Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Madona relaxou segundos depois que o sedativo foi aplicado. Os ombros de Christopher ficaram tensos no mesmo instante. Nicole pegou Madona, toda molenga, a língua para fora, com extrema delicadeza e profissionalismo e avisou que voltaria assim que terminasse com as radiografias.
A porta se fechou, Christopher apoiou as mãos na bancada, deixando a cabeça pender para frente, parecendo desolado. Fui até ele, pousei a mão em seu ombro, querendo retribuir um pouco do conforto que ele me dera mais cedo.
— Isso não podia ter acontecido — murmurou.
— Ei, não fica assim, ela vai ficar bem. Acidentes acontecem.
Christopher sacudiu a cabeça, discordando.
— Eu não devia ter deixado minha mochila no chão. A Madona adora descobrir novos brinquedos. Eu devia ter imaginado que ela ia fuçar.
— A Nicole vai cuidar dela. Fica calmo. — Deslizei a mão para cima e para baixo em suas costas, e ele pareceu relaxar um pouquinho.
— Obrigado por vir comigo. — Ele se virou e agarrou minha mão, apertando-a de encontro ao peito. Havia angústia, gratidão e algo que não consegui identificar em seu semblante.
— E como é que eu ia gritar com você por ter me enganado se não viesse junto? — brinquei, querendo distraí-lo.
Ele me observou por um momento e um brilho divertido varreu um pouco da amargura em seu rosto.
— Gritar comigo?
— Você me enganou! — acusei. — Roubou o último pedaço da minha pizza. Eu queria muito aquele pedaço, sabia?
— É mesmo? E por que não lutou por ele? — Sem parecer se dar conta, ele começou a brincar com a ponta dos meus dedos, ainda aprisionados em seu peito.
— Porque você usou golpe baixo! Veio com aquela conversinha de calorias só pra eu te deixar ficar com a pizza. Eu nunca imaginei que você pudesse ser tão... tão...
— Esperto, astuto e bonito pra cacete? — Ele arqueou uma sobrancelha.
Fiz o que pude para não rir.
— Safado, enrolador e desonesto! — contrapus. — Você me fez ficar encucada com o meu peso! É muita crueldade, Christopher!
— Pensei que eu tivesse deixado claro tudo o que penso a respeito do seu peso. — Dessa vez, não havia zombaria em seu tom de voz.
— Pois não deixou. Sabe o que fiz quando cheguei em casa? Coloquei adoçante no suco. Aquilo é horrível! Eu nunca vou te perdoar por isso.
— Nem se eu te levar pra jantar numa pizzaria que serve a margherita mais deliciosa da cidade? — Ele ergueu minha mão, levou-a até a boca e mordiscou a ponta do meu polegar. Um arrepio agradável percorreu minha coluna.
— Nem assim... — respondi, sacudindo a cabeça, mas mudei de ideia. — Deliciosa do tipo absurda, ou indecente?
— Indecente — ele me assegurou, assentindo firme.
Olhei para ele desconfiada.
— Você tá me convidando pra sair, Christopher?
— E se estiver? — desafiou, entrelaçando nossas mãos.
E se ele estivesse? Bom, as coisas começariam a ficar um pouquinho mais complicadas do que já estavam.
— Seria muita cara de pau da sua parte — falei —, já que eu sei que você é um exímio ladrão de pizza.
— Isso não foi um não. — Ele sorriu de leve.
— Também não foi um sim.
— Vamos, Dulce. Só uma pizza entre amigos. Sábado que vem, às oito. O que me diz?
Jantar com Christopher. Quem sabe beber uma garrafa ou duas de vinho. Depois voltar com ele para casa, já que morávamos no mesmo prédio. Provavelmente eu ficaria um pouco alta. Tudo bem, esquece o provavelmente. Eu ficaria bêbada. E talvez ele me olhasse daquele jeito que fazia coisas explodirem dentro de mim antes que eu pudesse entrar em casa, e então a pizza se transformaria em um café da manhã regado a gritos histéricos.
— Eu digo que você ficou louco — falei por fim, me desprendendo dele.
O sorriso se tornou maior.
— Isso ainda não é um não.
— Me dá um bom motivo pra sair com você. — Cruzei os braços.
— Me dá um bom motivo para não sair comigo. — Ele imitou minha postura.
— Tá bom. — Descruzei os braços e comecei a contar. — Número um: você é meu chefe. Número dois: a gente não dá certo junto. Número três: você me fez pensar que eu estava gorda só pra comer minha pizza. Número quatro: você gosta de me ver fazendo papel de boba...
— Você pode fazer melhor que isso. — Ele fixou os olhos intensos nos meus, me provocando. — Essas desculpinhas são fracas demais. Nem você acredita nelas. Posso sentir.
— Mas são verdadeiras! Além disso, por que você ia querer me levar pra jantar? A gente mal consegue ficar dois minutos sem começar a discutir por qualquer coisinha.
— Porque, inexplicavelmente, eu gosto de como me sinto quando estou com você.
— Irritado e mal-humorado?
— Não. — Ele deu risada e relaxou a postura, se apoiando na bancada. — Eu me sinto de muitas formas com você, mas, se fosse escolher uma única palavra para definir, eu diria que me sinto vivo. E gosto de me sentir assim. Então gosto de estar perto de você e, por consequência... gosto de você.
Engoli em seco. Além do que ele me dizia, seus olhos estavam grudados nos meus, e, mesmo com as lentes no nosso caminho, senti aquele impulso de me lançar sobre ele. Não tive tempo de falar nada — o que foi bom, já que eu não sabia o que dizer —, pois a porta se abriu e a veterinária entrou, exibindo um largo sorriso.
