Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
— Como assim aconteceu de novo sem você querer? — Anahí quis saber, depois que lhe contei sobre mim e o Christopher nas escadas... e na noite passada. Ela se interessou mais pelos eventos noturnos da quarta-feira, claro.
Nós estávamos no quarto dela e eu a ajudava a arrumar a mala.
— Não sei, Any. Foi a coisa mais bizarra do mundo. Uma hora eu estava colocando gelo na boca do Christopher e, um segundo depois, só conseguia pensar em sentir o gosto dele. Foi totalmente sem querer, juro!
— É meio difícil acreditar nisso. — Ela fez uma careta e riu enquanto dobrava uma calça e a colocava dentro da mochila.
— Tô falando sério! Foi como se... alguma coisa tivesse me puxado pra ele, sabe? Eu até tentei lutar... mas não deu. Era como se eu precisasse do toque dele.
— E depois disso ele foi o idiota de sempre — ela concluiu.
— Exatamente! Ele me disse coisas horríveis.
— E hoje te ajudou com o carro, te deu carona e se ofereceu pra te levar para o trabalho amanhã.
— Só porque ele quer que eu continue levando a Madona pra passear — esclareci, percebendo aonde ela queria chegar. — É tudo de caso pensado. Ele é ardiloso, sem escrúpulos, totalmente cruel!
— Muito cruel! Não consigo imaginar alguém mais cruel. — Ela segurou diante do corpo um vestido estampado com flores minúsculas. — Você acha esse legal pra levar?
— É perfeito. Você não acha que é meio cedo para uma viagem de fim de semana? Tipo, vocês começaram a sair faz pouco mais de duas semanas.
— E o que que tem? O Alfonso me convidou, eu aceitei. Não consigo e não quero ficar longe dele. É mais ou menos como você disse que aconteceu com o Christopher. Tem uma força que me puxa pra ele.
Eu bufei, jogando vários frascos de produtos de higiene dentro da nécessaire.
— São situações muito diferentes. Pra começo de conversa, eu nem gosto do Christopher. Já você tá apaixonada pelo Alfonso. Vai levar repelente?
— Não precisa. Lá deve ter — ela suspirou, dobrando o vestido. — Ele vem me pegar amanhã bem cedo. Vamos direto pra fazenda dele.
— E o seu trabalho?
— Eu disse que precisava fazer umas vistorias. Ninguém vai perceber que sumi. E aí, vai aceitar a carona do seu chefe?
— Nem a pau! No dia em que eu me colocar perto dele de livre e espontânea vontade, pode me internar. Além disso, ele dirige como um lunático! Não subo naquela coisa nunca mais.
— Acho que seria uma boa oportunidade para vocês se conhecerem melhor — ela pegou alguns sapatos, colocando-os sobre a cama.
— Mais uma razão para não aceitar a carona. Não quero conhecer o Christopher melhor.
Ela riu de novo, sacudindo a cabeleira loira. Havia uma quantidade de roupas considerável ali, e seguramente daria para passar um mês fora. Mas, quando mencionei isso, a Anahí ficou revoltada e disse que precisava estar preparada para qualquer tipo de evento. O que achei bastante ridículo, porque todo mundo sabe que, quando um casal viaja sozinho pela primeira vez, os dois passam a maior parte da viagem pelados.
Ajudei minha amiga a empacotar tudo, depois a envolvi em um abraço e lhe desejei boa viagem. Mas, antes de partir, Anahí me fez mostrar o horóscopo da semana. Ela sorriu satisfeita quando terminou de ler.
Christopher teve a decência de não bater à minha porta naquela noite me convidando para passear com a cachorra, mas pude ouvir quando os dois saíram.
Dormi cedo e pulei da cama antes de o sol nascer. Como eu tinha tempo de sobra, demorei para me arrumar e caprichei no café da manhã, mantendo as orelhas em pé, atenta aos sons do outro lado do corredor. Ouvi Christopher trancar a porta e seus passos pesados ecoarem no velho piso de madeira pouco depois das sete e meia. Esperei quinze minutos e desci, disposta a caminhar os três quarteirões até o ponto de ônibus.
Contudo, fui precipitada. Christopher ainda estava ali, com os cabelos perfeitamente penteados, encostado na Ducati vermelha, os braços cruzados, parecendo perigoso e, droga, muito gostoso.
— Pensei que você não fosse descer nunca — ele reclamou.
