Fanfics Brasil - Capítulo 29 (PARTE 2) No Mundo da Dulce(adaptada)

Fanfic: No Mundo da Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 29 (PARTE 2)

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Encontrei uma camiseta pendurada na maçaneta e tentei passá-la pela cabeça dele, mas Christopher não colaborou.


— Por favor, Christopher, eu preciso te vestir.


— Dão era isso que você queria fazer agorinha. — Tentei ignorar seu comentário e o fato de sua voz sempre firme estar pastosa. — Só estou um pouco gripado. Beu dariz tá escorrendo, o corpo todo dói.


— Ah, minha nossa! E se for a tal gripe esquisita cheia de siglas?


— Dão é. Eu saberia se fosse. — Ele rolou de lado, se aconchegando no travesseiro.


— Christopher, você não tá em condições de saber nada — insisti.


— Sei sim. Eu tô com sodo. E você dão devia ficar aqui. Pode ficar doente também. Eu já liguei pro beu bédico. Ele vai passar aqui bais tarde.


Eu hesitei.


— Você tá falando sério?


— Estou. Agora vai pra casa antes que você fique gripada também. — E, quase que no mesmo instante, começou a roncar.


Até parece que eu ia deixá-lo sozinho...


Impaciente demais para ficar sentada, procurei indícios na cozinha de que ele tivesse comido alguma coisa, mas não encontrei nada. Decidi preparar uma canja, mas uma rápida olhada bastou para eu descobrir que a geladeira estava completamente vazia. Fui até em casa, deixando Anahí de sentinela na porta para o caso de o médico aparecer, e peguei todos os ingredientes que precisaria, além da minha bolsa, um termômetro, antitérmico e aspirinas.


Enquanto preparava a sopa, vez ou outra eu ia até o quarto para saber se a febre tinha baixado e voltava frustrada, pois tinha a impressão de que ele ficava cada vez mais quente. Assim que terminei o jantar, a campainha tocou. Conduzi o médico baixinho com um bigode negro enorme até o quarto. Obriguei-me a deixá-los a sós, lhes dando privacidade, e esperei na sala, os olhos grudados na porta que se fechara.


— E então? O que ele tem? — perguntei ao médico assim que ele saiu do quarto.


— Uma bela gripe. Christopher tomou a vacina contra a H1N1, o que não exclui a possibilidade, mas nos dá um pouco de tranquilidade. A febre deve persistir por mais um ou dois dias. Não há nada a fazer além de aliviar os sintomas e a dor. Dê a ele bastante líquido, e vou deixar uma receita com dois antitérmicos para serem intercalados, caso a febre volte antes de seis horas. Se não baixar, coloque-o num banho morno até que pare de tremer.


Ouvi tudo com atenção e o esperei continuar, quando percebi que aquilo era tudo.


— Só isso? Ele tá largado na cama e o senhor não pode prescrever nada que o tire dessa prostração? — perguntei, frustrada.


— Sinto muito. Gripes funcionam assim. O corpo sabe o que fazer. A febre é indício de que o organismo está combatendo o vírus. Tente fazer com que ele coma um pouco. Qualquer coisa que queira, mesmo que seja chocolate. É melhor do que ficar com o estômago vazio. Ele precisa estar forte para vencer a gripe. Me telefone caso haja alguma mudança no quadro.


Ele me entregou um cartão de visitas e a receita não contendo nada mais que Tylenol, Dipirona e vitamina C.


Levei-o até a porta e voltei para o quarto. Christopher estava meio sentando, meio deitado na cama, o lençol cobria-lhe os quadris e as coxas, a cabeça pendia para o lado, ele respirava com dificuldade. Abriu os olhos assim que entrei, e um carranca reprovadora tomou conta de seu rosto.


— Eu bandei você ir pra casa.


— Mas eu não fui. Quando foi a última vez que você tomou o antitérmico?


— Sei lá. Ubas duas da tarde, acho.


Olhei para o despertador ao lado da cama. Eram oito e meia. Sem dizer nada, busquei um copo de água e o obriguei a engolir o remédio. Christopher não relutou, mas, assim que pousei o copo no criado-mudo, ele disse:


— Pronto, agora pode ir.


— Não vou a lugar nenhum até a sua febre baixar.


— Bedida teibosa!


Eu era a menina teimosa? Eu?


— Tá com fome? Eu fiz canja.


— Dão. Tô com frio. — Ele puxou o lençol até o pescoço e afundou na cama. — Pode apagar a luz, por favor?


— Eu preferia que você comesse um pouco antes de dormir.


— Depois eu cobo. Probeto.


