Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
— Como você disse que estava se sentindo mesmo? — uma sobrancelha apareceu atrás dos óculos ridículos.
— Quer saber, você merece que a Alexia te expulse de casa. Merece que te escorracem por ser tão grosseiro com todo mundo. — Fiquei de pé.
Senti uma pequena vertigem e cambaleei. Christopher se antecipou e me segurou pelos ombros.
— Opa! Segura aí, menina.
— Tá tudo bem. Pode me soltar — ordenei, me equilibrando e me afastando de suas mãos.
— Eu não tive a intenção de ser grosseiro — ele falou num fiapo de voz. — Desculpa. Não vai embora. Bebe comigo.
— Você não merece companhia. Nem a sua própria.
Ele assentiu com entusiasmo.
— Você tem razão. Toda razão, mas, por favor, fique aqui. Eu não ando agindo bem ultimamente, e parece que você está sempre por perto quando eu me comporto feito uma mula, mas não vá embora. Eu não tenho ninguém com quem conversar de verdade. Todo mundo fica me dizendo que a Alexia só está passando por um período ruim e que tudo vai voltar ao normal. Você é a única que não me disse isso ainda, que, como eu, não acredita que tudo vai voltar ao que era. Você meio que me entende, não é?
Desafiando meu bom senso, assenti uma vez.
— Então fica — ele pediu. — Só... fica e me escuta. E me manda calar a boca quando eu for rude.
— Isso significa que você vai ser rude? — Eu estreitei os olhos para ele.
— Se eu for rude — ele corrigiu e sorriu de leve.
Hesitei por um instante. Era uma droga tomar um pé na bunda, mas ainda pior era não ter ninguém para ouvir suas lamúrias.
— Se você for grosso outra vez, eu vou embora — avisei, encarando-o fixamente.
Ele aquiesceu e exibiu um sorriso tímido.
— Eu não vou ser. Não de propósito. E você devia me perdoar mesmo se eu for, já que você é um anjo.
— Sou um o quê?
— Você tem asas. — Ele apontou para os meus pés. Olhei para baixo, para as asas que saíam das tiras da minha sandália plástica Vivienne Westwood. Christopher prosseguiu. — Viu só, eu podia ter dito que você era um morcego, um pelicano, um papagaio. Isso prova que eu não sou um idiota o tempo todo, certo?
Sentei-me ao seu lado, contendo o riso.
— Não tenho tanta certeza, mas vamos lá.
— Você estava usando essa sandália no dia da entrevista de emprego.
— Sim, estava — respondi, surpresa. — Ah, cara, não acredito que você lembra da minha sandália, mas não conseguia acertar meu nome.
Ele coçou a cabeça, envergonhado.
— Pois é. Lembro delas porque... bem... são interessantes.
Soltei um longo suspiro.
— Tudo bem, desembucha, Christopher. E é você quem paga a conta.
— Não sabia que ia ter de pagar por companhia — ele apontou, achando graça.
— Não pela companhia, pela bebida. Agora fala.
— Mais dois — ele pediu ao garçom antes de começar. — Eu nem sei o que pensar. Seis anos de relacionamento. Seis anos, Dulce! E assim — ele estalou os dedos —, do nada, a Alexia decidiu que queria um tempo, que não tinha certeza do que queria da vida. Ou, em outras palavras, que não tinha certeza se ainda me queria na vida dela.
— Sem querer dizer o que todo mundo já te disse, mas talvez seja mesmo só uma fase. Talvez ela mude de ideia.
— Não tenho certeza se quero que ela mude de ideia. Esse tempo para pensar não é propriedade dela, como ela acredita que é a minha casa. Eu também tenho pensado muito. Reavaliei tudo e descobri que simplesmente me acomodei. Não sei se quero voltar a viver com ela.
Eu assenti para ele.
— Entendo. Você vai ter que descobrir o que quer da vida.
— E até lá eu faço o quê? — ele bufou. — Espero sentado como um cachorrinho?
— Não. Espera bebendo vodca. — Ergui o copo num brinde e o esvaziei.
Christopher fez o mesmo. E, depois desses, esvaziamos muitos outros. À medida que o álcool entrava em mim, meu humor melhorava consideravelmente, e o Christopher se tornava uma ótima companhia. Eu nunca tinha ido com a cara dele, mas, naquela noite, eu gostava um bocado do Christopher. Ele era tão engraçado! Sobretudo quando tentava secar os olhos sem tirar os óculos depois de rir feito doido e eles ficavam tortos na cara dele por uns cinco minutos, antes de ele notar.
— Zi ela qué um tempo é porque num me ama mais. Talvez nunca me amô de verdade — ele refletiu.
