéns

  • candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49

    Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!

  • Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18

    voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!

  • tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02

    Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei

  • Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56

    essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???

  • tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38

    Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não

  • drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26

    como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02

    Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55

    Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!


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