Com um suspiro resignado, apaguei a luz, mas acendi o abajur. Ele gemeu e se virou para o outro lado, escondendo o rosto da claridade. Eu esperava impaciente que o relógio andasse logo e o antitérmico fizesse efeito. Era horrível ouvir a respiração dele, pesada e cansada, e ficar ali, impotente. De pouco em pouco, eu esticava o braço e tocava sua testa, ainda muito quente. Numa dessas vezes, ele suspirou, como se sentisse alívio ou coisa assim. Pegou minha mão e beijou a palma, antes de colocá-la sobre a bochecha corada.


Três horas se passaram e Christopher esquentou ainda mais (como era possível?!). Eu lhe dei Tylenol, na esperança de que a combinação dos medicamentos finalmente fizesse efeito. Mas não fez. Ele gemia, tremia sob os lençóis e se mexia como se procurasse uma posição confortável.


Eu já estava em pânico, pronta para colocá-lo sob o chuveiro, quando meu celular tocou. Passava de uma da manhã.


— Dulce, você está bem?


— Não, vovó! — eu disse, quase aos prantos. — Eu... tô com medo de que o Christopher... A febre dele não cede! Ele está cada vez mais largado na cama, eu já dei os remédios, mas não adiantou nada!


— Devagar, filha. O Christopher é seu namorado?


— Não, ele é... meu chefe... meu vizinho... Ele é meu amigo. Estou preocupada com ele.


— Certo. Agora, com calma, me explica o que está acontecendo?


Um tanto histérica, consegui dizer a ela o estado em que Christopher se encontrava.


— Você deu a ele chá de flor de sabugueiro? — vovó perguntou depois que terminei de falar.


— E onde eu vou arrumar chá de flor de sabugueiro, vó?!


— Em qualquer farmácia — respondeu, e eu quase pude ver seu revirar de olhos. — Ou então pode fazer aquele chá de alho que sempre curou você e seu irmão.


O chá de alho da vovó Cecília! Eca, era horrível. Mas eficiente. E era isso que importava no momento.


— Me ensina a fazer, por favor? — implorei.


— Você vai precisar de alho, limão e mel. — De um fôlego só, ela me explicou como preparar e, por fim, acrescentou: — Vá cuidar do seu homem.


— Tá. Obrigada, vó.


— De nada, filha. Ligo amanhã para saber se ele está melhor.


— Vovó! — chamei antes que ela desligasse. — Como sabia que eu precisava da senhora?


— Fui ler sua sorte e as cartas avisaram sobre problemas de saúde. Fico feliz que não seja a sua saúde, embora a saúde do seu homem possa lhe causar alguma aflição.


— A senhora nem imagi... Ei, não! Ele não é meu homem, não, vó! Ele é meu chefe, meu vizinho, meu amigo. Só tô preocupada porque... ele mora sozinho e não tem ninguém pra ficar de olho, sabe... se ele vai tomar os remédios na hora certa e... ele precisa sarar para poder me pagar e... eu acho que ele precisa de alguém que cozinhe, porque ele não é muito bom no fogão. Ao menos acho que não.


— Tudo bem, filha. Não precisa dar explicações. Se você diz que ele não é seu homem, ele não é. Vá cuidar de seu amigo, então.


Desliguei o telefone e fui ao meu apartamento buscar os ingredientes para fazer o chá. Estava tudo quieto, Anahí provavelmente já tinha dormido, por isso fiz o mínimo de barulho possível. Voltei para lá e preparei o chá na cozinha ordenada da Mai. Esperei a bebida amornar e levei uma xícara para Christopher, que ainda queimava de febre.


— O que foi? — ele perguntou meio grogue, quando toquei seu braço.


— Fiz pra você e gostaria muito que tomasse tudo. — Coloquei a caneca entre suas mãos e as segurei firme.


— O que é isso?


— Chá de... limão e mel — falei.


Ninguém toma chá de alho se souber do que se trata. Eu não estava enganando Christopher, estava só, sabe como é, ocultando certos ingredientes.


— Posso tobar depois?


— Não. A febre não está baixando e estou ficando preocupada. Por favor, beba, Christopher. Por favor! — supliquei.


— Tá bem. — E, fácil assim, ele concordou, se sentando e bebericando alguns goles para logo depois fazer uma careta. — Eca, Dulce, isso é ruim!


— Muito doce?


— Antes fosse. O que tem aqui?


— Limão e mel, nada mais! — garanti, com a cara mais inocente que pude manejar.


— Combidação horrível. — Mas ele continuou bebendo até esvaziar toda a xícara, decorada de flores cor-de-rosa.


— Pronto. Tobei tudo. Agora, por favor, vá pra casa. Eu dão quero que você fique bal por binha causa.


— O que você ainda não entendeu é que vou me sentir péssima se não tiver notícias suas. Então, prefiro ficar e arriscar. Além disso, quase nunca fico gripada. — Toquei sua testa. Dava para fritar um ovo ali. — Você tá tão quente...