— Por que ele vai zi casar coela? Por que nunca quis zi casar comigo?
— Ela deve zer um espetáááááculo na cama!
Eu girei no banco, me segurando no balcão ao quase perder o equilíbrio.
— Ué! Vozê nunca dormiu ca Alexia?
— Tô falando da noiva do zeu Pablo.
Pensei um pouco no que ele falava e achei que fazia sentido. Christopher era muito sensato. Especialmente naquela noite.
— E o que izzo qué dizê? Que eu num zou boa, por izzo qui ele nunca quis casar comigo?
Ele deu de ombros e soluçou ao mesmo tempo.
— Comé qui eu vou zaber? Os caras ficam doidos a ponto de pedir em casamento as mulheres que enloquezzem eles na cama.
— Vozê pediu a Alexia em casamento?
— Não. — Ele franziu a testa, os óculos escorregaram para a ponta do nariz. — Zerá que devia ter pedido?
— Num zei. Por que nunca quiz casar com ela? — Estiquei o braço e empurrei sua armação com o polegar. Ficou torta. — Ela num era boa de cama, não?
— Era.
— Então...?
— Num zei, Dulce. — Ele tentou endireitar os óculos, mas não deu certo. — Acho que num parei pra penzar nizzo.
— Em zeis anos vozê num pensô nizzo nenhuma vez?
— Eu acho que não. Num lembro. Tô meio confuso agora. Zerá que foi por izzo qui ela mi largô? Porque queria casar?
— Acho que ela foi zinzera. Ela te largou porque tinha dúvida do que queria. Por izzo e porque os homens zão grandes filhos da puta comandados pelo próprio pau.
— Zim, zenhora. — Ele ergueu o copo num brinde.
— E desprezíveis. — Mas brindei também.— É, mas é azzim que funziona.
— Ei! — reclamei, depois de tomar um gole. — Quem foi que colocou tequila no meu copo?
— Ué! Foi ele. — E apontou para um dos caras atrás do balcão.
— Qual deles? — forcei os olhos.
— Eu zei lá. Eu tinha zerteza que tinha um zó aqui, mas vai zaber.
— Tem uns zinco.
Eu estreitei os olhos, tentando focá-los em um dos rapazes atrás do balcão, mas
eles não paravam quietos. Eu me virei para o Christopher.
— Eles num param de ze mexer.
— Puta que pariu! — gritou ele, me assustando ao aproximar o rosto do meu e examiná-lo com muita atenção. Ou atenção suficiente, dado o seu estado. — Zeus olhos zão verdes que nem azeitona.
— Zão. Os dois — concordei orgulhosa.
Ele riu.
— Zão lindos! Os dois. Vozê é engrazada. — Ele ajeitou os óculos de novo. E ficaram ainda mais inclinados.
— É porque vozê tá bêbado.
Ele assentiu.
— Tô. Eu gosto de vozê quando vozê tá bêbada.
— Eu também gosto de vozê quando eu tô bêbada.
Um dos atendentes nos avisou que estavam fechando, não sem antes ouvir nossos protestos. Não adiantaram nada.
— Que horas zão? — perguntei ao Christopher.
— Não fazzo ideia. Vozê qué continuar converzando em outro lugar? Tem um frigobar cheio de garrafinhas no quarto.
Não sei por quê, mas achei graça naquilo. E o fato é que eu gargalhei tanto que perdi o equilíbrio, e teria caído do banco alto se o Christopher não tivesse sido rápido e me segurado. Só que ele também estava meio sem equilíbrio e acabou me empurrando de encontro ao balcão, se encaixando entre as minhas coxas. Seus óculos caíram entre nós dois e acabaram se prendendo no meu decote.
— Bela pegada — Christopher elogiou, os olhos fixos nos meus seios.
Ele ergueu a cabeça e me encarou. Caramba! Sem os óculos, o Christopher era simplesmente... simplesmente...
— E aí, Dulce, vai pra casa?
Autor(a): leticialsvondy
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Minha cabeça latejava contra o lençol macio. Inspirei profundamente e não reconheci o cheiro das roupas de cama. Eu me forcei a abrir os olhos e... Cacete! De onde vinha toda aquela luz? Enterrei a cabeça no travesseiro, cobrindo a vista com o braço enquanto algo cutucava meu cérebro. Tentei de novo, olhando ao redor para me situar. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 76
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anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35
Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3
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roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53
Amei parabéns
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candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49
Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!
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Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18
voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!
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tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02
Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei
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Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56
essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???
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tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38
Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não
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drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26
como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02
Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55
Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!