— Pensei que você só controlasse meu horário na revista.
— Muito engraçado. — Ele atirou um capacete na minha direção. Um prateado, não o preto que ele sempre usava. — Sobe aí.
— Não lembro de ter aceitado sua oferta ontem — objetei, irritada.
— E eu não pensei que você fosse tão infantil assim. Sobe logo, Dulce, a gente vai se atrasar.
— Não tô indo pra revista. Vou passar no mecânico. Fico até depois do expediente pra compensar o atraso.
— Eu te levo lá. Sobe — ordenou, em um tom firme. Quando não me movi, ele bufou. — Porra, Dulce, você sabe pelo que passei ontem à noite? — Abri a boca para dizer que não dava a mínima, mas ele ergueu a mão. — Eu e a Madona andamos uns nove quarteirões para comprar esse capacete pra você. As pessoas riam quando olhavam para a maltês exibida que acha que é uma cadela de verdade. Por favor, em respeito à minha humilhação, sobe de uma vez!
— Você comprou pra mim?
Eu virei o capacete nas mãos. Havia alguns fios longos e brancos grudados no tecido escuro acolchoado. Puxei um deles. Aquilo era pelo de cachorro?
— Não quero você desprotegida na garupa — falou ele, de um jeito desinteressado.
— Você trouxe a Madona dentro dele na volta, não trouxe? — eu ri, erguendo um longo fio branco como prova.
Ele deu de ombros.
— Eu achei que as pessoas já tinham se divertido o bastante à minha custa. Mas fica tranquila que ela não fez nada nojento. Eu conferi. Você não tem ideia do sacrifício que foi fazer com que ela ficasse parcialmente aí dentro.
Eu imaginei a cena e comecei a gargalhar. Eu ri tanto que minha barriga doeu.
— Tá vendo? — ele se queixou, balançando a cabeça. — Você nem me viu ontem e está sem fôlego de tanto rir. O mínimo que pode fazer, já que foi tudo pela sua segurança, é usar o capacete.
— Você tá usando o tipo mais baixo de chantagem.
Ele sorriu, parecendo orgulhoso.
— Eu vejo mais como um plano engenhoso e bem arquitetado para dificultar que você me diga não.
E, droga, estava funcionando! Ele se dera o trabalho de sair por aí com a Madona a tiracolo pela minha segurança. E agora estava ali, me observando com expectativa, aquele sorriso na cara, as malditas pequenas meias-luas nas bochechas, fazendo meu sangue esquentar.
Com um suspiro agastado, encaixei o capacete na cabeça.
— É isso aí! — Christopher comemorou e veio me ajudar com a trava que prendia a peça, antes de encaixar o seu. — Vou devagar. Prometo.
— Você disse isso ontem e eu me senti andando em cima de um trem-bala.
— Você não sabe o que é velocidade... ainda — ameaçou, subindo na Ducati.
— Onde fica o mecânico mesmo?
Passei-lhe o endereço e subi na moto com sua ajuda. Eu ainda tinha medo, mas pareceu mais fácil que no dia anterior. Nem tentei usar a alça atrás do meu quadril.
Passei logo os braços na cintura estreita de Christopher e me grudei a ele.
— Confortável?
— Não exatamente — confessei.
— Você só precisa perder o medo. Qualquer dia desses, tenho que te levar para um passeio de verdade, pegar a estrada. Você vai se amarrar na sensação de liberdade. Segura firme.
Eu estava prestes a dizer que provavelmente aquela seria a última vez em que ele me veria sobre sua moto — ou tão perto dele daquele jeito —, mas então Christopher deu a partida e estávamos em movimento. De novo me senti como se tivesse colocado a cabeça para fora da janela de um avião a doze mil pés, mas aos poucos, conforme Christopher parava nos semáforos e eu me juntava mais a ele, com medo de cair, a insegurança foi cedendo. Não foi tão desagradável como da outra vez.
Eu disse isso a ele assim que estacionamos.
— Eu sabia que você ia acabar gostando — falou, animado, enroscando seu capacete no guidão da Ducati.
— Eu não disse que gostei. — Passei o meu a ele. — Disse que não foi tão ruim dessa vez.
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 76
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anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35
Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3
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roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53
Amei parabéns
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candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49
Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!
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Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18
voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!
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tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02
Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei
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Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56
essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???
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tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38
Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não
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drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26
como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02
Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55
Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!