Ele me exibiu um sorriso cansado, mas cheio de significados.


— Adoro quando você diz essas coisas.


Acabei rindo.


— Seja bonzinho, Christopher. Se esse chá não funcionar em uma hora, vou te colocar no banho, como o médico recomendou.


— E você só be diz isso agora? Se eu soubesse, dão tinha bebido essa coisa horrível! — ele tentou brincar, embora tenha soltado o peso e caído no travesseiro.


Ajeitei o lençol sobre ele, cobrindo-o até o ombro. Então me sentei ao seu lado e esperei. Em pouco tempo, ele estava dormindo de novo. Observei o quarto, pela primeira vez atenta aos detalhes. A decoração marrom e azul-clara não era exatamente feminina, mas tampouco combinava com o homem prostrado ali no colchão. Um grande pôster da Mai e do Nando estava pendurado sob a cabeceira, os dois riam abraçados, nariz colocado com nariz, e pareciam tão apaixonados que tive de desviar os olhos.


Para me acalmar e fazer o tempo passar, peguei o notebook na bolsa e abri um novo arquivo de texto. Se a Jéssica me pedisse mais material logo, eu estaria preparada. Isto é, se eu soubesse sobre o que queria escrever.


Um bom tempo se passou sem que eu digitasse nada. Estudei o homem adormecido ao meu lado, a luz fraca do abajur deixou seus cabelos repletos de mechas douradas. A testa permanecia franzida, os lábios estavam ressecados, queimados pela alta temperatura, os cílios perfeitos descansavam acima dos ossos proeminentes das bochechas. E eu queria muito, muito mesmo, que ele ficasse bom logo. Parecia tão errado que aquele homem forte e determinado adoecesse. Olhando para ele assim, indefeso, ele não parecia oredator-chefe arrojado e muitas vezes agressivo. Era mais como um... como um...



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Autor(a): leticialsvondy

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“Uma vez, quando eu ainda era pequena, queria ter um gato, mas minha avó, muito sábia, me fez desistir da ideia. “Gatos não pertencem a ninguém, eles decidem ao lado de quem viver”, ela dissera. É da natureza felina ser autossuficiente, prezar a liberdade. Às vezes penso que a mesma regra se aplica aos seres humano ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 76



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  • anne_mx Postado em 09/10/2022 - 23:32:35

    Eu amei! Apesar de não curtir isso de cigana pq eu nao acrdito, mas a história de amor foi lindaaaa <3

  • roro Postado em 26/05/2020 - 22:24:53

    Amei parabéns

  • candydm Postado em 10/09/2017 - 02:05:49

    Meu Deus, eu não sei o que exatamente falar/escrever. Primeiramente, obrigada por voltar a postar, senti muita falta mesmo, meus olhos brilharam ao ver o tanto de capítulos novos que tinha para ler. Me desculpem por estar ausente nos comentários e consequentemente fazer você desanimar com a fic. Tentarei ser mais ativa daqui pra frente. Por fim, por favor, eu tô em choque querendo saber o que aconteceu com a Dulce, já estou (literalmente) chorando e sofrendo por antecipação. Posta mais, eu te imploro!

  • Juju Uckermann_ Postado em 07/09/2017 - 15:48:18

    voltou a postar FINALMENTEEEE <3!!!!!!!!! Continuuuuaaaaaaaaa!!!

  • tati0905 Postado em 06/09/2017 - 21:10:02

    Ahhhhhhhhh que bom que vc voltou a postar.....amei amei

  • Lilly Perronita Postado em 13/07/2017 - 15:41:56

    essa fic é tão maravilhosa!!! cade vc???

  • tati0905 Postado em 30/06/2017 - 21:49:38

    Como assim????Vai nos abandonar e nos deixar curiosas??? Postado mais.... não para não

  • drysouza Postado em 22/06/2017 - 02:24:26

    como vc para logo nessa parte? estou surtando, posta logo...

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 04/06/2017 - 16:48:02

    Chocada que a Alexia terminou com o Christopher pq leu o horoscopo da Dul *0* Espero que a Alexia ñ tente volta com o Christopher!! O horoscopo funciona, Dul podia escrever no dela assim: 'Vc casara com um maluco por LEGO e vivera feliz sem nenhuma vara pau no caminho', perfeito gente!! Continua!!

  • AnazinhaCandyS2 Postado em 01/06/2017 - 20:42:55

    Não acredito que o Poncho tava enganando a Annie, que safado e ainda tem noiva! Annie ñ devia fica braba com a Dul só pq ela escreveu aquilo do signo dela, ahh ñ quero as duas brigadas :( To vendo que essa historia do 'Na mira' vai trazer problemas pro casal vondy!! Afff la vem a vara pau da Alexia -_- Continua!!


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