— Boas notícias! Não há nenhum objeto estranho dentro da sua cadelinha. Só um pouco de tinta. Vou dar um remédio para o estômago, e talvez ela queira comer um pouco de grama quando se sentir melhor. Ela vai ficar bem.
Christopher e eu suspiramos, aliviados, ao mesmo tempo. Ele passou um braço em minha cintura, me puxando para perto, deixando a cabeça tombar em meu ombro.
— Graças a Deus — ele sussurrou, tão baixinho que quase não consegui ouvi-lo.
Ainda me mantendo presa a lateral de seu corpo, ele se aprumou e agradeceu à veterinária.
— Não imagina o alívio que estou sentindo agora.
— Posso imaginar — Nicole disse. — Trabalho com animais há vinte anos. Já faz um tempo que entendi o que eles significam para as pessoas. Muitas vezes, são nossa única família. Christopher assentiu, uma mão ao redor da minha cintura, a outra subindo e descendo sem pressa por meu braço. Não sei ao certo qual era sua intenção, me confortar ou se confortar por meio daquele contato. Surpreendentemente, eu não queria que ele parasse.
A veterinária sorriu para mim em expectativa.
— É um prazer finalmente conhecê-la, sra. Uckermann.
— N-não. Não sou a.... — corei, me desprendendo de Christopher com relutância.
— Não existe uma sra. Uckermann — ele se apressou. — Essa é minha... amiga, Dulce Saviñon.
— Ah, me perdoe. — Nicole exibiu um sorriso constrangido. — É que eu nunca conheci a mulher do Christopher. Sempre que ele e o Magaiver aparecem, estão sozinhos.
— A Alexia não é exatamente amante dos animais — ele resmungou, fazendo uma careta e metendo as mãos nos bolsos da calça.
— Bom — Nicole pigarreou —, vou cuidar da maltês antes que passe o efeito do sedativo. Ela é bem agitada.
Christopher revirou os olhos.
— Acho que a Madona está possuída por algum espírito maligno. É a única explicação para a maneira como ela se comporta.
— Cachorros de pequeno porte são mais agitados, só isso. Volto já. — Ela nos deixou sozinhos de novo, fechando a porta sem fazer barulho depois de passar por ela.
— Qual a raça do seu cachorro? — perguntei a Christopher, curiosa.
— Um labrador, calmo e bonzinho, que não come os artigos da minha equipe nem meu material de trabalho, apenas ração. — Ele suspirou, e eu pude sentir toda a sua frustração, raiva e saudade.
— Lamento muito que a Alexia tenha sequestrado o Magaiver.
Ele acabou rindo.
— Bela escolha de palavras.
— Você entendeu o que eu quis dizer. Agora, voltando à Madona, que não é um labrador calmo e bonzinho, acho que você devia dar um jeito no apartamento. Deixar tudo jogado pode ser perigoso pra ela. Ela é curiosa e gosta de mastigar... coisas.
— É, eu já tinha pensado nisso. Vou dar uma geral por lá assim que voltarmos. Quer dizer, depois de levá-la a algum parque para comer um pouco de grama. Se você não se importar.
Algo nos confins da minha mente tentou emergir, mas minha cabeça estava uma confusão só. E não ajudava em nada o Christopher me lançar aquele olhar profundo e cheio de expectativas, roubando meu raciocínio.
— Tudo bem. — Dei de ombros, enfiando as mãos nos bolsos traseiros do meu jeans.
Os olhos de Christopher escorregaram por meu corpo no mesmo instante, se detendo na parte de cima do meu tórax. Meu sangue esquentou e cruzei os braços, querendo romper com aquela atração irritante entre nós. Não funcionou. A coisa pareceu ganhar mais vida e se tornar uma presença física na sala de exames.
Os lábios de Christopher se esticaram naquele sorriso meio torto e um tanto satisfeito.
— Que foi? — perguntei. — Por que tá sorrindo assim?
— Você não vai querer saber — ele alertou, com os olhos subitamente inflamados.
Após quarenta minutos de espera, Madona estava de volta, um pouco sonolenta, mas bem, apesar das manchas azuis no focinho e nas patas dianteiras.
No caminho de volta, paramos em uma pracinha parcamente iluminada, perto da clínica, e caminhamos com ela por um tempo. Como a veterinária havia alertado, Madona se fartou com folhas de grama até cansar — ou se sentir melhor —, e então a levamos para casa.
Christopher foi para o seu apartamento e eu fui para o meu, para contar a Anahí o que tinha acontecido. Como ela não estava em casa, deixei um bilhete na geladeira, prendendo-o com um ímã de pinguim, avisando onde eu estava caso ela precisasse de mim.
Atravessei o corredor e fui entrando sem bater, mas me detive assim que abri a porta. Christopher estava deitado no chão — no único espaço que não tinha entulho —, e Madona pulava sobre ele. Christopher a perturbava, pegando-a pelas orelhas e cobrindo seus olhinhos com elas. Ele riu de um jeito livre e despreocupado quando ela se desvencilhou de sua mão grande e o lambeu no queixo.
Eu cruzei os braços, me recostando no batente, e clareei a garganta.
Autor(a): leticialsvondy
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— Dulce, ei! — Ele se sentou apressado. — Eu estava... humm... vendo se ela... ééééé... — E coçou a cabeça. — Estava possuída por um espírito maligno? — ajudei. — Muito engraçado. — Ele colocou a cachorra de lado e ficou de pé, passando as mão ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 76
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anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35
Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3
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roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53
Amei parabéns
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candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49
Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!
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Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18
voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!
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tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02
Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei
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Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56
essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???
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tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38
Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não
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drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26
como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...
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AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02
Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!
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AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55
Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!